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sexta-feira, junho 29, 2018

Robô autônomo para inspeção em águas profundas é inovação brasileira

FlatFish, desenvolvido pelo Instituto SENAI de Inovação em Automação da Produção em parceria com a Shell, é capaz de planejar e executar missões para verificar dutos de exploração de petróleo no fundo do mar

O Brasil já produz inovação de nível internacional que poderá se tornar importante ferramenta de exploração de petróleo e gás em águas profundas. Um dos mais importantes projetos da rede nacional de Institutos SENAI de Inovação, o Flatfish é um robô completamente autônomo desenvolvido para inspeção visual em 3D de alta resolução.

INVESTIMENTO E PARCERIA
O equipamento, com investimento de R$ 40 milhões, foi feito em parceria pelo Instituto SENAI de Inovação em Automação da Produção, sediado no campus integrado do SENAI-Cimatec em Salvador, com a petroleira multinacional Shell e o Instituto Alemão de Pesquisa em Inteligência Artificial DFKI.

INOVAÇÃO: ESTAÇÃO SUBMARINA SUBAQUÁTICA
A grande inovação do FlatFish é que o robô ficará em uma estação submarina subaquática, em um tempo estimado entre três e seis meses sem necessidade de emergir. O equipamento é capaz de fazer, de forma autônoma, o planejamento e executar uma missão de inspeção de dutos de exploração de petróleo. O veículo sai da estação submarina, é capaz de se desviar de eventuais obstáculos no percurso, por meio de sonares, coleta os dados de inspeção e os envia a equipamentos que são acompanhados por um operador na superfície.

“Um dia será possível operar instalações de petróleo em profundidade e distâncias inalcançáveis comumente pelo homem. Soluções desse tipo, de robótica autônoma, que possam sobreviver em um ambiente inóspito, como o fundo do mar, são importantíssimas”, analisa o diretor do Instituto SENAI de Inovação em Automação da Produção, Dr. Herman Lepikson.

REDUÇÃO DE CUSTOS DE OPERAÇÃO
Com o equipamento, é possível reduzir custos de operação de missões de inspeção, que atualmente envolvem o envio a alto mar de embarcações com grandes equipes. Estima-se que uma operação desse tipo custe cerca de US$ 500 mil por dia. Além disso, garante maior segurança operacional, pois dispensa o uso de mergulhadores, e maior proteção ao meio ambiente, com a inspeção regular dos dutos de exploração para evitar vazamentos de óleo.
 “Esse equipamento é uma necessidade da indústria de óleo e gás. O que o FlatFish tem capacidade de fazer hoje é realizado por um grupo de até 250 pessoas. O robô fará inspeções frequentes no fundo do mar, proporcionando que o custo de toda essa operação caia muito, para algo estimado em cerca de US$ 100 mil por mês”, explica Antônio Mendonça, líder técnico do SENAI-Cimatec, responsável pelo controle da operação do projeto FlatFish.

TESTES
A segunda etapa do projeto, na qual foram feitos testes no mar, foi realizada em um barco laboratório especialmente criado para o Flatfish. A embarcação comportava um elevador para acesso de um pesquisador cadeirante, um refeitório e áreas de descanso. A estrutura permitia a uma equipe de 17 pessoas – engenheiros, técnicos e cientistas da computação – permanecer até cinco dias em alto mar sem retornar à costa, na Marina Aratu, na cidade de Simões Filho, região metropolitana de Salvador. Desde o início do projeto, em 2013, cerca de 30 pessoas participaram do seu desenvolvimento.

FINANCIAMENTO
O projeto contou com financiamento da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), e apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Fonte: Agência de Noticias- CNI-21 de Junho de 2017  

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terça-feira, junho 26, 2018

Após 1 ano, transposição do São Francisco já retira 1 milhão do colapso

PARAÍBA e PERNAMBUCO
Foi aos 45 minutos do segundo tempo. Após seis anos de seca, o açude Boqueirão, única fonte de abastecimento de Campina Grande (PB), registrava apenas 2,9% de sua capacidade —o nível mais baixo desde a inauguração, em 1957, pelo então presidente Juscelino Kubitschek.
À beira do abismo, a ansiedade dos campinenses era enorme quando a água do São Francisco chegou ao Boqueirão, em 18 de abril de 2017. Levou 38 dias para encher os 110 km de leito seco do rio Paraíba entre o açude e o final do canal da transposição do Eixo Leste, inaugurado um ano atrás.

