Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

sábado, agosto 30, 2014

Perigo do cabelo comprido

Um incidente inusitado ocorreu durante a partida de tênis. Na quarta-feira, 27 de agosto, a tenista dinamarquesa Caroline Wozniacki enroscou a cabelo na raquete e não consegui rebater a bola, perdendo o ponto. Como é perigoso o cabelo comprido em qualquer atividade, quando ele está solto. Fonte: UOL - 28/08/2014

Ocorrências
1-A estudante ACL, 12 anos, morreu após sofrer um acidente em uma corrida de kart, no domingo 22 de abril de 2012, no Clube de Kart Alagoas, em Maceió. O cabelo da menina saiu do capacete e ficou preso ao motor e em uma das rodas do veículo, o que provocou fraturas e escalpelamento.
2- Em fevereiro de 2013, a jovem FD, 22 anos, teve o couro cabeludo arrancado num acidente do kart do Beto Carrero World, em Penha. Conforme  boletim médico do hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, ela teve o couro da cabeça reimplantado e passa bem.
3- Uma a mulher sofreu traumatismo craniano após seu cabelo enroscar no motor de um kart, em Kilmarnock, Ayrshire, na Escócia, na pista do complexo de lazer The Garage. A mulher, de 48 anos  deu entrada no hospital Crosshouse, 30 de abril, dia em que ocorreu o acidente, e foi transferida para o hospital Geral Austral. De acordo com o segundo hospital, ela sofreu graves ferimentos na cabeça, lesões no pescoço e corre o risco de ficar com parte do corpo paralisado. O cabelo da mulher teria ficado preso no motor do kart, puxando a sua cabeça para trás bruscamente.
4-Na década de 20 teve um acidente fatal com uma bailarina famosa Isadora Duncan. Ela morreu em um acidente de carro conversível, quando a sua echarpe ficou presa a uma das rodas, estrangulando-a.

Artigos publicados
Bandeira enrosca em corrente de moto e quebra o pescoço do motociclista
Jovem é escalpelada por motor de kart em SC
Mulher tem couro cabeludo arrancado

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sexta-feira, agosto 29, 2014

NBR e o Ato Inseguro

Interessante está circulando em alguns fóruns de segurança na internet, abaixo assinado,  para eliminação do Ato Inseguro, agora na NBR da ABNT, parece que o famigerado  termo politicamente correto já se infiltrou na segurança do trabalho.
Temos de perguntar ao finado trabalhador que termo ele prefere, ato inseguro ou comportamento inseguro ou  falhas ativas ou erros, etc.?
Através da Portaria n° 84/09, o Ministério do Trabalho corrigiu um antigo erro. A expressão “ato inseguro”, contida na alínea “b” do item 1.7 da NR 1, foi retirada da regulamentação, assim como os demais subitens que atribuíam ao trabalhador a culpa pelo acidente de trabalho. Por acaso houve redução dos acidentes pertinentes as falhas humanas?
 Como explica o abaixo assinado; Em 2009, após muitas críticas, debates, protestos e lutas de trabalhadores, o Ministério do Trabalho e Emprego finalmente retirou da legislação de Saúde e Segurança do Trabalho esta que era uma das mais típicas figuras do entulho autoritário: o “Ato Inseguro”. Desde quando o ato inseguro é um entulho autoritário? Deve ser o modismo de engenharia social? Parece que a engenharia no Brasil deixou de ser safe, safety, human engineer, para ser social e preocupar apenas com glossário técnico ou social.
Devemos eliminar também os termos;
1) negligência: desleixo, descuido, desatenção, menosprezo, indolência, omissão ou inobservância do dever, em realizar determinado procedimento, com as precauções necessárias;
2) imperícia: falta de técnica necessária para realização de certa atividade;
3) imprudência: falta de cautela, de cuidado, é mais que falta de atenção, é a imprevidência a cerca do mal, que se deveria prever, porém, não previu.
Enquanto isso no Brasil real, os acidentes acontecem e estão acontecendo enquanto redijo. Daqui a pouco não existe mais pobre no país, tudo mundo é da classe média? Ou a classe média se tornará a pobreza latente? Talvez com a eliminação do Ato Inseguro, acontecerá a mesma coisa, a causa mortis do trabalhador não terá no atestado o entulho autoritário do Ato Inseguro.
“No creo en brujas, pero que las hay, las hay”
Por que esses grupos que estão tão preocupados com a prevenção dos trabalhadores não retiram da NR e CLT os dinosssauros dos adicionais ; periculosidade, insalubridade, etc.  Não existem esses adicionais em país civilizados que praticam a prevenção de riscos. Esses adicionais se tornaram monetização do risco a saúde do trabalhador. É muito pior do que o entulho do Ato Inseguro.
Por acaso sabemos os custos de acidentes por atividades ou ocupações das empresas no país?
Quais são os acidentes mais comuns por ramo de atividade?
Se o profissional quiser aprofundar na área de segurança temos consultar bibliografias estrangeiras, sites, etc. Para obter dados e tentar adaptar a realidade brasileira.
Que tal se preocupar com o nível de escolaridade do trabalhador brasileiro? A maioria tem  menos de 8 anos de estudo.

Alguns comentários que já fiz em alguns fóruns sobre o assunto:

ATO INSEGURO: DEMONIZAR OU EXORCIZAR
Esse problema de ato inseguro em que alguns querem  demonizar ou exorcizar , lembra na década de 80, o método Taylor. O método de Taylor é apenas lembrado como  aumentar carga de trabalho do operário, pois o método através de medições de tempos aferia o tempo gasto por determinado tipo de tarefa. Mas essa aferição fazia parte de um trabalho mais amplo, a organização de tarefa e planejamento de produção. Como fazer um trabalho de modo quase perfeito sem perda de tempo. Mas ele é apenas  lembrado como carrasco do operário. Hoje na área de segurança a ordem de serviço ou um manual técnico, nada mais do que o método do Taylor, como fazer de modo à tarefa  com eficiência sem interrupção no sistema (acidente/falha). Em todas as atividades usamos a essência  do método de Taylor sem saber. Hoje o esporte utiliza esse método de forma mais avançado, através de filmagem fotograma por fotograma, é analisada a performance do esportista, passo a passo, como ele pisa, como respira, etc., para aumentar o seu desempenho   
Com o ato inseguro acontece à mesma coisa, o pessoal analisa o ato em si, mas sem levar em conta os fatores relacionados ao elemento humano que convergem para produzir o ato inseguro. Para estudar o acidente, temos duas vertentes o ato inseguro e condições inseguras. Voltamos a essência do método de Taylor, se fracionarmos todas as etapas que dão origem à falhas humana, podemos estudá-la  com mais detalhe e atuar onde  a probabilidade de ocorrer uma falha no sistema ou anomalia é mais freqüente. Os fatores/erros relacionados ao elemento  humano são semelhantes a quaisquer tipos de atividade.
Hoje, com os avanços no conhecimento e na tecnologia aumentaram consideravelmente  a complexidade de sistema. Devido sua combinação singular de processos, interações tecnológica e humana,  surgem também riscos inevitáveis, que às vezes, alguma coisa sairá errado. E uma das coisas mais difíceis é mudar o comportamento do elemento humano, pois não é padronizado, ao contrário das máquinas em que podemos alterar o ritmo de produção e  de segurança.
Uma visão interessante da causa de acidente utilizado por especialistas  no campo  aeronáutica e  nuclear é o modelo do queijo suíço (cheio de buraco).   A condição ideal  é separar o perigo da perda potencial, mas na prática parece mais como fatias de queijo suíço. As lacunas estão abrindo e fechando continuamente (sistema de defesa), ao mesmo tempo mudando de posição. O perigo sério aumenta quando um conjunto de linhas de buracos permite uma abertura  momentânea de oportunidade para o acidente. Aí estão as falhas ativas e latentes. Para isso devemos criar barreiras de segurança e de proteção.
O sistema de segurança ideal seria como o processador de texto Word, se erramos a palavra ele corrige,  se esquecemos de salvar, ele avisa, antes acontecer o desastre, perder o que está sendo digitado. Por causa disso algumas atividades o robô está substituindo o elemento humano.
 O que é comum na maioria das organizações quando ocorre uma falha no sistema, por exemplo, acidente ou falha de projeto ou falha no atendimento, é procurar um culpado e não analisar qual foi motivo dessa falha no subsistema. No Brasil é comum procurar/apontar um culpado do que ir a fundo qual a origem dessa falha. O erro não está no ato inseguro,  mas quem está interpretando a falha.
“Os fatos não falam, eles precisam ser interpretados por alguém. Tudo que é observado é modificado pela presença  do observador. Os fatos mudam a depender de quem está interpretando”.(Principio de Incerteza de Heisenberg).

