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Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Contaminantes na água comprometem reprodução de várias espécies

No Brasil, ação de interferente endócrino gera molusco com dois sexos.
Danos da poluição hormonal à saúde humana são objeto de pesquisas.

Os ursos polares do Ártico estão tendo menos filhotes, assim como os pinguins-de-adélia da Antártida. No litoral brasileiro, é possível encontrar moluscos com dois sexos, tal como ocorre com alguns crocodilos da Flórida. Alterações dos órgãos sexuais e problemas reprodutivos como esses vêm sendo cada vez mais observados em diversas espécies ao redor do mundo. A causa é um tipo de poluição ainda pouco comentado fora da academia, mas que é objeto de estudo de um número crescente de cientistas. São contaminantes que se disseminaram em grande escala pelo planeta a partir do século 20, pondo em risco a biodiversidade e, suspeita-se, também a saúde humana.

INTERFERENTES ENDÓCRINOS
Conhecidos como interferentes endócrinos, eles mimetizam a ação do estrógeno, o hormônio sexual feminino. De plásticos a pesticidas, de cosméticos a substâncias de uso industrial, passando por detergentes e até pela urina humana, as fontes são inúmeras e difusas. São moléculas quimicamente muito distintas entre si, mas que têm em comum a capacidade de interagir com os receptores de estrógenos que a maioria dos animais carrega na membrana de suas células. “Disfarçadas” de hormônio, elas produzem uma mensagem enganosa que pode fazer a célula se multiplicar, morrer ou produzir certas proteínas na hora errada, por exemplo.

FEMINILIZAÇÃO E MASCULINIZAÇÃO
Em animais, o efeito mais evidente é a feminilização de machos, e, com menor freqüência, a masculinização de fêmeas. “Tudo depende do composto, da espécie e da fase do desenvolvimento em que o organismo é exposto”, diz Mary Rosa Rodrigues de Marchi, do Instituto de Química da Unesp em Araraquara. O período crítico de exposição é a fase de desenvolvimento, quando o estímulo hormonal certo na hora certa define os processos que darão origem a caracteres e comportamentos sexuais que se perpetuarão por toda a vida.

ESPERMATOZOIDES
Evidências sobre os efeitos em humanos ainda são inconclusivas, mas não falta quem suspeite que a queda acentuada na contagem de espermatozóides em homens nos últimos 60 anos seja uma possível conseqüência. O fenômeno foi detectado inicialmente em países escandinavos, conhecidos por suas longas séries de dados epidemiológicos. É impossível provar a ligação direta com os interferentes endócrinos no ambiente, mas a indução do efeito em animais de laboratório aumenta a desconfiança.

“É muito difícil, e às vezes frustrante, confirmar o nexo causal entre esses contaminantes e a saúde humana. Mas o impacto ambiental deles já está bem estabelecido”, afirma Wilson Jardim, do Instituto de Química da Unicamp.

Wilson Jardim há anos estuda a presença de poluentes químicos nas águas que abastecem a região de Campinas. Além dos estrógenos naturais e sintéticos, ele também encontrou interferentes endócrinos usados na fabricação de plásticos, como os ftalatos e o bisfenol A. Estudos com animais de laboratório mostram que esses dois compostos (em doses mais altas às quais estamos expostos) podem prejudicar o desenvolvimento fetal, causando anormalidades nos órgãos reprodutivos.

CADEIA ALIMENTAR
Há ainda vários outros interferentes endócrinos que são insolúveis em água e têm origens e percursos ambientais completamente distintos. É o caso de uma vasta lista de pesticidas, que inclui tanto produtos proibidos, como DDT, quanto outros ainda em uso, como fibronil. São moléculas que podem levar anos ou décadas para se degradar até um composto que não apresente atividade estrogênica.

Dispersas no solo ou no ar, elas aderem a partículas que são carregadas pelas chuvas até os cursos d’água. Lá se depositam no sedimento de rios ou oceanos, do qual se alimentam vermes, moluscos, crustáceos ou peixes. Sua baixa solubilidade em água faz com que se acumulem em tecidos gordurosos.

TBT (TRIBUTILESTANHO)- TINTA ENVENENADA
O caranguejo-ermitão que vive na costa brasileira é uma dessas vítimas. Nesse caso, o vilão é uma substância conhecida como TBT (tributilestanho) – um componente da tinta que reveste o casco das embarcações para impedir o crescimento de cracas e algas (o que compromete o deslizamento na água e faz o veículo gastar mais combustível).

Bruno Sant’Anna, doutorando do Instituto de Biociências da Unesp em Rio Claro, está investigando a população do crustáceo em 25 estuários do litoral do Brasil, do sul da Bahia a Santa Catarina. Nos locais analisados até o momento (litoral de São Paulo e Paraty, no Rio), ele observou que até 8% dos animais tinham órgãos sexuais masculinos e femininos ao mesmo tempo.

O fenômeno faz com que fêmeas se transformem em machos, explica Sant’Anna. Em todos os animais analisados encontrou-se TBT, em níveis que variaram dependendo do lugar. A maior contaminação foi observada em São Sebastião e a menor, em Cananéia, ambas no litoral paulista. O TBT e seus subprodutos igualmente tóxicos persistem no ambiente por pelo menos dez anos.

A mudança de sexo causada pela “tinta envenenada”, como é conhecida entre pescadores, já foi descrita em mais de 120 espécies de moluscos ao redor do mundo.

CADEIA ALIMENTAR - CARANGUEJO-ERMITÃO
O caranguejo-ermitão não faz parte do cardápio humano, mas sua contaminação, por TBT ou outro interferente endócrino encontrado no sedimento marinho, é transmitida a seus predadores e assim sucessivamente. Via cadeia alimentar, essas substâncias persistentes têm se disseminado na natureza, o que explica o fato de animais que vivem nas calotas polares estarem contaminados com pesticidas organoclorados, muitos deles banidos nos anos 1960 e 1970, ou com bifenilas policloradas, um tipo de fluido usado em transformadores elétricos até os anos 1980 e mais conhecido como ascarel. Estudos da década de 1990 em países como Alemanha, Holanda e Canadá encontraram pesticidas e ascarel no tecido adiposo e no leite humanos, em níveis mais elevados nas pessoas que consumiam grande quantidade de peixe.

NO BRASIL O TBT NÃO FOI AINDA BANIDO
Uma convenção da Organização Marítima Mundial, da qual o Brasil é signatário, determinou o banimento desse tipo de tinta até 2008. A adesão foi mais rápida nos países desenvolvidos.
Em Brasília, um projeto de decreto legislativo (1804/2009), aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara em novembro passado, aguarda votação no plenário.

Fonte: Unesp Ciência - Universidade Estadual Paulista – Março de 2010

Comentário: Interferentes endócrinos são compostos orgânicos hormonalmente ativos que podem causar distúrbios no sistema endócrino de seres humanos e animais mesmo em concentrações baixas. Muitos compostos têm sido classificados como interferentes endócrinos, embora ainda não haja um consenso sobre seus efeitos biológicos em condições naturais. O interesse no estudo destas substâncias é relativamente recente e foi motivado a partir de observações sobre a ocorrência de anormalidades no sistema endócrino de animais no ambiente. Alterações crônicas no desenvolvimento e na reprodução de várias espécies têm sido atribuídas à presença de uma grande variedade de substâncias químicas, principalmente, em sistemas aquáticos naturais.

Mesmo em concentrações na faixa de sub-ppb, alguns compostos, sintéticos ou naturais, têm sido detectados em amostras de águas superficiais em todos os continentes do planeta, principalmente em função de deficiências nos processos de tratamento de esgotos. Em países desenvolvidos, efluentes de estações de tratamento de esgotos são consideradas as principais fontes de interferentes endócrinos para ambientes aquáticos naturais. Em países em desenvolvimento, ao contrário, a principal fonte destes compostos consiste no descarte de esgoto bruto em águas superficiais.
Neste caso, além dos efeitos tóxicos agudos relativos à presença de patógenos, existe o risco de associado à exposição crônica aos interferentes endócrinos. Fonte: Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP-Instituto de Química – IQ -Laboratório de Química Ambiental – LQA- Caderno Temático- volume 06 - Origem e destino de interferentes endócrinos em águas naturais- Campinas, Abril de 2007

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domingo, fevereiro 26, 2012

Cuidados ao usar banheiros públicos

Cuidados ao usar banheiros públicos
Siga estas dicas e previna-se contra infecções urinárias, hepatite A e diarréia

VASO SANITÁRIO
Utilize o papel higiênico para forrar a tampa ou simplesmente evite o contato com o vaso sanitário
O álcool gel também pode ser usado para uma rápida limpeza

TORNEIRA
Após a higienização das mãos, evite tocar em qualquer outro elemento do banheiro. Utilize o papel com o qual secou suas mãos para fechar a torneira e abrir a porta.