Não havia plano B. “É quase impossível imaginar o atendimento de Campina Grande com carro-pipa”, diz Ronaldo Meneses, gerente regional da Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba). “Teria sido o caos. A transposição chegou no momento do quase colapso.”

O impacto foi rápido. No fim de agosto, mesmo sem chuvas, o açude Boqueirão saiu do volume morto (8,2%), encerrando 33 meses e 19 dias de racionamento, o mais longo da história campinense, e agora tem 15,8% da capacidade.
Hoje, a terceira maior cidade do semiárido (410 mil habitantes) e outros 32 municípios da Paraíba e de Pernambuco estão com o abastecimento de água normalizado, beneficiando 1 milhão de pessoas, segundo o Ministério da Integração Nacional.

Mas nem todos foram beneficiados. Por falta de encanamento ou por estarem fora do alcance do Boqueirão, algumas comunidades rurais e cidades menores da região mantêm a dura rotina da seca. É o caso de Puxinanã, a 16 km de Campina Grande.
Puxinanã não receberá água do São Francisco. O município integrará outro sistema, a barragem de Camará, que tem níveis baixos desde o seu rompimento, em 2004, e atualmente passa por reformas, segundo a Cagepa. A expectativa agora é com a conclusão do Eixo Norte, que levará água a Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Deve ser entregue no segundo semestre, um atraso de seis anos. Ao todo, o Pisf (Projeto de Integração do São Francisco) custará R$ 9,6 bilhões aos cofres públicos, o dobro do previsto inicialmente.

Mapa mostra etapas da transposição do rio São Francisco































ÁREA RURAL
No campo, o impacto tem sido menor. Com o abastecimento urbano prioritário e a captação no São Francisco abaixo da cota máxima por causa da baixa vazão, a irrigação está restrita a 0,5 hectare por agricultor, o equivalente a meio campo de futebol.
Segundo levantamento feito em novembro pela ANA (Agência Nacional de Águas), há 340 hectares irrigados pela transposição na Paraíba, de um total máximo de 500 hectares permitidos hoje.

Mesmo com o tamanho reduzido, muitos estão satisfeitos com a água doce do São Francisco, que substituiu os poços salobros. Está um paraíso, melhorou 100%”, diz o produtor de pimentão Jair Macedo, 45, de Barra de São Miguel (PB). Não é figura de linguagem: antes, o agricultor colhia metade das 500 caixas de pimentão que produz a cada 15 dias, usando um sistema de gotejamento. “A fruta é muito melhor, quase não tem desperdício.”

Os beneficiados pela irrigação são a minoria. Para os produtores mais distantes da água do São Francisco, o alto custo e os desafios logísticos para instalar uma bomba e quilômetros de mangueira inviabilizam o acesso.
Na avaliação de Salomão Medeiros, diretor do Insa (Instituto Nacional do Semiárido), a água do São Francisco, por ter alto custo, precisa ter um destino nobre —termo que, para ele, ainda precisa ser mais bem discutido.
O superintendente de Regulação da ANA, Rodrigo Flecha, afirma que o Eixo Leste ainda funciona em fase de pré-operacional —ou seja, os agricultores, por ora, não pagam pela água.O impacto só poderá ser avaliado no longo prazo, com ajustes ao longo do caminho para os diversos usos, diz.

IMPACTO AMBIENTAL

Vista geral do canal de transposição do rio São Francisco
na divisa das cidades de Monteiro(PB) e Sertânia(PE)
Uma das principais polêmicas da transposição, o impacto no rio São Francisco tem sido mínimo até agora, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas) e pesquisadores da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco), instituição responsável pelo monitoramento ambiental da região.

