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terça-feira, abril 26, 2016

Incêndio atinge Memorial da América Latina, em SP

Um incêndio de grandes proporções atingiu o auditório Simon Bolívar do Memorial da América Latina, espaço cultural público situado na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, na tarde de sexta-feira (29/11/2013). O Corpo de Bombeiros foi avisado do incêndio às 14h56.

ESPAÇO PROJETADO POR NIEMEYER
O Memorial da América Latina pertence ao governo do Estado de São Paulo e foi inaugurado em 1989. O espaço tem 84,5 mil m² e foi projetado por Oscar Niemeyer, morto em dezembro de 2012. O espaço é dedicado a manifestações artísticas e científicas ligadas à identidade latino-americana. 

INÍCIO DO INCÊNDIO
Uma grande coluna de fumaça se formou e pôde ser avistada à distância. O calor estourou os vidros das laterais do prédio, inaugurado há 24 anos. Na hora, o auditório estava vazio, conforme testemunhas. As chamas começaram na sala B do Auditório Simón Bolívar, para depois passar para a sala A. O auditório tem espaço para 1.600 pessoas.


INCÊNDIO DESTRUIU 90% DE AUDITÓRIO
O Corpo de Bombeiros estima que  90% do interior do Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina foi destruído.  .
A corporação só terminou o trabalho de rescaldo no fim da manhã de sábado (30). A Fundação Memorial afirma que as chances de a tapeçaria de Tomie Ohtake que enfeitavam a lateral do auditório ter escapado é muito pequena. O incêndio quebrou vidraças, derreteu metais e provocou rachaduras nas paredes.  
"Queimou tudo. Só ficou um vazio lá dentro. As cadeiras, o palco, o revestimento das paredes, não sobrou nada", disse o 1.º tenente dos Bombeiros Mauro Brancalhão,  que entrou no prédio para combater as chamas.
"A parte abaixo do palco, com algumas salas e corredores, foi preservada das chamas", disse o major dos Bombeiros Wagner Lechner.

FALHA DOS SPRINKLERS E HIDRANTES
Os sprinklers e hidrantes  não funcionaram por falta de energia.

FLASHOVER
O fogo se espalhou rapidamente porque o incêndio ocorreu em uma área confinada, com pouca ventilação e estrutura com pé-direito alto. Dentro do auditório, havia poltronas, carpetes e tecidos, tipos de materiais inflamáveis que aceleraram o processo de propagação.
O momento mais dramático dos trabalhos ocorreu pouco depois do início do combate ao fogo, quando uma lufada de ar entrou no recinto confinado, proporcionando o chamado flash over, queima acelerada ocorrida por causa do ingresso do oxigênio misturado aos gases e ao calor.
Pequenas explosões ocorridas durante o combate ao incêndio no Memorial da América Latina deixaram ao menos dois bombeiros feridos em estado grave, com queimaduras nas vias respiratórias. Outros nove tiveram problemas decorrentes de inalação de fumaça.
As explosões foram provocadas por um fenômeno que causa combustão súbita. Ele acontece em incêndios em ambientes muito fechados e com muito material inflamável --caso do auditório.

Quando é aberta uma porta ou janela, a entrada repentina de oxigênio pode incendiar materiais ainda sem chamas ou reagir aos gases acumulados pela queima de objetos. O calor também pode provocar explosões.

Um grupo de bombeiros foi atingido ao entrar no auditório, que estava fechado. Havia no local  um acúmulo de gases inflamáveis no teto. Assim que os bombeiros começaram a combater o incêndio, resfriando, esse gás quente desceu atingindo-os, num fenômeno chamado flashover, afirmou o major Mauro Lopes,.
Segundo assessoria do Hospital das Clínicas,  11 bombeiros deram entrada no hospital. O estado de saúde deles não foi divulgado.

CONTROLE DO INCÊNDIO
Às 20h30, o fogo já havia sido controlado, mas ainda existiam três focos de chamas no interior do prédio e o trabalho de rescaldo está previsto para ser realizado no sábado de manhã. O coronel Erick Cola, comandante dos bombeiros, afirmou que o primeiro combate foi feito pelos brigadistas.  

ESCAPEI POR UMA VIDRAÇA, DIZ BOMBEIRO FERIDO NO MEMORIAL
Três dias após se ferir no incêndio do Memorial da América Latina, Marcos Palumbo, um dos 24 bombeiros feridos no combate ao fogo, ainda precisava  fazer inalação duas vezes ao dia.
"Nunca fumei, mas a impressão que tenho é a de ter tragado um cigarro com aroma do incêndio", disse Palumbo, que, além aspirar fumaça tóxica, teve as mãos feridas e escapou do auditório pela área de uma vidraça.
"A única saída era pelas vidraças ao meu lado. Tirei meus equipamentos, como capacete e cilindro de gás, para passar pelo espaço onde havia uma vidraça", contou.
Essa foi a opção porque, na saída do local, ele e outros bombeiros se depararam com a passagem do corredor bloqueada por fumaça quente. O capitão é responsável pelo setor de comunicação dos bombeiros, mas fazia parte da equipe operacional na ocorrência do Memorial.
O capitão estava próximo de outros quatro bombeiros que continuavam internados na UTI do Hospital das Clínicas.

