Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

terça-feira, junho 29, 2010

Cultura de Segurança de Processo

O que tem em comum estes acidentes;
■ explosão e incêndio, da plataforma de petróleo Piper Alpha em julho de 1988,
■ explosão na fábrica de produtos químicos em Flixborough, Inglaterra, em junho de 1974,
■ explosão na refinaria de petróleo, Texas City, EUA, em março de 2005,

Todos foram resultantes de grandes falhas de sistemas técnicos complexos. Em todos eles, as investigações identificaram problemas na organização “cultura de segurança” como um importante fator de contribuição.

Mas o que é “cultura de segurança”? A agência de Segurança e Saúde do Reino Unido (The United Kingdom Health and Safety Executive) define a cultura de segurança como “ ... O produto de valores individuais e em grupos, atitudes, competências e padrões de comportamento que determinam o comprometimento, o estilo e a eficácia de programas de saúde e segurança de uma organização.”

Como parece muito complicado, a CCPS (Center for Chemical Process Safety - CCPS) sugere uma definição mais simples: “Cultura de Segurança é como a organização se comporta quando ninguém está observando.”

Apesar do gerenciamento tem um papel de liderança no estabelecimento de uma boa cultura de segurança numa organização, todos têm que contribuir para que ela realmente aconteça.

Concentraremos num importante aspecto da cultura de segurança – na conservação de uma “sensação de vulnerabilidade –e abordaremos em outras edições futuras.

O QUE VOCÊ PODE FAZER?
■ Seja vigilante em relação aos riscos de materiais e processos na sua fábrica.
■ Reconheça os eventos “quase acidentes” para lembrá-lo o que poderia ter dado errado.
■ Use os incidentes que ocorreram em outras instalações, tais como is incidentes relatados no Beacon, para lembrá-lo da possibilidade de ocorrência de problemas semelhantes na sua instalação.
■ Sempre opere a sua instalação dentro dos limites de operação segura e dos procedimentos operacionais estabelecidos. Quando isto não for possível, avise imediatamente o seu supervisor.
■ Use os procedimentos aprovados para a autorização de alterações aos procedimentos estabelecidos, incluindo avaliação de risco detalhado e aprovado por autoridades competentes.

Uma boa cultura de segurança depende de todos!

Fonte: Process Safety Beacon –Junho 2007

Comentário:
Recentemente podemos incluir a explosão e incêndio na plataforma Deepwater Horizont, no golfo do México, EUA, 20 de abril de 2010. Muito provável falha no sistema de segurança da plataforma e quebra de protocolo de segurança causado pela rapidez na prospecção.
No caso da BP a empresa partiu do principio que a tecnologia é a prova de falha, isto é, não teria necessidade de um plano de emergência quanto a uma eventual falha do sistema de segurança.
De acordo com noticia de jornais, o porta-voz da BP, explicando por que não tinha preparado plano de emergência, ele disse: “Não acho que ninguém previu as circunstâncias que vemos hoje.” Aparentemente “parecia inconcebível que o mecanismo que impede explosões fosse falhar –então para que se preparar?
Toda utilização de tecnologia, devemos utilizar o principio de cautela ou precaução, nada mais é do que um dos tópicos da “Cultura de Segurança”.
Devemos sempre partir do principio se o sistema falhar, que medidas deveremos adotar? Não há tecnologia segura, com ausência de risco.
O que acontece na maioria das grandes empresas, principalmente as que têm atividade de alto risco, a cultura predominante da empresa é produzir para cumprir metas, os responsáveis pela execução, vão priorizá-las. A empresa tem conscientizar que a atividade é de alto risco, que qualquer falha poderá transformar em catástrofe.
Cabe a empresa priorizar a gestão de segurança responsável (gestão de riscos) como uma ferramenta para direcionar o limite para o qual, o cumprimento das metas possam ser alcançadas.
Como disse Peter Drucker " a nossa tarefa hoje é estar preparados para um amanhã incerto ... a previsão de longa duração deverá ter em conta o futuro (decorrente) das decisões presentes". Lembramos da lei de Murphy “Alguma coisa sinistra vai acontecer e acontecerá, no pior momento possível”.

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domingo, junho 27, 2010

As Prioridades Operacionais em Incêndios de Edifícios Altos

Um chefe de operação tem poucas escolhas quando enfrenta um incêndio nos últimos andares de um edifício alto.

Na maior parte de incêndios em edifícios, a melhor maneira de se atingir o objetivo principal, o salvamento de vidas, é atender a prioridade secundária: a extinção do incêndio. Isto é mais verdadeiro ainda no caso de edifícios altos, onde existem pessoas presas acima do andar de ocorrência do incêndio.
A extinção do fogo é geralmente a única opção tática e prática para o salvamento de vidas nessa situação. A extinção aumenta dramaticamente as chances de sobrevivência das vítimas e dos bombeiros.

Felizmente, a maior parte dos edifícios altos é protegida por sistemas de chuveiros automáticos. Os prédios mais antigos, que não têm proteção plena por chuveiros automáticos são, geralmente, feitos para resistir a incêndios de grandes proporções. Existem, entretanto, edifícios altos que não foram construídos para resistir a um incêndio prolongado e não contam com a proteção de chuveiros automáticos. São esses prédios que representam os maiores riscos para bombeiros e ocupantes.

As opções táticas à disposição dos bombeiros são bastante limitadas quando o fogo localiza‑se fora do alcance de uma escada. O resgate de pessoas pela parte externa do prédio, usando escadas ou equipamento aéreo, não é possível nesses casos. Quando isso ocorre, o chefe da operação só tem como opções o uso de uma estratégia agressiva ou uma estratégia de não‑combate.

TEMPO DE PREPARAÇÃO LIMITADO
O transporte de pessoal e equipamentos para os andares superiores de um prédio pode aumentar enormemente o tempo de preparação, especialmente se os elevadores não puderem ser usados. O tempo de preparação para o lançamento de uma frente de ataque, que geralmente não ultrapassa dois ou três minutos, facilmente passa a ser de dez minutos ou mais, pois os bombeiros precisam chegar ao andar do incêndio pelas escadas.

Após carregar todo seu equipamento escada acima, os primeiros bombeiros a subir provavelmente estarão exaustos. O pessoal de apoio nas escadas e o uso de procedimentos de reabilitação podem minimizar esse problema, mas as primeiras brigadas a preparar uma ofensiva nos andares superiores de um edifício alto têm que se virar sozinhas.

A IMPORTÂNCIA DA REDE DE ÁGUA DE INCÊNDIO
Quanto mais alto for o andar do incêndio, mais importante se torna a tubulação interna de incêndio. A instalação de uma linha de mangueiras no 10o andar de um prédio já se constitui um desafio, mas posicionar uma no 30o , 50o ou no 100o andar é muito mais difícil.

Em termos práticos, o chefe de emergência precisa levar em consideração as variáveis hidráulicas necessárias para superar a perda de carga o efeito da altura, além do pessoal adicional necessário.
A perda de pressão por elevação corresponde a 0,03 kgf/cm2 para cada 30 cm de altura. Embora a altura de cada andar varie de prédio para prédio, e os primeiros andares sejam geralmente mais altos que os superiores, para efeitos práticos calcula-se que cada andar tem 3 metros de altura.

Conseqüentemente, o bombeamento para um sistema de mangueiras no segundo andar gera uma perda de pressão de aproximadamente 0,3 kgf/cm2.
Um bombeamento para o 51o andar corresponde a uma perda de pressão de 18,4 kgf/cm2, e o bombeamento para o 101o andar resulta em uma perda de 29,5 kgf/cm2. Para se conseguir superar estas perdas elevadas seria necessário empregar-se pressões de bombeamento muito acima das pressões recomendadas para as mangueiras e bombas de incêndio existentes.

O incêndio no hotel One Meridian Plaza, na Filadélfia, em 1991, é um bom exemplo de quanto depende o corpo de bombeiros da rede de água de incêndio do edifício. No instante do sinistro, a rede de incêndio do prédio desocupado tinha válvulas redutoras de pressão, o que resultou em baixa pressão no sistema. Para tentar obter as pressões e vazões necessárias, o chefe da operação considerou a possibilidade de mandar bombeiros transportarem mangueiras de grande diâmetro até o incêndio, que havia iniciado no 22o andar e se espalhado até o 29o .
Se considerarmos que cada andar tem 3 metros de altura, e que o 22o andar está localizado a 64 de altura, a perda de pressão por elevação equivalia a 6,2 kgf/cm2. O uso de mangueiras de 13 cm iria reduzir a perda de carga, mas seria difícil transportá-las 21 andares escada acima.

O cálculo hidráulico indica que seria necessária uma pressão de descarga na faixa de 55 a 65 lpm (litros por minuto) para se suprir o esguicho automático. Esguichos de jato sólido operam a pressões menores para o mesmo nível de vazão e, por esse motivo, exigem menos do equipamento de bombeamento e das mangueiras. Essa tática seria possível em termos hidráulicos, mesmo com esguichos automáticos que requerem pressão de 6,8 kgf/cm2.
Entretanto, poucos corpos de bombeiro dispõem do número de bombeiros necessário para programar semelhante estratégia, que exige muito trabalho.
No final das contas, 316 bombeiros combateram o incêndio no One Meridian Plaza. Três deles morreram antes que o chefe da operação decidisse retirar o seu pessoal, optando por uma estratégia de não-combate.

PERIGO DE INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS ALTOS
Incêndios em edifícios altos podem dominar completamente as equipes de combate e ameaçar um número grande de ocupantes e bombeiros. Esses incêndios representam um dos maiores desafios para os combatentes de incêndios em edifícios, porque exigem a modificação de técnicas padrão de combate a incêndios e também porque limitam o leque de opções do chefe da operação.

Fonte: NFPA Journal - Ben Klaene e Russ Sanders
Russ Senders serviu no Corpo de Bombeiros de Louisville, no estado americano de Kentucky, por 29 anos, sendo que nos últimos 9 anos ocupou o cargo de Comandante. Ele hoje é gerente da Região Central dos EUA da NFPA. Após 30 anos de serviços prestados no Corpo de Bombeiros de Cincinnati.
Bem Klaene se aposentou como comandante de Treinamento e Segurança e passou a lecionar no Curso de Extensão em Ciência de Incêndios da Universidade de Cincinnati.
Esta artigo foi adaptada do livro Structural Fire Fighting . O propósito do livro é preparar o chefe da operação para assumir o controle das operações de combate a incêndios em edificações, por meio do uso dos recursos disponíveis, de forma segura e eficiente.

Vídeo:
Esse vídeo chama à atenção da complexidade da evacuação de pessoas com incapacidades permanente ou temporária.durante um incêndio.
Frequentemente em situações de emergência as preocupações das pessoas com deficiências temporárias ou permanentes, são ignorados ou deixados de lado ou são esquecidas. É importante que as pessoas tenham acesso a essas informações de emergência para a evacuação de edifícios que envolvem urgência em responder a essas preocupações com planejamento, preparação e resposta.

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quinta-feira, junho 24, 2010

Incêndio em prédio do INSS em Brasília

Em 27 de dezembro de 2005, um incêndio atingiu vários andares de um prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Brasília.

