Uma
falha no processo de higienização fez com que a Unilever Brasil recolhesse
lotes do produto AdeS maçã 1,5 litro. Segundo nota divulgada na quarta-feira, 13
de março, a falha causou alteração no produto devido ao envase de embalagens
com solução de limpeza da máquina, que pode provocar queimadura. O lote em
questão tem iniciais AGB, foi fabricado em 25 de fevereiro de 2013 e é válido
até 22 de dezembro de 2013.
Os
consumidores que tiverem produtos desse lote não devem consumi-lo e devem
entrar em contato com o SAC (0800/707/0044), das 8h às 20h, ou sac@ades.com.br.
Os
produtos do lote com problema foram distribuídos nos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro e Paraná. Até o momento, oito pessoas relataram problema pelo SAC e,
segundo a Unilever, cinco já receberam atenção médica adequada e estão sendo
acompanhados, dois não aceitaram e um não relatou danos físicos.
CONSUMIDORES
INGERIRAM O SUCO
Pelo
menos catorze pessoas consumiram alguma unidade do lote contaminado com produto
de limpeza do suco AdeS de maçã. Segundo a Unilever, dona da marca, os clientes
foram atendidos por meio do Serviço de Atendimento do Consumidor (SAC) da
empresa e doze deles receberam cuidados médicos e passam por acompanhamento.
Dois consumidores que relataram o problema à empresa não quiseram ser
atendidos.
FISCALIZAÇÃO
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou que a Vigilância de
Minas Gerais realize inspeção no local de fabricação do produto.
ANVISA SUSPENDE VENDA DE LOTES DE TODOS
SABORES DO SUCO
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou em 18 de março, a
suspensão da fabricação, distribuição, venda e consumo, em todo o Brasil, de
lotes de 25 sabores dos sucos de soja AdeS. Os lotes foram produzidos em uma
das 11 linhas de produção da fábrica da Unilever em Pouso Alegre (MG). Todos os
lotes suspensos são de iniciais AG. Em
vez do suco, as caixas tinham sido envasadas com soda cáustica, o que pode
causar queimaduras. Dessas, 36 caixas já foram recolhidas.
Segundo
a Anvisa, embora a fabricante tenha relatado falha no processo de higienização
das máquinas e problemas específicos no lote do suco de maçã, a agência decidiu
suspender os lotes de todos os sabores produzidos na linha de produção em que
foi identificada a falha até que tenha "mais informações sobre a
verdadeira extensão do problema". A agência informou que a ação é
"preventiva" e que o caso está em investigação.
Foram
suspensas as vendas das embalagens de um litro de abacaxi, cereais com mel, chá
verde com tangerina, chá verde com limão, chocolate clássico, chocolate com
coco, frapê de coco, laranja, maçã, manga, maracujá, melão, morango, original,
pêssego, shake morango, uva, vitamina banana, zero frapê de coco, zero laranja,
zero maçã, zero original, zero pêssego, zero vitamina banana e zero uva. A
medida atingiu ainda as embalagens promocionais de um litro (pague 900ml e
ganhe outros 100ml) de laranja, uva e maçã. Também estão suspensas as vendas de
1,5 litro de maçã, uva, laranja e original. Em todos os casos, são as
embalagens da série AG.
Em nota,
a Unilever afirmou que iniciou o cumprimento das determinações da Anvisa, com a
retirada do mercado das unidades da linha de produção interditada pela agência.
Afirmou, ainda, que vai fornecer as informações necessárias para revogar a
interdição. Segundo a Unilever, essa linha de produção está desativada e a distribuição
ao mercado dos sucos fabricados nela não ocorre desde o dia 13.
MULTA
A Unilever
pode ser multada em até R$ 7,7 milhões pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do
Ministério da Justiça (MJ), pela comercialização de embalagens do suco de maçã
AdeS de 1,5 litro impróprias para o consumo. Depois de uma reunião de mais de
duas horas com representantes da fabricante, na sede do MJ, a gerente-geral de
alimentos da Anvisa, Suzany Moraes, afirmou que a empresa relatou falha humana
e em equipamentos no episódio que levou ao envasamento de soda cáustica num
lote de 96 caixas de suco de maçã, distribuídas em São Paulo, Rio de Janeiro e
Paraná. Dessas, 36 foram recolhidas.
