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terça-feira, fevereiro 27, 2024

EXPLOSÃO DE CARREGADOR DE BATERIA A BORDO DE VOO COM DESTINO A XANGAI

 Um voo da Royal Air Filipinas de Boracay para Xangai foi obrigado a fazer um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Hong Kong na noite passada (19/02), depois que um carregador de bateria portátil explodiu e a fumaça ocupou a cabine.  Nenhum ferimento foi relatado.

Um vídeo online mostra momentos logo após a explosão a bordo do voo RW602 na segunda‑feira. A fumaça foi vista saindo da parte frontal da cabine, ocupando gradualmente o ar.

Alguns passageiros ficaram apavorados e foram para a parte de trás da cabine para evitar inalar a fumaça.

O comandante fez um pouso de emergência em Hong Kong. O incidente foi resolvido após  uma hora, e os passageiros prosseguiram com o voo e pousaram em Xangai por volta das 12h30 de terça-feira – um atraso de 3 horas.

Não foi informado quantos passageiros estavam a bordo quando o incidente aconteceu.

Ainda não está claro o que causou a explosão do carregador de bateria portátil, pois é  proibido de ser colocado na bagagem despachada.

Fonte; The Standard Channel - Local | 20 Feb 2024

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quinta-feira, fevereiro 22, 2024

AMAZÔNIA REGISTRA DÉCIMO MÊS CONSECUTIVO DE REDUÇÃO DO DESMATAMENTO,

O desmatamento da floresta amazônica teve queda de 60% em janeiro, em comparação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgados nesta quarta-feira (21), este é o décimo mês consecutivo de redução no desmatamento.

O monitoramento por imagens de satélite do Imazon mostra que a área devastada em janeiro de 2024 foi de 79 km². Em janeiro do ano anterior, a floresta perdeu 198 km² para o desmatamento.

Em dezembro, a destruição registrada havia sido de 108 km². Apesar da queda, o desmatamento observado em janeiro equivale à perda de mais de 250 campos de futebol por dia de floresta.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto. O sistema detecta áreas desmatadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal e leva em conta degradações florestais o que ocorreram em áreas a partir de 1 hectare, o que equivale a aproximadamente 1 campo de futebol.

Nota explicativa: A  Amazônia Legal é a região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.

O resultado de janeiro é o menor registrado para o mês desde 2018. Na época, o sistema mostrou que 70 km² da Amazônia foram desmatados. (veja no gráfico abaixo)

Desmatamento na Amazônia em janeiro. Dados são do Imazon e se referem a janeiro de cada ano, em km².

 


ESTADOS COM MAIOR DEVASTAÇÃO

A partir do monitoramento, é possível identificar os estados da Amazônia Legal com maior área desmatada. Roraima foi o estado com maior devastação em janeiro, com 32 km² desflorestados. A área representa 40% do total desmatado na região no período.

Mato Grosso e Pará compõem o ranking dos estados com maior área desmatada, com 19 km² e 14 km², respectivamente.

Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon, explica que a liderança de Roraima no ranking de janeiro provavelmente ocorreu pelo regime de chuvas no estado funcionar de forma inversa aos outros oito que compõem a região.

“Enquanto os outros passam por um período de chuvas, Roraima está com o clima mais seco, o que facilita a prática do desmatamento, assim como a detecção da destruição pelos satélites”, analisa.

Apesar aparecerem no topo da lista, os resultados são de queda se comparados os anos de 2023 e 2024. No ano anterior, Roraima, por exemplo, teve 41 km² devastados, o que representa uma diminuição de 22% em comparação com este ano.

Todos os estados da Amazônia Legal registraram queda no desmatamento em relação ao ano anterior.

Roraima também concentra mais da metade das terras indígenas mais desmatadas na Amazônia em janeiro. Dos dez territórios indígenas com maior área devastada, seis ficam no estado.

Desmatamento por estados da Amazônia Legal em km²

Em janeiro de 2024, Roraima, Pará e Mato Grosso lideram a lista de estados que mais desmatam na região.