TOALHA
Prefira secar as mãos naturalmente ou na própria roupa, caso a toalha disponível não seja descartável

PAPEL HIGIÊNICO
Verifique se o rolo não está molhado, sujo ou em contato com o vaso, a pia ou o chão. Ele não deve ser usado para estancar sangue de ferimentos ou cortes por perigo de infecção

SABÃO
Evite a versão em barra, que permite o acúmulo de resíduos em sua superfície, tornando-se uma colônia de bactérias. A versão liquida pode usada sem perigo.

Fontes consultadas: infectologista Maria Lavínea Figueiredo, do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica; infectologista Orlando Jorge, chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Luiz; infectologista Thiago Leandro Mamede, professor da Escola de Medicina Souza Marques. Folha.com

Comentário: Em geral não damos muita importância na hora de usar o banheiro da empresa ou de um local público ou de um local comercial, mas temos tomar algum cuidado.
O banheiro é o local que oferece os maiores riscos de contaminação.Um banheiro aparentemente limpo não o livra de microrganismos maléficos à saúde. A higiene pode ajudar. O principal risco do banheiro está no contato direto da pessoa com as fezes. Algumas pessoas não lavam as mãos adequadamente ou simplesmente não as lavam.
O banheiro precisa ainda de outros cuidados. Com a umidade, o local se torna ideal para a proliferação de fungos, um dos grandes vilões para a pele humana.

Principais riscos nos banheiros
Conhecidos popularmente como vermes, os parasitos, como áscaris, tricury, oxiúrus e giardia, podem provocar diarréia, dor abdominal, vômito e anemia.
Risco de pegar hepatite A, além de bactérias e vírus intestinais, entre eles o rotavírus e o adenovírus

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quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Produto antifogo contamina golfinhos

Substância que retarda chama em diversos produtos é encontrada em cetáceos que vivem no alto-mar

Uma substância usada para impedir que peguem fogo produtos tão variados quanto celulares, embalagens de alimento e travesseiros já está contaminando a costa brasileira, chegando a ser detectada em golfinhos de alto-mar.

Os chamados retardantes de chamas (ou PBDE – éter difenil polibrominado) foram achados em nove golfinhos-pintados-do-Atlântico (Stenella frontalis), capturados acidentalmente por pescadores entre 2004 e 2007 na costa de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

PESTICIDAS ORGANOCLORADOS E PBDE
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg-RS) fizeram a descoberta após analisar a gordura dos animais. Encontraram também altas taxas de pesticidas organoclorados como DDT – usado em plantações do Vale do Ribeira até 1997 – e PCB (bifenilpoliclorado ou ascaréis), também proibido desde 1981, proveniente, por exemplo, de indústrias de transformadores na baixada santista.

O trabalho mostra que a concentração dessas substâncias não chega a ser maior que a observada em outros cetáceos de áreas mais poluídas, como a costa japonesa e a costa leste dos EUA.

Para os pesquisadores, porém, o estudo serve de alerta porque essa espécie de golfinho não vive muito perto da costa. Ela já foi observada, por exemplo, em pontos do oceano a 900 metros de profundidade.

Isso sugere que a contaminação pode estar se espalhando mar adentro, segundo o biólogo Marcos César de Oliveira Santos, do Instituto Oceanográfico da USP, que fez a pesquisa quando estava na Unesp de Rio Claro.

No caso do PCB, a contaminação observada nos golfinhos foi maior que a vista por outras pesquisas em toninhas (Pontoporia blainvillei) e botos-cinza (Sotalia guianensis), que vivem mais próximos da costa. “Ainda não conhecemos bem a movimentação da espécie. Pode ser que ela venha até a costa para se alimentar e tenha se contaminado, mas pode ser que os poluentes estejam espalhados.”

CADEIA ALIMENTAR PODE ESTAR CONTAMINADA
Além disso, como os golfinhos estão no topo da cadeia alimentar e as substâncias avaliadas são cumulativas, o fato de os animais estarem contaminados indica que todos os outros seres da cadeia também estão. Degradados no ambiente, esses poluentes são absorvidos pelo fitoplâncton, depois pelo zooplâncton que se alimenta dele, em seguida por crustáceos e peixes, até chegarem aos golfinhos – e, portanto, também aos seres humanos.

“A preocupação não é só pelos golfinhos, mas por mostrar que o alimento que a gente ingere está contaminado com substâncias cancerígenas”, diz, referindo-se ao PCB e ao DDT. Os efeitos dos retardantes ainda não são bem conhecidos, até porque o uso do PBDE é recente – apareceu há cerca de dez anos.

“A gente, na verdade, não esperava encontrar nada ou somente traços da substância, justamente por ser recente”, comenta. Mas ao menos dois indivíduos, com menos de 1 ano, apresentaram taxas de PBDE acima do nível considerado fisiologicamente aceitável, ou seja, limite que passa a trazer consequências para o organismo. Para as gerações futuras, isso pode significar a ocorrência de má-formação, câncer e mortalidade.

Filhotes. Esse temor é reforçado por uma outra descoberta da equipe. Entre os animais analisados estava presente uma fêmea ainda em fase de amamentação. Os níveis de contaminação nela eram muito menores que nos demais.

Ao contrário dos machos adultos, que carregam os poluentes para sempre – e por isso são apelidados de “sentinelas de qualidade ambiental” –, as fêmeas, ao amamentar, acabam repassando-os para a cria. “Ela passa até 50% para o filhote”, diz Santos. “Esse animal pode não chegar à maturidade sexual. O que eventualmente pode afetar a reposição dessa população.”

Fonte: Estadão - 07 de fevereiro de 2012

Comentário:
RISCO AMBIENTAL DA APLICAÇÃO DE ÉTERES DE DIFENILAS POLIBROMADAS COMO RETARDANTES DE CHAMA


1-Retardantes de chama bromados acumulados nos tecido adiposos, especialmente em animais e são absorvidos pelos materiais orgânicos tais como a água, o solo, e de vida vegetal, incluindo as florestas.
2-Mudanças de temperatura permitem PBDE percorrer longas distâncias como eles se fixam em climas frios e volatilizam em climas quentes. Isto é conhecido como o efeito gafanhoto (a deposição e revolatilização dos poluentes são caracterizadas por mudanças sazonais de temperatura).
3-Estudos realizados na população Inuit (povos aborígenes) no Ártico do Canadá revelam nas suas amostras de leite materno contaminantes a níveis semelhantes aos resíduos tóxicos
Os níveis de PBDE foram recentemente medidos em populações e estão em ascensão há 15 anos.
4- Arnold Schecter, da Universidade do Texas e colegas descobriram que todo sangue e amostra de leite materno coletado nos EUA estão contaminados com PBDE
5-Também descobriram que os níveis de PBDE em alimentos nas prateleiras dos supermercados nos EUA são 10 a 100 vezes maiores que os encontrados anteriormente na Europa e Ásia.

Os retardantes de chama, dentre os quais se destacam os éteres de difenilas polibromadas, são aditivos de materiais destinados a torná-los resistentes ao fogo ou a altas temperaturas, inibindo ou suprimindo o processo de combustão, dentre os quais se destacam os éteres de difenilas polibromadas (PBDEs, do inglês, polibromated diphenyl ethers).

A ampla utilização de materiais poliméricos inflamáveis resultou num significativo aumento na demanda de retardantes de chama (FRs, do inglês flame retardants) como principal medida de segurança na prevenção de incêndios, particularmente nas indústrias de eletroeletrônicos, têxtil, automobilística e construção civil.