Segundo a
gerente-geral de alimentos da Anvisa, Suzany Moraes, por parte da Anvisa, a
multa pode chegar a R$ 1,5 milhão, se forem constatadas falhas no processo
produtivo ou ausência das chamadas "boas práticas de fabricação". Já
o Ministério da Justiça pode aplicar uma sanção de até R$ 6,2 milhões, se forem
confirmadas violações às normas estabelecidas no Código de Defesa do Consumidor
(CDC). O diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC),
Amaury Oliva, disse que, até o momento, a Unilever tomou a medida prevista em
lei, de anunciar o recall, após receber reclamações de consumidores que teriam
sofrido queimadoras após ingerir o alimento.
CASOS
REGISTRADOS DE QUEIMADURA
■ A
polícia de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, confirmou que na noite do
último dia 8, uma semana antes do anúncio do recall da Unilever, uma dona de
casa registrou, no 4º Distrito Policial da cidade, um boletim de ocorrência por
lesão corporal, relatando que o filho de 17 anos sofreu queimadura e
sangramento na boca após tentar beber suco de maçã AdeS. Segundo a advogada
Renata Moreira da Costa, que representa a família, o adolescente precisou de
atendimento médico após o incidente. Ela afirmou também que a consumidora, ao
constatar a gravidade do problema, avisou à Vigilância Sanitária e entrou em
contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente da Unilever. Logo que colocou a
bebida na boca, ele sentiu forte queimação na língua e na garganta, e cuspiu. A
boca chegou a sangrar e a mãe, preocupada, levou o rapaz ao hospital. Agora,
ele está se recuperando, mas não é impossível que fique com alguma sequela,
como perda do paladar - informou Renata.
■ Na
capital paulista, André Miranda, pai de um bebê de oito meses, também suspeita
de que seu filho tenha sido vítima do AdeS contaminado com soda cáustica. A
criança apresenta lesões, próximas à boca e em outras partes do corpo,que foram
identificadas como queimadura ou urticária na emergência do hospital e pelo
pediatra. Ele tomou, pela primeira vez, um suco AdeS neste fim de semana e no
domingo as lesões apareceram. Como a única coisa diferente na dieta dele foi o
AdeS os médicos acharam que seria a causa mais provável. Mas como o sabor era
morango e, num primeiro comunicado, a empresa falava apenas no suco de maçã,
não fizemos relação e nem ligamos para o SAC - conta Miranda, lamentando não
ter guardado a embalagem para confirmar a suspeita.
VIGILÂNCIA
SANITÁRIA DE MG CONFIRMA PRESENÇA DE SODA CÁUSTICA
A
Secretaria de Saúde de Minas Gerais concluiu que houve falha no momento em que
o líquido foi colocado na embalagem (envasamento) de 96 unidades de suco de
soja AdeS, sabor maçã, na fábrica da Unilever Brasil em Pouso Alegre (390 km de
Belo Horizonte). As unidades, segundo relatório divulgado pelo órgão no final
da tarde de sexta-feira (22 de março), foram afetadas por hidróxido de sódio a
2,5% --soda cáustica diluída.
De
acordo com o relatório, as equipes das duas vigilâncias sanitárias apontaram
que a falha se deu durante o processo de envasamento da unidade de 1,5l do suco
de maçã, no lote AGB 25, realizado no último dia 25 de fevereiro e com validade
até 22 de dezembro deste ano.
Conforme
a inspeção, o estoque de suco no tanque que alimentava a linha de envase estava
reduzido, situação característica de fim do processo de envazamento e do
momento em que ocorre a limpeza automática –procedimento chamado de CIP (Clean
in Place).
De
acordo com o relatório, 96 caixas de suco de 1,5 litro receberam hidróxido de
sódio em vez de suco. Diz o relatório: "No entanto, o equipamento foi
acionado novamente para o processo de envase. A solução de hidróxido de sódio a
2,5% é utilizada nesse processo de limpeza, e, considerando que existiam ainda
embalagens na linha, foram envasadas 96 unidades com hidróxido de sódio, e não
do (sic) suco alimento em soja --AdeS, sabor maçã de 1,5l. A empresa não
constatou o desvio e o produto foi disponibilizado ao mercado".
MEDIDAS
DE ENVASAMENTO IMPOSTAS À UNILEVER
A
Secretaria de Saúde de Minas Gerais apontou cinco procedimentos que devem ser
adotados pela Unilever e que foram colocados como condições para que a empresa
possa voltar à produção da linha afetada.
Entre as
medidas necessárias, estão;
1) a
revisão completa "de todos os equipamentos, sensores, software do processo
AdeS",
2) o
aumento do número de amostras coletadas durante o processo de envase;
3) a
alteração do período de retenção dos produtos acabados antes da liberação ao
mercado;
4) a
revisão e implementação "de procedimento de liberação da produção após o
sistema de higienização"
5) e a
introdução "de dossiê diário de liberação de qualidade – liberação formal
com assinatura dos gerentes."