Com relação às unidades de conservação, Pará e Amazonas contabilizam a maior parte dos territórios entre aqueles com mais floresta derrubada. São três no Pará e três no Amazonas.

SISTEMA DE MONITORAMENTO DO IMAZON

O sistema do Imazon detecta áreas desmatadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal.

Chamado de SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), o programa foi desenvolvido pelo Imazon em 2008, para reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região.

O sistema utiliza atualmente os satélites Landsat 7 e 8, da NASA, e Sentinel 1A, 1B, 2A e 2B, da Agência Espacial Europeia (ESA). Ambos são de domínio público, ou seja: seus dados podem ser usados por qualquer pessoa ou instituição.

Combinando esses satélites, o sistema é capaz de enxergar a mesma área a cada cinco a oito dias. Por isso, o sistema prioriza a análise de imagens adquiridas na última semana de cada mês.

Desse modo, caso uma área tenha sido degradada no início do mês e, depois, desmatada no final do mês, ela pode ser identificada como desmatamento no dado final.

Assim como o Deter, do Inpe, o calendário de monitoramento do SAD começa em agosto de um ano e termina em julho do ano seguinte por causa da menor frequência de nuvens na Amazônia. Os sistemas também são semelhantes porque servem como um alerta, mas não representam um dado oficial de desmatamento. Fonte: g1 - 21/02/2024 00h02 

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domingo, fevereiro 18, 2024

TRABALHADOR FICA PRESO A 12 M DE ALTURA E É RESGATADO


O QUE ACONTECEU

O trabalhador trocava uma placa publicitária em um shopping de Fortaleza quando ficou preso. A cadeira rapel usada por ele travou.

RESGATE

Bombeiros militares foram acionados pela administração do North Shopping e fizeram o resgate. A operação ocorreu às 5h de quinta-feira, (15/02).

De acordo com o Corpo de Bombeiros, os bombeiros foram chamados para socorrer um trabalhador que estava trocando uma placa quando a cadeira de rapel travou e ele ficou preso na plataforma elevada.

Ele foi retirado do rapel defeituoso e "preso" ao bombeiro por um sistema de cabo paralelo, que o levou até o chão em segurança. O trabalhador não sofreu ferimentos.

NORTH SHOPPING

O North Shopping informou em nota que comunicou imediatamente o Corpo de Bombeiros, que agiu prontamente, seguindo todos os protocolos de segurança e garantindo a integridade de todos os envolvidos.

"Reforçamos ainda que a empresa terceirizada era contratada do restaurante lojista e possuía toda a documentação necessária para executar o serviço", disse North Shopping. Fontes: g1 CE - 16/02/2024; UOL, em São Paulo -16/02/2024

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segunda-feira, fevereiro 12, 2024

O IMPACTO DAS ENCHENTES EM CIDADES, CAMPOS E NA NATUREZA

 Com o aquecimento global, inundações são cada vez mais frequentes e podem devastar cidades e campos. Elas são um fenômeno natural com um lado benéfico, mas cujo efeito destrutivo é potencializado pela ação humana.

As imagens de casas e plantações alagadas, cada vez mais frequentes, tornam difícil acreditar que haja algo benéfico em enchentes. De fato, na União Europeia, entre os anos de 1980 e 2022, os maiores prejuízos, entre os eventos climáticos extremos, foram causados por inundações. Ainda assim, as consequências delas para o meio ambiente nem sempre são negativas.

Na verdade, muitos ecossistemas dependem da elevação sazonal das águas para a ocorrência de processos ecológicos naturais, como a distribuição de nutrientes pelo solo, explica o diretor do Programa Global para a Água da União Internacional para Conservação da Natureza, James Dalton.

"Os sistemas fluviais são úteis para um suprimento constante no fluxo de nutrientes que enriquece os ecossistemas mais abaixo no sistema fluvial, mas também flui para estuários e deltas, que são as partes biologicamente mais produtivas do mundo. Precisamos de enchentes, porque elas liberam sedimentos e nutrientes e também certas espécies, que são extremamente importantes."