AGÊNCIA  DE SAÚDE DA INGLATERRA ELABOROU UM ESTUDO SOBRE A FALHA HUMANA
A Agência  de Saúde da Inglaterra elaborou um estudo sobre a falha humana, reuniu diversos especialistas e elaboraram um manual sobre falha humana no ambiente hospitalar, mas no primeiro capitulo trata a análise  de falha humana de maneira genérica empregando termos de engenharia de segurança e comportamental. A conclusão que eles chegaram que o erro humano é inerente ao ser humano. Só através  de criação de barreiras de segurança (projeto, treinamento) poderá reduzir. Não existe  controle absoluto sobre o risco. Podemos ter percepção que estamos controlando o risco, mas outro riscos latentes estão aguardando  condições para transformar em acidentes.
Quando analisamos acidentes/incidentes em relação a fatores humanos procuramos relacionar os procedimentos padrões para determinadas tarefas e o seu grau de treinamento.
Porém esquecemos de analisar o comportamento mental do indivíduo. O nosso cérebro cria armadilhas para o ser humano que dificilmente o eliminamos, apesar  de efetuar um  treinamento exaustivo. Existe um frase em espanhol, que diz; Quando tínhamos todas as respostas, mudaram as perguntas. O cérebro está sempre nessa atividade de retroalimentação  de informações. O exemplo mais marcante é o treinamento de piloto de aeronave, constantemente eles recebem treinamento em simuladores de vôo,  mas nos acidentes aéreos ainda predominam a falha humana.
Alguns neuro-cientistas  consideram que o cérebro seja um sistema dinâmico não linear sujeito ao caos imprevisível.   
Por exemplo, troquei a minha senha na semana retrasada, eu me condiciono a não errar a nova senha, mas  por experiência, durante uma semana,  ora uso a  senha antiga, ora a nova senha, meu consciente cria uma armadilha para eu errar (depende também do ser humano).
Agora mesmo na Alemanha houve um acidente ferroviário, um trem de suspensão magnética de alta velocidade conhecido como Transrapid colidiu a 200 km/h contra um veículo de manutenção em Emsland, norte da Alemanha, matando 23 pessoas. O  trem e o veiculo de manutenção estavam na mesma linha. O veiculo de manutenção estava parado. Os especialistas indagam, como pode ter acontecido isso? O trem não tem operador é controlado  pela central de operação. Tira um elemento humano da cabine do trem para evitar erros, mas a central de operação cometeu a falha. Você pensa  eliminar o risco mas cria outro risco latente ou não que irá provocar a falha.
Temos ter consciência que a falha humana estará sempre presente na atividade e ela surgirá quando alguns eventos não previstos e fatores adversos se convergem num determinado momento para provocar o acidente. Não devemos esquecer que as normas de segurança são genéricas e estáticas e são modificadas de acordo com resultados obtidos na prática, enquanto o risco é como um vírus sempre está em mutação, isto é, se adapta ao ambiente e  estará sempre em processo de transformação.     

NÃO EXISTE FALHA HUMANA?.
O ato inseguro se procurarmos o significado do ato no dicionário, temos;  procedimento, conduta, modo de proceder, etc.
Veja o caso da memória, segundo especialistas (neurocientistas; quem nunca passou por um lapso de memória, não ficou um certo tempo tentando encontrar no seu acervo lingüístico pessoal, a palavra adequada para o contexto desejado, ou simplesmente não esqueceu o que iria dizer ao seu interlocutor? E quem nunca se esqueceu, em determinado momento, do que iria fazer logo em seguida?  Imagina se não treinarmos a memória para termos procedimentos para execução de determinada tarefa , o que seria ? Em atividade de baixo risco tecnológico a falha humana não é muito perceptível, mas a atividade de alto risco tecnológico a falha humana é extremamente perceptível (medicina, aviação, usina nuclear, hidroelétricas, etc). Onde o elemento humano toma decisão/interpretação diante de informações processadas por máquinas/computadores.   
O elemento humano é cheio de vícios, particularidades de essência de cada pessoa. Têm  pessoas metódicas,  outras indisciplinadas, outras têm dificuldade de assimilação de programas,  outras contrárias  a modificação de procedimentos, etc. Junta tudo isso, temos uma empresa com um ativo intelectual disperso, que através de treinamento, disciplina procuramos homogeneizar  esse pensamento voltada para os objetivos da empresa. Que é extremamente difícil, pois a cada empresa tem sua cultura/vícios.   
Veja o caso de um  bebê está aprendendo a engatinhar, tudo para ele é novidade, é o Indiana Jones a procura de aventura e perigo. São os pais que vão emitir verbalmente um Procedimento Seguro (PS)  para o bebê, o que é proibido ou não,   utilizar um DPI (dispositivo de proteção individual) ou um EPC (equipamento de proteção coletiva para residência) ou delimitar uma área para brincar (zona de risco). Apesar de todo esse treinamento dado pelos pais, sempre tem algum bebê que avança o sinal ou quebra o procedimento dado pelos pais, e aí acontece o acidente.   
Na essência o erro humano acompanha o ser humano em todas atividades. Alguns erros conseguimos corrigir, criamos outros erros latentes, mas a falha está sempre a favor da natureza. 

ATO INSEGURO FAZ PARTE DE UM SISTEMA OU SUBSISTEMA
O ato inseguro faz parte de um sistema ou subsistema de procedimentos ou componentes inter relacionados  que atuam e interagem com outros sistemas/subsistemas para cumprir uma tarefa ou função. O ato inseguro é o resultado processado de diversos fatores que envolvem o elemento humano.
Na análise de acidentes, na entrada, temos diversas dúvidas, fatores, que são processados (analisados/identificados) e o resultado é o ato inseguro (que pode ser uma causa humana ou diversos fatores que envolvem o elemento humano ou um conjunto de falha humana/falha operacional/projeto)
Na Gerência de Risco, temos uma visão mais ampla do que é o ato inseguro (denominação das falhas relativas ao ser humano) em relação a todos os riscos que envolvem  uma empresa
Existe uma série de acidentes industriais que a causa principal foi a falha humana. O erro humano faz parte do processo e que devemos criar barreiras de segurança para dificultar a sua execução. Mas o errar é inerente  ao ser humano.
Houve uma colisão aérea em que morreu 79 passageiros a maioria crianças, entre um avião passageiro russo e um cargueiro. O avião de passageiro tinha um detector automático de risco de colisão na  cabine, e avisou o piloto que  ele estava na rota de colisão com o cargueiro, ma o piloto do avião que transportava as crianças obedeceu ao controlador de vôo sobrecarregado que estava em terra. E houve a colisão.
Trecho de análise feita por um jornalista do New York Times:
O piloto, até o ponto em que teve tempo para pensar, deparou-se com a necessidade de avaliar a confiabilidade do controlador de vôo em comparação com a dos engenheiros anônimos que construíram o detector destinado a evitar colisões.