HOUVE
UMA CADEIA DE ERROS
Foi uma
combinação de falha humana e mecânica.
■ Primeiramente,
o operário não detectou o final da produção de um lote.
■ Depois,
colocou o equipamento para funcionar de novo.
■ E o
equipamento permitiu o envaze de uma solução de limpeza.
■ Por
fim, o próprio operário percebeu o erro, e não recolheu os produtos.
50
UNIDADES CONTAMINADAS AINDA CIRCULAM
A Unilever
Brasil informou que pelo menos 50 unidades de suco AdeS contaminadas pela
solução de limpeza ainda estão em circulação em cidades dos Estados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. De acordo com o fabricante, 46 das 96 unidades
atingidas pelo recall no último dia 14 foram retiradas do mercado.
A UNILEVER RECONHECE ERROS E PEDE
DESCULPAS A CLIENTES
O envase
de 96 unidades de suco AdeS com uma solução de soda cáustica foi resultado de
uma combinação de falha humana e mecânica que durou 80 segundos, O operário não
detectou o final da produção de um lote e colocou o equipamento para funcionar
de novo. E o equipamento permitiu o envase de uma solução de higienização,
disse o presidente da Unilever, com
Fernando Fernandez.
Temos
que pedir desculpas. O AdeS no Brasil tem uma história de 15 anos que não
merece um problema como esse. É a primeira vez em seus 83 anos no Brasil que a
Unilever encara um problema de saúde pública, afirma Fernandez, que diz ter
redobrado procedimentos de segurança.
Quatro
mil pessoas, entre vendedores e operadores de estoque, foram mobilizadas para
rastrear em três Estados (São Paulo, Rio e Paraná) as 96 unidades contaminadas
-46 foram localizadas.
DEMORA PARA DIAGNOSTICAR O PROBLEMA
Após ter
sido notificada por sua Central de Atendimento ao Consumidor, a Unilever
demorou quatro dias para diagnosticar o problema.
A
empresa recebeu e-mail de um cliente de Ribeirão Preto reclamando de ardência
na boca no dia 7. Tentou contato no dia seguinte, mas só conseguiu localizar o
consumidor e combinar o recolhimento do produto no dia 9.
A coleta
foi feita no dia 11, e a análise, no dia 12. O anúncio público do recall e a
retirada do produto das gôndolas viria no dia 13.
REGISTROS: CINCO CASOS DE ALIMENTOS COM PROBLEMAS DE FABRICAÇÃO
1) AdeS
com gosma - novembro de 2012
O mesmo
suco AdeS, que recentemente teve um lote interditado, foi vítima de outra
polêmica, dessa vez com forte colaboração das redes sociais. A consumidora
Ursula de Almeida postou uma foto onde mostrava uma "gosma" que havia
saído de uma embalagem do produto. A foto gerou mais de 226 mil
compartilhamentos no Facebook e obrigou empresa a se manifestar sobre o
assunto. A Unilever analisou o lote do produto e disse que não verificou
nenhuma irregularidade. Segundo a empresa, a embalagem pode ter recebido
microfuros devido a transporte ou armazenamento inapropriados, o que pode levar
à formação de bolor ou fungo.
2) Heinz
com pelo de rato - Fevereiro de 2013
A
Associação Brasileira de Defesa do Consumidor - Proteste encontrou pelos de
roedor no lote 2C30 do Tomato Ketchup Heinz, de 397 gramas. Segundo a entidade,
os pelos foram detectados após análise microscópica em amostras compradas em um
supermercado de São Bernardo do Sul, no interior paulista, no fim do ano
passado. A Proteste pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a
retirada preventiva do mercado do lote, mas o órgão considerou os laudos
insatisfatórios. A Heinz negou as irregularidades e questionou os testes.
3)
Chocolate com larvas - fevereiro e março de 2012
Em 2012,
a Kraft Foods Brasil foi condenada a pagar indenização a três consumidores que
encontraram larvas em chocolates Shot e Ouro Branco. No Rio de Janeiro, o
problema rendeu indenização de R$ 30 mil a uma cliente.
No
Estado de São Paulo, dois casos renderam uma indenização de R$ 5 mil cada. Em
São Carlos, um cliente percebeu que uma barra do chocolate Shot continha
larvas. O consumidor chegou a procurar um pronto-socorro por ter passado mal
após a ingestão do produto.
