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sexta-feira, agosto 14, 2020

GASES PERIGOSOS NOS ESPAÇOS CONFINADOS

Nos diversos ambientes, muitos deles existentes no subsolo, como galerias, esgotos, os porões nas edificações, tanques etc., pela natureza de seus projetos e finalidades, ou pela falta de medidas de segurança em alguns, estão sujeitos à presença de agentes contaminantes, gases e vapores inflamáveis.
Por essa razão, antes de se iniciar qualquer operação torna-se necessária a adoção de medidas adequadas para a eliminação dos perigos existentes. Os procedimentos previstos para permitir o ingresso e o trabalho de pessoas autorizadas nesses ambientes estão explicitados na Norma Regulamentadora NR-33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS, Última modificação: Portaria SEPRT 915, de 30/07/2019.

OS PERIGOS
A mistura de contaminantes perigosos são muito comuns. Dentro de um mesmo ambiente podem-se encontrar, ao mesmo tempo, riscos respiratórios, explosões, incêndios etc. Portanto, as atmosferas ali encontradas podem ser inflamáveis, tóxicas ou asfixiantes.
Entre os contaminantes perigosos existentes no ar incluem-se os seguintes:
• Gases Combustíveis, como o gás liquefeito de petróleo, gás natural, acetileno etc;
• Vapores de combustíveis e solventes líquidos: nafta, gasolina, querosene e outros hidrocarbonetos;
• Gases provenientes da fermentação de material orgânico: metano, dióxido de carbono, hidrogênio, gás sulfídrico;
• Gases de combustão: dióxido de carbono e o monóxido de carbono liberados pelos escapamentos dos veículos automotores;
• Gases e substâncias voláteis existentes nos sistemas de drenagem industrial;
• Gases decorrentes de incêndios e explosões;

EXPLOSÕES
Não há duvidas de que todos nós estamos bem conscientes dos perigos das explosões provenientes da existência de gases e vapores combustíveis. É muito importante se ter em conta que esses gases são combustíveis numa progressão de seu volume na mistura com o ar a partir de um ponto denominado Limite Inferior de Explosividade – LIE. A mistura é explosiva até alcançar outro ponto, o Limite Superior de Explosividade – LSE, acima do qual não há mais ar suficiente para gerar a combustão.
A composição da mistura gás/ar que se situa entre o LIE e o LSE varia de acordo com o gás. Os que têm uma faixa muito ampla entre o LIE e o LSE, como o hidrogênio, 4% e 75%, são os mais perigosos.
Já que os explosímetros não estabelecem nenhuma diferença entre os gases monitorados, as precauções aqui descritas são aplicadas a todos os gases e vapores inflamáveis.

TOXICIDADE
Os gases tóxicos, alguns dos quais sem nenhum odor, podem trazer consequências fatais ao trabalhador, mesmo em baixas concentrações.

O monóxido de carbono – CO - por exemplo, pode ser letal a ¹/10 de 1% e perigoso a ¹/50 de 1%, devido ao acúmulo no corpo quando o trabalhador está exposto de maneira contínua.
Alguns gases, como o gás sulfídrico – H2S -, geram efeito paralisante no sentido do olfato ao penetrar no organismo. Isto faz com que níveis fatais de sua concentração passem despercebidos por causa da total “ausência” de odor. Portanto, a única precaução segura está na adoção de métodos de medição.

ASFIXIA
A presença de gases e vapores asfixiantes pode provocar a deficiência de oxigênio. A atmosfera normal contém próximo de 21% de oxigênio. Em que pese os reflexos negativos sentidos na coordenação motora e no raciocínio, podemos considerar que 16% de oxigênio é a concentração mínima necessária para sustentar a vida, a OSHA estabeleceu 19,5% como limite mínimo e máximo  23,5%.
Obs:  No Brasil, o percentual de oxigênio aceitável em espaços confinados é de  19,5%< % O2 < 23,0 %

Apesar de haver gases mais leves do que o ar, há uma grande quantidade de outros que são mais pesados, como o gás liquefeito de petróleo, o propano e outros hidrocarbonetos. Estes gases permanecem em certas depressões do solo para em seguida fluir para diferentes pontos baixos, sejam galerias, porões etc. onde criam situações de perigo.
Outros gases gerados pela decomposição de vegetais ou resíduos animais podem chegar igualmente a esses ambientes. Esses gases têm geralmente alto teor de dióxido de carbono, pouco oxigênio e quantidades variadas de metano e provocam a queda de oxigênio.
A deficiência de oxigênio também pode ser provocada pela absorção preferencial do oxigênio pelos sedimentos terrestres, pela oxidação de metais em áreas úmidas e fechadas. Atividades como as inertizações também provocam a queda de oxigênio. A presença do nitrogênio gera a queda do oxigênio por diluição.
As situações de perigo geradas pela deficiência de oxigênio podem ser detectadas pelas medições. O instrumento que quantifica o oxigênio é o oxímetro.

PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA
Todo trabalhador deve:
•Conhecer os gases que ocasionalmente possam estar presentes em sua área;
•Receber treinamento para operar detectores de gás;
•Submeter-se a provas de que está apto a fazer medições com precisão.
•Trabalhar com instrumentos e lanternas intrinsecamente seguras.