No fim, ele seguiu a recomendação da voz com que ele se identificava mais. A máquina não tinha chances. Para o bem ou para o mal, isso é parte do nosso programa. É da natureza dos seres da nossa espécie optar por cometer seus próprios erros. 

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quinta-feira, agosto 28, 2014

Housekeeping: Limpeza é a base da produtividade

A palavra housekeeping - limpeza e arrumação foi aplicada nas indústrias japonesas com sentido diferente da imagem tradicional de fábrica limpa e arrumada. Lá, este conceito foi encarado como o passo inicial para um programa amplo de aumento da produtividade.

Os japoneses são por natureza pessoas extremamente comedidos no que diz respeito a excessos, consequência das carências do próprio país. Essa idéia de magreza e consumo moderado foi transplantada para os setores fabris por meio de um programa de limpeza e arrumação.

No nosso país, poucos administradores conseguem enxergar que a manutenção de uma fábrica sempre limpa e arrumada pode significar excelente oportunidade de redução de custo. Preferem agir como "bombeiros", apagando incêndios, em vez de procurar realizar um trabalho planejado de longo alcance. Sim, porque uma atitude permanente de limpeza e arrumação não será conseguida pelo simples fato de preparar a fábrica para dia de festa ou de visita importante. E olhe que, neste particular, eles até que conseguem atingir a perfeição.Chegam a esconder funcionários dentro do banheiro na hora da visita, para mostrar que sua operação é realmente muito produtiva. Entretanto, uma vez cessada a causa geradora, a situação volta ao status anterior. Um programa de limpeza e arrumação para ser eficaz tem que ser desenvolvido de forma permanente, estabelecendo novas metas à medida que as anteriores forem atingidas. Além disso, ele deverá contar com integral apoio da média e alta gerência.

■Limpeza e arrumação são produtividade, quando não existam acumulados pela fábrica máquinas, ferramentas, materiais ou produtos obsoletos e fora de uso, mas com um lugar para cada coisa. O aproveitamento eficiente do espaço torna fácil a identificação visual da ocorrência de qualquer irracionalidade durante o processo, evitando, principalmente, a produção de excessos entre operações.
■Limpeza e arrumação são produtividade quando os pisos da fábrica são mantidos rigorosamente limpos, mesmo em áreas de difícil conservação de limpeza e tradicionalmente aceitas como sujas.
Dessa forma, passa a existir uso mais racional dos materiais, sendo recolhidos no chão ainda em condição de uso, pois ali não é seu lugar.
■Limpeza e arrumação são produtividade quando existe um programa regular de revisão e pintura de máquinas ou instalações fabris. Isto possibilita a identificação de vazamento de água, ar comprimido, óleo e vapor, gerando uma atitude participativa do pessoal de produção, em relação a cuidados com manutenção do seu equipamento.
■Limpeza e arrumação são produtividade quando geram a conscientização em cada funcionário, de que é possível conservar seu posto de trabalho limpo e arrumado, sem prejuízo das duas atividades produtivas.

Finalmente, limpeza e arrumação são disciplina, na medida em que os funcionários estão conscientizados para manter limpos e arrumados seu local de trabalho e seu equipamento. Desde modo, com maior razão, deverão se preocupar com aspectos mais importantes como produtividade e qualidade. É por esses motivos que um programa de limpeza e arrumação tem que ser a base de qualquer atividade, porque antes de pensar em qualidade e produtividade é preciso fazer a qualidade das pessoas.

Este programa contribuirá para gerar educação nos funcionários, eliminando, definitivamente, o conceito do operário com roupas sujas, de chinelos e sem camisa, que joga lixo e papel no chão, mesmo porque não existem lixeiras em quantidades e em locais estratégicos. Desde modo, estaremos desenvolvendo dentro das fábricas uma nova cultura, acabando com a atitude de desleixo, reflexo de maus exemplos vindos dos escalões superiores e que contribuem para produção de desperdícios que oneram os custos das empresas. Fonte: Paulo Décio Ribeiro, consultor

Artigos publicados
Housekeeping: Importância da limpeza no local de trabalho
Por que housekeeping?
Prevenção de incêndios relacionados com housekeeping

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domingo, agosto 24, 2014

Água: Abundância desperdiçada

MAIOR SORVEDOURO DE ÁGUA DOCE DO PLANETA
■ A cada segundo, 100 mil litros de água são consumidos pelo setor industrial brasileiro.
■ É o agronegócio, e não a indústria, o maior sorvedouro de água doce do planeta. O setor consome 70% desse recurso, finito e vulnerável.
■ O restante é utilizado pela indústria (20%) e para o consumo humano (10%).
Detalhe: o desperdício e o uso irracional são uma constante nesses três setores, tanto no Brasil quanto no mundo.

EXEMPLO DE DESPERDÍCIO
O centro de produção de hortaliças de Bonfim, distrito de Corrêa, em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, é uma espécie de microcosmos de uma situação corriqueira no Brasil. Se as 700 famílias produtoras de Bonfim tivessem adotado o sistema de irrigação sugerido pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, o consumo de água seria quatro vezes menor, representando assim uma economia diária de 10,5 milhões de litros. Ou seja, 315 milhões de litros de água todos os meses deixariam de ser desperdiçados.
— A água é vital para a produção agrícola. É fundamental para a sua sobrevivência. No caso da região Serrana, a composição das hortaliças significa a comercialização de um produto com 70% a 90% de água — calcula o técnico agropecuário da Emater André Luis Costa de Azevedo, chamando a atenção para a importância da irrigação. — Não basta molhar, é preciso saber a hora correta e a quantidade certa de água.

DESPERDÍCIO E USO IRRACIONAL
Essencial para a conservação da vida, a manutenção do desenvolvimento e o meio ambiente, a combinação de desperdício e uso irracional é muitas vezes ignorada especialmente em países como o Brasil, onde, ironicamente, o maior dos problemas é justamente a abundância de água.
E apesar do excesso do recurso, mesmo aqui o desperdício tem seu preço. Os pequenos produtores de Bonfim viram de perto, recentemente, os efeitos da estiagem e a queda do volume de água nos mananciais do município, localizado no entorno do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA
O consumo médio de água de cada uma das propriedades de Bonfim varia de 10 mil a 32 mil litros de água por dia. Abaixo, portanto, do limite de 34,5 mil litros de água diários estipulado pela Lei de Outorga da Água. Como estão abaixo desse patamar, os produtores da região são isentos de cobrança pelo uso da água. Esta é uma das grandes dificuldades que os técnicos do Emater enfrentam, sempre que tentam convencer os pequenos produtores da região da importância de investir em equipamentos de irrigação eficientes.
— Apesar do grau de consciência ambiental ter aumentado nos últimos anos, diria que, de um modo geral, ele é ainda muito baixo. Grande é o desperdício no campo. Menos de 10% da agricultura no país é irrigada. Imagina se o Brasil fosse um país que não pudesse contar com a água da chuva, haveria um colapso — avalia o coordenador do Programa de Água para a Vida, da ONG WWF-Brasil, Glauco Kimura.

MÉTODOS OBSOLETOS
Vazamentos e métodos obsoletos drenam, segundo estatísticas oficiais, 50% da água usada para beber e 60% da água de irrigação. Hoje já existe tecnologia de irrigação disponível no mercado capaz de reduzir o desperdício em torno de 50% na agricultura e podendo chegar a 90% no setor industrial.

