Em 12 de outubro de 2006, manhã de domingo, um serralheiro caiu do parapeito do Conjunto Nacional, em Brasília, por volta das 9h30, de uma altura entre 20 e 30 metros de altura, teve morte instantânea
Vítima
Valdivino da Paixão Rodrigues, 47 anos, pai de três filhos.
Causa
Os funcionários estranharam o comportamento de Valdivino. Disseram que os profissionais que sobem ao alto do prédio costumam ficar em uma calha, mas o serralheiro teria se equilibrado sobre o parapeito, um local mais inseguro. Ele subiu no topo do centro comercial para pegar sobras de metal. O material seria soldado e reaproveitado.
Montagem de enfeites de Natal
De acordo com os colegas, Valdivino era responsável por construir enfeites metálicos em um galpão. Outros nove profissionais é que instalavam o material no Conjunto Nacional, quatro homens em solo, para fazer a segurança, e quatro no alto do prédio, juntamente com um brigadista. Desses, três eram treinados para descer de corda (rappel) e instalar o enfeite.
Empresa terceirizada
Valdivino era funcionário terceirizado para fazer a decoração natalina do centro comercial. A empresa dele foi contratada pela Chico Leite Cenografia, que prestava serviços ao Conjunto Nacional. As duas empresas eram de Goiânia, onde morava o serralheiro.
Shopping Conjunto Nacional
No Conjunto Nacional, além das lojas, possui quatro pisos de consultórios, escritórios e diversos serviços. São 410 salas comerciais, 200 consultórios médicos e odontológicos, 50 escritórios.
Conjunto Nacional e segurança
O centro comercial afirmou que sempre cobra dos prestadores de serviço e seus funcionários o uso de todas os procedimentos de segurança exigidos. Esse seria o caso da Chico Leone Cenografia.
Apuração do acidente
O shopping está tomando todas as providências cabíveis para a promover rápida apuração das causas do acidente, bem como a total assistência à Chico Leone Cenografia, empresa idônea responsável pela execução do serviço, com experiência de mais de 25 anos.
Fonte: Correio Braziliense – 12 de novembro de 2006 Comentário
Uma coisa é cobrar, exigir e fiscalizar. Outra coisa é ter um plano de prevenção de riscos e permissão de trabalho. Muita empresa pensa que cobrar e exigir segurança da prestadora de serviço é suficiente para eliminar o risco.Um bom plano, para início das atividades da prestadora de serviço está condicionado à aprovação da análise de riscos pelo setor de segurança do trabalho, pela prestadora de serviço e pelo funcionário responsável pela área onde a atividade será executada.
Conforme disposto na NR 1, “A empresa é obrigada a informar aos trabalhadores os riscos profissionais que possam originar nos locais de trabalho, os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa.”
Portanto, efetuar as análises e orientar os empregados ou subcontratados é uma obrigação prevista em lei. Dessa forma, a prestadora de serviço deve designar seu representante, para que possa, in loco, analisar os riscos, descrevê-los em impresso próprio e assiná-lo em conjunto com o setor de segurança do trabalho do contratante.
O que diz a norma em trabalho em altura
Para todo e qualquer trabalho executado acima de 2 (dois) metros de altura onde haja risco de queda, deve ser usado cinto de segurança com talabarte duplo preso a um cabo de segurança ou a uma estrutura fixa, durante todo o deslocamento pelas estruturas.
Obviamente a empresa (Conjunto Nacional) não estava preparada com um plano de segurança de trabalho em altura para exigir e fiscalizar a prestadora de serviço quanto à obrigatoriedade do uso do cinto de segurança para todos que realizam trabalhos em locais elevados e que ofereçam riscos de queda.
Mais uma fatalidade em trabalho em altura, em que as partes envolvidas, não tinham plano de prevenção de riscos. O trabalhador era apenas um equilibrista, sem nenhuma proteção de segurança, sem noção do risco que estava correndo. Após a fatalidade a empresa apurará os fatos? Se a empresa tivesse cultura de prevenção de riscos não autorizaria a execução do serviço sem as medidas adequadas de segurança. Esta é a realidade.
No Brasil, após um acidente fatal , indagamos: O que houve de errado? E nunca preocupamos com a prevenção. O que pode dar errado? As autoridades buscam os culpados, esquecendo-se das causas reais do acidente.