INÍCIO DO INCÊNDIO
O fogo começou por volta das 6h30min e teria começado no sexto andar. Em menos de uma hora, ele atingiu sete andares: alastrou-se para os andares superiores e para os inferiores até o quarto. Fortes e intensas labaredas se alastravam rapidamente. Apenas os seguranças e um motorista estavam no prédio quando o incêndio teve início. Naquele horário, o expediente ainda não havia começado. Foi a segurança do prédio, quem acionou os bombeiros. Todos conseguiram sair do prédio sem problemas.

INTERDIÇÃO DE ACESSO
As vias L2 e S2- que permitem o acesso ao Setor Comercial e de Autarquias na Asa Sul foram interditadas.

CORPO DE BOMBEIROS
Às 7h13, os bombeiros receberam telefonema com pedido de socorro. A primeira equipe chegou cinco minutos depois. Pelo menos 35 carros dos bombeiros compareceram ao local para tentar controlar as chamas, incluindo veículos de plataforma para combater o incêndio em áreas mais altas.

REDE HIDRANTES - PROBLEMAS
O Corpo de Bombeiros enfrentou dificuldades na operação, porque os hidrantes das redondezas não tinham pressões suficientes para bombear água e por isso utilizou carros-pipa para abastecer os seus caminhões.

DIFICULDADES NO COMBATE ÀS CHAMAS
O trabalho de combate ao incêndio foi lento por causa de uma série de dificuldades operacionais;
■ Inicialmente os bombeiros não conseguiram acionar o sistema de tubulação do prédio construído justamente para combate a incêndios. Ele deveria receber água da mangueira de um dos caminhões utilizados na operação e distribuí-la em todos os andares.
■ A explosão dos vidros e a ação do vento dificultaram o trabalho. Além do problema com as mangueiras, o prédio também não possui escada de incêndio.
■ Outra razão da lentidão do trabalho é que só havia dois hidrantes no local, com pouca vazão. O trabalho foi interrompido ou reduzido várias vezes por falta de água. A Caesb, empresa de água do governo do DF, foi mobilizada para fornecer carros-pipa.

REGISTRO DA TUBULAÇÃO ESTAVA ABERTO
Por volta das 10h30, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, que acompanhou toda a operação, foi informado do motivo da falha no sistema de tubulação do prédio: o registro estava aberto, o que fez com que toda a água vazasse na cobertura do prédio e impedisse a sua distribuição nos dez pavimentos.

MANUTENÇÃO DEFICIENTE
O prédio é antigo e, segundo o coronel Sossígenes, não tinha originalmente o sistema de tubulação para combate de incêndio. A manutenção caberia ao próprio governo federal.

REFORÇO NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Quinze caminhões-pipa foram cedidos pela Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília (Caesb) para ajudar no combate ao incêndio.

OPERAÇÃO FINAL DO CORPO DE BOMBEIROS
A operação envolveu mais de 200 homens, um helicóptero e 42 carros, entre caminhões de água, plataforma, ambulâncias, carros-pipa e automóveis normais para transporte de pessoas.

PRÉDIO DO INSS
No edifício funcionava a sede administrativa do INSS, onde estava a Diretoria e a Secretaria Previdenciária. Entre as atribuições da secretaria está a fiscalização de empresas, recolhimento das contribuições previdenciárias pendentes e arquivamento de autos de infração e outras provas documentais dos processos que investigavam irregularidades em relação à previdência social. A perda significa um obstáculo a cobranças devedores do INSS no futuro.
A sede do INSS não tem boa estrutura para proteger os funcionários em casos de emergência. “Se o prédio estivesse cheio com certeza não daria para evacuar a tempo. Além das escadas estreitas demais, não são todos os andares que têm extintores. A segurança também é precária. As salas estão cheias de gambiarras e fios desencapados”, comenta o técnico previdenciário Thiago da Costa.

DANOS À ESTRUTURA DO PRÉDIO
Os danos causados pelo incêndio a princípio são irreversíveis. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a temperatura dentro do edifício chegou a aproximadamente 800º C. O concreto exterior do prédio atingiu uma colocação rosa, o que significa que a temperatura pode ter chegado a 1000º C.
O comandante-geral da operação, coronel Sossicenes de Oliveira Filho, afirma que, em pelo menos cinco andares, o comprometimento foi geral. “Do quinto andar para cima está tudo destruído. Tentaremos agora preservar a estrutura do edifício”, afirma.

PERÍCIA
O comandante-geral da operação, afirma que uma equipe composta por, pelo menos, dez peritos poderá avaliar qual atitude pode ser tomada para reaproveitar o local. “Só eles podem dizer se uma reforma resolve ou se será necessário colocá-lo no chão”, complementa.

CONTROLE DO INCÊNDIO
Após três horas, o Corpo de Bombeiros conseguiu controlar o incêndio.

CAUSA PROVÁVEL
A suspeita é de que o fogo começou por volta das 7h após um curto-circuito no ar-condicionado do 6º andar. As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas, mas a polícia não descarta a hipótese de incêndio criminoso.

INQUÉRITO FEDERAL - AVALIAÇÃO DA PF
Uma equipe de 11 policiais federais realizou os primeiros levantamentos no local do incêndio. Procuravam elementos capazes de revelar a origem do fogo e uma eventual motivação criminosa, o que levaria à instauração de um inquérito.
"Não temos, neste primeiro momento, nenhum dado que possa confirmar um incêndio criminoso. Mas não podemos deixar passar o princípio da oportunidade (garantido por uma atuação imediata), quando temos mais chance para esclarecer o caso", disse o delegado Walmir de Oliveira, diretor-executivo da PF no Distrito Federal.

LAUDO DO CORPO DE BOMBEIROS - INCÊNDIO DO INSS NÃO FOI CRIMINOSO, DIZ LAUDO
Em 13 de janeiro de 2006, o Corpo de Bombeiros divulgou o resultado da perícia. O fogo começou com um curto-circuito em uma impressora, numa sala do sétimo andar, e se espalhou por seis dos dez andares do prédio: do quinto ao décimo. Esse foi o resultado do laudo pericial elaborado pelo Centro de Investigações e Prevenção de Incêndio do Corpo de Bombeiros.
O documento foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal, que está conduzindo as investigações.
O Ministério da Previdência vai considerar o laudo do Corpo de Bombeiros e de uma empresa contratada para avaliar a possibilidade de recuperação do edifício.

INQUÉRITO
Como está descartada a hipótese de incêndio criminoso, a Polícia Federal informou que a investigação sobre o caso será arquivada. As apurações agora serão administrativas. O laudo do Corpo de Bombeiros também diz que o sistema de combate ao fogo no edifício era insuficiente.

FUNCIONAMENTO PROVISÓRIO
O INSS começou a redistribuir na quarta-feira, 28 de dezembro, cerca de mil funcionários que trabalhavam no prédio. Eles começarão a trabalhar provisoriamente no anexo do Ministério da Previdência, na Dataprev e em outros locais cedidos pela administração pública.

RECUPERAÇÃO DO PRÉDIO
O Ministério da Previdência contratou a Adler Engenharia e Comércio para fazer a avaliação da patologia da estrutura do edifício.
A prestação de serviços da Adler começou com a colocação de tapumes para fazer a proteção externa e evitar que alguém venha a se machucar, já que existe o risco de desmoronamento do prédio.
Também está em andamento uma avaliação emergencial para definir as ações imediatas de contenção de riscos iminentes. A empresa iniciou a retirada de esquadrias e equipamentos, como aparelhos de ar condicionado, em risco de queda.
De acordo com o INSS, os engenheiros da empresa contratada começaram os primeiros estudos para efetuar o escoramento do edifício. As estacas de aço serão instaladas a partir do subsolo com o objetivo de firmar a estrutura atual do prédio. Com isso, será permitido o acesso seguro dos profissionais que irão trabalhar na recuperação dos documentos e equipamentos não destruídos pelo incêndio.
Além dessas medidas emergenciais, de acordo com o INSS, deverá ser entregue um laudo oficial com a definição de medidas a serem adotadas a médio e longo prazo para a recuperação do edifício.

ESTIMATIVAS DE PREJUÍZOS
Em 02 de janeiro de 2006, o Ministério da Previdência Social criou um grupo de trabalho com o objetivo de levantar, avaliar, inventariar e reconstituir o acervo documental perdido no incêndio do prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

CONSEQÜÊNCIAS DO INCÊNDIO PARA O INSS
O que foi afetado
■ Comando - No prédio de 10 andares funcionavam o comando e as coordenações do INSS em Brasília. Foram afetados os seis andares superiores, onde operavam os setores de orçamento, finanças, logística, recursos humanos e Secretaria de Receita Previdenciária. Não havia setor de atendimento ao público
■ Autuações de empresas - Processos de autuações de empresas resultantes de ações de fiscalização foram destruídos pelas chamas. São processos em papel relativos a cobranças, como dívidas de empresas e entidades filantrópicas do país
■ Provas materiais - Em muitos processos, estavam anexadas provas materiais, também queimadas. Muitas informações podem ser irrecuperáveis. O INSS ainda avalia o que pode ser reconstituído, pois parcela das informações é informatizada ou há cópia em outros departamentos


O que não foi afetado
■ Atendimento - Os serviços essenciais da Previdência estão mantidos apesar do incêndio. A partir de segunda-feira, os 23 milhões de aposentados e pensionistas receberão os benefícios normalmente. Não havia setor de atendimento a beneficiários no prédio
■ Salários - A folha de salário dos funcionários do INSS não foi afetada
■ Arquivo do INSS - Os arquivos centrais, isto é, a memória do INSS. Essas informações estão guardadas nos grandes sistemas informatizados, com cópias em Brasília, Rio e São Paulo
■ Dívidas - As dívidas da Previdência Social em fase de cobrança judicial (dívida ativa)
■ Fraudes - O trabalho das forças-tarefas da Previdência, responsáveis exclusivamente pelas investigações de fraudes no país

INSS PODE TER MAIS DIFICULDADE PARA COBRAR DEVEDORES APÓS INCÊNDIO
Segundo o ministro Nelson Machado (Previdência), embora o sistema central de informações do ministério tenha backup na Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social) do Rio e de São Paulo, autos de infração a empresas devedoras e provas materiais da existência desses débitos podem ter sido destruídas.
Os autos de infração servem para comunicar às empresas eventuais dívidas com o INSS, inclusive possíveis problemas encontrados pela fiscalização.
No futuro, esses papéis poderiam gerar multas caso as empresas devedoras não regularizassem a situação e recolhessem as contribuições previdenciárias pendentes.
Segundo o ministro, as empresas que já estavam incluídas na dívida ativa do INSS por falta de pagamento das contribuições não terão nenhum benefício com o incêndio, uma vez que esses documentos já estavam arquivados no sistema informatizado da Dataprev.

BACKUP DE PROCESSOS
Segundo o Ministro da Previdência, as informações já processadas pelo sistema central da Dataprev estão garantidas. O sistema central de informações tem backups no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Isso possibilitou que os dados das empresas que já faziam parte da dívida ativa do INSS por falta de pagamento das contribuições não fossem perdidos.