INSPEÇÕES
Convém que cada empresa leve a cabo inspeções e avaliações em seus espaços confinados como forma de exercer um rígido controle de seus riscos, muitos representados por gases e vapores inflamáveis e tóxicos. O cadastramento dos espaços confinados é determinação da NR 33, e isto inclui o conhecimento da configuração e os riscos específicos de cada um deles. O conhecimento da situação facilita em muito a aplicação dos procedimentos de entrada e trabalho quando se fizerem necessários, naturalmente dentro de obediência irrestrita às determinações da Norma.

OS ACIDENTES MAIS COMUNS
•Devido às condições atmosféricas internas;
•Explosão ou incêndio;
•Eletrocussão;
•Soterramento;
•Engolfamento;
•Afogamento;
•Queda;
•Ruído
•Vibração
•Radiação
Os acidentes típicos decorrem dos trabalhos de inspeção, reparos ou substituição de peças, limpeza, pintura, solda, corte, instalação de equipamentos como bombas, motores transformadores, cabos elétricos e telefônicos no subsolo etc. Até mesmo nas operações de resgate e salvamento, ocasionados pelas características de determinados ambientes e de circunstâncias que vão desde o estado emocional ao espírito de solidariedade.

TREINAMENTO
Para eliminar ou reduzir a ocorrência de acidentes nos espaços confinados a NR 33 preconiza a obrigatoriedade da capacitação dos trabalhadores envolvidos, direta ou indiretamente com os espaços confinados, sobre seus direitos, deveres, riscos e medidas de controle.
Fonte: Racco Brasil


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terça-feira, agosto 04, 2020

A GIGANTESCA CRATERA DE BATAGAIKA, NA SIBÉRIA, SE EXPANDE EM MEIO A ONDA DE CALOR RECORDE




















As temperaturas recordes do verão na Sibéria estão abrindo a gigantesca cratera de Batagaika, que os locais chamam de "porta de entrada para o submundo", em um ritmo sem precedentes, dizem os cientistas.
A cratera de Batagaika, na república siberiana de Sakha, a leste da Sibéria, surgiu na década de 1960, depois que a floresta na área foi desmatada, fazendo com que a terra afundasse. Atualmente, a maior  cratera do  mundo, com cerca de 1 km de comprimento e 100 metros de profundidade, continua a crescer em tamanho e profundidade à medida que a mudança climática provoca derretimento acentuado da camada de permafrost da região.

O diâmetro de Batagaika  está avançando de 12 a 14 metros por ano, segundo o pesquisador Frank Guenther da Universidade de Potsdam. Antes de 2016, avançava 10 metros por ano, ele disse.
À medida que a cratera se expande, cientistas e arqueólogos estão descobrindo restos bem preservados de animais e plantas que foram extintos desde a Era do Gelo. O local também oferece informações sobre 200.000 anos de dados climáticos.

Kseniia Ashastina, paleobotânica do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, disse à revista Science que grupos indígenas locais temem a cratera, dizendo "ela está comendo suas terras, engolindo árvores e lugares sagrados".

As notícias foram divulgadas quando as regiões ártica e siberiana da Rússia, já estão se aquecendo a uma taxa mais rápida do que o resto do mundo, enfrentam uma onda de calor histórica no verão acompanhada de incêndios florestais, derramamentos de combustível, perdas de colheita por seca..
A cidade de Verkhoyansk, localizada a 75 quilômetros de Batagaika é  um dos lugares mais frios habitados da Terra, viu temperaturas atingir 38 graus Celsius, a temperatura mais quente já registrada no Ártico, em junho.

No final de maio, um tanque de combustível de uma subsidiária da Norilsk Nickel vazou 21.000 toneladas métricas de diesel em um rio perto de Norilsk, o que foi descrito como o pior derramamento de combustível de todos os tempos no Ártico. A empresa vinculou o vazamento ao derretimento do permafrost sob os pilares de suporte do tanque, o que causou a ruptura do tanque.

À medida que as temperaturas continuam a subir, os cientistas dizem que os processos induzidos pelas mudanças climáticas, como a cratera em expansão de Batagaika, ficarão ainda mais intensos.
A cobertura de gelo no Oceano Ártico atingiu o nível mais baixo esse ano em 15 de julho, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, com a costa da Sibéria mais atingida. A Passagem Nordeste, rota marítima que liga a Europa à Ásia, estava livre de gelo há duas semanas. No ano passado, demorou até o final de agosto para que a cobertura de gelo da rota derretesse.

Os devastadores incêndios florestais de verão vistos no leste da Sibéria e no Extremo Oriente russo nos verões recentes, provocados por invernos quentes e secos, liberam “fuligem escura e carvão vegetal que absorvem o calor e aceleram o derretimento”, escreveu a revista Science.
E à medida que o permafrost derrete, também libera metano e outros gases de efeito estufa, adicionando mais combustível ao aumento acelerado das temperaturas. Fonte: The Moscow Times - terça-feira, 4 de agosto de 2020

Comentário: O permafrost ou pergelissolo é o tipo de solo encontrado na região do Ártico. É constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados (do inglês perma = permanente, e frost = congelado, ou seja: solo permanentemente congelado). Esta camada é recoberta por uma camada de gelo e neve que, se no inverno chega a atingir 300 metros de profundidade em alguns locais, ao derreter-se no verão, reduz-se para de 0,5 a 2 metros, tornando a superfície do solo pantanosa, uma vez que as águas não são absorvidas pelo solo congelado. Fonte: Wikipédia

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