Estes produtos são empregados em materiais como madeira, plásticos, papéis, utensílios de cozinha etc. Em computadores são comumente usados em circuitos impressos, conectores, capas plásticas e cabos, além de serem usados como coberturas de televisão. Esses bens de consumo se queimam com muita facilidade, e uma vez iniciada a ignição, a combustão completa é rápida, reduzindo as chances de fuga e aumentando o risco de danos causados por queimaduras .
Os FRs são adicionados durante ou após o processo de fabricação a fim de tornar os materiais resistentes ao fogo ou a altas temperaturas, inibindo ou prevenindo o processo de combustão, reduzindo o risco de lesões em casos de incêndio.

ASPECTOS TOXICOLÓGICOS
Fontes de exposição aos éteres de difenilas polibromadas Os PBDEs podem ser lançados no ambiente de diversas maneiras; pelas indústrias durante a manufatura destes compostos ou pela produção de materiais que possuem PBDEs em sua constituição, ou ainda pela disposição inadequada de bens de consumo que os contenham. Outras fontes de exposição estão relacionadas à utilização e reciclagem de produtos contendo os PBDEs como computadores, televisores, estofados etc. A absorção dos PBDEs se dá principalmente por inalação, na maioria partículas emitidas na fase gasosa

TOXICIDADE ÉTERES DE DIFENILAS POLIBROMADAS
Vários estudos têm demonstrado o potencial tóxico dos PBDEs, sendo hepatotoxicidade, alterações imunológicas, neurotoxicidade, ações endócrinas e desenvolvimento de câncer seus principais efeitos.. Estudo em roedores com administração diária de 5 – 10 mg/Kg de misturas de PBDEs evidenciou alterações hepáticas, degeneração histopatológica, hepatomegalia e indução de enzimas microssomais.

Similarmente a outros poluentes orgânicos persistentes (POPs), os PBDEs são recalcitrantes no meio ambiente devido a sua alta lipofilicidade e estabilidade química, podendo ser encontrados em diversos compartimentos ambientais e em fluidos biológicos humanos, tais como tecido adiposo, leite materno e sangue humano; além de peixes, pássaros, animais marinhos, sedimentos, alimentos, poeira doméstica e no ar presente dentro e fora de domicílios. Portanto, os PBDEs apresentam características que os qualificam como POPs de acordo com a Convenção de Estocolmo em 2004 .

Os PBDEs podem atingir o meio ambiente através da disposição inadequada de bens de consumo, principalmente em depósitos de lixos. O chorume liberado por estes depósitos pode atingir lençóis freáticos dependendo do tipo de solo da região, principalmente quando se trata de aterros sanitários antigos. Além disso, os PBDEs podem ser lançados juntamente com efluentes industriais, uma vez que estes compostos não são legislados no Brasil, portanto não há controle de emissão.

O destino de todo material contendo PBDEs é primordial para avaliação da contaminação ambiental. Estes materiais podem ser descartados diretamente no ambiente ou sofrerem algum processo de reciclagem. Dados estatísticos demonstram que cerca de 60% de toda produção de materiais que apresentam substâncias comprovadamente tóxicas, dentre elas os PBDEs, é descartada em detrimento às suas potenciais aplicações, como fonte termodinâmica ou reutilização na produção por reciclagem . Os processos de reciclagem não são estimulados pela ausência de normatização e pela baixa sustentabilidade dessas técnicas pela tecnologia existente ser ainda onerosa. Como conseqüência, destino desses materiais acaba por ser o meio ambiente. Além disso, a exposição dos trabalhadores a esses compostos em unidades de reciclagem constitui importante fonte de exposição.

O uso de retardantes de chama bromados elevou os níveis ambientais de diversos compostos tóxicos como polibrominato dibenzo dioxinas (PBDDs) e polibrominato dibenzo furanos (PBDFs) que estão presentes em baixas concentrações (contaminantes) em algumas misturas comerciais, além de serem gerados no processo de combustão, principalmente dos PBDEs. Surpreendentemente, a mistura de substituintes derivados de cloro e bromo torna possível à
formação de aproximadamente 5000 diferentes dioxinas e furanos: 75 PBDDs, 135 PBDFs, 1550 dioximas bromo/cloro e 3050 furanos bromo/cloro .

Têm se observado um aumento significativo nas publicações científicas referentes à detecção dos PBDEs em amostras de água, por este motivo, em 2005 esta classe de retardantes de chama bromados foi incluída pela primeira vez na revisão sobre análise de contaminantes emergentes em águas, publicada a cada dois anos pelo periódico Analytical Chemistry. Fonte: Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.2 (2008) 41-48

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segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Empregadas dependuradas em janelas












Com a mesma tranqüilidade de quem trabalha atrás de uma mesa de escritório, essas empregadas se equilibram a dezenas de metros do chão para executar suas tarefas.

Além das condições inadequadas de trabalho, falta respeito ou valor à vida, pois elas deveriam pensar; não posso, é perigoso, mas no íntimo, o diabinho diz; entra, tem muita adrenalina. Isto lembra a história de um trabalhador que foi fazer um serviço no “Paraíso”.

No “Paraíso” só entra com muito treinamento de segurança, quipamentos de segurança individual, muita consciência de segurança. O trabalhador achou muito burocrático esses procedimentos para fazer um simples serviço. Ele preferiu trabalhar no “Inferno”, onde tinha muito público para isso, muita desorganização, muita adrenalina, muita disputa para ultrapassar o limite de segurança, enfim, trabalho radical. Essa é a situação de alguns trabalhadores, que apreciam o trabalho radical, sempre trabalhando nas condições ótimas de um acidente, como se diz; nas condições em que o diabo gosta.

Interessante é que o trabalhador com a sua lógica humana, consciência, memória, etc. aprecia ultrapassar o seu limite de segurança ou não ativar a sua percepção de risco, enquanto isso, o animal quando vê em confronto com uma situação perigosamente desfavorável foge.

Fonte: Fotos - Folha de São Paulo - 18/11/2011

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quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Movimentação de veículos industriais em locais de trabalho

Na União Européia morrem todos os anos quase 1.900 trabalhadores em acidentes nos locais de trabalho, envolvendo pessoas que são atingidas ou atropeladas por veículos em movimento, durante manobras de marcha à ré ou de mudança de direção.
Estes acidentes podem ser evitados através da execução de medidas eficazes de gestão e de prevenção.

PREVENÇÃO PRÁTICA DE ACIDENTES:
O primeiro passo consiste em efetuar uma avaliação dos riscos que seja adequada e suficiente:
1. Identificar os perigos associados às atividades que envolvem veículos no local de trabalho – por exemplo, manobras de marcha à ré e de mudança de direção, operações de carga e descarga.
Faça a pergunta – O que poderá ocorrer de errado e por quê?”, por exemplo: Corre-se o risco de atingir ou atropelar pessoas? As pessoas podem cair enquanto estão carregando os veículos?
2. Identificar quem poderá ser colocado em risco por cada um dos perigos. É provável que este ponto abranja os condutores e os outros trabalhadores e poderá também incluir os visitantes e o público.
3. Avaliar os riscos inerentes a cada um dos perigos – a probabilidade da ocorrência de um acidente e a respectiva gravidade. As precauções existentes são adequadas ou é necessário aumentá-las?
4. Definir prioridades de ação e executá-las.
5. Rever periodicamente a avaliação de riscos, sobretudo quando ocorrem alterações, por exemplo, novos veículos ou alterações nas vias de circulação.

PRÁTICAS SEGURAS DE MOVIMENTAÇÃO
É necessário verificar:
■ Se as condições de iluminação e de visibilidade permitem que as pessoas se desloquem de forma segura no local de trabalho (tanto no interior como no exterior).
■Os perigos potenciais como, por exemplo, os cruzamentos, as obstruções e os locais onde exista circulação de operários, devem ser bem visíveis.
■ Poderá ser necessário que os condutores e/ou os trabalhadores utilizem vestuário de elevada visibilidade (sinalização reflexiva) nos casos em que a respectiva circulação não possa ser adequadamente separada.