UNIÃO TERÁ PROBLEMA COM OS PROCESSOS
Entre os problemas mais imediatos está a dificuldade que advogados do INSS terão para defender a União em processos contra empresas devedoras, já que auditorias e provas das irregularidades foram destruídas. Isso poderá provocar perda de prazos judiciais e prejuízos à União.
O Ministro da Previdência, admitiu que houve prejuízos sérios do quarto andar para cima, onde funcionam as áreas de orçamento, finanças e logística, a diretoria de recursos humanos e a Secretaria da Receita Previdenciária. Segundo ele, a reconstituição de processos é normal na burocracia e há parcela dessas informações que ficam em sistema de dados ou com cópias em outros departamentos. Seguramente os processos relativos às autuações da Secretaria de Receita Previdenciária precisarão ser refeitos, porque os processos físicos-materiais foram destruídos. Sempre é possível refazer. É claro que muitas vezes temos prejuízos por problemas de provas materiais, disse o ministro.

RECONSTITUIÇÃO DE INFORMAÇÕES
O Ministro da Previdência informou que vai seguir duas linhas de ação básica para a reconstituição: as informações que estão nos sistemas centrais serão trabalhadas em outro local, utilizando informação básica do sistema de bancos de dados. Na lista dos devedores estão mais de 160 mil empresas. Como cada empresa pode ter mais de uma autuação, são mais de 350 mil processos que foram queimados.
A maior parte do trabalho feito por auditores em empresas em situação irregular, coleta de notas fiscais, auditagem, checagem de números terá agora que ser refeita.

ATRASO DE UM ANO NA COBRANÇA A SONEGADORES
Os sonegadores e fraudadores da Previdência que estavam à beira da execução judicial dos seus débitos terão uma folga de até um ano com o incêndio. O Ministério da Previdência Social (MPS) ainda não tem uma previsão de quando os documentos serão totalmente reconstituídos. Mas para o vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da Previdência Social (ANPPS), Antônio Rodrigues, deve levar entre seis meses a um ano para que todos os processos administrativos que continham autos de infração e de cobrança de dívidas de empresas e entidades filantrópicas sejam refeitos e as multas cobradas dos devedores.
“Mas isso é apenas uma folga que eles ganharam. Quem achar que ficou livre, saiba que não está”, avisa Rodrigues. Ele acredita que grande parte dos autos será recuperada a partir dos bancos de dados da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), sediada no Rio de Janeiro e com bases em São Paulo e Brasília. O procurador explica que a Secretaria da Receita Previdenciária, que funcionava nos sétimo, oitavo e nono andares do prédio, abrigava um grande número de processos em fase final de tramitação.

Ele estima que a papelada represente 20% de todo o estoque nacional da dívida ainda não executada pelo INSS. O Ministério da Previdência Social não precisou o valor total dos débitos. Os processos administrativos também continham cópias autenticadas dos documentos contábeis dos devedores. “Os fiscais poderão ver na cópia de segurança dos autos como foi a apuração e qual a documentação necessária, e solicitá-la novamente à empresa”, explica.

DESTRUIÇÃO DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS E LOGÍSTICA DO INSS
O incêndio pode ter queimado o equivalente a R$ 60 bilhões em processos administrativos. O cálculo foi feito pelo presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, que acompanha a execução dos grandes devedores do INSS.
Segundo o presidente da Comissão, os processos que se encontravam em fase de análise administrativa representarão o maior problema para o INSS. "O cadastro dos grandes devedores, que já estavam inscritos na dívida ativa da União, não foi perdido. O maior problema é os pequenos processos administrativos, que ainda não foram para cobrança judicial. Um processo desses pode passar quatro anos sendo discutido apenas na esfera administrativa", disse o presidente da comissão. Pelos cálculos, os processos administrativos somavam R$ 98 bilhões em novembro. Desse total, um terço foi parcelado por meio do Refis (programa de recuperação fiscal e previdenciária) e outros R$ 6 bilhões foram negociados diretamente com os devedores.
Dos R$ 60 bilhões restantes, que podem ter sido queimados no incêndio, o presidente da comissão espera que a Previdência tenha uma cópia de pelo menos R$ 53 bilhões. "O maior problema envolve cerca de 5.000 ações, com valores médios de R$ 500 mil, cada uma. São as cobranças de menor valor."

LOGÍSTICA
Outro problema para a Previdência será recuperar todos os contratos de prestação de serviços, que estavam sob responsabilidade da diretoria de Orçamento, Finanças e Logística, localizada no sexto andar do prédio do INSS.
"Pelo que sei, não havia cópias dos contratos de prestação de serviços. Será preciso refazer todos os contratos, verificar valores e pagamentos", afirmou o presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

ESTIMATIVA DE PROCESSOS IRRECUPERÁVEIS
Os processos que podem ter sido queimados no incêndio envolvem recursos de cerca de R$ 60 bilhões. Parte deles ainda pode ser recuperada, mas o total considerado irrecuperável pode chegar a R$ 10 bilhões.

JUSTIÇA A SUSPENDER AÇÕES DO INSS
Em Fevereiro de 2006, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu suspender todos os processos que envolvem o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) devido ao incêndio.
O tribunal atendeu a pedido da Procuradoria Geral da União e determinou a paralisação dos processos por 60 dias. Nesse prazo, os procuradores esperam voltar a ter condições de trabalho.

HISTÓRICO – LEMBRANÇA
Em 8 de fevereiro de 2002, Rio de Janeiro, ocorreu um incêndio no prédio do Ministério do Trabalho , onde funciona o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O incêndio destruiu quatro andares. Cerca de 30 mil ações foram destruídas.
Deficiências: falha na manutenção elétrica, falta de extintores, falta de água na rede de hidrante público.

Fontes: Folha de São Paulo, O Globo, Correio Braziliense, Diário Catarinense, no período de 27 de Dezembro de 2005 a 4 de fevereiro de 2006.

Comentário:
O incêndio no prédio do INSS, é o espelho da falta de segurança contra incêndio no país.
O governo federal através de seus órgãos é o que elabora as normas regulamentadoras (NR’s) para proteger o trabalhador no seu local de trabalho e é responsável pela fiscalização de sua implementação.
O incêndio veio demonstrar que na própria sede de um órgão federal, a segurança contra incêndio era inadequada, deficiente, não atendendo a própria norma federal (NR-23, Proteção contra Incêndios).
Os órgãos federais normativos estão mais preocupados com o preenchimento de formulários; formulário disso, formulário daquilo, obedecer aos trâmites legais oficiais, estamos todos seguros, nada mais do que são inspeções de papéis, etc. É um filme de ficção de formulários. Na prática o filme é real e perigoso. No Brasil as normas mudam ou as pessoas mudam, mas as lições de acidentes são esquecidas. Os acidentes se repetem
A tragédia maior foi à destruição de processos que demorarão meses ou anos para recuperação de documentos, com prejuízos irrecuperáveis de bilhões de reais.

Depois da tragédia, voltamos a velha ladainha:
■ falta de segurança e de manutenção do prédio
■ inexistência de sistema de sprinkler
■ falta de fiscalização do Corpo de Bombeiros e
■ finalmente a falta de hidrantes públicos com água

Em todo grande incêndio no país, ninguém estava preparado (os responsáveis pela segurança do prédio, a fiscalização pública e o Corpo de Bombeiros) para combater ao incêndio, prevalecendo à falta de planejamento e preparação. O pior de todos os riscos, a insegurança do prédio, as deficiências dos órgãos públicos, auxiliam para que o incidente se torne uma tragédia.

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terça-feira, junho 22, 2010

Ônibus pega fogo e deixa vários feridos

Um ônibus do transporte coletivo urbano, da empresa Cotista, pegou fogo por volta das 16h30min, 9 de janeiro de 2006, na rua 19 de fevereiro, no centro de Rio Grande, a 320 km de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Cerca de 50 passageiros estavam no interior do veículo.

Foto-Pedestres quebram vidros e ajudam os passageiros a saírem pelas janelas
O ônibus, que fazia a linha Carreiros e iria até o bairro Castelo Branco, havia saído da praça Tamandaré e pegou fogo após andar menos de 100 metros.

COMO FOI O ACIDENTE
■ O ônibus da empresa União Cotista sai do centro de Rio Grande com destino aos bairros Castelo Branco I e II, Cohab 4 e Santa Rosa
■ Ainda no Centro, na Rua 19 de Fevereiro, o motorista Alexandre Hernandes sente o tecido das calças grudando nas pernas e vê o fogo se alastrando
■ Uma lata de thinner , colocada sob o banco do motorista, entra em combustão
■ O motorista Hernandes abre as portas e grita para que os passageiros saiam
■ Os passageiros correm para os fundos do ônibus, tentando evitar as chamas na frente
■ Populares quebram as vidraças do lado de fora, para ajudar a saída dos passageiros
■ Peritos concluem que a lata de thinner (pertencente à empresa de ônibus) é a causa do sinistro

DESESPERO PARA SAIR DO ÔNIBUS
De acordo com o segurança Luis Fernando Flores, que estava no ônibus, o veículo começou a incendiar de repente e o motorista gritou que estava pegando fogo, momento em que os passageiros entraram em pânico. Ele pediu que eles ficassem calmos e tentou abrir a janela de emergência, mas não conseguiu. Em seguida, ele e outros passageiros quebraram alguns vidros. O motorista abriu a porta do veículo, mas, segundo Flores, a maioria saiu pelas janelas. Populares que passavam pelo local também ajudaram a quebrar os vidros para que as pessoas saíssem. "Foi tudo muito rápido. O fogo começou na parte da frente e se alastrou em seguida", disse Flores.

INÍCIO DO FOGO
Segundo relato dos passageiros, o fogo teria começado na frente do veículo e se alastrado rapidamente. Ao perceber o incêndio, o motorista conseguiu abrir as duas portas, mas as saídas eram insuficientes.

ALASTRAMENTO DO FOGO
Segundo os bombeiros, o fogo se espalhou com rapidez a partir do momento em que os vidros foram quebrados, pois permitiu a entrada de mais oxigênio no veículo.

VÍTIMAS
Cerca de 27 passageiros foram atendidos 27 pessoas foram atendidas na Santa Casa, com queimaduras, cortes e machucados, ficaram em observação no pronto-socorro. .Quatro deles tiveram queimaduras graves, o motorista e três passageiros, foram atendidos no bloco cirúrgico da Santa Casa. Um dos casos mais graves foi de uma menina, de 13 anos, que teve em torno de 30% do corpo queimado, segundo informações do médico proprietário da clínica de pronto-atendimento em que ela recebeu os primeiros socorros, Sandro Goulart Terra

INQUÉRITO POLICIAL
A Polícia Civil deverá instaurar inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu o incêndio. A delegada Vanessa Pitrez de Aguiar Corrêa, do plantão da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), informou que os policiais da 4ª DP - distrito que está a cargo da investigação do caso, deverão averiguar as causas do fogo, para descobrir se foi culposo (não‑intencional) ou doloso (criminoso). Uma lata de thinner foi encontrada próximo do local onde teria iniciado as chamas, conforme testemunhas, atrás do assento do motorista.
A delegada declarou também que os profissionais do Instituto Geral de Perícias (IGP) efetuaram a perícia no local do incêndio. Em seguida , o ônibus será transferido para o depósito do Detran-RS, onde deverá ser submetido à nova perícia por um engenheiro mecânico do IGP. Esse perito, segundo a delegada, irá vistoriar o veículo com o objetivo de avaliar se houve falha mecânica. Além disso, os passageiros, na medida em que tiveram alta do hospital, deverão ser ouvidos pela polícia.
A delegada afirmou que haverá uma investigação para averiguar as responsabilidades penais: se houve imperícia, negligência ou imprudência.