A Embrapa Instrumentação Agropecuária vem desenvolvendo sensores de precisão para a irrigação. O monitor permite a leitura imediata ou o armazenamento de dados por períodos de até um mês. E pode ajudar a determinar a umidade ideal no solo para a colheira, por exemplo, da cana-de-açúcar.
Outro equipamento, o Irrigás, informa o momento certo de irrigar. Trata-se de uma vela de filtro de cerâmica, que fica conectada através de um tubo flexível a uma cuba de seringa transparente. Durante a medição, a cuba é emborcada em um frasco de água. A passagem do líquido para dentro da cuba indica que os poros da vela estão abertos e a umidade do solo está baixa: é a hora de irrigar. O equipamento custa menos de R$ 5,00.
— Só que as empresas precisam calcular sua pegada hídrica para tomar a decisão estratégica de reduzir o consumo de água. Uma xícara de café, por exemplo, consome 140 litros de água, se calcularmos o consumo do em toda a cadeia produtiva, do campo, onde estão os cafezais, à mesa do consumidor. Precisamos fazer um café que consuma menos água. Isso é responsabilidade ambiental — comenta Kimura.

CONSUMIDORES DE ÁGUA
■ O Brasil está no topo da lista de países consumidores de água: 356 bilhões de metros cúbicos anuais. O país ocupa a quarta posição, atrás da China, Índia e Estados Unidos.
■ O brasileiro consome diariamente 200 litros/ dia em banho, bebidas, cozinha, lavagem de carros, calçados e pisos, além da rega de jardins e plantações de tamanhos variados. Pelos cálculos da instituição, cada pessoa necessita de 3,3 metros cúbicos per capita mês, ou seja, 110 litros de água por dia para atender as necessidade de consumo e higiene.

ECONOMIA DE ÁGUA INDUSTRIAL
O setor industrial também já começa a fazer o dever de casa para reduzir sua pegada hídrica. O grupo Gerdau, líder na produção de aços longos nas Américas e uma das maiores fornecedoras de aços longos especiais no mundo, é um exemplo. O grupo alcançou a marca global de dois trilhões de litros de água reaproveitados no ano passado. É um volume que equivale ao abastecimento de um ano do estado de São Paulo, considerando-se um consumo médio por pessoa de 150 litros diários. A população do estado mais populoso do país é de 41 milhões de pessoas. Fonte: O Globo - 22/03/2013

Comentário: Alguns dados de consumo de água na indústria e agropecuária

Litros de água gastos na indústria para produzir
1 kg de couro
16,6 mil
1 calça Jeans
15 mil
1 camiseta de algodão
3,7 mil
1 kg de papel
324
1 Kg de malha tingida
110
1 Kg de aço
95
1 litro de gasolina
10


Litros de água gastos na agropecuária para produzir
1 kg de carne bovina
15 mil
1 kg de carne de porco
4,9 mil
1 kg de frango
3,5 mil
1 kg de coco ralado
2,5 mil
1 hambúrguer  
2,4 mil
1 kg arroz
1,9 mil
1 kg de soja
1,65 mil
1 kg de açúcar
1,5 mil
1 kg de cevada
1,3 mil
1 kg de trigo
1,3 mil
1 litro de leite
1 mil
1 litro de café
1 mil
1 litro de suco de maçã
960
1 kg de milho
900
1 litro de vinho
900
1 kg de batata
500
1 ovo
200
1 maçã
70

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sexta-feira, agosto 22, 2014

Operadora que teve a mão prensada por causa de celular não será indenizada

Uma empregada da GRI – Gerenciamento de Resíduos Industriais LTDA que teve a mão amassada ao tentar apanhar o próprio celular que estava sobre um equipamento de prensa não terá direito a receber indenização por dano moral. Para a Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que restabeleceu sentença que julgou improcedente o pedido de indenização, a trabalhadora desrespeitou as normas de segurança da empresa e, assim, atraiu para si a culpa pelo acidente.

ACIDENTE
De acordo com o laudo pericial, o acidente ocorreu quando a operadora de prensa tentou resgatar o celular ao ver que ele poderia ser prensado pelo equipamento que acabara de operar. Ela foi socorrida e encaminhada ao hospital e submetida aos procedimentos médicos necessários. Ainda conforme o laudo pericial, a trabalhadora perdeu 35% da capacidade funcional e laboral  residuais devido ao acidente e ficou com sequelas anatômicas, funcionais e estéticas, estas de grau leve.

PROIBIÇÃO DE USO DO CELULAR
Em reclamação trabalhista, a operadora pleiteou indenização por danos morais, estéticos e pensionamento vitalício por danos materiais. O juiz de primeiro grau indeferiu os pedidos por entender que havia proibição de uso do celular no setor e, mesmo ciente disso, ela "pegou o aparelho e - pior - colocou-o em local inadequado".

No entanto, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) reformou a sentença, com o entendimento de que o trabalho em prensas normalmente oferece riscos à saúde e segurança do trabalhador. "O fato de o acidente ter ocorrido quando a funcionária foi pegar o celular em cima da prensa não altera esse entendimento", afirma o acórdão regional. "A empresa deveria tomar as medidas necessárias a melhor orientar semelhante atitude".

DESRESPEITO AS NORMAS DA EMPRESA
Em recurso de revista da GRI para o TST, a ministra relatora do processo, Maria de Assis Calsing, avaliou que a trabalhadora desrespeitou as normas da empresa, atraindo para si o risco do acidente, que, de fato, veio a ocorrer. "É possível depreender da própria confissão da trabalhadora que, se não fosse a sua atitude imprudente, o acidente não teria ocorrido", afirmou. "Diante de tais constatações, apesar de ser lamentável o acidente ocorrido e as sequelas que a acompanharão por toda a vida, não há como deixar de concluir pela culpa exclusiva da vítima", concluiu. A decisão foi unânime.
Tribunal Superior do Trabalho- Secretaria de Comunicação Social- Processo: RR-521-66.2012.5.04.0234 – agosto de 2014

Artigo publicado

Comentário:
A documentação dos programas e normas  de segurança é sumamente importante para empresa  a fim de  resguardar das ações cíveis de eventuais trabalhadores,  que possam entrar com ações trabalhistas.
Esses documentos seriam;
1-As normas de segurança conforme Portaria 3214,  que especifica que todos os empregados devem receber treinamentos admissional e periódico, visando garantir a execução de suas atividades de segurança.
2- A norma interna de cada empresa, isto é,  o Regimento Interno que serve para esclarecer os direitos e deveres do empregado e empregador, ainda a postura que se espera do trabalhador para à empresa. Este documento deve abordar as obrigações comuns a todos os trabalhadores, práticas não pertinentes, horário, segurança, limpeza, higiene, penalidades e disposições gerais.
Esses documentos são de extrema importância para prevenção contra ações trabalhistas. Para isso, uma cópia desses documentos deve ser entregue ao trabalhador, com ciência e assinatura em protocolo, para que mais tarde este não alegue que não sabia de suas atribuições e deveres em sua relação de emprego, principalmente no caso de demissão por justa causa.

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quarta-feira, agosto 20, 2014

Ministério do Trabalho embarga obra em Mogi das Cruzes

Depois de fazer uma vistoria, na tarde de segunda-feira (18), em um canteiro de obras, no bairro do Socorro, em Mogi das Cruzes, o Ministério do Trabalho embargou a construção. Os problemas apontados pelo auditor fiscal estão relacionados à falta de segurança no local.