“Do nosso ponto de vista, o impacto é insignificante em relação ao benefício que a transposição traz”, afirma o superintendente de regulação da ANA, Rodrigo Flecha.
Até 2025, o Pisf (Projeto de Integração do Rio São Francisco) tem autorização da ANA para bombear 26,4 m³ por segundo, para abastecimento humano e usos difusos. Na semana retrasada, a vazão do rio em Morpará (BA), que fica antes da captação, era de cerca de 1.500 m³ por segundo.

A ANA também é responsável por gerar indicadores técnicos e por aprovar planos de gestão estadual, entre outras atribuições. Responsável pelo acompanhamento da fauna e da flora no entorno da transposição, a Univasf tampouco detectou impactos negativos significativos no rio São Francisco após um ano de funcionamento do eixo leste.
Já nos açudes e no rio Paraíba, que receberam a água da transposição, os pesquisadores registraram o aumento de peixes, incluindo a chegada de espécies do rio São Francisco —em formas larvais e juvenis, eles conseguem sobreviver à força das estações de bombeamento.

Apenas no açude Areias (PE), o primeiro da transposição, as espécies pularam de 5, em 2015, para 14 neste ano. O monitoramento também apontou a melhoria da qualidade da água dos açudes, que abastecem tanto cidades próximas como mais distantes, por meio de carros-pipa. “A água do São Francisco reduziu a salinidade, com reflexos na quantidade e na diversidade de insetos aquáticos”, afirma a bióloga Vera Uhde, do Cemafauna (Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga).
Uma preocupação para o futuro é o aumento do desmatamento na área de influência do canal, explica o biólogo Renato Rodrigues, coordenador do Nema (Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental), que acompanha a fauna numa área pouco maior do que o estado da Paraíba.

Ele compara o impacto do canal ao de uma estrada: ambas as obras têm área construída pequena, mas movimentam a economia, com impactos ambientais. “Essa água pode gerar pressões diferentes de propriedades privadas ao redor, e isso aumenta o desmatamento”, diz o biólogo, ressaltando que o problema não foi detectado até agora.
Durante as obras, o programa administrado pela Univasf resgatou cerca de 145 mil animais, dos quais 127 mil retornaram à natureza. Houve também o plantio de 220 mil mudas ao longo da faixa de 200 metros em volta do canal. Para mitigar o impacto da obra, a Univasf propôs a criação de uma unidade de conservação estadual na região da Serra do Livramento (PE) com aproximadamente 30 mil hectares.
O processo, porém, ainda está em estágio inicial. Entre os agricultores vizinhos à captação do Eixo Leste, em Petrolândia (PE), tampouco há relatos de alterações no São Francisco provocadas pela transposição.
Fonte: Folha de São Paulo - 11.mar.2018

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terça-feira, junho 19, 2018

Lebres devastam plantações inteiras no Sul e Sudeste do Brasil

Agricultores do Sul e do Sudeste do Brasil estão sofrendo com os ataques da lebre europeia, vulgo "lebrão". Os prejuízos chegam a 100% da produção em regiões de cultivo de brócolis e couve-flor, por exemplo. Plantações de citrus também amargam prejuízo alto, na casa dos 20%, segundo cálculos dos próprios agricultores.

A lebre rói o caule de pés de laranja, limão e tangerina, que morrem poucos dias depois, por falta de seiva. Produtores rurais reclamam ainda da presença do animal em cultivos de soja, maracujá, feijão, hortaliças, melancia, abóbora, melão, pupunha, mandioca, mandioquinha, batata-doce, café, quiabo e seringueira.

ESTADOS QUE MAIS SOFREM COM A INVASÃO
"Os Estados que mais sofrem com a invasão são Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná", afirma a ecóloga Clarissa Alves da Rosa, pesquisadora da Universidade Federal de Lavras (MG). Ela lembra que a presença do lebrão é tão marcante nas terras paranaenses que, ao sobrevoar o Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Grande Curitiba, é possível ver lebres europeias invadindo a pista.
O animal, no entanto, vem subindo o mapa do Brasil pelas próprias pernas, e numa velocidade alta de dispersão - cerca de 45,35 quilômetros por ano. Há registros da espécie em Minas Gerais, Goiás e no Mato Grosso do Sul.