Ao recuar, as águas das enchentes deixam para trás sedimentos e nutrientes que fornecem um fertilizante rico e natural, melhorando a qualidade do solo e estimulando o crescimento vegetal.

O solo fértil é, aliás, um dos motivos por que muitas cidades surgiram e cresceram ao redor de rios. Além de fornecer a tão necessária água e de ser um meio de transporte de mercadorias, os rios, quando transbordam, também fornecem nutrientes que enriquecem o solo para a agricultura. 

ENCHENTES

Foto - Enchente em Encantado, no Rio Grande do Sul, em novembro de 2023. Planícies aluviais são locais potencialmente perigosos para a construção de casas

As enchentes também são úteis para reabastecer os reservatórios de água subterrânea. Embora o processo ocorra naturalmente em algumas regiões, na Califórnia, por exemplo, os órgãos reguladores estão planejando desviar o excesso de águas das enchentes para ajudar a reabastecer os reservatórios subterrâneos naturais e assim armazenar água para os períodos de seca.

ENCHENTES DESTRUTIVAS

Mas, para além da ordem natural das coisas, num mundo onde as temperaturas globais continuam subindo, causando padrões pluviais mais intensos e chuvas muitas vezes imprevisíveis em algumas regiões do mundo, os impactos não são tão benéficos.

"Estamos vendo as enchentes se tornarem mais destrutivas, durarem mais e terem um impacto mais rápido devido às mudanças nas chuvas", explica Dalton. "E isso está tendo um impacto sobre a biodiversidade."

Um dos impactos mais óbvios das enchentes sobre a vida selvagem é que algumas espécies não conseguem fugir da elevação das águas com a rapidez necessária. Em 2012, por exemplo, centenas de animais, incluindo rinocerontes-indianos, uma espécie ameaçada de extinção, morreram quando o Parque Nacional de Kaziranga, na Índia, foi atingido por graves inundações.

E mesmo quando os animais conseguem escapar, as enchentes podem destruir seus habitats e locais de reprodução. As plantas também podem ser afetadas pelas águas das enchentes quando estas contêm pesticidas agrícolas, produtos químicos industriais ou esgoto. Se os animais comem plantas contaminadas, ingerem toxinas e impurezas que também entrarão na cadeia alimentar.

QUANDO A ENCHENTE CAUSA EROSÃO

E nem sempre as enchentes são benéficas para o solo. Correntezas fortes costumam deixar um rastro de destruição, podendo levar consigo uma camada de 5 a 10 centímetros de espessura de terra rica em nutrientes.

"Numa inundação, o solo pode simplesmente ser levado embora, e nada sobra, a camada mais preciosa se foi. Ele não pode ser reconstituído por humanos e é a base da produção de alimentos", diz o consultor de agricultura sustentável Michael Berger, do WWF da Alemanha.

A erosão do solo também destrói habitats e paisagens. Na condição de habitat mais rico em espécies do mundo, o solo é essencial para preservar a biodiversidade. De acordo com um relatório publicado pela Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde da Alemanha, a terra saudável pode armazenar mais dióxido de carbono do que as florestas.

Além disso, a erosão do solo também impede que a terra absorva água quando há grandes inundações, agravando o problema. "Precisamos de solos saudáveis para nos adaptarmos à crise climática. Eles podem armazenar até 3.750 toneladas de água por hectare e liberá-la novamente conforme necessário", explica a diretora da Fundação Heinrich Böll, Imme Scholz.

LIMITAR OS IMPACTOS

Mas há como limitar os impactos das inundações, que costumam ser piores do que deveriam devido à presença de construções no caminho das torrentes ou nas planícies de inundação.

A falta de moradias a preços acessíveis em cidades de todo o mundo resulta em cada vez mais construções, autorizadas ou não, em planícies aluviais. Ou seja: residências estão sendo erguidas em locais potencialmente perigosos.

"Reconstituir como os rios funcionam, retornar à forma como deveriam estar serpenteando e se conectando, direcioná-los às suas planícies aluviais, ligar as águas subterrâneas às águas superficiais: tudo isso é importante porque essa é a rede que permite o fluxo de água", observa Dalton.