LAUDO PRELIMINAR
De acordo com peritos, a causa do fogo foi a combustão de um galão de thinner, solvente inflamável, que pertencia à própria empresa dona do ônibus, a União Cotista, e era transportado atrás do banco do motorista.

O ÔNIBUS TRANSPORTAVA UMA LATA DE THINNER
O motorista recebeu o galão ao iniciar a viagem, a pouco mais de 100 m do local do incêndio, e deveria entregá-lo na empresa. O solvente pertencia à empresa, esclareceu o delegado titular da 4ª. Delegacia de Polícia de Rio Grande, Elione Luiz Lopes, depois de ouvir formalmente as primeiras nove testemunhas.
O delegado também conversou informalmente com o motorista Alexandre Muniz, que está internado em estado grave.
Durante a conversa ele confirmou que o solvente pertencia à empresa. Como o solvente resultou no incêndio, segundo ele, somente será esclarecido no relatório final da perícia: Ainda desconhecemos o que concorreu para a combustão, esclareceu ele.

LAUDO DA CAUSA DO INCÊNDIO
Em 19 de fevereiro, o Centro de Microscopia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou que houve um curto-circuito entre a lata de solvente, a chave elétrica geral do ônibus e o assoalho, também de metal.
O professor Luis Frederico Dick concluiu que a lata de thinner, encontrada atrás do banco do motorista, entrou em contato com o sistema elétrico do veículo e, junto ao piso do ônibus, criou um efeito chamado "arco de faísca". O assoalho de metal serviu como pólo negativo, a chave de cobre, como pólo positivo, e a lata de ferro fechou o curto-circuito, explicou.
O processo acabou por derreter a lata e liberou o solvente, altamente inflamável. O produto, com a ajuda da faísca, agiu como um maçarico, alastrando o fogo. O laudo foi encaminhado para a Polícia Civil de Rio Grande.

BALANÇO DAS VÍTIMAS – HOSPITALIZAÇÃO
Faz um mês, duas das quatro vítimas que tiveram queimaduras graves permanecem internadas. A adolescente Bruna Corrêa Moreira, 13 anos, que teve 30% do corpo queimado, continua internada na UTI Pediátrica do HPS de Porto Alegre. O motorista do coletivo, Alexandre Hernandes está na unidade São Camilo II, da Santa Casa de Rio Grande. As outras duas passageiras que estavam hospitalizadas na Santa Casa, receberam alta em 9 de fevereiro.
Em 20 de fevereiro, a adolescente Bruna Corrêa, 13 anos, deixou o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, após 42 dias de recuperação. A adolescente voltou para casa, onde continuará o tratamento das queimaduras sofridas.

ADOLESCENTE PASSOU POR SEIS CIRURGIAS
Cirurgião plástico no HPS, Ricardo Arnt disse que Bruna foi submetida a seis intervenções para recompor a pele queimada. Quase 30% do corpo, principalmente as costas e os braços, foram atingidos. Nos próximos dois anos, ela terá de usar malhas de compressão, para firmar as partes que sofreram enxertos. Arnt considerou "excelente" a recuperação de Bruna.

CAUSA DA GRAVIDADE DA QUEIMADURA
A adolescente estava sentada no meio do ônibus, ao lado direito, na companhia da tia. Desmaiou com a fumaça e as queimaduras, teve de ser socorrida em dois momentos. Primeiro, pelo motorista, que não teve forças para retirá-la do local e depois, por um desconhecido que se arrojou entre as chamas e retirou a menina entre as chamas.
Em 22 de fevereiro, após 43 dias internato o motorista do ônibus, Alexandre Muniz Hernandez, recebeu alta da Santa Casa, ainda com as marcas das queimaduras sofridas, principalmente nos braços, nas costas, no rosto e nas pernas. As queimaduras nos braços e nas costas foram de 2º grau.

INDICIAMENTO - POLÍCIA INDICIOU POR INCÊNDIO CULPOSO
Em 1 de fevereiro, a investigação comandada pelo delegado de Polícia Civil do Rio Grande, Elione Lopes, concluiu que houve crime de incêndio culposo. Foram indiciados, o motorista, Alexandre Hernandes, o fiscal, Jorge Alberto Pacheco, a responsável pelo setor de compras da Cotista, Cláudia Silveira, e o sócio-gerente, Norli Norberto Camilo.
O delegado entendeu que os quatro indiciados "lidaram com imprudência e negligência". O motorista e o fiscal por não terem se recusado a transportar o material, "criando desnecessariamente o perigo e não tendo o devido cuidado no trato com a lata de solvente". A responsável pelo setor de compras e o sócio-gerente por permitirem que se criasse o sistema de entregas na praça central e o posterior envio do material pelos coletivos para a empresa, o que já havia ocorrido em outras oportunidades.
Lopes observou que esta prática contraria a legislação que rege o transporte coletivo municipal (Lei 5.602), que veda o transporte de material inflamável. As quatro pessoas responsabilizadas foram indiciadas no artigo 250, parágrafo 2º, combinado com o artigo 258 do Código Penal Brasileiro, ou seja, incêndio culposo qualificado. Se forem condenados pela Justiça, os indiciados poderão sofrer pena que varia de seis meses a dois anos de prisão.

O QUE É THINNER
É uma composição de vários solventes capaz de diluir componentes e revestimentos. Tem ampla utilização em tintas e alto poder de solvência. É usado também como desengraxante e para limpeza
Em altas temperaturas, o thinner libera vapores e, com uma faísca, entra em combustão. O produto não é capaz de pegar fogo sozinho, apenas com o calor. Necessita de uma faísca para entrar em combustão e pode até causar explosões
Qualquer solvente em altas temperaturas libera vapores. Se estiver em um ambiente fechado, como um veículo, pode pegar fogo, bastando que uma pequena faísca atinja o vapor (não precisa atingir o produto em si)
Uma peça metálica (como uma fivela de sapato) que venha a provocar uma faísca ao bater em algo pode ser suficiente para começar o fogo se houver vapor concentrado no ambiente
O transporte deste tipo de substância tem de ser feito seguindo normas de segurança
Fonte: Dimitrios Samios, professor de Fisicoquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Controle de Qualidade dos Combustíveis do Rio Grande do Sul

Comentários:
Esse um bom exemplo como o risco infiltra-se em locais tão impossíveis, esperando apenas as condições ideais para materializar-se.
A temperatura média da semana em que houve o acidente na cidade era de 37o C.
Como a característica do thinner depende da composição de vários solventes e de seu preço de mercado. O seu ponto de fulgor depende da composição dessa mistura e varia da mais simples a especial;
O ponto de Fulgor em Vaso Fechado é importante porque permite avaliar o risco do thinner inflamar‑se ao ser submetido à elevação de temperatura em condição de confinamento (lata fechada)
As condições ambientais estavam propícias para o thinner inflamar-se; temperatura externa (ambiente, 37o C) e temperatura interna do ônibus (mais de 37o C, lata próximo ao motor) e faltando apenas a fonte de ignição.

Fontes: Jornal Agora – Rio Grande/RS e Zero Hora - Porto Alegre/RS, no período de 10 de janeiro a 23 de fevereiro de 2006

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segunda-feira, junho 21, 2010

Poluição já responde por 8% das mortes por câncer de pulmão em SP

A poluição já é responsável por 8% das mortes por câncer de pulmão na cidade de São Paulo e, cada 100 crianças internadas com pneumonia na rede hospitalar, 15% são vítimas da má qualidade do ar na cidade.
Os dados foram apresentados pelo patologista Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foto: poluição registrada na Zona Sul na tarde de segunda-feira (21 de junho de 2010)

POLUIÇÃO MATA SILENCIOSAMENTE
Por ano, de acordo com Saldiva, a poluição mata 4 mil pessoas por ano na capital paulista - cinco vezes mais do que doenças como a Aids, por exemplo.
Segundo dados da Fundação Seade, o número de mortes por câncer de pulmão traquéia e brônquios na capital paulista aumentou 7,4% entre 2006 e 2007, vitimando 1.644 pessoas.

DROGA CHAMADA PETRÓLEO
- A doença de São Paulo é a dependência física de uma droga chamada petróleo. E infelizmente, nesses casos, é o fator econômico que mais conta. O que talvez explique os fatos das autoridades não tomarem providências, mesmo com tantos estudos já produzidos sobre a poluição do ar - diz Saldiva.

MORTES
Das mortes decorrentes dos efeitos da poluição no organismo, segundo Saldiva,
■ 70% são de doenças cardiológicas,
■ 25% de doenças respiratórias e
■ 5% de câncer (neoplasia).
■ No caso de doenças do coração, a poluição é responsável pela morte de 10% das vítimas.

Segundo o patologista, somente a USP já produziu 6.704 trabalhos sobre o assunto. Ele participou de uma convenção mundial de médicos em Copenhagen, na Dinamarca, e a conclusão foi que a poluição do ar e o aquecimento global serão o maior problema de saúde pública no mundo no século XXI.

DADOS CONCRETOS
A administração pública confirma os números. Segundo Vera Lúcia Allegro, da Secretaria Municipal de Saúde;
■ pessoas que moram a até 100 metros de avenidas de grande movimento respondem por um maior número de internações decorrentes de problemas cardiorrespiratórios.
■ crianças e idosos são os que mais sofrem, principalmente nos dias mais secos, quando a poluição aumenta.

O MOVIMENTO NOSSA SÃO PAULO DIVULGOU PESQUISA MOSTRANDO;
■ que o paulistano gasta em média 2 horas e 43 minutos por dia para se locomover na cidade, seja de carro, ônibus ou trem. Em relação a 2008, o tempo perdido aumentou 13 minutos.
■ 71% dos entrevistados disseram que o trânsito é péssimo ou ruim,
■ 78% afirmam que só aceitariam deixar o carro em casa se houvesse uma boa alternativa de transporte público.
■ Para se ter uma idéia, de zero a 10, a nota para o serviço prestado pelos ônibus, no quesito lotação e tempo de espera, não passa de 2.

- Com um maior tempo perdido no trânsito, as pessoas ficam cada vez mais expostas à poluição gerada pelos congestionamentos - diz Maurício Broinizi, do Movimento Nossa São Paulo.

PREJUIZO
O prejuízo é também financeiro. De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo deixa de produzir R$ 26,8 bilhões por ano em riquezas por conta dos congestionamentos.

Fonte: Globo Online – 21 de setembro de 2009

Comentário:
Desde a semana passada, 14 de junho de 2010, a cidade de São Paulo está com a umidade de ar variando de 10% a 30%.
Essa condição de tempo dificulta a dispersão de poluentes, o que piora a qualidade do ar em São Paulo. O índice de umidade ideal para a saúde da população é acima de 60%. Quando a umidade fica entre 20% e 30%, a Defesa Civil do município decreta estado de atenção. Entre 12% e 20%, o estado é de alerta. Abaixo de 12%, estado de emergência. Essa última é a condição climática típica de desertos.
As indústrias têm de tomar cuidado com a baixa umidade, pois um fator importante na geração de eletricidade estática é a umidade, pois quanto mais seco estiver o ar, mais facilmente a carga se desenvolve.