Os funcionários foram dispensados no meio do expediente. O Ministério do Trabalho esteve no local com representantes do Sindicato da Construção de Civil de Mogi das Cruzes e Região.
No momento da vistoria, 40 funcionários trabalhavam no local. A ação durou cerca de uma hora. O técnico de segurança da obra não quis gravar entrevista com o Diário TV.

Os problemas encontrados são vários, segundo o diretor do sindicato. Os principais problemas encontrados foram;
■ pontas de vergalhões expostas,
■pisos com profundidade acima de três metros, sem proteção nenhuma,
■pontas de prego, de ferro,
■falta de organização.
Muitas coisas que podem contribuir com acidente, se tornando até acidente fatal, como já ocorreu no passado com essa mesma construtora.  Infelizmente veio a falecer um trabalhador por falta de segurança e aqui está no mesmo molde daquela obra. Posso dizer que está até um pouco pior,  disse o representante do sindicato.

Ainda segundo o sindicato, no Alto Tietê, de janeiro até agora, seis trabalhadores da construção civil morreram em acidentes nos canteiros de obras. "A obra está embargada a partir deste momento. Nós retornaremos quando a empresa regularizar essas situações de risco" , explica o auditor fiscal do Ministério do Trabalho, José Luiz Lázaro.

O auditor fiscal disse ainda que o Ministério do Trabalho não fixou um prazo para que os problemas sejam solucionados. Ele informou também que a multa vai ultrapassar R$ 200 mil porque a empresa já é reincidente.

Já a construtora responsável pela obra informou que já tomou as providências para regularizar a situação e espera voltar aos trabalhos normais nas próximas 24 horas. Fonte: G1 Mogi das Cruzes e Suzano-18/08/2014

Comentário: O plano de ação do PCMAT não foi executado ou só está no papel. Os relatórios, siglas mais siglas, questionários, tudo preenchido   conforme às normas, tudo nos leva crer sabemos tudo, mas nos leva a não fazer nada, pois os acidentes acontecem, estão acontecendo e acontecerão em um ciclo vicioso. A obra tem técnico de segurança  e estava no local na hora do embargo.

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domingo, agosto 17, 2014

Lembrança:Tornado:O dia em que Palmas ficou de luto

O vento começou a soprar repentinamente naquela sexta-feira, 14 de agosto de 1959, na Fazenda Fortaleza, que fica a cerca de 30 km do centro de Palmas, no Sudoeste do Paraná. Flora Nadir Tonial tirava as roupas do varal, colocava no cesto e prestava atenção em uma enorme formação de nuvens escuras que se aproximava. O barulho era ensurdecedor. “Não eram trovoadas comuns, fazia um barulho estranho, acho que era o furacão que vinha em nossa direção”, recorda.

TRAGÉDIA
Mais de meio século depois, ainda é difícil para os sobreviventes falarem sobre uma das maiores tragédias naturais que se abateu sobre a região. Por volta das 16h30 daquele dia, a velocidade do vento aumentou. Seguiu-se uma chuva de granizo. Os moradores se esconderam em suas casas. Cerca de duas horas depois, a natureza mostrou toda a sua fúria, com ventos que superaram os 200 km/h. É como se aquele vilarejo tivesse sido varrido.

MORTES
Velório dos mortos pelo fenômeno climático: 35 casos fatais. Até hoje os moradores do local não sabem ao certo o que os atingiu. Suspeitam de que tenha sido um tornado. Casas foram destruídas, pessoas jogadas dezenas de metros longe de suas moradias, árvores arrancadas pelas raízes e rebanhos inteiros de gado foram dizimados.
Na Fazenda Fortaleza foram registradas 35 mortes, mas nas propriedades vizinhas nada aconteceu. Nas terras de José Antônio de Araújo Maciel, o Tuta, havia uma serraria, a Santo Antônio, 12 casas e alguns galpões. As famílias que moravam ali dependiam economicamente do comércio da madeira e foram afetadas pela tragédia.

LEMBRANÇA
A tragédia provocou uma forte comoção na região de Palmas. Todas as vítimas foram veladas no ginásio municipal e o cortejo fúnebre reuniu centenas de pessoas. Os principais jornais da época noticiaram o fenômeno. O enviado especial da Gazeta do Povo, Moacyr Mitsuyasu, relatou em matéria publicada no dia 16 de agosto de 1959, que o fenômeno climático havia atingido uma faixa de terras de dois quilômetros. “Dezenas de tábuas estavam espalhas, casas caídas, pinheiros arrancados pelas raízes. Um locomóvel [espécie de trator movido a vapor usado para movimentar cargas pesadas] de uma serraria, pesando cerca de 5 toneladas, foi deslocado uns 40 metros de distância”, observou em trecho da reportagem.

SOBREVIVENTE RELATA O DESESPERO DA FAMÍLIA
Flora Tonial, hoje com 78 anos, conta que estava ao lado da mãe e dos irmãos, passando roupa, quando o tornado finalmente chegou sobre a casa da família.
A finada mãe me disse: ‘Segure a porta que não vai ser nada’. Ela ficou sentada ao lado do fogão e eu fui fechar a porta. Quando cheguei perto, desceu tudo. Não vi mais nada. Meia hora depois, acordei e vi que a casa do meu irmão tinha vindo em cima da nossa, relembra. Na tragédia, ela perdeu a mãe, um sobrinho e uma tia. O pai estava viajando a trabalho.
Depois da ventania os sobreviventes começaram se reunir, ainda atordoados, para procurar quem tinha desaparecido.

SOCORRO
A dona da fazenda (Aparecida Maciel) chegou pedindo socorro. Estava com o filho mais novo e com um enorme ferimento no quadril. Era um desespero só, morreram o outro filho dela e a empregada que cuidava das crianças. Recolhemos também dois rapazes que trabalhavam na serraria, mas não resistiram aos ferimentos, conta Flora.

TESTEMUNHAS
Flora Tonial, sobrevivente. A mãe dela faleceu ao chegar ao hospital. Quando voltei a si, pedi para o meu irmão (Leodir) me ajudar a levantar. Eu tinha um machucado no braço e a mão estava queimada por causa do ferro de passar. Minha mãe gritava de dor, então tiramos ela dos escombros, colocamos em cima de umas tábuas e saímos procurar as pessoas. Minha irmã estava conosco e não encontrava o filho, de 10 anos. Meu irmão achou o menino morto. Ela ficou muito desesperada, gritava sem parar.

Lourdes Carneiro. Naquele dia, por volta das 22h30, chegou um conhecido em nossa casa pedindo socorro.Lembro que morreram 29 pessoas na sede e mais uma família de obreiros. Para ter ideia do vento, foi encontrado em Novo Horizonte (SC), cerca de 70 km distante, o paletó de um fazendeiro daqui que tinha sua carteira com os documentos no bolso. A fazenda só foi adquirida pela minha mãe 10 anos depois e nunca mais tivemos vendaval como aquele.

Waldomiro Carneiro. Encontramos muita gente morta, todos nus. Tive que levar vários cobertores do armazém para cobrir os corpos. Tinha a serraria, que era num campo. E tinha um morro com muitas pedras ao lado. Foi lá onde os corpos caíram. Da sede da fazenda, que era nova, ficou só o soalho. O galpão dos bois teve a cobertura arrancada, mas os animais ficaram no mesmo lugar. Três pessoas foram jogadas em cima de um colchão e se salvaram. Uma delas caiu ao lado e não teve a mesma sorte. Fonte: Gazeta do Povo - 19/07/2014

Comentário: Entre 1990 e 2011 foram registrados pelo menos 205 tornados em território nacional, número que coloca o país entre aqueles que mais ocorrem eventos do tipo no mundo. São Paulo foi o Estado mais atingido pelos episódios nesse período, seguido pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fonte: Dados revelados na tese de doutoramento do geógrafo Daniel Henrique Candido.