A diversificação da agricultura, deixando de lado os métodos industriais para passar a usar práticas como a agrofloresta, que integra árvores à agricultura, também pode minimizar os impactos das enchentes. "Isso pode diminuir a velocidade da água quando houver uma inundação. E quanto mais lenta for a água, menor será a erosão", explica Berger.

"Nós, como seres humanos diante das mudanças climáticas, com todos os seus eventos de inundação ou seca, deveríamos definitivamente optar por soluções baseadas na natureza em vez de aplicar concreto por toda parte e acreditar que podemos resolver tudo com nossa tecnologia", adverte o consultor da WWF. Fonte: Deutsche Welle - 09/01/2024  

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quarta-feira, fevereiro 07, 2024

COMO OS HELICÓPTEROS SALVARAM VIDAS NO ANDRAUS E JOELMA


Há 50 anos, o edifício Joelma pegava fogo no centro de São Paulo. A cidade ainda estava abalada por outro grande incêndio ocorrido apenas dois anos antes, no Andraus, a cerca de um quilômetro de distância. Os dois somam centenas de mortes, e mudaram as regras de segurança em edifícios até os dias de hoje.

Grande parte das vidas salvas se deu graças a uma operação espontânea de pilotos de helicópteros. Com sua maioria formada por civis, eles coordenavam como fariam para retirar o maior número de pessoas dos edifícios em chamas.

O primeiro helicóptero a chegar ao local era pilotado por Arnaldo Negreiros, que contou ao UOL como foi o resgate. À época, voava pela Táxi Aéreo Costa do Sol, de propriedade do Bradesco.

Ele realizava um dos voos diários regulares entre a sede do banco em Osasco (SP) e a agência central, no edifício Copan (na capital paulista). Ao decolar do prédio, que é próximo ao Andraus, viu a fumaça e, logo depois, confirmou que ocorria um incêndio no local.

"Permaneci sobrevoando o heliponto [do Andraus] e entrei em contato com a Torre de Controle do Campo de Marte, relatando a ocorrência do incêndio, de grandes proporções. Solicitei, então, ao controlador que desviasse o tráfego de algum avião de pequeno porte daquele local e chamasse os helicópteros para o serviço de resgate", lembra o comandante Arnaldo.

O heliponto do prédio havia sido interditado dias antes devido à grande presença de obstáculos, como antenas. No momento do fogo, as pessoas no topo do prédio arrancaram esses objetos, liberando espaço para o resgate.

Os helicópteros se revezavam em pousar no edifício e levar o maior número possível de pessoas para longe dali em segurança. Foram dezenas de pousos e centenas de pessoas resgatadas.

O mais impressionante desta operação é que ela aconteceu espontaneamente e sem qualquer preparação. Felizmente, não tivemos nenhum incidente. Uma das cenas mais incríveis eram os vários helicópteros na final para pouso no heliponto do edifício Andraus, formando uma verdadeira 'escada'. Arnaldo Negreiros, piloto de helicóptero

A cidade de São Paulo tinha pouco mais de 20 helicópteros à época, e 12 auxiliaram na operação de resgate. Todos eram modelos civis, que funcionavam como táxi aéreo ou transporte executivo, incluindo para órgãos governamentais.

UM DIA ATRIBULADO NA VIDA DE UM PILOTO

Aos 83 anos, Sergio Behring lembra em detalhes como foi aquele dia. Ele trabalhava para uma loja de departamentos e foi convocado pelo seu patrão para comparecer à sede da empresa, recebendo a missão de ajudar no resgate. "Vá para o Campo de Marte e veja o que você pode fazer para ajudar", relata o que disse o seu patrão à época, Gabriel Gonçalves, dono das lojas de departamento Casa Gonçalves.

Os 12 helicópteros prestando apoio voavam em volta do edifício. Quando passavam pela fumaça, se não tinha ninguém na frente, pousavam para retirar as pessoas de cima do prédio.

OLHAR APURADO

Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.