CAÇA ESPORTIVA
A Lepus europaeus, como denomina o nome científico, é nativa da Europa. Trazida para Argentina e Chile visando à caça esportiva, teria se proliferado pelos países vizinhos e chegado ao Brasil nos anos 1950, por meio da fronteira com o Uruguai.
Sua primeira pegada no país, publicada em literatura, foi em Santa Vitória do Palmar (RS), no ano de 1982. Mais de três décadas depois, ela estaria presente em 135 localidades brasileiras. De dois anos para cá, porém, os agricultores têm sentido uma disparada na frequência do animal.

TOMANDO LEBRE POR GATO
O lebrão recebe esse nome aumentativo pelo porte "atlético". Sentado com as patas encolhidas, e desconsiderando as orelhas de pontas negras, ostenta cerca de 25 centímetros de altura. Pesa de dois a cinco quilos.
E, em pleno salto, chega a uns 70 centímetros de comprimento, o que faz lembrar um gato. Tem uma plasticidade ecológica alta, isto é, adapta-se a diferentes ambientes, embora prefira campos abertos. Latifúndios de monocultura, portanto, são caros ao seu apetite voraz.

TAXA DE REPRODUÇÃO ELEVADA
São perfeitos também para as suas já elevadas taxas de reprodução. "Mamíferos tendem a ajustar a reprodução em períodos de maior oferta de alimento", explica Clarissa Rosa. A lebre europeia apresenta de quatro a sete gestações anuais, concebendo até quatro filhotes por ninhada. Ou seja, uma lebre pode ter 28 crias por ano - sendo que as fêmeas dessa ninhada, aos 5 meses de idade, já estão maduras sexualmente para se reproduzirem.

HÁBITO NOTURNO
A espécie não se deixa pegar com facilidade. De hábito predominantemente noturno, é bastante rápida e arisca, dificultando a ação do predador. Enquanto na Europa linces, lobos e aves de rapina teriam saído ao seu encalço, na América do Sul caçadores naturais não a incorporaram à dieta.
"Quando a lebre começou a invadir o Rio Grande do Sul, um dos Estados mais 'desfaunados' do Brasil, criou-se a esperança de que poderia ser uma presa para os poucos predadores que ainda existiam, já que as presas nativas estavam em declínio populacional", diz Clarissa Rosa.
Mas estudos de dez, 15 anos mostraram que os carnívoros dessa área não se alimentam da lebre europeia, mesmo em áreas infestadas. A dedução é que ela tem uma capacidade de fuga muito maior que as espécies nativas.

CAÇADA DIFÍCIL
Que o digam os produtores. Cães da roça, por exemplo, normalmente não dão conta de alcança‑la.
"Um agricultor me disse que, no começo, atiçava os cachorros para saírem correndo atrás dos lebrões", conta o engenheiro agrônomo Joaquim Adelino de Azevedo Filho. "Com o tempo, os cachorros olhavam para ele e para a lebre e nem se mexiam, tipo assim: 'quer mesmo que a gente perca o nosso tempo?'"

PREJUÍZOS  NA LAVOURA
Azevedo Filho é pesquisador científico da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) Regional Leste Paulista, em Monte Alegre do Sul. Há cerca de 20 anos, testemunhou o efeito do ataque de lebrões a uma plantação de melancia em Capela do Alto, região metropolitana de Sorocaba, interior de São Paulo.
"Tiveram de parar porque a lebre raspava a melancia novinha, que dali para frente crescia deformada", diz. Cinco anos depois, relembra ele, na região de Indaiatuba (SP), um produtor de maracujá viu sua colheita perdida porque o bicho roía o pé e a planta morria.
Em Monte Alegre do Sul, o estrago foi nas plantações de soja e crotolária, leguminosa usada para adubo verde. "O ataque à crotolária não foi tão sério porque não é uma cultura comercial, mas para a soja foi prejudicial", avalia.