SINALIZAÇÃO
É necessário assegurar que existem características de segurança adequadas. Poderá ser necessário colocar sinais de direção, limite de velocidade e prioridade. Deverá determinar se é necessário colocar restrições físicas de velocidade como, por exemplo, barreiras plásticas, sinalizadores verticais, balizadores, pisca de advertência, etc.

Fonte: Osha Européia

Comentário
O que dizem as normas de segurança
■ A NR-12 – Maquinas e Equipamentos - recomenda que as máquinas autopropelidas fabricadas a partir de maio de 2008, devem possuir faróis, lanternas traseiras de posição, buzina, espelho retrovisor e sinal sonoro automático de ré acoplado ao sistema de transmissão.
■ A NR-18- Construção Civil - os equipamentos que operam em marcha a ré devem possuir alarme sonoro acoplado ao sistema de câmbio e retrovisores em bom estado;
■ A NR-22- Mineração - Equipamentos de transporte sobre pneus, de materiais e pessoas, devem possuir, em bom estado de conservação e funcionamento, faróis, luz e sinal sonoro de ré acoplado ao sistema de câmbio de marchas, buzina e sinal de indicação de mudança do sentido de deslocamento e espelhos retrovisores.
■ A NR-29 – Trabalho portuário - Os veículos automotores utilizados nas operações portuárias que trafeguem ou estacionem na área do porto organizado e instalações portuárias de uso privativo devem possuir sinalização sonora e luminosa adequadas para as manobras de marcha-a-ré.
■ A NR-31 – Agricultura - recomenda que as máquinas autopropelidas fabricadas a partir de maio de 2008, devem possuir faróis, lanternas traseiras de posição, buzina, espelho retrovisor e sinal sonoro automático de ré acoplado ao sistema de transmissão.

HISTÓRICOS DE ACIDENTES
■Setembro de 2010 – Ceilândia (DF) - Servente isolava a pista, quando operador da máquina teria dado marcha à ré e atropelado o trabalhador que faleceu na hora

■Agosto de 2011 - O trabalhador que fiscalizava as obras de duplicação da avenida Maestro Lisboa, em Fortaleza, Ceará, morreu após ser esmagado por um rolo compactador de pneus, quando o operador que conduzia o rolo compactador engatou a marcha à ré.

■ 2011 - O trabalhador rural FVS, morreu vítima de acidente no trabalho na Fazenda Nova Esperança. O trabalhador desceu do trator para resolver um assunto; o motorista não viu, acionou a marcha à ré e atropelou o colega.
Julho de 2008 - O auxiliar de serviços gerais da Rio Cubatão Logística, EMAF, de 20 anos, morreu, em um acidente de trabalho, em Santos, litoral de São Paulo. O acidente ocorreu no cais do Porto da Cosipa, em Cubatão, quando uma empilhadeira, que operava contêineres, atropelou em marcha à ré o auxiliar.

■ Maio de 2011 – Naviraí, Mato Grosso do Sul - Um operador de maquinas de 53 anos morreu em um acidente de trabalho ocorrido na Rua Dos Operários em Naviraí (MS).
O homem foi atropelado por um caminhão que carregava terra em uma obra de pavimentação. O homem estava atrás do caminhão e, segundo relatos, não teria visto nem ouvido o caminhão dando marcha ré e passou por cima do trabalhador, que morreu na hora.

■ 2 de Janeiro de 2012 – Em Olinda, Pernambuco, o veículo estava em marcha à ré para descarregar brita enquanto o trabalhador, que tem 22 anos, estava no meio do canteiro da via. Nem o rapaz nem o condutor do caminhão notaram a presença um do outro e o veículo acabou atropelando-o. O acidente atrapalhou o trânsito no local. O rapaz, que ficou preso embaixo do caminhão, foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros de Pernambuco. O operário seguiu em uma ambulância para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Olinda, sendo em seguida transferido para o Hospital da Restauração por reclamar de dores nas costas. O operário está consciente e seu estado de saúde é considerado estável, não tendo, a principio, nenhuma lesão.

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quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Carros em alta velocidade estraçalham outro veículo

Imagens impressionantes mostram a falta de responsabilidade no trânsito. Em Santo André, na Grande São Paulo, 28 de janeiro de 2012, sábado, madrugada, dois carros em alta velocidade estraçalham uma perua e matam um feirante. A suspeita é de que os motoristas participavam de um racha.
O carro prata tenta desviar da perua pela contramão e não consegue evitar o choque. O carro chega a erguer a perua, que tomba. Em seguida, a segunda batida com o carro branco.
A violência do impacto pode ser medida pela situação em que ficou o veículo: uma montanha de ferros distorcidos dividida em três partes. A dianteira, o eixo e o restante da periferia. O motorista foi encontrado na parte traseira.

Comentário:
Podemos ter uma estimativa razoável da velocidade dos carros. Em geral as imagens são gravadas em 30 quadros por segundo, que equivale a velocidade de 108 km/h. Essa comparação é apenas uma estimativa das velocidades dos veículos envolvidos na colisão
A perua Kombi está numa velocidade bem lenta, iniciando a conversão a esquerda, (estimo em 54 km/h), bem inferior a filmagem da câmera
O carro prata está com uma velocidade muito mais rápida (162 km/h) do que a filmagem da câmera de segurança
O carro branco está com uma velocidade inferior ao carro prata (135 km/h), mas acima da velocidade de filmagem da câmera de segurança.
O carro nunca poderia estar a 60 km. Os dois carros estão mais rápidos do que o fotograma de gravação. A Kombi estava com velocidade normal

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sábado, fevereiro 11, 2012

Por que os acidentes acontecem?

A teoria do caos explica como um acontecimento insignificante pode se transformar numa tragédia desproporcional. E há gente tentando prever - e evitar - as catástrofes.

Em 25 de julho de 2000, um Concorde da Air France acelerava na pista do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, para atingir a velocidade de 400 quilômetros por hora, como fazia em todas as decolagens.

No caminho, passou em cima de uma pedaço de titânio de 45 centímetros que um DC-10 deixara no asfalto minutos antes. Um dos pneus da asa esquerda explodiu e lançou uma tira de borracha de 4,5 quilos contra o fundo do tanque de combustível que estava um pouco à frente. O choque fez um furo no tanque e gerou calor suficiente para incendiar a gasolina que começou a vazar. As chamas atingiram as duas turbinas do avião, que estavam logo atrás. Elas continuaram a funcionar, mas com menos potência, e espalhando o combustível em um rastro de 60 metros.

O Concorde subiu. Os sistemas de segurança do avião detectaram então que a origem do fogo eram as turbinas – e não o tanque –, o que fez o piloto desligá-las e tentar um pouso de emergência com os motores que sobravam.

A falta das turbinas fez com que, segundos depois, o avião atingisse o ponto crítico em que o ar sob as asas não faz pressão suficiente para garantir a sustentação. O Concorde – o mais veloz avião de passageiros do mundo – caiu sobre um hotel em Paris. Foram 113 mortos – quatro deles estavam em terra –, um hotel em ruínas, um avião destruído. E tudo começou com um pedacinho de metal de nem 0,5 metro de comprimento.

Diagnóstico: azar. Certo? Talvez não. Claro que ninguém supunha que um simples pedaço de metal poderia derrubar um avião tão moderno. Mas acidentes como esse – em que uma sucessão de pequenas falhas insignificantes dá origem a enormes catástrofes – são corriqueiros. E, segundo os pesquisadores que estudam a chamada “teoria do caos, um dos ramos mais interessantes da Matemática, tendem a se tornar cada vez mais comuns. É como se estivesse funcionando a todo momento, na vida de todos nós, a Lei de Murphy, aquela segundo a qual “se uma coisa pode dar errado, ela dará, e na pior hora possível”.

A explicação para a prevalência cada vez maior da Lei de Murphy é que, pela teoria do caos, os riscos de que fatores insignificantes se transformem em tragédia aumentam à medida que aumenta a potência das fábricas, dos veículos e das máquinas. “Quanto mais energia você concentra em um espaço pequeno, maiores as conseqüências de qualquer ato”, diz Moacyr Duarte, especialista em contenção de catástrofes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um acidente em uma fábrica no início do século XX poderia ser grave, mas não chega aos pés de um descuido em uma usina nuclear. Quanto maior a complexidade do sistema, mais elementos interagem entre si e maiores as chances de acidente.