Foi um dia atribulado na vida de um piloto. Ninguém estava esperando isso, e ninguém tinha treinamento para o que aconteceu. Mas, a grande verdade, é que deu tudo certo

Sergio Behring, piloto de helicóptero

Um helicóptero com maior capacidade, um Bell 204B, tinha preferência de pouso. "A aeronave era pilotada por Olendino Francisco de Souza, que voava pelo governo do Estado de São Paulo. Como ela era maior, a gente dava preferência para que ele pudesse retirar o maior número de pessoas possível do local", diz o piloto, que comandava um Enstrom F-28 e realizou um pouso, retirando duas pessoas do prédio.

Mesmo após o fim do incêndio, algumas pessoas permanecerem na cobertura do prédio. Segundo o Behring, elas não queriam sair pelas escadas.

JOELMA: RESGATE QUASE IMPOSSÍVEL

Diferentemente do Andraus, o Joelma não tinha um heliponto. Os pilotos tinham de pairar o mais baixo possível próximo à cobertura.

Essa missão se tornava muito complexa, já que o calor das chamas dificultava que os helicópteros se sustentassem no ar. Somado a isso, as fortes rajadas de vento pioravam as condições de voo.

Um helicóptero se destacou nessa operação devido à sua força e capacidade: Um Bell 205 UH-1D da FAB (Força Aérea Brasileira).

Modelo é conhecido popularmente como Sapão. Ele foi principal helicóptero usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

A Aeronáutica determinou que uma de suas aeronaves do tipo que estava em Santos voasse para São Paulo para ajudar no resgate. A bordo estavam um sargento, que era o mecânico da aeronave, e dois pilotos.

Um deles era o tenente aviador Vanderlei Taketani. Foram mais de 242 pessoas transportadas pelo oficial da FAB e sua equipe nas cerca de três horas de voo.

O militar diz que, nas mais de 20 viagens feitas, eram levadas de 12 a 15 pessoas por vez. Os resgatados eram deixados no heliponto da Câmara Municipal de Vereadores e, dali, outros helicópteros eram responsáveis por levar essas pessoas para hospitais ou outros locais para serem atendidas. Isso otimizava o tempo, permitindo que a aeronave da FAB fizesse mais voos e retirasse mais pessoas do incêndio.

Helicóptero não conseguia pousar. Para o resgate, feito sobre as telhas do Joelma, os pilotos encostavam o esqui (espécie de trem de pouso) do helicóptero na borda do prédio e os oficiais da polícia paulista ajudavam no embarque.

Em um momento crítico, uma das pás do rotor principal do helicóptero bateu na caixa d'água do prédio. Mesmo assim, Taketani e o outro piloto conseguiram administrar a situação para que não houvesse um risco maior.

Particularmente, voar sobre um incêndio é muito arriscado. Quanto mais quente o ar, menos o helicóptero consegue sustentar o voo. Somado a isso, as rajadas de vento tornavam a operação instável, mas os esforços dos pilotos garantiram o sucesso da missão.

MISSÃO ERA SALVAR

Taketani se recorda da conversa que teve com um oficial da polícia de São Paulo antes de leva-lo ao topo do prédio. "Tenho certeza que eu te deixo lá [no topo do prédio]. Tirar eu já não sei", disse o militar. Ninguém ficou para trás. Felizmente, todos que estavam vivos no topo do prédio foram resgatados pelo helicóptero da FAB, diz Taketani. Todos os pilotos ouvidos pela reportagem negam serem heróis. Dizem, em resumo, que fizeram o que era possível, com as ferramentas que possuíam, e dentro das margens de segurança. Graças a eles, centenas de vidas foram salvas.

INFRAESTRUTURA FOI DECISIVA

A principal diferença entre as duas operações seria a infraestrutura para o resgate. Segundo o piloto de helicóptero Saulo Alves Utempergher, enquanto o Andraus possuía um heliponto, o Joelma não contava com a mesma alternativa.