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quinta-feira, agosto 14, 2014

Lembrança:Barragem de rejeitos rompe e ameaça o Rio Paraíba do Sul

O rompimento de uma barragem de rejeitos da empresa Rio Pomba Mineração, em Miraí (335 km a sudeste de Belo Horizonte), causou o vazamento de cerca de 200 mil litros de lama no ribeirão Fubá, que deságua no Rio Muriaé, um dos afluentes do Paraíba do Sul.

ACIDENTE
O acidente, foi causado por um problema em uma das placas do vertedouro da barragem, que ocorreu na quarta-feira, 1 de março de 2006.


RIO MURIAÉ
■Nascente no Município de Miraí na Serra das Perobas
■Foz em Campos dos Goytacazes
■Afluente do Rio Paraíba do Sul
■Tem como afluentes os seguintes rios: Fubá, Preto, Glória, Gavião e Carangola.
■Extensão: cerca de 295 km
■Banha Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro

MUNICÍPIOS BANHADOS PELO RIO MURIAÉ
O Muriaé banha 8 municípios sendo 3 no Estado de Minas Gerais e 5 no Estado do Rio de Janeiro. Em ordem, de acordo com a proximidade à nascente, os municípios são os seguintes: Miraí (MG), Muriaé (MG), Patrocínio do Muriaé (MG), Laje do Muriaé (RJ), Itaperuna (RJ), Italva (RJ), Cardoso Moreira (RJ) e Campos dos Goytacazes (RJ).
Somando a população destes 8 municípios, de acordo com o CENSO 2000, chegamos a um total de aproximadamente 636.275 habitantes servidos diretamente pelo Muriaé e a uma área geográfica de 7.465 km2 .  Neste caso estamos nos referindo exclusivamente ao rio Muriaé e não a toda sua bacia, o que incluiria seus afluentes.

ÁREA EM KM2  E POPULAÇÃO
Cidades
Km2
População
Mirai
 321
12.479
Muriaé
 843
 92.101
Patrocínio do Muriaé
 108
 4.861
Laje do Muriaé
 250
 7.909
Itaperuna
 1.105
86.720
Italva
 296
12.621
Cardoso Moreira
 515
 12.595
Campos dos Goytacazes
 4.027
406.989

COMUNICAÇÃO DO VAZAMENTO
O núcleo de emergências ambientais da Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) foi acionado somente na quinta-feira. Segundo o órgão, a lama que vazou não é tóxica, sendo formada por água e argila, rejeitos da lavagem da bauxita.

IMPACTO AMBIENTAL
Os impactos ambientais do acidente foram considerados graves pela Feam. Durante sobrevôo pela região atingida, a equipe do órgão verificou;
■inundação de áreas ribeirinhas,
■destruição de áreas de pastagem e agricultura
■e excesso de turbidez nas águas do córrego Bom Jardim e ribeirão Fubá, causado pela presença de sedimentos.

A Feam informou ainda que não há pontos de captação de água para abastecimento público nos cursos de água atingidos pelo vazamento. A principal preocupação do órgão era com as populações ribeirinhas, que seriam orientadas a não usar a água para alimentação própria e de animais.

MORTANDADE DE PEIXE
O volume de lama carregada é tão grande que a água em Miraí (MG), onde ocorreu o vazamento, está pastosa. Moradores da região relataram que toda a fauna do rio Muriaé pode ter sido dizimada, pois a lama, mesmo que não seja tóxica, altera o pH da água, reduzindo o oxigênio. Moradores da região informaram à equipe da Feam que houve mortandade de peixes por falta de oxigenação da água, mas a dimensão do dano ainda não foi avaliada.

CONTROLE DO VAZAMENTO
Na sexta-feira, 03 de março, o governo do Estado de Minas afirma que o vazamento na barragem de rejeitos foi contido por volta das 5h.

DEFESA CIVIL DO ESTADO DO RIO
A Defesa Civil do Estado do Rio, que só foi avisada do vazamento à noite de quinta-feira, 02 de março, acionou a Feema e a Cedae para que avaliem os danos causados pelos produtos químicos que chegaram à água. Segundo o órgão, os rejeitos do tratamento da bauxita alteram o pH e reduzem o oxigênio da água, pondo em risco a fauna fluvial.

LAMA ATINJA O RIO MURIAÉ E AFETA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA DAS CIDADES
Em 02/03/2006, a lama chegou ao rio Muriaé, na divisa de Minas Gerais com o Rio de Janeiro e afetou o abastecimento de água de diversos municípios.
Seis cidades do Estado do Rio; Laje do Muriaé, Itaperuna, Italva, Cardoso de Moreira, Campos dos Goytacazes e Paraíba do Sul são abastecidas a partir do rio Muriaé.

CIDADE LAJE DE MUIRIAÉ
A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) suspendeu preventivamente,  a operação da ETA (Estação de Tratamento de Água) do município. Além disso, os técnicos monitoram a qualidade da água a 20 km do ponto de captação da estação.
As escolas da cidade de 8.100 habitantes estão sem aula, e o hospital municipal está sendo abastecido por carros-pipa da prefeitura e do Estado. A população, 75% concentrada na "parte alta", em morros e ladeiras, depende desses carros e da distribuição de água vinda de fontes naturais. O prefeito da cidade estimou o prejuízo da cidade em R$ 300 mil.

LAUDO DE RESÍDUO
A Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) do Rio divulgou o laudo na  sexta-feira, 03 de março, atestou que a água do rio Muriaé, atingido por um vazamento de resíduos de tratamento de bauxita, não contém metais pesados. Os exames confirmaram parecer da mineira Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente), segundo o qual a lama é feita de água e argila.
Segundo a presidente da Feema, Isaura Fraga, "não foram encontrados índices significativos de metais pesados como mercúrio, zinco, chumbo e cádmio que pudessem afetar a saúde humana".
Fraga atestou, porém, que o rio ainda apresenta grande quantidade de lama e que, por isso, a ETA (Estação de Tratamento de Água) de Laje de Muriaé (RJ) deve passar por ajustes antes de voltar a operar. Ela foi paralisada, por precaução, conforme determinação da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) do Rio.

HIDRELÉTRICAS AJUDAM NA DILUIÇÃO DA LAMA
Três pequenas hidrelétricas mineiras abriram suas comportas para tentar ajudar na diluição da lama.

A EMPRESA
A Rio Pomba comercializa bauxita. O diretor industrial da empresa, Carlos Ferlini, diz que o produto é retirado do ambiente e decantado; a argila, subproduto do processo, é mantida numa barragem de 3,8 milhões de m3, que vazou por uma fenda de 30 cm por 7 cm, a dez metros de profundidade. O vazamento durou pelo menos 72 horas após uma placa de contenção se deslocar.
Segundo Ferlini, apenas 10% do volume despejado nos cursos d'água são sólidos. Ele disse que, apesar de a coloração assustar, o material não é tóxico. Cerca  de 30 técnicos da empresa auxiliam no tratamento da água, com sulfato de alumínio.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA DAS CIDADES FORAM AFETADAS
O abastecimento de água está suspenso em Laje do Muriaé, no noroeste do Estado do Rio.Os técnicos da Cedae informaram que a turbidez, o índice de partículas sólidas na água, está muito acima do que a estação de tratamento da cidade tem condições de remover. Em muitos bairros já falta água. Seis caminhões-pipa da Cedae e da Defesa Civil estão abastecendo a população. O município tem 8 mil habitantes.
O elevado volume de lama ainda encontrado no Rio Muriaé deve prolongar por toda a próxima semana o abastecimento de água em caminhões-pipa para cinco municípios localizados no noroeste fluminense (Miraí, Lages, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira) e outras duas cidades mineiras (Muriaé e Patrocínio).

