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quinta-feira, maio 20, 2021

INCA LISTA AGENTES CANCERÍGENOS RELACIONADOS AO TRABALHO

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) listou em uma publicação os agentes cancerígenos relacionados ao trabalho. O objetivo é ajudar os profissionais de saúde a identificar os principais agentes químicos, físicos e biológicos presentes no ambiente geral e ocupacional, que contribuem para o desenvolvimento de câncer.

A epidemiologista Ubirani Otero, chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Inca, disse à Agência Brasil que os principais cânceres relacionados ao trabalho são os de pulmão, bexiga e, mais recentemente, linfomas e de pele não melanoma. São 38 partes do corpo que podem desenvolver o câncer, o dobro do número elencado no livro Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho, organizado pelo Inca, em 2012.

Entre as 38 áreas mapeadas, a epidemiologista Ubirani Otero citou ainda o câncer de pulmão relacionado à exposição ao amianto, câncer de ovário, laringe, faringe, de glândulas salivares, de fígado. Segundo a epidemiologista, a prevenção aos cânceres relacionados ao ambiente do trabalho começa pela divulgação “ao máximo” das informações e orientações para os trabalhadores sobre onde estão esses agentes que oferecem maior risco para a saúde. “Esses produtos poderiam ser substituídos por outros que oferecem menor risco à saúde”, destacou a médica.

CUSTOS : Por várias razões, entretanto, entre elas o custo menor, as empresas acabam buscando produtos que já foram proibidos em outros países. “Isso acontece, por exemplo, com agentes químicos que já são obsoletos em outros países e nós, aqui, ainda estamos convivendo com eles”. A solução é informar à sociedade, ao trabalhador e aos empregadores e estabelecer medidas protetivas de saúde para reduzir essa exposição.

O Inca vem alertando para esse problema há alguns anos e participa de fóruns e audiências públicas, divulgando informações. Segundo a epidemiologista, esses são fatores de risco evitáveis, principalmente no que se refere aos agentes químicos.

No ano passado, o Inca revelou resultados relacionados ao benzeno, que é um solvente utilizado na gasolina e que afeta, em especial, trabalhadores de postos de combustíveis. A epidemiologista Ubirani Otero disse que por meio de medidas simples por parte dos empregadores, essa exposição dos trabalhadores ao benzeno pode ser bem reduzida. “O nosso papel é informar e dar suporte à vigilância de saúde em estados e municípios, dizendo onde estão esses agentes, quais os riscos a essas exposições, quais os efeitos à saúde, além da questão regulatória”.

CONTAMINAÇÃO: Ela  alertou que alguns pacientes detectados com câncer de pulmão, por exemplo, podem ter sido contaminados por agentes cancerígenos ao longo da vida de trabalho e, por falta de notificação, muitas vezes, essa relação só é descoberta depois que eles se aposentam. Daí a necessidade de recuperar o histórico ocupacional porque muitos cânceres não se revelam imediatamente. É o caso do amianto. “É um tipo de câncer que leva mais tempo para surgir, em torno de 40 a 50 anos, e é preciso acionar a empresa onde ele trabalhou por muitos anos na construção civil, na fabricação de telhas ou caixas d'água. Isso aparece no histórico ocupacional”.

No último dia 27 de abril, o Inca firmou acordo com o Ministério Público do Trabalho para o desenvolvimento de ações, estudos e projetos conjuntos em prol do meio ambiente e da saúde dos trabalhadores.

A epidemiologista  ressaltou que o acordo tem por meta planejar e executar um projeto nacional de vigilância do câncer relacionado ao trabalho e ao ambiente. “Nesse acordo, a gente pretende intensificar as orientações para os profissionais de saúde, para peritos do INSS, os próprios procuradores da República, ajudando a identificarem os agentes cancerígenos, os tipos de câncer atrelados a esses agentes, para que a gente possa estabelecer medidas, começando pela melhoria da notificação desses casos”.

FATORES OCUPACIONAIS : A maior parte dos casos de câncer diagnosticados em todo o mundo apresenta uma relação direta com fatores de riscos ambientais, incluindo o ambiente ocupacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% do total de casos de câncer podem ser atribuídos ao ambiente como um todo, e não só ao ambiente do trabalho. A mais recente estimativa mundial aponta que, em 2018, ocorreram 18 milhões de novos casos de câncer.