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sexta-feira, junho 18, 2010

Lembrança - Explosão em shopping de Osasco

Às 12h 10min, 11 de Junho de 1996, acontece a explosão. Forte estampido é ouvido em toda a região. No interior do shopping Osasco Plaza, o piso se levanta atingindo em um ponto 3m de altura. O teto da praça de alimentação desaba. O local mais atingido foi a praça de alimentação. Com o impacto da explosão é rompida a laje do piso do shopping. A área atingida chega a 2.000 metros quadrados. formando um "L" no corredor de passeio na frente das lojas, praça de alimentação e cinemas.
No momento da explosão estima-se que pelo menos 2 mil pessoas estavam circulando no shopping.

CAUSA:
A hipótese mais provável é de que um vazamento de gás acumulou sob o piso do shopping. A faísca para detonar a explosão teria surgido do motor do fosso do elevador.
A tubulação do gás é subterrânea a partir do depósito de botijões que fica do lado de fora e lado oposto da explosão. A tubulação segue por um corredor de serviços sob o piso do shopping (o prédio possui um caixão perdido, variando a altura de 30 cm a 1m). A função do caixão perdido é nivelar a laje do piso.

DANOS MATERIAIS:
■ destruição parcial do sistema elétrico e de ar condicionado do shopping, de lojas.
■ 21 lojas foram atingidas no acidente.
■ 1.600 pessoas trabalhavam no local antes da explosão.
■ 500 toneladas de entulho foram retirados do local dois dias depois do acidente.

SEGURO:
O shopping possui apólices contra incêndio e explosão, lucros cessantes (para lojistas) e de responsabilidade civil geral.

VÍTIMAS:
42 mortes, 160 pessoas feridas, sendo 57 graves, 18 com média gravidade e 85 leves. Parte dos feridos recebeu tratamentos e cirurgias.

SOCORRO:
Entre bombeiros, Polícia Militar, soldados do Exército e a população, mais de 1.000 pessoas ajudaram a socorrer as pessoas atingidas pela explosão.

INDÍCIOS DO INCIDENTE
Devido ao vazamento o consumo de gás do shopping aumentou consideravelmente, mas nada foi feito para verificar o problema. A segurança do shopping notificou a gerencia sobre o forte cheiro de gás no shopping pelo menos 15 dias antes da explosão.

INQUÉRITO: LAUDO PERICIAL
O laudo do Instituto de Criminalística de Osasco (IC) concluiu:
■ A explosão ocorreu devido ao vazamento em uma tubulação de gás desativada, que no projeto original deveria estar sob a loja 174, onde seria a lanchonete Jig’s.
■ A lanchonete mudou para um local onde haveria maior movimentação de clientes e houve necessidade de alterar o projeto original. A tubulação foi vedada, colocada no vão livre e sem ventilação. Como o material de vedação era inadequada, houve vazamento, que resultou na explosão.
■ A tubulação também estava instalada sob o contrapiso, quando o correto seria estar dentro do contrapiso.
Segundo os peritos do IC, o vazamento ocorreu na área próxima aos elevadores do prédio. A explosão foi causada por apenas 7 quilos de GLP, um pouco mais da metade de um botijão de 13 quilos. Obs: 01 kg de gás (GLP) equivale a 13 kg de dinamite

REFORMA DO SHOPPING:
121 dias foi tempo que durou a reforma

ESTIMATIVA DOS PREJUÍZOS
Danos materiais - R$ 3.000.000,00 (3,1 milhões de dólares)
Custo da reforma - R$ 4.000.000,00 pago pela Itaú Seguros (4,1 milhões de dólares)

DADOS DA ATIVIDADE DO SHOPPING EM 1996
Lojas-193
Cinemas-02
Área bruta locável -11.861 m2
Área total do terreno - 27.254 m2
Área total construída - 23.014 m2
Vagas para automóveis - 594 (fixas)
Funcionários - 1.300
Inauguração - abril/95
Operações com fast food - 25
Consumidores - cerca de 1,5 milhão /mês
Investimento na construção - R$ 20 milhões a R$ 25 milhões (23 a 28 milhões de dólares)
Faturamento mensal - R$ 5.000.000,00 (5,2 milhões de dólares)

INQUÉRITO POLICIAL
400 famílias podem ser indenizadas por perdas e danos, segundo o Ministério Público.
12 volumes é o tamanho do inquérito policial aberto pela Delegacia Seccional de Osasco.
07 pessoas de 3 empresas foram indiciadas no inquérito.

DADOS CRONOLÓGICOS DO PROCESSO JUDICIAL


10.06.98 - Explosão completa 2 anos sem punições em Osasco.
Dois anos após a explosão do Osasco Plaza Shopping, não há nenhuma decisão definitiva da Justiça a respeito de indenização das vitimas ou punição dos culpados. No momento, há 82 processos contra o shopping e as construtoras na Justiça. Em um deles, penal, o Ministério Público (MP) apresentou denúncia contra sete acusados de serem os responsáveis pela explosão.

10.03.1999- Empresa terá de indenizar vítima do Osasco Plaza
Os pais da adolescente Ana Paula de Oliveira, de 17 anos, que sofreu fratura exposta do fêmur direito na explosão do Osasco Plaza Shopping vão receber indenização por danos morais e materiais. A decisão do Tribunal de Justiça é a primeira proferida sobre a tragédia de 11 de junho de 1996.
A 2ª Câmara de Direito privado, por 3 a 0, condenou a B-7 Participações S.A., dona do shopping, a pagar aos funcionários públicos Alcindo de Oliveira, e sua mulher, Ana Maria Valentim de Oliveira, R$ 22,5 mil, com juros e correção monetária, por danos morais.
Por danos materiais, o casal deve ser reembolsado imediatamente em R$ 72,5 mil, correspondentes às despesas com remédios e tratamento médico. A B-7 deverá ainda pagar os gastos futuros com o tratamento de Ana Paula.

18.06.1999 - Justiça manda Osasco Plaza indenizar vítimas - Shopping perde recurso e deve desembolsar US$ 20 milhões, segundo cálculos do MP
A 4.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça confirmou por maioria de votos sentença de primeira instância que manda indenizar todas as vítimas da explosão no Osasco Plaza Shopping, em 11 de junho de 1996.
A decisão tem efeito coletivo, pois é proferida em ação civil pública proposta pelo Ministério Público. Abrange todas as vítimas, bem como parentes. Eles deverão ser ressarcidos dos prejuízos morais e materiais. Só não serão beneficiados aqueles que já fizeram acordos com o shopping, ou estão movendo na Justiça ações individuais.
O Ministério Público calculou em mais de US$ 20 milhões os prejuízos a serem ressarcidos. O cálculo será feito caso a caso, na execução da sentença, por meio de perícia, levando em conta os prejuízos individuais por danos morais e materiais.

Acordos
A Assessoria de Imprensa do shopping disse que a B7 Participações iniciou voluntariamente há oito meses o processo de negociação e indenização às vítimas. Isso só foi possível após negociação com a seguradora, que liberou a verba relativa à apólice de responsabilidade civil do acidente, antes das decisões judiciais. Até o dia 31 de maio, foram efetuados 77 acordos indenizatórios, o que representa R$ 3,674 milhões.
Os acordos obedeceram a “uma postura social, sem que isso represente, de forma alguma, uma admissão de culpa pelas causas do acidente”, segundo a assessoria. Também foi montada uma central de atendimento às vítimas. Até 31 de maio foram atendidas 113 vítimas, com gasto de quase R$ 3 milhões.

26.09.1999 - Donos do Osasco Plaza tiveram recurso negado e terão de indenizar
vítimas de explosão que matou 42 em 96 .Tribunal mantém condenação de shopping
O Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo confirmou, por unanimidade, a decisão de primeira instância que manda os donos e administradores do Osasco Plaza Shopping indenizar familiares e vítimas da explosão que matou 42 pessoas e feriu 472 em junho de 96. As indenizações, que ainda não foram calculadas, podem ultrapassar os US$ 20 milhões, segundo estimativa do Ministério Público.
No recurso, a defesa alegou que não podia ser aplicado ao caso o Código de Defesa do Consumidor, no qual foi baseada a ação, por não haver remuneração direta ao shopping por parte dos clientes.
A decisão tem efeito coletivo, pois foi proferida em ação civil pública proposta pelo Ministério Público. Ela se estende a todos os parentes e vítimas da explosão.
Só não serão beneficiados aqueles que já fizeram acordos com o shopping ou aqueles que estão movendo ações individuais.

Shopping – Inocente das acusações
O shopping alega nos diversos processos que é inocente das acusações. Segundo seus advogados, o shopping também seria vítima dos problemas de construção do prédio e da falta de fiscalização da companhia de gás, que seriam responsáveis pelo vazamento que causou a explosão.
O advogado do shopping, Arnaldo José Pacífico, afirmou que, por meio da seguradora Itaú, cerca de 70 vítimas já foram indenizadas, totalizando R$ 3,5 milhões.

24.08.1999- Juiz condena 5 por explosão em shopping -Dono e administrador do Osasco Plaza receberam as penas mais altas, de 8 anos de prisão
O juiz Cláudio Antônio da Silva Marques, da 2.ª Vara Criminal de Osasco, condenou cinco acusados pela explosão que destruiu parcialmente o Osasco Plaza Shopping, em 11 de junho de 1996, matando 42 pessoas e ferindo 352. O dono do shopping, Marcelo Marinho Zanoto, e o administrador do empreendimento, Antônio das Graças Fernandes, receberam as penas mais altas, de 8 anos de reclusão, em regime fechado.
Os demais condenados eram funcionários, na época do acidente, da construtora Wysling Gomes, responsável pela obra do Plaza. O engenheiro Rubens Molinari, o engenheiro-residente Edson Poppe e o gerente de projetos Flávio de Camargo receberam penas de 2 anos, em regime aberto.
Os cinco indiciados julgados poderão recorrer da sentença, em liberdade, ao Tribunal de Justiça (TJ) do Estado. Como não há questões constitucionais envolvidas, caberá ao TJ a palavra final sobre o caso. “Se houver recurso, o TJ deve pronunciar-se em, no máximo, um ano e meio”, acredita Silva Marques.

25.08.1999- Vítimas de explosão não foram indenizadas - Pagamento foi ordenado pela Justiça em junho; houve 91 acordos, segundo o Osasco Plaza
Ainda não foram pagas as indenizações determinadas pela Justiça às vítimas e parentes de pessoas mortas na explosão do Osasco Plaza Shopping, em 11 de junho de 1996, que deixou 42 mortos e mais de 300 feridos. A condenação do shopping e da empresa B-7 Participações, em primeira instância, confirmada pela Justiça em 24 de junho, ordena a indenização de todos. Quem já tem ação individual não pode usar essa sentença.
As empresas recorreram da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STF). E é preciso que cada vítima abra um processo para que um perito calcule o valor a ser pago. Não há prazo legal para isso.
“A indenização terá como base o cálculo do perito e o que é pleiteado pelas partes”, disse o promotor Fábio Luís Machado Garcez, da Justiça do Consumidor de Osasco. Segundo o MP, as indenizações de todas as vítimas somariam cerca de US$ 20 milhões.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Osasco Plaza, até 31 de julho a B-7 Participações fechou, por conta própria, 91 acordos com vítimas, no total de R$ 4.534.766,83.