O heliponto do Andraus havia sido interditado um tempo antes da tragédia devido à presença de obstáculos, como antenas, mas acabou sendo usado para o resgate. O Joelma não tinha um local para os helicópteros pousarem, mas uma cobertura com telhas. Um dos primeiros bombeiros a chegarem no local, inclusive, se machucou ao saltar sobre as telhas e cair delas após quebrarem. Saulo Alves Utempergher

Utempergher ainda diz acreditar que o número de mortes no Joelma foi maior devido à lembrança do resgate feito pelo telhado anos antes no Andraus. "As pessoas acreditavam que conseguiriam ser resgatadas de helicóptero e acabaram subindo para o topo do prédio, como ocorreu em 1972. Mas eram situações completamente diferentes, e nem todos puderam ser salvos", diz o piloto.

HOMENAGENS

Nos anos seguintes aos incêndios, os pilotos foram homenageados em diversos locais. Sergio Behring, por exemplo, recebeu o prêmio de piloto do ano de 1972 da Associação Americana de Helicóptero. Também foram agraciados com medalhas de honra de órgãos do poder público.

Igor Sikorsky, considerado um dos pioneiros da aviação, citou o resgate do Andraus em sua última carta antes de morrer. Em agradecimento ao presidente da Fundação para Segurança do Voo, organização internacional sem fins lucrativos, que havia lhe reportado a missão de resgate em São Paulo, ele escreveu:

"Eu sempre acreditei que o helicóptero seria um veículo incrível para uma ampla variedade de missões de salvamento de vidas e, agora, próximo ao fim da minha vida, fico feliz em saber que isso se provou verdade", escreveu Sikorsky. Ele morreu na manhã do dia seguinte, em outubro de 1972, aos 83 anos.

HELIPONTOS AJUDAM NÃO SÓ EM INCÊNDIOS

Grandes cidades costumam enfrentar problemas sérios de locomoção. A disponibilização de helipontos pode ajudar em diversos tipos de resgate, não só no caso de incêndios, afirma Eduardo Alexandre Beni, diretor técnico da ABOA (Associação Brasileira de Operações Aeromédicas)

"Em uma cidade repleta de prédios e com muito trânsito como São Paulo, o helicóptero é um grande aliado para encurtar distâncias, ganhar tempo e sobretudo para salvar vidas, seja para‑ transportar um órgão, seja para resgatar feridos. Mas para isso acontecer o heliponto é a peça-chave nessa equação", diz Beni.

Atualmente, uma série de normas acaba afastando os interessados em construir helipontos. De acordo com o diretor da ABOA, o principal problema está relacionado a restrições ambientais ligadas ao barulho emitido pelas aeronaves.

Depois dos incêndios do Andraus e principalmente do Joelma, os helipontos passaram a fazer parte da arquitetura da cidade. Entretanto, o tempo passou e hoje, os helipontos, inclusive dos hospitais, padecem por entraves burocráticos e discussões sobre o ruído. O heliponto pode ajudar a salvar vidas, e lembrar desses incêndios reforça sua importância, especialmente em um cenário onde se tem poucos espaços

OS INCÊNDIOS

Em 1º de fevereiro de 1974, o Joelma (atualmente, edifício Praça da Bandeira) pegava fogo na região central de São Paulo. Ao todo, 187 pessoas morreram e cerca de 300 ficaram feridas.

As chamas começaram após um curto-circuito em um sistema de ar-condicionado no 12º andar. Ali funcionava o Banco Crefisul de Investimentos S.A., e cerca de 600 pessoas trabalhavam no local. O incêndio, que foi controlado após seis horas, destruiu 14 dos 25 andares do edifício.

O Andraus pegou fogo na tarde do dia 24 de fevereiro de 1972. Ele teve início com um curto‑circuito nos cartazes de propaganda das Lojas Pirani.

Cerca de 330 pessoas ficaram feridas e 16 morreram. O prédio abrigava um conjunto de escritórios, e as chamas tomaram 24 dos 27 andares do Andraus.

Atualmente, o Dia do Piloto de Helicóptero é celebrado no dia 24 de fevereiro. A data foi escolhida devido ao marco do resgate no Andraus, que provou como essas aeronaves podem ser usadas para salvar vidas. Fonte: UOL - 03/02/2024 

Artigo publicado

Lembrança do incêndio no edifício Joelma

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