ESPANTALHOS DERROTADOS
Culturas de consumo familiar não escapam à ação desse animal da ordem dos lagomorfos.
Pedro Luís Gazola, morador de Torrinha (SP), relata, em um vídeo caseiro, a devastação nos pés de feijão carioquinha: "Até o fim da rua, não tem nada, ela come tudo", narra desanimado, referindo-se a um corredor já árido da plantação.
Espantalhos se mostraram inúteis. Tufos de cabelo, que alguns produtores estão pedindo a salões de cabeleireiro, tampouco surtiram efeito contínuo. "Ela parece não gostar do cheiro do cabelo, mas depois chove, o cheiro desaparece e elas voltam a atacar as mudas", afirma Gazola.
O produtor de soja Agnaldo Fernandes do Amaral, de Bragança Paulista (SP), percebeu um afastamento do bicho por causa do cheiro - no caso, vindo da pulverização de inseticida na sua lavoura, às margens da rodovia Fernão Dias. Mas teme que seja insuficiente: "Elas estão procriando demais".

NÃO É CLASSIFICADA PELO IBAMA COMO ESPÉCIE INVASORA NOCIVA
França Filho afirma ter encaminhado ao Ibama e à Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo de São José do Rio Preto uma autorização para o manejo da Lepus europaus com arma de fogo. "Enquanto não se declara que é nociva, não pode matar", explica. "Fica meio no limbo; está autorizado, mas não regulamentado."

ESPÉCIE NOCIVA?
O engenheiro agrônomo Rafael Salerno, também controlador de javalis registrado pelo Ibama e caçador credenciado pelo Exército, traçou caminho semelhante em pedido enviado ao Ibama em março de 2017.
Ali escreve estar ciente de que as lebres europeias já foram declaradas como espécie exótica invasora segundo deliberação do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) 30/2011 e reconhecidas como praga pelo boletim IAC (Instituto Agronômico de Campinas) 110. Além disso, lembra que está facultado ao Estado sua declaração como espécie nociva, conforme Instrução Normativa 141/2006 do Ibama.
Recebeu como resposta do Instituto a informação de que "não há uma norma que declare a espécie nociva em todo o território nacional, mas, considerando que alguns Estados já declararam sua nocividade, pessoas físicas ou jurídicas interessadas no controle da lebre devem solicitar autorização junto ao órgão ambiental competente nos respectivos Estados conforme as normas estaduais e, em casos excepcionais, solicitar essa autorização para a unidade do Ibama no respectivo Estado".

OCORRE QUE NENHUM ESTADO BRASILEIRO DECLAROU A ESPÉCIE NOCIVA.
"A lebre europeia vem ganhando território pelo Brasil claramente pela inépcia e prevaricação dos órgãos estaduais de meio ambiente e do Ibama", afirma Salerno, que mora em Sete Lagoas, Minas Gerais. Ele ressalta que, talvez por predação direta, talvez por transmissão de doenças, ou por causa dos dois motivos conjugados, o lebrão ainda estaria colaborando para a extinção do tapiti, coelho nativo brasileiro.
De acordo com a bióloga Graziele Batista, analista ambiental da Coordenação de Gestão, Destinação e Manejo da Biodiversidade, do Ibama, paralelamente à elaboração de planos nacionais para prevenção, controle e monitoramento de espécies exóticas invasoras e à revisão da estratégia nacional para essas espécies, estão sendo reavaliados os critérios de priorização daquelas que devem ser alvo de prevenção e controle para aprimorar normas, mecanismos e ações.