Muitas vezes, os próprios equipamentos que cuidam da segurança aumentam a complexidade e acabam causando acidentes. Automatizar o gerenciamento de uma rede de trens, por exemplo, abre a possibilidade de as pessoas não estarem acostumadas com essas máquinas e as configurarem mal, ou de esses equipamentos quebrarem e levarem a colisões ou descarrilamentos. “É impossível eliminar todas as possibilidades de erro. O nosso trabalho consiste em reduzir o risco a níveis aceitáveis”, diz o engenheiro João Batista Camargo Júnior, da Universidade de São Paulo, que pesquisa formas de evitar acidentes em redes de transportes.

“A idéia da propagação de erros está no centro da teoria do caos”, afirma o físico Celso Grebogi, da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores mais citados no mundo nessa linha de pesquisa. A idéia é que, apesar de serem construídas com equações exatas, as máquinas sofisticadas não são tão estáveis quanto parecem. Da mesma forma que um floco de neve pode dar origem a uma avalanche, uma falha simples pode fazer um avião cair, uma fábrica pegar fogo ou uma empresa ir à falência se as condições em que ela acontecer favorecerem o desastre.

Da mesma forma, nossos equipamentos são compostos de várias partes que interagem, se movimentam e podem dar origem a momentos de instabilidade. É nesses momentos que a catástrofe fica mais próxima. As redes elétricas, que estão entre as construções mais complexas já feitas, podem absorver interferências corriqueiras como a queda de uma central. Mas, se essa falha acontecer em um momento de grande demanda, o sistema tende a chegar perto da área de instabilidade, bastando mais um empurrão para o desastre. Uma situação como essa aconteceu , quando uma conexão entre Ilha Solteira e Araraquara, no interior de São Paulo, falhou em um momento de sobrecarga. Na tentativa de resolver o problema, outra linha na mesma região foi desligada, piorando a situação e jogando todo o sistema em uma instabilidade irreversível. Resultado: 11 Estados sem luz.

Fenômenos do mesmo tipo são encontrados em campos como engenharia, biologia, medicina, química e, principalmente, nos sistemas humanos.

O pesquisador psicólogo Dietrich Dörner, da Universidade de Bamberg, Alemanha ressalta a importância de conhecer a operação de sistemas complexos uma habilidade chamada “pensamento sistêmico”. Trata-se da capacidade de perceber o conjunto de elementos, em vez de se preocupar só com os mecanismos com os quais se trabalha no dia-a-dia. “Em sistemas complexos não é possível fazer apenas uma coisa, qualquer passo afetará muitos outros elementos”, diz Dörner. Assim como as ferramentas evoluíram de pedaços de pedra para máquinas sofisticadas e gigantescas, o nosso comportamento precisa passar do simples raciocínio de causa e efeito para a análise de múltiplos fatores em interação. “Uma educação mais completa é fundamental para que as pessoas possam decidir que riscos são aceitáveis e quais não são”, afirma Moacyr.

Uma área em que a abordagem complexa é crucial é o ambiente. Começa a ganhar força uma corrente que analisa os ecossistemas como uma mudança contínua, em que as catástrofes naturais são essenciais. “Estamos acostumados a ver os ecossistemas como a convivência de espécies em equilíbrio. Na verdade, todas as comunidades são freqüentemente assoladas por incêndios, enchentes, tempestades, terremotos ou secas”, diz o ecólogo Seth Reice, da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos. Não reconhecer a importância desse tipo de interferência pode levar a desastres ainda maiores. Durante décadas, os administradores do Parque de Yellowstone, nos Estados Unidos, o mais antigo parque nacional do mundo, apagaram todos os incêndios que encontraram. Acontece que, sem o fogo, que eliminava as árvores mais altas e permitia que os raios de sol chegassem às plantas rasteiras, muitas das espécies menores desapareceram.
Além disso, o fim dos pequenos incêndios fez com que uma grande quantidade de matéria orgânica se acumulasse no solo. Quando, em 1988, um grande incêndio começou, havia combustível suficiente para que ele se alastrasse por quase metade do parque. “Distúrbios acontecem e são parte do ciclo natural. A questão é ficarmos espertos e sairmos do caminho deles”, diz Reice.

Ver os sistemas de forma mais dinâmica, complexa e instável é um dos fatores mais importantes para evitar acidentes.

É importante é termos em mente que acidentes fazem parte do mundo e sempre acontecerão. A nossa própria evolução dependeu disso: não estaríamos aqui se um asteróide não tivesse destruído os dinossauros há 65 milhões de anos. Saber como e por que os desastres acontecem é questão de entender a dinâmica do que está ao redor e pensar nas conseqüências de cada um de nossos atos. Neste mundo complexo, cada gesto mínimo nosso implica em riscos – precisamos decidir quais são aceitáveis, já que eliminá-los é impossível.

Fonte: SuperInteressante – Julho de 2002

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sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Traços de fungicida em suco de laranja

Os EUA barraram cinco cargas de suco de laranja brasileiro com teor acima do permitido do fungicida carbendazim, produto usado para combater doenças nos pomares e é liberado no Brasil, mas não nos EUA.

A agência que supervisiona alimentos e remédios nos EUA (FDA) está recolhendo amostras de cargas de suco importadas desde o início de janeiro, após o alerta da PepsiCo.

De 80 cargas avaliadas, 11 apontaram a presença de carbendazim acima do limite de 10 partes por bilhão (ppb), ou 10 gramas do fungicida para mil toneladas de suco.

Dessas, cinco partiram do Brasil. Cada carga representa um navio, que pode transportar entre 15 mil e 40 mil toneladas do produto.

As outras seis cargas reprovadas são do Canadá, que compra suco do Brasil para revendê-lo após misturas.

Na quantidade encontrada, o carbendazim não prejudica a saúde, mas em doses altas pode causar danos ao fígado.

Os importadores terão 90 dias para exportar ou destruir o produto rejeitado. Segundo a FDA, 29 cargas passaram no teste, sendo duas do Brasil.

Os testes continuarão para autorizar a entrada do suco no país. O mercado continua aberto para o Brasil, mas, na prática, poucas cargas poderão entrar no país, pois todos os produtores usaram o fungicida na última safra.

Diante da possibilidade de ter mais cargas detidas, a indústria brasileira foi aos EUA propor um limite maior para o fungicida, de 55 a 60 ppb. "Pedimos que o suco concentrado fosse avaliado na mesma proporção que o suco consumido", diz Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR (Associação dos Exportadores de Sucos Cítricos).

O setor também já admite a substituição do carbendazim por outra substância. "Mas precisamos de 18 meses para garantir que não haverá mais resíduos", diz Lohbauer.

Além disso, muitos países seguem os americanos nesse tipo de decisão. Desde o início dos testes pela FDA, a CitrusBR (Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos) tem sido procurada para prestar esclarecimentos. A União Européia, principal destino do produto, é um dos mercados que avalia o tema.

Sem divulgar estimativa para o impacto econômico dessa devolução, a indústria minimiza os efeitos do problema nos EUA, que em 2011 compraram US$ 344 milhões em suco brasileiro. "Eles representam 13% de nossas exportações", diz Lohbauer.

Mas grandes indústrias brasileiras estão instaladas nos EUA, o que faz daquele país um mercado estratégico.

O Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo e cerca de 15% dos embarques tem como destino os EUA.

A Coca-Cola e a Pepsi respondem por 59% das vendas de suco de laranja nos EUA e ambas usam suco importado do Brasil, além de suco produzido na Flórida.

Brasil
As exportações atingem em US$ 2 bilhões, fazendo do Brasil, o maior exportador mundial de suco de laranja, 85 por cento de exportações globais.
O mercado americano, é o segundo maior depois de Europa. Os Estados Unidos atualmente compra 15 por cento das exportações brasileiras.