Em São
José dos Campos, uma cliente processou a Kraft após sua filha ter apresentado
quadro de indisposição intestinal. A criança havia consumido um chocolate Ouro
Branco.
4)
Toddynho com detergente - setembro de 2011
A PepsiCo
foi multada em R$ 420 mil após um lote de Toddynho ter causado ardência e
irritação na mucosa de consumidores do Rio Grande do Sul. Análises indicaram um
pH de 13,3 alcalino em cerca de 80 unidades do produto, considerado muito alto
para um alimento. A empresa afirmou que, durante limpeza de equipamentos na
fábrica, "uma das linhas envasou algumas embalagens" com uma mistura
de água e detergente.
5) Molho
de tomate com sapo - março de 2013
Uma
moradora de Franca, no interior paulista, se deparou com um objeto estranho ao
despejar o conteúdo de molho de tomate numa panela em seu interior. A dona de
casa Solange Aparecida Borges procurou a Vigilância Sanitária. O objeto
estranho foi identificado como sendo um sapo, mas os fiscais sanitários
disseram que pouco poderiam fazer porque a embalagem já havia sido aberta. Segundo
a empresa, o que pode ocorrer é entrar ar na embalagem, até mesmo quando ela já
se encontra dentro do carrinho no supermercado. "Aí o ar causa bolor
gerando um aspecto estranho", disse um funcionário. A hipótese de o corpo
estranho ser um pedaço de sapo foi descartada pela empresa.
Fontes: O
Globo, Gazeta do Povo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e UOL
Noticias, 14 de março a 20 de março de 2013
Comentário
A
empresa demorou 4 dias para diagnosticar o problema. Deixou por conta do SAC. A
empresa não estava preparada para a crise que ocorreria.
A linha
de produção de indústrias de bebidas vendidas em caixinha geralmente usa
equipamento fornecido pela empresa de embalagens. No Brasil, a sueca Tetra Pak
e a suíça SIG Combibloc dominam o mercado. Para garantir os padrões de
qualidade, as fabricantes das máquinas dão uma série de recomendações às
empresas.
Quando é
preciso parar a produção de um produto e começar o envase de outro, de outro
sabor, por exemplo, a máquina (de produção de bebidas em caixinha) precisa ser
parada e passar por um processo de limpeza, no qual são usados produtos
químicos como cloro e soda cáustica. Só fica resíduo se essa limpeza for mal
feita ou em desacordo com as instruções do fabricante do equipamento.
Quarentena
do produto
Além
disso, a "flexibilização" das normas de produção pode explicar os
problemas. A empresa dona do equipamento recomenda que o primeiro lote
produzido depois da limpeza da máquina passe por uma espécie de
"quarentena" de uma semana, de 72 horas ou de no mínimo 48 horas.
Parte
desse primeiro lote, deve ir para laboratório para ser analisado. Nesse
período, o produto fica em estoque e em observação.
Sistema
CIP (Clean in place) – Limpeza em circuito fechado em equipamentos de esterilização
e envase de produtos
Na indústria de alimentos que envasam produtos
líquidos como leite, sucos, cerveja e outras bebidas, O sistema CIP é um método
usado nestas plantas de processamento de alimentos para a limpeza das máquinas
de envase e equipamentos de processamento, como os tubos sanitários, tanques,
tanques assépticos e trocadores de calor, etc. circulando-se e recirculando-se
automaticamente detergentes e soluções de enxágue ate a limpeza total e
sanitização em circuito fechado, ou seja, sem a mínima remoção de componentes
do sistema para esta tarefa. O processo de lavagem consiste em diversos ciclos
de lavagens que são recirculados através dos tanques, bombas, das válvulas e do
outros equipamentos no fluxo do processo. Por tanto, trata-se de um sistema
inteligente que faz ajustes contínuos nas operações de modo a garantir os mais
elevados níveis de desempenho, com um sistema de automação com IHM e PLC de
ultima geração, que reduz com precisão o risco de erro humano, sem nunca
comprometer os níveis de segurança dos alimentos. Sendo necessário somente um
ou dois detergentes para a limpeza. Possuindo em alguns casos 14 programas de
limpeza totalmente ajustados às demandas de tempo, temperatura, concentração,
fluxo e volume, etc. que poderão ser reprogramados segundo as necessidades de
produção da indústria. A limpeza CIP é
um sistema concebido para limpar 100% o interior de equipamentos, tubulações e
tanques de armazenamento, através da remoção de resíduos de alimentos e
bactérias.
Marcadores: recall, responsabilidade civil