MANCHA DE LAMA CHEGA A ITAPERUNA
Chegou no domingo, 5 de março, em Itaperuna (356 km do Rio), no noroeste do Estado do Rio e pode deixar 100 mil sem água. De acordo com a Defesa Civil do Estado, a parte mais densa da mancha já tem 70 km.
"O índice de turbidez [que indica o número de partículas sólidas presentes na água] voltou a aumentar. Por isso podemos suspender o abastecimento de água de Itaperuna a qualquer momento", explica o secretário de Defesa Civil, coronel Carlos Alberto de Carvalho.
Além de Itaperuna, os municípios de Italva, Cardoso Moreira e São João da Barra também devem ser afetados pelo problema, uma vez que a mancha tem de passar por eles antes de desaguar no oceano Atlântico.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ITAPERUNA PARCIALMENTE SUSPENSO
A Cedae interrompeu o abastecimento de água nos distritos de Retiro e Venâncio, áreas rurais de Itaperuna. Domingo à tarde, a Cedae reduziu a captação em 70% na área urbana. A população foi aconselhada a reduzir o consumo e a venda de água mineral aumentou.
Foi montado um esquema para abastecer hospitais e repartições públicas. As aulas nas redes municipal e estadual podem ser suspensas hoje.

ITALVA E CARDOSO MOREIRA: ABASTECIMENTO AMEAÇADO
Outros dois municípios banhados pelo Rio Muriaé correm o risco de ter o abastecimento suspenso amanhã: Italva, de 20 mil habitantes, e Cardoso Moreira, de 15 mil. A mancha que já está em Itaperuna deve chegar às duas cidades na segunda-feira, 6 de março.
A mancha ameaça ainda o abastecimento de Campos, com 500 mil habitantes, e São João da Barra, de 20 mil. Ambas são banhadas pelo Paraíba do Sul, onde o Muriaé deságua. Elas devem sentir menos os efeitos da crise.A expectativa da Feema e da Defesa Civil é de que a mancha se dissipe antes de chegar ao Rio Paraíba.

CHUVA FORTE NA CABECEIRA DO RIO PARAÍBA DO SUL
Choveu forte na cabeceira do Rio Paraíba do Sul, em São Paulo, o que pode ajudar a minimizar o problema em Campos.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA SUSPENSO
A presidente da Feema, Isaura Fraga, disse que o abastecimento foi suspenso em Lajes do Muriaé e Itaperuna pela densidade da lama e não por causa de risco de poluição tóxica, que, segundo ela, não existe: É uma massa de lama e as estações de tratamento não têm condições de absorver esse volume tão grande. 

RETORNO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA
Em 6  de marco, segunda-feira à tarde, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) retomou a produção da Estação de Tratamento de Água de Laje de Muriaé (RJ).
Em 07 de março, a lama perde força   e os municípios de Italva, Cardoso Moreira, Campos e São João da Barra não devem sentir os efeitos e  deve chegar ao Paraíba do Sul, passando por Campos e São João da Barra, no Norte Fluminense.

DANOS AMBIENTAIS EM MINAS GERAIS
Os danos ambientais em território mineiro concentraram-se principalmente em propriedades localizadas em até dez quilômetros abaixo do ponto do acidente, de acordo com o secretário do Meio Ambiente de Minas Gerais, José Carlos Carvalho, que sobrevoou a área atingida.
Segundo Carvalho, cerca de dez propriedades localizadas nos cinco primeiros quilômetros após a barragem foram as mais afetadas, com destruição de pastagens e lavouras. O material que vazou, cerca de 400 mil m3, representa 16% do total da barragem, feita de terra compactada e com altura entre 25 e 30 metros.

MULTA, INFRAÇÃO
Em 04 de marco de 2006, a Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente), divulga o auto de fiscalização que obriga a empresa a desassorear córregos e a recuperar terrenos.
O documento atribui a empresa tais problemas;
■destruição dos ecossistemas ribeirinhos,
■eliminação da fauna aquática devido à falta de oxigenação,
■inundação de áreas de pastagens e agriculturas.

AÇÕES CORRETIVAS
Entre as ações corretivas que a mineradora deve cumprir está;
■a conclusão do desassoreamento de trechos do córrego Bom Jardim e rio Fubá, alvo do vazamento,  em até 90 dias;
■e a conclusão da recuperação de áreas de agricultura e pastagens inundadas em até 60 dias.
Outras ações compensatórias serão ainda determinadas pelo IEF (Instituto Estadual de Florestas) de Minas e pela Prefeitura de Miraí. O valor da multa a ser aplicada será estipulado pelo Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) também do governo mineiro.
O governo do Rio, por sua vez, estuda por meio da Procuradoria Geral, entrar com uma ação penal contra a mineradora para pedir indenização.

A EMPRESA ASSUME A RESPONSABILIDADE PELOS DANOS
Segundo o diretor industrial da Mineradora Rio Pomba, Carlos Gilberto Ferlini, os donos de fazendas próximas à mineradora que foram atingidas pela lama serão indenizados.

RESERVATÓRIOS DE REJEITOS
Cerca de 40 reservatórios de rejeitos existentes em Minas são fiscalizados pelos órgãos públicos..
Um ofício da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), do Rio, a diversos órgãos ambientais pedindo uma inspeção de emergência em 40 reservatórios de decantação de rejeitos industriais.  De acordo com a presidente da Feema, Isaura Fraga, o objetivo da inspeção é analisar os riscos existentes para o Estado do Rio no caso do rompimento de outra barragem.

INQUÉRITO POLICIAL
Segundo o titular da PF em Campos, delegado Ronaldo Menezes, peritos estiveram na área atingida. Os diretores da Mineradora Rio Pomba serão chamados a depor. A PF aguarda uma série de laudos técnicos de diferentes órgãos ambientais.

ATIVIDADE INDUSTRIAL DA EMPRESA FOI SUSPENSA
O Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, determinou a suspensão das atividades da Rio Pomba Mineração.A determinação foi publicada na edição de quarta-feira, 8 de março, do "Diário Oficial" do Estado.
De acordo com a Feam (Fundação Estadual de Meio Ambiente), os órgãos estaduais competentes decidiram suspender as atividades da Rio Pomba pois ela não apresentou, no prazo determinado, o relatório de segurança da barragem que é exigido de todas as empresas do setor.

INDENIZAÇÃO E AÇÃO CÍVEL
Em 06 de março de 2006, o governo do Estado do Rio entrou com uma ação civil pública contra a empresa Rio Pomba Mineração, de Miraí (MG).
O governo quer que a empresa seja condenada a restabelecer todo o ecossistema afetado, além de indenização no valor mínimo de R$ 2,5 milhões, que serão revertidos para o Fecam (Fundo Estadual de Conservação Ambiental), entre outros pontos.
A ação civil pública foi apresentada na Vara Federal de Itaperuna, na região noroeste fluminense, por meio da Procuradoria Geral do Estado.