Fonte: Folha de São Paulo - 28 de janeiro de 2012

Comentário:
Podemos indagar:
■ Quem garante que doses menores a longo prazo também não causem problemas?
■ Quem garante que o produtor utiliza o agrotóxico conforme a prescrição?
■ Há médicos que recomendam que o bebê a partir de 4 meses pode tomar suco.
■ Como esse produto é utilizado em outras frutas (maçãs, bananas, pêssegos, morangos, abacaxi, etc), e cereais, como fica o efeito de cruzamento dessa contaminação para o organismo humano?

O carbendazim foi proibido nos pomares de laranja por interesse econômico como diz a nota do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura),
O Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), entidade mantida pelos produtores de laranja e pela indústria do suco, retirou o fungicida carbendazim da lista de defensivos recomendados para os pomares.
A decisão é uma resposta à devolução de cargas de suco do Brasil pelos EUA, que baniu o uso do produto nos seus pomares em 2009.
"A nossa preocupação é preservar o mercado", diz Lourival Carmo Monaco, presidente do Fundecitrus.
Ele afirma que há fungicidas disponíveis no mercado com a mesma função do carbendazim, mas a inclusão de novos produtos na lista somente deve ocorrer em maio, após estudos.
Segundo ele, a substituição do carbendazim não resultará em aumento de custo, dependendo do produto e da tecnologia utilizados.

DADOS TÉCNICOS
Não há relatos na literatura disponível de efeitos em seres humanos por exposição crônica ao produto. Entretanto em estudos com animais expostos ao carbendazim, os principais efeitos observados em altas doses por tempo prolongado foram hepatotoxicidade e alterações da fertilidade em ratos machos em doses de 200 mg/kg caracterizada por uma diminuição dos espermatozóides no epidídimo, além de perturbações da espermatogênese. Estes efeitos não foram observados com doses de 50 mg/kg. Este produto é altamente persistente no meio ambiente e Altamente Tóxico para organismos aquáticos. – Fonte: MSDS do produto

A farmacêutica Thalita Pedroni Formariz Pilon, do Centro Universitário de Araraquara (Uniara), explica que o carbendazim é um fungicida bastante abrangente e largamente utilizado para controlar doenças fúngicas em cereais e frutas, incluindo cítricos, bananas, morangos, abacaxis, entre outros.

Segundo ela, o Ministério da Agricultura segue padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) para estabelecer limites da substância. Entretanto, estudos revelam que, ingerido em altas doses, o fungicida pode causar infertilidade. Em testes, testículos de animais de laboratório foram destruídos. Também aumenta o risco de tumores de fígado nas cobaias.

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terça-feira, fevereiro 07, 2012

Explosão de caldeira em Hotel

A explosão de uma caldeira movida a gás, na manhã de 27 de agosto de 2001, no sexto andar do Hotel Hilton São Paulo, na Avenida Ipiranga, centro da capital, causou pânico entre os vizinhos.
A caldeira explodiu às 7 h 45 min e interditou as ruas Epitácio Pessoa e Bento Farias (região central de São Paulo), que dão para a lateral do hotel cinco estrelas, localizado na avenida Ipiranga.

Foto:Uma explosão de uma caldeira no terceiro andar do prédio do Hilton Hotel, no Centro de São Paulo, fez um rombo lateral do prédio e lançou na rua telhas da  garagem, pedaços de paus e pedras
FORÇA DA EXPLOSÃO
A força da explosão arremessou a máquina para a lateral esquerda do 6º andar, derrubando uma parede e a laje que fazia a divisão com o 5º andar.
O impacto abriu um rombo de cerca de 20 metros quadrados na lateral do edifício, voltado para a rua Epitácio Pessoa.
O motor da caldeira foi encontrado a cerca de 50 metros do local da explosão.
O acidente, segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, Wagner Ferrari, não se transformou em tragédia porque a caldeira foi arremessada para a lateral esquerda do andar.
“Seria uma verdadeira tragédia se esse equipamento fosse arremessado para fora do hotel”.

HORÁRIO EVITOU DESASTRE, DIZ COMERCIANTE
"O que salvou as pessoas foi o horário do acidente. Se tivesse acontecido mais tarde, talvez fosse uma tragédia". O comerciante Ernaldo Araújo, 30, dono de uma mercearia na esquina das ruas Epitácio Pessoa e Bento Freitas, acredita que o horário em que ocorreu o acidente evitou o pior.
Segundo Araújo, o trecho é bastante movimentado pela manhã, pois as pessoas passam por ali para cortar caminho e chegar mais rápido ao centro da cidade.

DANOS MATERIAIS
Provocou um rombo na parede lateral do hotel, quebrou janelas de dez apartamentos de um prédio da Rua Bento Freitas e danificou 12 carros de um estacionamento.
Estilhaços de peças da caldeira, de pedaços de parede e de lâminas de revestimento de alumínio, em meio a muita água e poeira, espalharam-se pelas Ruas Epitácio Pessoa e Bento Freitas. Vizinhos compararam o estrondo a uma bomba ou a um choque frontal de dois caminhões.

VÍTIMAS
Não houve registro de pessoas feridas. Naquele horário da manhã, ninguém passava nas calçadas próximas. No momento da explosão, 11 pessoas trabalhavam na lavanderia, que fica em outra divisão do 6º andar. Ninguém ficou ferido.

PÂNICO NA VIZINHANÇA
Houve pânico e correria entre os moradores vizinhos. "Nossa, jogaram uma bomba na nossa rua", espantou-se Maria José do Nascimento, de 41 anos, zeladora do prédio número 448 da Rua Bento Freitas. Ela acabava de terminar a lavagem da calçada em frente do prédio.

"Nós morremos, nascemos e estamos contando a história", afirmou a zeladora Maria José, assustada ao lembrar que, minutos antes da explosão, estivera na calçada e correra o mesmo risco. Segundo ela, os moradores foram para fora do prédio.

Um homem, vestido de calção, carregava sapatos numa mão e a calça na outra.
"Eu vi pedaços de tijolos caindo, poeira branca, tive a impressão de que o teto estava caindo sobre a minha cabeça", afirmou a zeladora Márcia de Queiroz, de um prédio da Rua Epitácio Pessoa, que estava na entrada do edifício. Por alguns instantes ela ficou paralisada, com medo, sem saber a causa do tumulto. Só teve idéia da ocorrência quando saiu à rua, acompanhada de outros moradores.

HÓSPEDES
O Hilton Hotel é de categoria cinco estrelas, de luxo, pertence a uma rede mundial do setor e está há 30 anos na Avenida Ipiranga.
O hotel tem 33 andares, sendo seis utilizados para serviços como lavanderia e cozinha. A capacidade é para 500 hóspedes.
Patrício Álvares, gerente do hotel, informou que havia de 300 a 400 pessoas no hotel (hóspedes e funcionários) na hora do acidente. Ele disse que não houve pânico, até porque os apartamentos dos hóspedes situam-se a partir do 11.º andar. Ele mora no 10.º andar e ouviu um "grande estrondo". Olhou a Avenida Ipiranga, onde não viu nada fora da rotina, mas havia aglomeração de pessoas na Rua Epitácio Pessoa.

CALDEIRA
A caldeira era nova, de 1998, e estava com a manutenção em dia. Ela era utilizada para aquecer água e produzir vapor para a lavanderia. Há outras três caldeiras no hotel e a que explodiu era a menor. Álvares informou que o hotel tem um programa interno de manutenção de equipamentos que podem oferecer riscos, o que é uma exigência na legislação hoteleira.
Ele afirmou que as caldeiras passam por manutenção periodicamente, mas não soube precisar de quanto em quanto tempo esse serviço é feito. O Corpo de Bombeiros informou que o acidente não abalou a estrutura do hotel.