O câncer não é causado apenas por questões genéticas ou hereditárias, afirmou a epidemiologista. “Isso não é verdade”. De forma geral, os cânceres atribuídos a fatores ocupacionais variam de 5% a 8%, embora existam determinados tipos de câncer em que a relação pode ser bem maior. É o caso do câncer de pulmão, que fica em torno de 20% a 21%. O Inca destaca que cerca de 20% dos casos desse tipo de neoplasia em homens poderiam ser evitados caso não houvesse exposição ocupacional a um grande número de agentes presentes nos ambientes de trabalho, entre os quais amianto, metais, sílica, radônio, produtos da exaustão de motores a diesel.

De acordo com o Inca, os fatores de risco ambientais envolvem, além dos agentes químicos, físicos e biológicos, os hábitos de consumo e comportamento e o ambiente social, que incluem alimentação, uso de medicamentos, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e obesidade.

NOVOS CASOS: Para este ano, o Inca estima 625 mil novos casos de câncer no Brasil. “É um número absurdo”, disse a epidemiologista Ubirani Otero. Ele destacou que do total de óbitos relacionados a trabalho no mundo, o câncer representa 32%. “É mais importante do que acidentes do trabalho e violência na população ativa”.

Estatística da OMS mostra que, considerando somente as doenças não transmissíveis relacionadas ao trabalho, o câncer foi responsável por mais da metade dos óbitos registrados em 2018, alcançando 53%. Só perdeu para as doenças respiratórias. “Agora, quando a gente fala de incapacidade na população economicamente ativa, o câncer gerou em 2018 mais de 10 milhões de incapacidades”, informou a médica do Inca.

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que a cada ano, no mundo, acontecem 666 mil mortes de cânceres associados ao trabalho. Esse dado representa o dobro das mortes relacionadas aos acidentes laborais. O diagnóstico e a mortalidade por câncer associado ao trabalho têm aumentado em razão do crescimento da expectativa de vida e da redução gradual de outras causas de morte, como as doenças transmissíveis e acidentes em geral. Fonte: Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 02/05/2021 - 15:22

LIVRO SOBRE O ASSUNTO: Ambiente, Trabalho e Câncer: Aspectos Epidemiológicos, Toxicológicos e Regulatórios

O objetivo deste livro é subsidiar com informações com informações técnico-científicas relaciona­das a agentes cancerígenos químicos, físicos e biológicos presentes nos diversos ambientes, profissionais de saúde dos diferentes níveis de atenção e vínculos; profissionais de outras áreas do conhecimento interessados no tema; estudantes do ensino médio à pós-graduação, para o reconhecimento dos casos de câncer que podem ter ocorrido em decorrência da exposição ambiental e no ambiente de trabalho a um dos agentes abordados na publicação. 

clicar: Ambiente, Trabalho e Câncer

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sexta-feira, maio 14, 2021

PERIGOS DO MOFO EM PÃO

A cena já se repetiu inúmeras vezes em muitos lares mundo afora: você vai preparar o café da manhã, tira uma fatia de pão da embalagem e percebe que ele está esverdeado, com uma penugem por cima. Em outras palavras: o pão embolorou. Aí vem a dúvida: há quem diga que é só tirar a parte estragada, passar na torradeira e está tudo certo. Será? Não é bem assim.

O QUE É O MOFO?  O mofo ou bolor é um tipo de fungo filamentoso que costuma se alimentar de matéria orgânica, ajudando na decomposição dela. É comum encontrá-lo não só no pão (geralmente velho), mas em frutas, couro e até madeira.

Geralmente ele tem um aspecto aveludado, "fofo", e pode ser esverdeado, azulado ou esbranquiçado. Há ainda alguns tipos de fungos que podem ter coloração escura ou avermelhada.

Mas como ele chegou lá? Bem, ao entrar na casa do consumidor, a embalagem de pão é aberta, tornando o alimento mais exposto à carga microbiana que pode vir da superfície onde ele fica, das nossas mãos e até do ar (se ele ficar exposto na mesa, por exemplo, por longos períodos).

As condições de armazenamento também fazem diferença: se a embalagem estiver úmida por dentro ou se for guardado em local quente, o risco do mofo surgir e se espalhar por ali é maior.

E DÁ PARA CONSUMIR O RESTANTE DO PÃO? Não, não dá. De fato, alguns fungos podem ser consumidos sem problemas (como aqueles usados em alguns tipos de queijos). Mas nem todos são seguros: alguns produzem micotoxinas que podem causar infecções alimentares moderadas a graves, especialmente em crianças e idosos (que possuem o sistema digestivo mais sensível).

Os principais sintomas:

§enjôo, diarreia,

§náuseas e dor no estômago.

Algumas pessoas podem também apresentar alergia respiratória, especialmente se tentarem cheirar o pão, aspirando partículas dele. Como não dá para saber qual é o tipo de fungo que está crescendo ali, o mais recomendado é assumir que ele pode ser tóxico e descartar todo o alimento.