IBAMA GARANTE NÃO TER DADOS OFICIAIS DE ESTIMATIVAS DE PREJUÍZOS
O Ibama garante não ter dados oficiais de estimativas de prejuízos na agricultura do país causados pela lebre europeia nem de seu impacto ambiental. "Mas é uma espécie que certamente vai ser considerada de alguma forma para controle, porque a distribuição dela tem aumentado muito na última década", diz Batista.
A analista não soube informar se seria liberada a caça ou se o controle seria por armadilha - ou por ambos. A priori, o veneno estaria descartado. "Ele é muito usado em outros países, mas no Brasil seria praticamente inviável, ainda mais em áreas de mata, porque dificilmente haverá um veneno específico para a lebre europeia, o que poderia afetar espécies nativas."
Para Emanuel Alexandre Coutinho, que dá consultoria a agricultores de Senador Amaral, no sul de Minas - município que mais produz brócolis no Brasil -, a coisa avançou a tal ponto que o plantio já é feito considerando as perdas por ataques, que são certas e líquidas. "O preço final do produto não aumentou, por enquanto, mas isso afeta a lucratividade e a competitividade do agricultor", diz.
A ecóloga Clarissa Rosa  afirma que o controle e a erradicação de uma espécie invasora só é efetivo quando identificado nos primeiros momentos da invasão..
O cenário fatídico não impede que produtores soltem rojões na plantação - para tentar espantar os lebrões. Fonte: BBC Brasil - 6 de novembro de 2017 l

Comentário: Espécies Exóticas Invasoras
A condição dos países em desenvolvimento na busca da sustentabilidade, particularmente aqueles de mega‑diversidade, depende da habilidade em proteger seus ecossistemas, economias e a saúde pública. Infortunadamente, invasões de espécies exóticas - plantas, animais e microrganismos - trazem uma significante e sem precedente ameaça aos recursos desses países.

De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, "espécie exótica" é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. "Espécie Exótica Invasora", por sua vez, é definida como sendo aquela que ameaça ecossistemas, hábitats ou espécies. Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de inimigos naturais, têm capacidade de se proliferar e invadir ecossistemas, sejam eles naturais ou antropizados (área cujas características originais foram alteradas).

Com a crescente globalização e o consequente aumento do comércio internacional, espécies exóticas são introduzidas, intencional ou não intencionalmente, para locais onde não encontram inimigos naturais, tornando-se mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos. Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, o que ocasiona o empobrecimento dos ambientes, a simplificação dos ecossistemas e até mesmo a extinção de espécies nativas.
Espécies exóticas invasoras representam uma das maiores ameaças ao meio ambiente, com enormes prejuízos à economia, à biodiversidade e aos ecossistemas naturais, além dos riscos à saúde humana. São consideradas a segunda maior causa de perda de biodiversidade, após as perda e degradação de habitats.
Em virtude da agressividade e capacidade de excluir as espécies nativas, diretamente ou pela competição por recursos, as espécies exóticas invasoras apresentam o potencial de transformar a estrutura e a composição dos ecossistemas, homogeneizando os ambientes e destruindo as características peculiares que a biodiversidade local proporciona.

As espécies exóticas invasoras já contribuíram, desde o ano 1600, com 39% de todos os animais extintos, cujas causas são conhecidas (CDB). Mais de 120 mil espécies exóticas de plantas, animais e microrganismos foram introduzidas nos Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, Índia, África do Sul e Brasil (Pimentel et al., 2001).
Tendo em vista o número de espécies que já invadiram esses seis países estudados, estima-se que um total aproximado de 480 mil espécies exóticas já foram introduzidas nos diversos ecossistemas da Terra. Aproximadamente 20 a 30% dessas espécies são consideradas pragas e são responsáveis por grandes problemas ambientais. Isto indica o enorme desafio que deverá ser enfrentado para o controle, monitoramento e erradicação das espécies exóticas invasoras.
Os custos da prevenção, controle e erradicação de espécies exóticas invasoras indicam que os danos para o meio ambiente e para a economia são significativos. Neste contexto, levantamentos realizados nos Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e Brasil atestam que as perdas econômicas anuais decorrentes das invasões biológicas nas culturas, pastagens e nas áreas de florestas ultrapassa os 336 bilhões de dólares. Fonte: Ministério do Meio Ambiente

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