11.06.2000 - Dor ainda tortura Osasco, quatro anos depois - Vítimas de explosão em shopping enfrentam seqüelas e abandono
A estudante Taluana Guazelli entrou no Osasco Plaza Shopping, há quatro anos, para tomar um lanche, pouco depois do meio-dia. Faltavam apenas 20 dias para que completasse 14 anos. Mas uma explosão provocada por vazamento de gás acabou com seus sonhos de se formar em antropologia ou astronomia. Com sua morte, começava um drama familiar, que continua até hoje. Morreram 42 pessoas no local.
A mãe de Taluana, a professora Jussara Aparecida Guazelli de Andrade, de 37 anos, sobrevive tomando um coquetel de tranqüilizantes e antidepressivos.
"Minha vida acabou com a morte de minha única filha", diz. "Não vou a festas nem à praia, como fazia antes." Jussara está de licença, em tratamento psiquiátrico.

Vizinha
Vizinha da família de Taluana, Maria José Pedro, de 44 anos, chora e tem dificuldades para dormir. Ela não se conforma com a morte da filha Adriana dos Santos Pedro, de 16. "Ela era tudo para mim". Adriana era balconista e ajudava a manter a casa e a cuidar dos dois irmãos.

Elienai Paulina Flores Ferreira, de 23 anos, há quatro anos entrou no shopping para comprar um livro para fazer um trabalho escolar. Hoje, depois de amputar a perna direita e ser submetida a oito cirurgias, só se locomove numa cadeira de rodas, tem crises nervosas e é obrigada a tomar comprimidos para dormir, enfrentar dores e a depressão.
Em setembro, deve colocar uma prótese e, em breve, fará um implante dentário, pois os remédios danificaram as raízes de seus dentes. "Com anos de terapia, estou melhorando e espero superar meu drama".
Abandono
Os traumas repetem-se na maioria das famílias das 42 pessoas que morreram no acidente e das 160 que se feriram, 57 delas gravemente. Algumas sofreram amputação de membros ou ficaram paralíticas.
Mas não é só a dor pela perda de um parente ou por causa dos ferimentos.
Várias mulheres mutiladas foram abandonadas pelos maridos ou namorados. Pais deixaram filhos. Outras vítimas se queixam de terem sido enganadas pelos advogados nos acordos firmados com a direção do shopping. Maridos ficaram sozinhos para cuidar dos filhos. Poucos concordam em falar de seus dramas e dos acordos financeiros que fizeram com o Osasco Plaza.

Processos
Em conseqüência do acidente, foram abertos dois processos: um criminal e outro civil, movidos pelo Ministério Público.
No primeiro, o diretor-comercial e sócio do shopping, Marcelo Zanotto, e o administrador, Antônio das Graças Fernandes, foram condenados a 8 anos de reclusão e recorreram. Dois engenheiros e um funcionário da Construtora Wysling Gomes foram condenados e também recorreram. Na ação civil, o shopping foi condenado a pagar indenizações em 1ª e 2ª instâncias e recorreu.

11.06.2000 - Shopping informa que gastou R$ 11 milhões com vítimas - Valor inclui indenizações, contas, transporte e doações a parentes
O Osasco Plaza Shopping gastou, em quatro anos, quase R$ 11 milhões com o pagamento de indenizações, contas de água, luz e prestações atrasadas, além de transporte para as vítimas e suas famílias e doações de cestas básicas, conforme boletim divulgado à imprensa pelo shopping. Após o acidente, o Plaza criou a Central de Assistência às Vítimas, com a finalidade de atender, de "maneira voluntária e humanitária", as famílias que desejassem ser assistidas.

"Há um ano e meio, o shopping iniciou, de maneira espontânea, o pagamento das indenizações, fato inédito em acidentes desta natureza", diz Guilherme Meirelles, assessor de Imprensa da administradora do Plaza. "Isso foi possível após a liberação da parcela de R$ 3 milhões da Itaú Seguro, antes mesmo de a Justiça ter dado a sentença definitiva".
Até o dia 31 de maio foram fechados 143 acordos com 110 famílias, dos quais 39 relativos às 42 mortes e cerca de 85% dos casos graves, o que resultou no valor total de R$ 7.352.118,83. "Somados ao auxílio humanitário, em quatro anos foram gastos R$ 10.727.365,66".

Pressões
Algumas vítimas garantem que, embora não desejassem, assinaram os acordos por não suportarem as pressões. "Foi um tortura psicológica", desabafa Elienai Paulina Flores Ferreira, que aceitou um acordo no valor de R$ 214 mil. "Eram reuniões e mais reuniões, discussões que fizeram com que eu chegasse ao meu limite; foi um inferno".
"Outros aceitaram os acordos por causa da precariedade financeira", afirma Sandra Nogueira, do Movimento de Apoio às Vítimas. Segundo ela, mães com filhas incapacitadas na cama, sem marido ou apoio de ninguém, aceitaram receber uma "miséria". Sandra não é parente de nenhuma das vítimas.

Negativa
Marcelo Zanotto, diretor-comercial e sócio do Osasco Plaza, nega que o shopping tenha exercido qualquer pressão para que as pessoas assinassem os acordos. "Não obrigamos ninguém". De acordo com Zanotto, muitos dizem que sofreram pressões "para se justificarem perante amigos e parentes que são contrários a qualquer tipo de acordo".
Ele diz que os valores acordados "foram condizentes com os que seriam determinados pela Justiça ao cabo de um processo demorado".

30.06.2001 - Vítimas de explosão em shopping acionam Ultragaz
Cinco anos depois da explosão do Osasco Plaza Shopping, em Osasco (SP), a Companhia Ultragaz é alvo de várias ações de familiares e vítimas do acidente, muitos deles, inclusive, com acordos de indenização já fechados com a administradora do empreendimento, a B. Sete Participações. Um total de 24 ações foram apresentadas na capital paulista contra a empresa, fornecedora do gás causador da explosão, que matou 42 pessoas e feriu 352.
Pelo laudo elaborado pelo Instituto de Criminalística da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo, a explosão ocorreu em virtude de vazamento na rede interna, por acúmulo de gás no vão livre existente entre o piso e o solo.

Nas ações já julgadas improcedentes em primeira instância, entretanto, os juízes entendem que a rede interna não era de responsabilidade da Ultragaz. A juíza da 3ª Vara Cível de São Paulo, Lília Lúcia Pellegrini Venosa, argumenta, no processo ajuizado por Juliana Guimarães Toledo, que o artigo 4º da Portaria nº 16/91 deixa claro que a companhia é responsável pela central de gás, 'que não se confunde com a instalação de distribuição'. 'Foi o shopping quem contratou a empresa responsável pela construção e instalação da rede interna de gás, sem que tenha a requerida (Ultragaz) participado ou se obrigado a participar de tal construção', diz a juíza em sua decisão. E vai mais além: 'Entendendo-se, diversamente, a Sabesp, a Eletropaulo e a requerida seriam responsabilizadas por serviços imprestáveis em quaisquer obras.'

'A central de gás, que era a responsabilidade da Ultragaz, mesmo depois da explosão, continuava lá intacta', diz o advogado Rodrigo Barcellos, do escritório Barcellos, Tucunduva, Cesar de Moraes, Flaibam, Figueiredo e Heemstede Advogados Associados, que defende a companhia de gás. Os advogados do escritório responsável por 21 das 24 ações ajuizadas, agora, não quiseram comentar o assunto.
A seu favor ainda, a Ultragaz alega que não figura como ré na ação civil pública movida pelo Ministério Público de São Paulo contra a proprietária do shopping, a administradora B7 Participações e os sócios desta empresa, tramitando hoje no Superior Tribunal de Justiça. 'O que comprova que a Ultragaz não é culpada da explosão', diz o advogado.
Além disso, para combater a avalanche de ações, argumenta que muitos dos autores das 24 ações já receberam indenizações da administradora do shopping. 'Os autores querem receber duas indenizações pelo mesmo fato, o que é impossível', diz Barcellos, alegando que os autores de pelo menos 20 processos estão nesta situação.
'A boa-fé processual exigia que os autores revelassem a existência do acordo', diz o advogado que defende a Ultragaz. 'Eles não poderiam pleitear nova indenização, independente da companhia de gás ter culpa ou não pela explosão', afirma o advogado Ricardo Leitão.

Até 30 de junho, a administradora do shopping, segundo o seu advogado, Arnaldo José Pacífico, fechou 175 acordos de indenização, pagando R$ 8,5 milhões, que se somado ao que foi gasto com assistência social (saúde, auxílio e transporte) após o acidente, eleva o montante a R$ 12 milhões.
Osasco Plaza
Ações contra o shopping – 220
Número de acordos – 175
Total de indenizações – R$ 8,5 milhões
Fonte: Osasco Plaza Shopping – até 30 de junho 2001

14.06.2010- Explosão em shopping de Osasco completa 14 anos; relembre
Era véspera do Dia dos Namorados e o Osasco Plaza Shopping estava lotado. Há exatos 14 anos, uma violenta explosão em um espaço vazio, uma espécie de falso porão, que ficava abaixo do térreo do shopping, fez o piso levantar e o concreto cair sobre as pessoas.
Os primeiros feridos foram retirados por pessoas que ouviram o estrondo. Bombeiros e ambulâncias chegaram logo depois. Mais de 200 feridos lotaram rapidamente os cinco hospitais da região. Centenas de pessoas acompanharam o trabalho dos bombeiros, policiais e funcionários da Prefeitura de Osasco. Mais de mil homens do Exército também se juntaram à equipe de resgate.
A perícia depois comprovou que o vão entre o solo e o piso não tinha ventilação. O acidente causou uma briga entre a construtora e a administração do shopping. O advogado da construtora chegou a afirmar que havia ligações clandestinas de gás dentro do estabelecimento, apontando como causa para a explosão. O advogado do shopping rebateu as críticas. O laudo apontou uma série de falhas, inclusive roscas e vedações inadequadas nas tubulações. O documento mostrava ainda que o erro fundamental foi a localização das tubulações de gás, debaixo do piso, o que não estava previsto no projeto.
Meses depois, o seguro do shopping pagou pela reforma, que custou R$ 4 milhões. Além de cinco meses com as lojas fechadas, os comerciantes tiveram que arcar com as despesas dos funcionários. Muitos perderam tudo na explosão. No final de novembro de 1996, o shopping reabriu e muita gente foi conferir a inauguração.

Três anos depois do acidente, a Justiça de São Paulo condenou cinco pessoas pela explosão: o diretor comercial do shopping Marcelo Marinho Zanotto, o engenheiro de segurança Antônio das Graças Fernandes e os engenheiros da construtora Rubens Molinari, Edson Pope e Flávio Camargo. Em 2005, quase dez anos depois da explosão, o Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu os quatro engenheiros e o administrador que eram acusados de negligência.