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA MINERAÇÃO RIO POMBA CATAGUASES
A Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda, em nota oficial, vem a público trazer os seguintes esclarecimentos sobre o vazamento ocorrido em sua barragem de lavagem de bauxita, localizada na zona rural do município de mirai, MG:
■Não houve rompimento da barragem, mas sim o deslocamento de uma das placas de contenção do vertedouro da barragem;
■O deslocamento desta placa ocasionou uma abertura de aproximadamente 15 cm de diâmetro, por onde vazou cerca de 100.000 metros cúbicos de água e argila (terra de barranco);
■Do total vazado, somente, 10% é composto sólido (terra) e os restantes 90% de água, não contendo nenhum produto químico, tóxico ou poluente
■O defeito ocorrido nesta placa do vertedouro foi definitivamente sanado;
■Todas as solicitações emergenciais feitas pela Secretaria de Meio Ambiente dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro foram imediatamente atendidas pela empresa, como a análise do material derramado e a assistência técnica às estações de tratamento de agua das cidades atingidas;
■Os exames laboratoriais, realizados em 03/03/06, por uma empresa especializada em tratamento de águas públicas, comprovaram a total inexistência de metais pesados, ou qualquer outro tipo de agentes químicos ou poluentes, no material derramado;
■O resultado destes exames foi imediatamente informado às entidades ambientais competentes dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o propósito de liberar o tratamento das águas servidas às cidades atingidas;
■Em outubro de 2005, a barragem foi inspecionada a pedido do Ministério Publico Estadual, em caráter de rotina, tendo sido atestada sua segurança e solidez;
■A Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda possui todas as licenças ambientais necessárias à sua  atividade;
■Todos os danos causados diretamente por este incidente, a terceiros, serão ressarcidos pela empresa, que não se furtará às suas responsabilidades;  
■A empresa disponibilizou assistência técnica a todos os municípios atingidos pelo incidente, através de empresa especializada  em tratamento de águas públicas;
■Todos os documentos comprobatórios das informações acima estão disponíveis, através da assessoria de comunicação da empresa.

POLUIÇÃO DE RIOS QUE AFETARAM O ESTADO DO RIO DE JANEIRO
■Em 2003, cerca de 500 mil pessoas ficaram 20 dias sem água no Noroeste e no Nordeste fluminenses, de Santo Antônio de Pádua até Campos, por causa do vazamento de 1,2 bilhão de litros de rejeitos tóxicos da indústria Cataguazes de Papel no Rio Pomba, devido ao rompimento de um dique. A água que vazou do reservatório continha soda cáustica, cloro e lignina (componente da madeira). O Pomba deságua no Paraíba do Sul. Na época, peixes chegaram a pular para fora da água dos dois rios, sufocados. Os estoques de água mineral se esgotaram nas cidades ribeirinhas. Também houve prejuízos para os pescadores e, em plena Semana Santa, a Igreja Católica liberou os fiéis para comerem carne porque não havia peixes nos mercados.

■Em 1980, outro grande acidente afetou um afluente do Paraíba do Sul. Um vazamento na empresa Paraibuna de Metais, de Juiz de Fora (MG), resultou no despejo de uma lama tóxica de metais como mercúrio e cádmio no Rio Paraibuna. Na ocasião, a captação da água do Paraíba foi suspensa por uma semana. Campos foi a cidade que mais sofreu os efeitos da poluição. Mesmo depois de a Cedae, na época responsável pelo tratamento e distribuição da água, liberar o consumo, a população se recusava a utilizá-la. 

■Poluição importada - O Rio Paraíba do Sul recebe a poluição importada de outros estados. Como o despejo de esgoto de cidades paulistas por onde passa antes de entrar no Estado do Rio e os dejetos das indústrias às suas margens mesmo em território fluminense, como a CSN, em Volta Redonda.

Fontes: O Estado de São Paulo, Hoje em Dia-MG , Folha de São Paulo, O Globo,  Folha Online, no período de 02/03/2006 a  07/03/2006  

Comentário: Cenário atual das condições das barragens de rejeitos na fronteira entre Minas e RJ.
Em 29 de março de 2003, uma barragem de rejeitos industriais se rompeu em Cataguases (MG), espalhando lignina — produto resultante da fabricação de celulose — por 200 quilômetros do Rio Paraíba do Sul e impedindo a população fluminense de utilizar a água, que ficou negra com a contaminação.
Passados dez anos  do desastre de rejeitos tóxicos da indústria Cataguazes de Papel no Rio Pomba, persistem na região os riscos das barragens de rejeitos.
Na região existem 12 barragens de rejeitos de Minas Gerais, que estão próximas a rios da bacia do Paraíba do Sul.
O que prevalece na situação atual é a falta de dados sobre as barragens, pois nem mesmo a Agência Nacional de Águas (ANA) sabe exatamente a situação delas e bem como os órgãos Estaduais de Meio Ambiente.

ACIDENTES
■Em Miraí, uma barragem de rejeitos de bauxita, que já havia vazado em 2006, se rompeu em 2007, matando peixes e arrasando propriedades rurais da cidade e da vizinha Muriaé.
■ E as barragens de lignina de Cataguases quase romperam novamente em 2009, o que poderia ter jogado de uma vez 1,4 bilhão de litros de rejeitos no Paraíba do Sul. Essa situação emergencial forçou uma solução inédita: a liberação controlada de efluentes sem tratamento no rio para esvaziar as duas represas, operação concluída em agosto de 2012.

RISCOS PARA O MEIO AMBIENTE
Especialistas alertam que, com rejeitos de mineração, os rios poderiam ser assoreados e a água contaminada, proibida para o consumo. Além disso, há risco de mortandade de peixes, inundações e prejuízos em propriedades.

CONTROLE DE SEGURANÇA DE BARRAGENS
A Lei No. 12.334 de 20 de setembro de 2010 (promulgada em 20/09/2012) estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).
Falta integração entre os Estados para saber realmente o risco potencial dessas barragens. As barragens de rejeitos são passivos das empresas.
Embora o país esteja implementando a Lei das Barragens, esse tipo de controle não existe. A ANA concluiu um primeiro levantamento para conhecer essas barragens e agora inicia uma fase nova para qualificá-las.

INVENTÁRIO DAS BARRAGENS
Dependemos dos órgãos que fazem essas fiscalizações. A ANA só é responsável pelos rios federais e por barragens que não sejam para hidrelétricas — disse Carlos Motta Nunes, gerente de Regulamentação de Serviços e Segurança de Barragens da agência.
Márcio Almeida, professor de Engenharia Geotécnica da Coppe/UFRJ, afirma que apesar dos avanços dos últimos anos, ainda falta treinamento para os profissionais que trabalham nessas barragens e para a população. Ele acredita, contudo, que o ideal seria criar um sistema nacional de informações de barragens. A fiscalização pode até ser regional, com os comitês de bacia e da população local, mas seria interessante também existirem estudos e um acompanhamento nacional.
O Brasil carece de um cadastro das barragens com informações mínimas que possibilitem aos órgãos de defesa civil agir adequadamente na ocorrência de acidentes. No caso das barragens de contenção de rejeitos, a situação é ainda mais crítica, pois, além de um eventual rompimento causar inundação, pode ocorrer também a contaminação dos corpos de água que receberem seus conteúdos.
Um panorama das barragens de rejeitos existentes em cadastros dos órgãos fiscalizadores federais e estaduais revelam 264 de rejeitos de mineração e 256 de resíduos industriais.  

LIÇÕES DE ACIDENTES
Algumas lições puderam ser extraídas sobre os acidentes ocorridos no passado, tais como:
■deficiências em projeto, construção e operação de barragens; falta de manutenção e
supervisão técnica dos empreendimentos,
■ comprometendo a sua segurança; o elevado potencial de danos decorrentes dos acidentes (perdas de vidas humanas, danos ao meio ambiente e à sociedade, etc.) e a falta de preparo para atuar em situações de emergência;
■a falta de regulamentação específica com critérios de gestão para segurança de barragens, bem como a indefinição de responsabilidades, entre outros aspectos. 

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