CAUSA PROVÁVEL DA EXPLOSÃO
Um defeito de fabricação pode ter provocado a explosão da caldeira a gás da lavanderia do Hilton Hotel. De acordo com o engenheiro mecânico Rui Magrini, designado pelo Ministério do Trabalho para inspecionar as caldeiras do hotel, a explosão ocorreu quando o tampo do equipamento, ligado a um cilindro por solda, se desprendeu.
A caldeira tem formato cilíndrico, com 2m de comprimento por 1,14m de diâmetro. Dentro do equipamento, um feixe de serpentinas onde circulam gases quentes, transforma a água em vapor. O tampo que se soltou fica numa das extremidades do cilindro em que acontece a ebulição da água. No relatório feito por Magrini, consta que havia 'falta de penetração no cordão de solda do costado'.
'Os indícios de que a solda era falha são fortes, mas pode ter havido uma combinação de causas, como sobrepressão e falhas operacionais, por exemplo', diz Magrini. A caldeira, que tinha capacidade para produzir 480 quilogramas por hora de vapor, foi fabricada em 1998 pela indústria brasileira Sile, com matriz em Itaquaquecetuba. Mas, segundo Magrini, a empresa está fechada.

CORPO DE BOMBEIROS
A ação dos bombeiros envolveu dez veículos e 46 homens.

PERÍCIA TÉCNICA
Peritos da Polícia Técnica interditaram o local do acidente e recolheram peças para exames. Policiais do 3.º Distrito Policial, onde foi registrada a ocorrência, informaram que a causa da explosão só será conhecida com a conclusão do laudo da perícia, o que pode ocorrer dentro de 30 dias. O prazo pode ser prorrogado.

FUNCIONAMENTO DO HOTEL
O hotel continuou funcionando normalmente. O único serviço afetado foi o da própria lavanderia, que será feito externamente durante a recuperação do andar.

MULTA : INFRAÇÃO DE NORMA DE SEGURANÇA
O Hilton Hotel foi autuado e multado pelo Ministério do Trabalho porque não apresentou documentos com dados técnicos sobre suas caldeiras de pressão.

Representantes do Ministério do Trabalho estiveram no Hilton e aplicaram a multa, de R$ 6 mil, dividida em três autos de infração. Um dos autos foi lavrado porque, hotel não havia entregue aos técnicos o prontuário das caldeiras. O documento, obrigatório, é fornecido pelos fabricantes e apresenta dados sobre a montagem.

Segundo o ministério, a caldeira que explodiu também não possuía projeto de instalação, com informações sobre posição e acesso ao equipamento. A ausência do projeto gerou outra infração.

E ao menos uma das caldeiras que sobraram tem mais de 25 anos de uso, mas não passou pela “avaliação de integridade”, documento obrigatório, que deve ser encomendado a um engenheiro habilitado. O Hilton tem prazo de uma semana para apresentar os documentos.

Indenização
O gerente-geral do hotel, Patrício Alvarez, informou, que o Hilton irá indenizar e prestar assistência a todos os prejudicados pelo acidente.

Fontes : Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e Gazeta Mercantil, no período de 28 a 29 de agosto de 2001

Comentário:
■ Os equipamentos instalados são inspecionados antes de sua entrada em operação independentemente de ter sofrido inspeção de fabricação. A inspeção inicial tem por sua vez verificar toda a documentação gerada durante a inspeção de fabricação e os cálculos de projeto, bem como cálculo de PMTA verificação da espessura mínima do equipamento e garantir que o equipamento está em perfeito estado para operar e que o mesmo durante o transporte não tenha sofrido nenhum tipo de dano ou avaria para que os responsáveis pela Operação assumam a responsabilidade pelos equipamentos com certeza de estar operando um equipamento em perfeito estado sem o risco de paradas indesejáveis ou acidente. Esta atividade é obrigatória para vasos de pressão e caldeiras para atendimento a NR-13.

■ A norma NR-13 estabelece prazos máximos para o intervalo das inspeções periódicas dependendo da sua classificação e os prazos de inspeção são definidos por profissional habilitado desde que o mesmo não ultrapasse os prazos máximos estabelecidos pela NR-13.
A inspeção periódica tem por sua vez garantir que a integridade física do equipamento continua satisfatória para que possa operar com segurança e para que isso seja possível é utilizadas ensaios não destrutivos, tais como; líquido penetrante, medição de espessura por ultra-som, partículas magnéticas, ultra-som entre outros. Esse procedimento é estabelecido por profissional habilitado, dependendo do estado físico do equipamento, cálculo de vida remanescente e dos prazos máximos estabelecidos pela NR-13, pois o não atendimento da mesma caracteriza-se como risco grave e iminente, podendo o estabelecimento receber multa e interdição do equipamento. Fonte: Engeteste Engenharia

Links

AÇÃO DE REGRESSO DO INSS
O INSS pode exigir da empresa em ação de regresso, o ressarcimento de valores pagos a títulos de benefícios previdenciários, quando o acidente acarreta a morte, deficiência ou incapacidade ao exercício profissional do segurado, por inobservância das normas de segurança e higiene do trabalho.

ACIDENTE
Indústria de grãos responsável por acidente de trabalho no RS deverá ressarcir INSS em R$ 395 mil

A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) seja ressarcido pela pensão por morte paga à família de trabalhador que foi vítima de acidente de trabalho por negligência da Indugrãos Industrial e Comercial de Grãos LTDA, do Rio Grande do Sul. A empresa terá que devolver cerca de R$ 395 mil ao órgão previdenciário.

Trabalhador não qualificado
Ao utilizar uma caldeira a vapor, o trabalhador foi atingido por vapor, água quente e choque originado da explosão do equipamento. A fiscalização constatou, no local de trabalho, fatores que comprovam que o acidente foi derivado de descaso da empresa. A falta de especialização do operário para utilizar a caldeira e as más condições de segurança contribuíram para a ocorrência fatal.
Na ação, a Procuradoria Regional Federal da 4ª Região (PRF4) destacou que "o aspecto fundamental para a explosão da Caldeira e o acidente de trabalho fatal foi a não realização da inspeção de segurança na caldeira, conforme determina a Norma Regulamentadora 13, do Ministério do Trabalho e Emprego".

Ao acolher os argumentos da AGU, a 1ª Vara Federal de Porto Alegre/RS condenou as empresa a efetuar o ressarcimento. "As parcelas da pensão já depositas deverão ser acrescidas de correção monetária pelo mesmo percentual de correção monetária utilizado para atualização dos benefícios do INSS e de juros de 1% ao mês", destacou o magistrado. A PRF4 é uma unidade da PGF, órgão da AGU.
Ref.: Ação Regressiva Acidentária nº 5005720-02.2010.404.7100 - Seção Judiciária de Porto Alegre - Extraído de: Portal Nacional do Direito do Trabalho - 15 de Setembro de 2011

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quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Acidente fatal em operação de descarregamento de tubos

O QUE ACONTECEU:
Durante atividade de movimentação de cargas, em operação de descarregamento e desfile de tubos (três tubos de 8 polegadas, 12 metros de comprimento e peso aproximado de 800 kg cada) para substituição de dutos em tubovia, utilizando duas cintas, uma com capacidade de 4000 kg e outra de 6000 kg, ocorreu o rompimento da cinta de menor capacidade, fazendo com que os tubos atingissem o motorista da carreta equipada com guindauto, que faleceu.

POR QUE ACONTECEU:
■Movimentação simultânea de 03 (três) tubos, não unitizados adequadamente.
■Cinta de movimentação em mau estado de conservação e sem etiqueta do fabricante.
■ Rompimento da cinta de movimentação.
■ Posição inadequada do motorista da carreta.
■ Treinamento deficiente por parte da contratada.
■ Ausência de auxiliar capacitado.
■ Falha de fiscalização para operação correta.

O QUE DEVEMOS FAZER PARA EVITAR:
■Somente permitir operação de guindautos por pessoal capacitado, com conhecimento sobre o
equipamento, o procedimento e o tipo de atividade (treinamento teórico e prático).
■Executar o plano de inspeção e de manutenção dos acessórios utilizados em movimentação de cargas.
■Reforçar junto aos operadores a necessidade de inspeção visual dos acessórios antes do uso, incluindo suas etiquetas.
■Seguir os critérios para rejeição/aceitação de acessórios em uso.
■Seguir as recomendações do fabricante da cinta no que se refere à conservação destes acessórios.
■Reforçar no treinamento o posicionamento correto do operador de guindauto (lado oposto ao da movimentação da carga e fora da área de giro e da linha de projeção da carga), operando apoiado no solo ou na plataforma de operação, bem como a obrigatoriedade da presença de auxiliar(es) capacitado(s) na realização de operações com deficiência de visualização da carga.
■ Elaborar os contratos com a especificação das tarefas contratadas e adequar o Anexo de SMS ao escopo do contrato, de modo que os fiscais possam exercer a fiscalização com conhecimento do grau de risco contratual.