Fontes: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Gazeta Mercatinl e G1 SP – 12 de junho de 1996 a 11 de junho de 2010

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terça-feira, junho 15, 2010

Eletricistas morrem em acidentes em rede de alta tensão

Dois eletricistas de Umuarama, a 170 quilômetros de Maringá, Paraná, morreram, na tarde de quarta-feira, 21 de abril de 2010, em um acidente de trabalho em uma rede de alta tensão. Os dois estavam em cima de um poste e receberam uma descarga elétrica de 34 mil volts. Um terceiro trabalhador, que estava no chão, se feriu e está hospitalizado

Resgate
Companheiros de trabalho foram quem prestaram os primeiros socorros às vítimas, porém, Valter e Jair já chegaram mortos ao hospital.

Vítimas:
Os dois eletricistas Valter e Jair tiveram mortes instantâneas. Freitas que trabalhava no solo e também foi atingido na perna, foi levado para o Hospital Cemil, mas passa bem.
Levados para o Instituto Médico Legal (IML), os corpos das vítimas passaram por necropsia ainda durante a tarde. “A causa da morte de ambas às vitimas foi uma parada cardio-respiratória por eletroplessão. No caso do Valter, constatamos que a descarga entrou pela axila e saiu pelo pé, e nesses dois locais ele teve uma queimadura de 2º grau.Já durante o exame do Jair, observamos que o choque entrou pelo dedo médio e saiu na coxa, e ele teve uma queimadura de 3º grau”, explicou o IML.

O acidente
Cerca de 40 funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços à Copel, trabalhavam desde cedo na instalação de uma rede de alta tensão, de um novo bairro situado às margens do Lago Aratimbó quando o acidente ocorreu. Para que o trabalho fosse executado, a energia de bairros vizinhos e até da zona rural foi cortada e seria religada após o comando de um fiscal.
Segundo informações, o religamento da rede estava programado para as 15h, e seria realizado pela central da Copel, em Maringá. Porém, a rede foi religada antes, quando os trabalhadores ainda prestavam serviços na rede. De acordo com Antonio Silva Pereira, dono da empresa Hagap onde as vítimas trabalhavam, a única certeza é que a rede elétrica foi energizada antes do horário programado e pegou os operários de surpresa.

Investigações
Apesar de muita especulação sobre os culpados pelo acidente, as informações ainda são escassas e cautelosas. Após o fato, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar as causas do acidente e de acordo com a delegada Ana Cristina Ferreira da Silva, testemunhas serão intimadas nos próximos dias para sabermos ao certo o que aconteceu.

O gerente da Copel em Umuarama, Gilberto Nagano informou que a empresa iniciou uma investigação interna para apurar o que ocorreu. Nós não temos intenção nenhuma de esconder a verdade, porém precisamos investigar ao certo o que ocorreu lá no local. Ainda de acordo com Nagano, técnicos da Copel de Maringá virão à cidade nos próximos dias para realizar uma perícia no local e verificar onde ocorreu a falha. Não é algo simples, ocorreram mortes, feridos. É algo mais complexo. Como sempre, em qualquer tipo de acidente, estamos iniciando uma investigação para apurar os fatos, concluiu.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Eletricistas em Umuarama, Marcos Antônio Beraldo, o caso também será acompanhado de perto pela entidade, do qual uma das vítimas, Jair, era diretor. Nós queremos saber as causas do acidente, que matou dois companheiros nossos. Precisamos saber se foi negligência das empresas ou se o erro foi humano. Porém, nós sabemos que as empresas investem muito em segurança, então nós acreditamos numa falta de comunicação entre alguém daqui e alguém da central, em Maringá, opinou.

Fontes: A Tribuna do Povo - Umuarama, 23 de abril de 2010, Umuarama Ilustrada - 23 de abril de 2010, Gazeta do Povo – 22 de abril de 2010

Comentário
A certeza: O dono da empresa onde as vítimas trabalhavam a Hagap, Antonio Silva Pereira, diz que a “única certeza é que a rede elétrica foi energizada antes do horário programado e pegou os operários de surpresa”. O horário previsto para religar a rede era às 15h, porém, ela foi religada as 14h50. Os trabalhadores já haviam informado que o serviço iria atrasar uns 15 minutos do horário previsto.

Houve falha na permissão de trabalho e checagem de religamento do sistema de energia: A central da Copel não poderia ser o elemento de autorização final de religamento do sistema de maneira automática. O pessoal de campo sabia que as 15 h a central religaria o sistema.

Poderemos analisar esse acidente quanto à permissão de trabalho, isto é, programas de bloqueio.
O que diz um programa de bloqueio: São programas indicados para identifica, isolar e controlar fontes perigosas de energia e material que pode desfavoravelmente afetar a segurança pessoal durante a operação de equipamentos, manutenção ou modificações.
Como o serviço era amplo, com 40 trabalhadores, em áreas distintas e distantes, a Concessionária funcionaria como a Central de Controle de Segurança do Serviço
Este tipo de controle é geralmente nas instalações de energia nuclear, onde o sistema altamente integrado e riscos significativos exigem que as atividades da instalação sejam controladas por um grupo de operação ou outro grupo com conhecimento da operação.

A principal característica da central de controle do sistema de bloqueio de segurança é a autorização de etiquetagem, tipicamente de operação em grupo. Para ser efetivo, esse grupo dever ter conhecimento de todas as atividades de bloqueio/travamento e etiqueta/sinalização, incluindo a remoção do serviço e a restauração do sistema e componentes.

A central de controle etiquetagem/sinalização é essencial para essas instalações, porque a omissão para entender e considerar a interface do sistema, a inter-relação e a exigência da operacionalidade, quando isolando e restaurando sistemas de segurança indicados e componentes, podem resultar na redução na margem de segurança dos limites aceitáveis e fracassa em manter seguro as áreas limites de trabalho.
Procedimento correto
■ Cada trabalhador de campo é responsável liberar o seu serviço,
■ O supervisor de campo é responsável para checar o serviço para restabelecer a energia elétrica.
■ A concessionária é responsável pelo sistema redundante de segurança, checar e verificar com os responsáveis se todos os serviços foram liberados pelos respectivos trabalhadores de campo.

Quase todos os eventos de bloqueio e etiqueta são evitáveis. Segundo o Departamento de Energia, Segurança e Saúde dos Estados Unidos, a principal causa freqüente destes eventos foi atribuída ao controle de procedimentos (67 por cento).

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sábado, junho 12, 2010

McDonald's faz recall de copos de vidro devido ao risco potencial de cádmio

A Comissão de Segurança de Produtos dos EUA (CPSC,Consumer Product Safety), em cooperação com a empresa de fast food McDonald's anunciou recall voluntário da seguinte consumidor produto. Os consumidores devem parar de utilizar os produtos retirados imediatamente, exceto instruído. É ilegal vender ou tentar vender um produto de consumo com recalll.

Nome do produto: "Shrek Forever After 3D" copos de coleção
Unidades: Cerca de 12 milhões

Fabricante: ARC International, de Millville, NJ, EUA.
Distribuidor: McDonald's Corp, Oak Brook, Illinois

Perigo: Os desenhos nos vidros contêm cádmio. A exposição prolongada ao cádmio pode causar efeitos adversos à saúde.

Incidentes / Lesões: Nenhum relatado.

Descrição: O "Shrek Forever After 3d" copos colecionáveis de vidro em quatro modelos. A linha de quatro copos de vidro é parte da campanha promocional do filme "Shrek para Sempre". São quatro desenhos diferentes, com os personagens Shrek, Fiona, Gato n 'Boots, e Donkey.

Vendido exclusivamente em: restaurantes por todo o país a partir de maio 2010 até junho de 2010 por US$ 2.

Recomendação: McDonald's solicitou aos consumidores que parem imediatamente de usar os copos por precaução e devolvê-los para qualquer McDonald's para reembolso de US $ 3 cada.

PERIGO:CÁDMIO
O cádmio é um conhecido cancerígeno e pesquisas mostram que ele também pode causar enfraquecimento dos ossos e problemas sérios nos rins.
No caso dos copos do Shrek, o perigo seria a exposição de longo prazo a baixos níveis de cádmio, que pode se soltar da tinta. O produto pode cair na mão da criança que, ao pôr a mão na boca, pode levar o metal tóxico para o organismo.
O cádmio pode ser usado para criar vermelhos e amarelos na tinta. O porta-voz do Mc Donald's nos EUA, Bill Whitman, disse que um pigmento na tinta dos copos continha cádmio.
- Uma pequena quantidade de cádmio pode chegar à superfície do vidro e, para ser o mais seguro possível para crianças, o CPSC e o Mc Donald's trabalharam juntos nesse recall - disse.

BRASIL
No Brasil, a assessoria de imprensa do McDonald's informou que os produtos que são alvos do recall nos EUA não são vendidos no país. Atualmente, a rede mantém uma promoção de copos no Brasil, mas os fornecedores são diferentes, os copos não são pintados Os copos da Coca-Cola que fazem parte da promoção atual da rede no país são produzidos com vidro colorido e não são pintados, como na promoção norte-americana.

Fonte: CPSC - Consumer Product Safety

Comentário:
O cádmio é um elemento de vida biológica longa (10 a 30 anos) e de lenta excreção pelo organismo humano. O órgão alvo primário nas exposições ao cádmio a longo prazo é o rim. Os efeitos tóxicos provocados por ele compreendem principalmente distúrbios gastrointestinais, após a ingestão do agente químico. A inalação de doses elevadas produz intoxicação aguda, caracterizada por pneumonite e edema pulmonar. O efeito tóxico do cádmio em seres humanos tem sido cuidadosamente pesquisado e classificado como substância carcinogênica.
A exposição ao cádmio nos humanos ocorre geralmente através de duas fontes principais:
■ via oral (por água e ingestão de alimentos contaminados),
■ inalação.( aerossóis, poeiras e fumos, absorção estimada em 0,1 a 50%; influenciada pelo tamanho e propriedades químicas), sendo esta a principal via de absorção.
Um vez absorvido, o cádmio é transportado pela corrente sanguínea até o fígado, onde se une a uma proteína de baixo peso molecular. Pequenas quantidades desse complexo proteina-cádmio passam continuamente do fígado para a corrente sanguínea, para ser transportado até os rins e filtrado através dos gromérulos, para posteriormente ser reabsorvido e armazenado nas células tubulares dos rins.
O cádmio entra na corrente sanguínea por absorção no estômago ou nos intestinos logo após a ingestão do alimento ou da água, ou por absorção nos pulmões após a inalação. Muito pouco cádmio entra no corpo através da pele. Usualmente só é absorvido pelo sangue aproximadamente 1 a 5% do cádmio ingerido por via oral, entretanto é absorvido de 30 a 50% quando inalado Este último órgão excreta de 1 a 2% do cádmio obtido diretamente das fontes ambientais. A concentração do metal nos rins é aproximadamente 10 mil vezes mais alta que a da corrente sanguínea. A excreção fecal do metal representa uma mínima quantidade do cádmio não absorvido no sistema gastrointestinal. Por outro lado, se estima que a vida biológica do cádmio nos humanos varia de 13 a 40 anos.