MAS POR QUE TUDO E NÃO APENAS A PARTE ESTRAGADA?  Essa é a parte visível do micro-organismo e, se chegou a esse ponto, é porque ele já está em uma fase de crescimento avançada  e isso significa que há mais do fungo no pão do que podemos enxergar a olho nu.

Além disso, a área com bolor é onde ficam os esporos, estruturas utilizadas pelos fungos para se reproduzirem e que podem migrar para outras partes do pão por meio do ar dentro da embalagem, contaminando mais ainda aquele alimento. Ou seja, mesmo que você tente tirar a parte estragada, não é possível garantir que o micro-organismo foi de fato eliminado, ainda mais levando-se em conta a estrutura porosa do alimento, que serve facilmente de abrigo para os esporos.

Nem mesmo o uso da torradeira resolve a questão: aquecer o pão não apenas não elimina o fungo como ainda pode favorecer o seu crescimento.

COMO EVITAR QUE O MOFO CRESÇA NO PÃO? No geral, é recomendado que o pão fique armazenado em local seco e em temperatura ambiente. Para durar mais, pode-se também congelar o em fatias, que serão aquecidas na hora de consumir.

Evite retirar o pão da embalagem e deixá-lo exposto por muito tempo à mesa, pois isso facilita a contaminação do alimento pelo ambiente.

Para pães caseiros, que não têm conservantes na receita, o recomendado é que o consumo seja feito em até 4 dias, se mantido em temperatura ambiente.

Já os pães industrializados têm substâncias feitas para manter o alimento íntegro por mais tempo. Neste caso, o surgimento ou não do mofo depende da forma de armazenamento e da manipulação após a abertura da embalagem. E, claro, se o alimento estiver vencido, também deve ser descartado. Fonte: UOL Noticias - 04/05/2021 

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domingo, maio 09, 2021

PERIGO DE NITROGÊNIO EM INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS

Um evento recente em Gainesville, Geórgia, EUA, envolveu um vazamento significativo de nitrogênio líquido. Uma fábrica de processamento de aves usava nitrogênio para congelar rapidamente os derivados de galinha. Esse sistema de congelamento só estava em operação por 4-6 semanas antes do evento. Seis trabalhadores morreram e outros 12 foram hospitalizados. 130 pessoas tiveram de ser evacuadas. Um gerente de manutenção fechou uma válvula de isolamento externa, interrompendo o fluxo de nitrogênio líquido evitando assim a exposição de mais pessoas. Apesar das causas ainda estarem sob investigação, isso serve de aviso para que se conheçam os perigos do nitrogênio e tomar muito cuidado quando se trabalhar com ou próximo de operações que utilizem nitrogênio.

Já ocorreram muitos outros incidentes relativos à deficiência de oxigênio, devido a vazamentos ou purgas com nitrogênio. Entrar num espaço confinado com atmosfera deficiente em oxigênio sem a testar ou sem equipamento respiratório adequado é uma das causas mais frequentes de asfixias

Nos EUA, os riscos de asfixia com nitrogênio na indústria resultaram em 80 mortes de 1992 a 2002. Esses incidentes ocorreram numa variedade de instalações, incluindo fábricas, laboratórios e instalações médicas; quase a metade envolvendo terceirizados.

Mais recentemente, quatorze trabalhadores nos EUA morreram por asfixia ligada a acidentes com nitrogênio entre 2012 e 2020, de acordo com a agência de notícias AP (Associated Press).

•O nitrogênio é muitas vezes chamado de “assassino silencioso” porque não tem cheiro, cor, sabor e não dá aviso. As pessoas num ambiente rico em nitrogênio (com pouco oxigênio) simplesmente perdem a consciência antes de perceberem que estão em perigo. Baixos níveis de oxigênio podem ser detectados apenas com detectores de gás corretos.

•Adicionalmente aos riscos de asfixia, o nitrogênio líquido é extremamente frio e o contato com a pele pode rapidamente causar queimaduras graves.

•Muitas mortes relacionadas com nitrogênio ocorrem quando outras pessoas se apressam em resgatar um trabalhador numa atmosfera deficiente em oxigênio. Ninguém deve entrar num espaço potencialmente deficiente em oxigênio sem as devidas permissões de trabalho, preparação e equipamento respiratório.

O QUE VOCÊ PODE FAZER: Leia a FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) do nitrogênio para examinar a comunicação dos perigos; possíveis riscos e medidas de segurança. Fonte: Process Safety Beacon -  April 2021

Lembremos:  que o nitrogênio é muitas vezes uma proteção,  mas também  tem riscos

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posted by ACCA@6:05 PM

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