Fonte: BR-Petrobras - 01/2012
Comentário: O laço cria um ponto de stress na cinta, ocasionado redução de sua capacidade de carga ao longo do tempo. . A redução poderia atingir menos 60º de sua capacidade na vertical. A cinta de 4.000kg suportaria 2.480 kg e a cinta de 6.000 kg suportaria 3.720 kg. Os três tubos pesam 2.400 kg.

PELA FOTO PODEMOS OBSERVAR:
■Faltou amarração dos tubos para evitar rolamento, deslizamento, durante sua movimentação.
■Utilizar sempre cintas com as mesmas capacidades técnicas e do mesmo fabricante
■as cintas estão torcidas
■ falta de manutenção das cintas
■ Nota-se que a amarração da cinta está forçada. Os fabricantes recomendam que a amarração esteja justa.
O operador poderia ter feito a movimentação/içamento dos tubos um de cada vez, o acidente poderia não ter acontecido.

LINGADA ENFORCADA OU CHOKER
Esse tipo de movimentação/içamento tem tomar cuidado, pois dependendo da configuração das peças, o ângulo do laço de aperto alterará e capacidade da cinta será reduzida ou não será recomendada.

INSTRUÇÕES PARA USO E MANUTENÇÃO DE CINTAS DE POLIÉSTER PARA ELEVAÇÃO DE CARGAS

USO
1-Planeje cuidadosamente a elevação antes iniciá-la.
Foto-Movimentação com ganchos

2-Verifique sempre se o comprimento e a carga de trabalho indicados na etiqueta da cinta são adequados.
3-Examine a cinta a procura de danos e defeitos antes do uso. Nunca utilize uma cinta danificada ou defeituosa.
4-Nunca utilize a cinta com cargas acima da qual ela é especificada.
5-Certifique-se de que a carga seja içada verticalmente e centralizada acima do ponto de gravidade.
6-Utilize cintas idênticas em caso de elevação com pernas múltiplas e leve em conta os ângulos ao escolher o equipamento.
7-Não dê nó nas cintas para encurtá-las ou alongá-las.
8-Nunca utilize cintas torcidas ou entrelaçadas.
9-Proteja a cinta contra cantos afiados utilizando proteção nos olhais e luvas protetoras de couro ou poliuretano.
10-Evite carga de choque e elevação forçada. .
11-Não arraste a carga sobre a cinta e não arraste as cintas no chão.
12-Mantenha as cintas de poliéster afastadas de álcalis (por exemplo, amônia e soda cáustica). Se houver dúvida sobre a exposição a produtos químicos, verifique com seu fornecedor.
13-Não utilize cintas de poliéster em temperaturas acima de 100ºC.
14-Examine as cintas após o uso e retire de serviço se verificar algum dano visível.
Foto-Movimentação com balancim
MANUTENÇÃO
1-Armazene o equipamento em local seco.
2-Certifique-se que as costuras e etiquetas não estejam danificadas.
3-As cintas de poliéster podem ser limpas lavando-se em detergente neutro e enxaguando em água.
4-Os laços redondos com capas danificadas, que permitem a entrada de sujeira, devem ser descartadas.
5-Os laços redondos com os fios expostos e rompidos, em função da capa danificada, devem ser descartadas.
6-Os laços redondos devem ser inspecionados regularmente a procura de nós e irregularidades, indicando a rupturas dos fios internos. Descarte as mesmas.
7-Cintas com olhal: Descarte-as em caso de dano devido à fricção.
8-Cintas com olhal: Descarte quando o desgaste das margens exceder 5% sua largura.
9-Cintas com olhal: Descarte quando a proteção do olhal estiver desgastada.
Fonte: Gunnebo Lifting

EXEMPLOS DE DEFEITOS OU DANOS PROPENSOS A AFETAR A QUALIDADE DAS CINTAS QUANTO AO SEU USO:
1-Qualquer dano evidente na capa indica que há dano em potencial ao núcleo da cinta, comprometendo a sustentação da carga. Cortes transversais ou longitudinais na capa, ou qualquer dano na costura também comprometem a integridade do núcleo. RETIRE DE SERVIÇO.
2- Um desgaste localizado, que é diferente do desgaste geral, pode ter sido causado por cantos
afiados enquanto a cinta estava sob tensão, podendo causar graves acidentes. RETIRE DE SERVIÇO.
3- Em uso normal poderá ocorrer algum aquecimento por atrito na capa do Laço Redondo. Desgaste excessivo pode gerar acidente. RETIRE DE SERVIÇO.
4- Um nó no laço redondo reduz a capacidade de carga de 25 a 100%. Laços redondos nunca devem ser atados ou torcidos. RETIRE DE SERVIÇO.
5- Cortes transversais ou longitudinais na capa e também danos nas fibras internas do Laço Redondo podem causar ruptura da cinta. RETIRE DE SERVIÇO.
6- Cortes transversais ou longitudinais e cortes ou danos nas margens das cintas com olhal. RETIRE DE SERVIÇO.
7- Ataques químicos resultam em enfraquecimento do material. Isso é indicado por escamas na superfície da capa ou da fita. Ataque químico à capa / fita pode causar graves acidentes. RETIRE DE SERVIÇO.
8- Cortes transversais ou longitudinais na capa e também danos nas fibras internas do Laço Redondo podem causar ruptura da cinta. RETIRE DE SERVIÇO.
9- Uma cinta que não esteja identificada nunca deverá ser utilizada. A etiqueta e a identificação devem estar legíveis. RETIRE DE SERVIÇO.
10- Acessórios que sejam muito grandes para a cinta, deixando um ângulo de abertura muito grande, podem destruir a cinta. RETIRE DE SERVIÇO e/ ou entre em contato com o fornecedor para obter orientação.
11- Danos por calor e fricção são indicados pelas fibras do material assumindo uma aparência vidrada e, em casos extremos, pode ocorrer fusão das fibras, indicando um enfraquecimento ou ruptura do núcleo. RETIRE DE SERVIÇO. Fonte: Gunnebo Lifting

RESPONSABILIDADE
Interessante nesse acidente a empresa contratante reconhece que existe falha ou deficiência na análise das tarefas das empresas contratadas. Toda tarefa da contratada deveria ser analisada de acordo com o grau de risco para sua execução, com finalidade de ser acompanhada por responsáveis da empresa contratante.
Toda Contratada deveria conhecer os perigos envolvidos nos trabalhos a serem executados, bem como os respectivos níveis de proteções aplicáveis. Essa APR deveria ser analisada pelos responsáveis designados pela contratante para sua classificação de complexidade de risco e posterior acompanhamento.
Por exemplo, tarefas classificadas como de Grau de Risco "Médio " e "Alto" na Execução do Trabalho, as sequências das atividades deve ser detalhadas, tais como;
■APR – Análise Preliminar de Riscos
■Pessoas envolvidas em cada etapa do trabalho,
■Equipamentos de emergência disponíveis,
■Veículos, equipamentos envolvidos nas tarefas
■ Telefone para emergência

Por experiência o setor de segurança de trabalho da empresa conhece quais são as atividade que apresentam riscos e seu grau de complexidade. Por exemplo;
■Escavação, demolição, perfuração;
■Serviços a quente (solda e corte de qualquer natureza);
■Entrada em Espaços Confinados;
■Movimentação de material
■Trabalho em altura;
■Trabalho sobre andaimes;
■Plano de acesso a telhados coberturas e lajes;
■Operação de veículos industriais;
■Operação de pontes rolantes / talhas elétricas, manuais, pneumáticas;
■Trabalho em Alta Tensão;
■Liberação de área;
■Isolamento de área;
■Pontos de ancoragem para fixação de sistemas de proteção contra quedas.

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posted by ACCA@12:10 PM

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