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quarta-feira, junho 09, 2010

Riscos na operação de empilhadeiras

CENÁRIO DE UM ACIDENTE
O operador estava a conduzindo uma empilhadeira no armazém quando, numa curva, a empilhadeira se desequilibrou e tombou para o lado esquerdo. O operador saltou da empilhadeira mas foi atingido pela empilhadeira na queda.
Não foram encontrados quaisquer indícios de manchas de óleo ou outros produtos escorregadios no chão e nem nas rodas da empilhadeira.
A empilhadeira possuía cinto de segurança, mas não estava sendo utilizado pelo operador no momento da queda.
O operador trabalhava há 3 anos na empresa e tinha experiência de 15 anos em empilhadeira.
Testemunhas relataram que a empilhadeira se desequilibrou devido ao excesso de velocidade. Era prática comum dos operadores não usarem os cintos de segurança devido à troca constante das empilhadeiras entre os diversos setores do armazém. "O operador ficou gravemente ferido e teve as duas pernas amputadas do joelho para baixo".

Figura 1 – Análise de árvores de falhas do acidente

Ao analisar este acidente através da figura 1, rapidamente se verificam duas raízes alimentadoras do acidente do operador:
■ a falta de treinamento relativo aos riscos que ocorre com um operador de empilhadeira e
■ o ritmo de trabalho imposto pela empresa
Quanto a este último, a sua análise pode decompor-se em vários outros assuntos, passíveis de serem estudados por consultores logísticos. Aqui importa analisar o fato da maioria dos operadores de empilhadeira em Portugal não possuírem um certificado de aptidão profissional ao contrário do que acontece nos restantes países europeus.
Como se poderá verificar existem procedimentos específicos, regulamentados pelas instituições governamentais desses países, que mantém o controle sobre correta e contínuo treinamento e habilitação dos operadores de empilhadeira.
Antes de se caracterizar a dimensão do problema com este tipo de acidentes, das vantagens do treinamento, habilitação e das razões para a inexistência em Portugal destas praticas é necessário caracterizar a máquina em questão.

EMPILHADEIRA
A indústria moderna está cada vez mais dependente dos movimentos rápidos e eficientes de todo o tipo de materiais inerentes aos locais de produção, distribuição, armazena­gem. Está também dependente do sistema de transportes macro relativo à frota rodoviária, aérea, naval e ferroviária. Também o sistema de transportes micro, relativo ao movi­mento de materiais dentro das instalações se torna essencial nesta longa cadeia logística de movimentação de mate­riais. Existem empilhadeiras, nas mais variadas formas, capacidades e pesos. Podem ter menos de 1 tonelada (movimentando pequenos paletes) e ir até 80 toneladas (movimentando contentores portuários).

As empilhadeiras foram evoluindo de modo a adaptarem-se às várias necessidades impostas pela indústria e assim variam radicalmente de um ramo de indústria para outro. A sua versatilidade é enorme, visto haver um vasto conjunto de implementos especiais que transformam a empilhadeira num mecanismo que se adapta a enormes rolos de papel, contentores, lingotes etc.

No entanto uma definição possível seria dizer que é um veiculo propulsionado por energia mecânica, elétrica ou manual que incorpora um mecanismo que eleva e transporta bens através de garfos, plataformas ou quaisquer outros acessórios destinados a esse fim.

As empilhadeiras são por inerente perigo­sas. Tem uma massa enorme, uma estrutura rígida e resistente e operam tipicamente junto a outros trabalhadores. Adicionalmente, as cargas são movimentadas simplesmente suportadas nos garfos de modo que não estão presas ao veículo -dependendo assim de efeitos de gravidade e estabilidade.

Se a isto associarmos a típica noção de que se conduz como um carrinho de choque devido ao seu tamanho compacto, ainda conseguimos subestimar o enorme risco que representam. A empilhadeira é um veiculo pesado.

Numa empilhadeira mais usual, frontal contrabalançado com capacidade de carga para 2500 kg e seu peso é de 3 toneladas, perfazendo assim , carregado com uma carga de quase 6 toneladas. Se os compararmos com o peso da média dos carros médios (1400 kg) verificamos que são cerca de quatro vezes mais pesados.

OS ACIDENTES COM EMPILHADORES
Desde o advento da mecanização, particularmente depois da II Guerra Mundial, o trabalho manual referente à elevação e transporte de cargas foi sendo gradualmente substituído por máquinas. A mais corrente e bem sucedida máquina de trabalho tem sido a empilhadeira.
Com esta mudança no modo como se elevam e transportam as cargas veio também uma mudança no padrão das lesões ocorridas no trabalho, reduziram-se às lesões associadas à movimentação manual e aumentaram as associadas com o uso de equipamento mecanizado.
Internacionalmente, ao longo das últimas décadas, têm sido identificados como grandes contribuintes para a lista de acidentes graves e fatais. Na maioria dos casos, as lesões não envolveram os operadores das empilhadeiras mas em presença dos trabalhadores adjacentes.

Numa vasta análise aos acidentes graves ocorridos entre 1984 e 1991 nos EUA, a partir dos relatórios de investigação dos acidentes com empilhadeiras, a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) conseguiu determinar as causas apontadas para que os acidentes tenham ocorrido.


* O relatório da OSHA registra apenas os acidentes graves que devido
a sua severidade, exige outros relatórios mais completos para analisar
as causas e violações das normas.

A OSHA estima em 68.4000 acidentes de empilhadeiras que ocorrem por ano.

Segundo a OSHA, a maioria destes acidentes foram provavelmente causados por treinamento insuficiente. Quando um veículo tomba, isto pode ser resultado do operador não ter noção de como se consegue o equilíbrio de uma carga.

Num armazém central (central de distribuição) ou numa doca de carga, a movimentação de um veículo industrial em média por ano ultrapassa a milhares de vezes por ano, gerando um potencial de risco elevado, se o operador não tiver treinamento adequado dos riscos que envolvem a movimentação e transporte de mercadorias através de empilhadeira.













FATORES QUE CAUSAM ACIDENTES COM EMPILHADEIRAS

Fatores de organização do trabalho que contribuem para acidentes com empilhadeiras

■ Falta de treinamento ou treinamento inadequado dos trabalhadores que têm a função de operar as empilhadeiras.
■ Fatores de produção (aumento da carga de trabalho, sem verificar as condições dos equipamentos, da logística e dos trabalhadores), ocasionando aumento de velocidade das empilhadeiras ou stress dos operadores
■ Falta de ferramentas adequadas (fixação e acessórios)
■ Atribuição inadequada de tarefas para os operadores e empilhadeiras
■ Manutenção inadequada das empilhadeiras
■ Vida útil das empilhadeiras

Fatores operacionais e de procedimentos que podem contribuir para acidentes com empilhadeiras

■ Manobras inadequadas, acima do limite técnico
■ Giro inadequado
■ Sinal de advertência sonoro inadequado indicando movimentação de empilhadeiras
■ Comunicação deficiente durante execução de tarefas em conjunto ou em espaço compartilhado
■ Conduzindo ou carregando pessoas na empilhadeira ou na carga
■ Estacionamento inadequado da empilhadeira
■ Utilização inadequada dos freios para efetuar manobras ou cavalo de pau
■ Dirigindo de maneira errante, fazendo brincadeiras, etc
■ Executando serviço inadequado com empilhadeira

Como o layout do local de trabalho contribui para acidentes com empilhadeiras
■ Corredores estreitos
■ Corredores abarrotados de mercadorias e desorganizados
■ Cruzamento obstruído
■ Portas obstruídas
■ Volume excessivo de trafego na área
■ Transito e trabalho de pessoal na área da operação de empilhadeira
■ Outras condições desfavoráveis, tais como; ruído, odor, gases tóxicos, pó ou iluminação deficiente.
■ Muitas rampas com diferentes níveis
■ Condição de carregamento da área de doca

Característica da carga que pode criar um risco em potencial
■ Empilhamento inadequado
■ Paletes frágeis
■ Carga muito pesada
■ Carga instável ou bloqueando a visão

Condições mecânicas ou características do projeto da empilhadeira que incrementa o risco de acidentes
■ Mau funcionamento dos freios e da direção
■ Mau funcionamento da embreagem, da caixa de marcha ou da transmissão
■ Mau funcionamento da torre
■ Vazamento do sistema hidráulico ou da transmissão
■ Dispositivos de segurança faltando, inadequado ou funcionando inadequadamente
■ Emissão de poluentes da empilhadeira
■ Ponto cego ou obstrução, bloqueando a visão do operador
■ Painel de controle da empilhadeira deficiente

AS VANTAGENS DA FORMAÇÃO (HABILITAÇÃO, TREINAMENTO)
Num estudo publicado no Journal of Safety Science, Cohen & Jensen (1984) propuseram-se a estudar a eficácia da formação dos programas dirigidos a segurança no manuseamento de empilhadeiras de modo a poderem medir objetivamente os efeitos na performance da operação e nas práticas de segurança.
O estudo intitulado "Medindo a eficiência de um programa de segurança aos operadores de empilhadeira" mostra como a formação aos operadores de empilhadeiras reduziu o número de falhas na operação (nu­mero de operações com falhas sobre o numero total de operações realizadas) e que a formação combinada com feedback ainda reduziu mais a taxa de erros aumentando assim a performance dos trabalhadores.
Os estudos foram conduzidos em diferentes armazéns usando as mesmas técnicas de formação. A formação enfatizava os comportamentos de condução dos operadores que podiam ser medidos, que estivessem relacionados com ocorrência freqüente de acidentes e passíveis de serem modificados durante a formação.

Assim foram identificados e avaliados 14 comportamentos de condução durante os estudos.
Depois dos operadores estarem treinados, houve um decréscimo de 70% na taxa média de erros.
Passaram quase duas décadas sobre este estudo e o trabalho desenvolvido nas máquinas e na formação desde então tem sido constante e progressivo, sempre no mesmo sentido: maximizar a produção tendo sempre em conta a segurança dos trabalhadores.

CONCLUSÃO
Nem todos os erros causam acidentes, mas a maioria dos acidentes é provocada por um ou mais erros. Estes estudos mostram que uma melhor formação reduz os erros dos operadores. Os pesquisadores deste estudo bem como outros especialistas nesta matéria e várias associações governamentais, acreditam que os acidentes são reduzidos na mesma percentagem que os erros que se efetuam na operação.
Para isso é necessário informar aos "operadores" dos riscos que correm e da sua importância na minimização dos mesmos.

Fonte:
Revista Segurança – Portugal – Janeiro/Fevereiro 2003 – A formação dos Condutores de Empilhador - Marco Antonio – Consultor e Formador da Logisformacao/Técnico Superior de Higiene Segurança no Trabalho
Canadian Centre for Occupational Health & Safety -CCOHS
Cohen, H. H. & Jensen, R. c. (1984.. Measuring the effectiveness of an industrial lift truck safety training program. Journal of Safety Research, 15 (3) ( 125-135)

Vídeo
Queda nas docas ou plataforma. Falta de atenção do operador


Video(1)
Acidente em cruzamento


Vídeo(2)
Acidente com garfo levantado


Vídeo(3)
Carga excessiva e falta de estabilidade

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