CORPO DE BOMBEIROS
Ao todo 55 carros e caminhões  dos Bombeiros e mais de cem homens foram enviados ao memorial. O helicóptero Águia 21 ajudou a combater as chamas.
O balanço final dos bombeiros foi de 25 feridos. Destes, cinco permaneciam internados no Hospital das Clínicas na tarde de sábado - quatro estavam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

CAUSA PROVÁVEL
Testemunhas afirmam que tudo começou com um curto-circuito em uma luminária de teto.
Uma das suspeitas é que o curto ocorreu por uma sobrecarga na rede elétrica. A polícia investiga se a sobrecarga aconteceu por problemas de abastecimento da Eletropaulo ou de um gerador próprio.
Faltou energia às 13h19, sendo restabelecida às 14h58 --horário apontado como início do incêndio.
Levantamento da Eletropaulo diz que a "cabine de entrada de energia do Memorial estava desligada" quando a energia voltou. Para empresa, o curto teve outra origem.

INTERRUPÇÃO DE ENERGIA
Uma das hipóteses investigadas é se o curto foi provado por problema de abastecimento da Eletropaulo. A hipótese é que a carga vinda da rede de rua foi acima da capacidade suportada pelos equipamentos do Memorial.
A Eletropaulo confirma que houve falta de energia elétrica na região iniciada às 13h19. E que o reestabelecimento se deu às 14h58, no momento apontado como início do incêndio.
A concessionária diz que o problema no abastecimento se deveu "a uma falha em componente da rede da distribuidora, localizado na rua Homem de Melo (em Perdizes, região oeste de SP)".
A empresa diz não ter verificado nenhuma sobrecarga. "A concessionária monitora a sua rede por meio da central de operações e não detectou nenhum outro problema técnico no sistema".
Um funcionário do restaurante do Memorial disse que no momento do reestabelecimento da energia houve um estrondo e, em seguida, as chamas começaram.

INÍCIO DO INCÊNDIO
O fornecimento de energia elétrica do Memorial foi interrompido devido a uma falha em um componente da rede de distribuição
Momento depois, quando a energia voltou, houve um estrondo em um cabo, segundo um funcionário do Memorial
1-Um curto-circuito em uma lâmpada de emergência teria começado o fogo na área da plateia B do Auditório Simon Bolívar  se alastrado pelo carpete do edifício. O auditório Simón Bolívar com capacidade para 1.600 pessoas
2-Como há muito material combustível no teto do auditório o fogo se alastrou.
3-A abóboda do prédio escondeu o fogo, o que teria dificultado o início de combate às chamas.
4-Vidros das laterais do prédio foram quebrados por causa da alta temperatura.

DEFESA CIVIL AFIRMA QUE FOGO COMPROMETEU TETO DO MEMORIAL
Avaliação preliminar da Defesa Civil de São Paulo indica que o teto do auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina foi "comprometido" pelo incêndio..
Novos testes serão feitos para uma avaliação definitiva, mas, dadas as características da construção, isso significa que o prédio poderá ser totalmente demolido para uma reconstrução completa.
Os técnicos do instituto também farão exames laboratoriais das estruturas de concreto para saber o quanto foram comprometidas.
Peritos afirmam que é necessário muito calor para comprometer uma estrutura de concreto e que o material incendiado no auditório --como poltronas e obras de arte-- produzem muita fumaça, mas um calor menos intenso.
O auditório do Memorial foi interditado por tempo indeterminado pela Defesa Civil.

LAUDO CONCLUI QUE A ESTRUTURA NÃO FOI AFETADA
O laudo definitivo feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) concluiu que o incêndio não prejudicou a estrutura do local.
De acordo com o documento feito com base em estudos feitos em laboratórios durante três meses, o auditório Simón Bolivar, na zona oeste da capital, já pode começar a ser restaurado. Agora, o Memorial deve abrir uma licitação para fazer a reforma estrutural do local.
A única recomendação feita pelo IPT é trocar o concreto das armaduras de ferro, que sustentam o prédio, conforme as dimensões originais do projeto.

PERDA CULTURAL
O prejuízo cultural é imenso, vamos buscar todos os meios de reparação e devolver esse espaço aos frequentadores.A fundação afirmou não ser possível ainda calcular os prejuízos financeiros nem todas as peças danificadas,  afirmou o secretário estadual da Cultura, Marcelo Araújo.
"É uma obra de tamanho inusitado dentro da obra fantástica de Oscar Niemeyer", disse Tomie Ohtake.

REFORMA DO MEMORIAL
Quase dois anos após incêndio, a reforma ainda não começou no valor de R$ 6,5 milhões.

Fonte: @ZR, UOL, em São Paulo 29/11/2013, Folha de São Paulo - 30 de novembro de 2013, UOL Noticias- 01 de dezembro de 2013, Folha de São Paulo - 30 de julho de 2015 

Comentário: Em se tratando de uma bomba de incêndio elétrica, para seu funcionamento ininterrupto durante o incêndio, ela  deverá ter sua ligação elétrica independente através de uma entrada exclusiva da concessionária de energia ou de um gerador de emergência.

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terça-feira, abril 19, 2016

Lembrança: O incêndio de 1903 no teatro Iroquois, em Chicago

“A cortina de asbestos! Pelo amor de Deus, ninguém sabe como abaixar esta cortina?”
Eram os gritos do ator Eddie Foy do palco do Teatro Iroquois em Chicago, em 30 de dezembro de 1903, enquanto o público apavorado lutava para sair do prédio. O incêndio começou no palco durante o segundo ato da matinê, Mr. Bluebeard,  causado por curto-circuito numa lâmpada de iluminação de cenário  (holofote)  e o fogo rapidamente começou a propagar-se pelo cenário que eram combustíveis. Dois funcionários do palco tentaram apagá‑lo, mas as chamas já estavam fora de controle.

O público mais próximo do palco podia ver as chamas, e alguém acabou gritando “fogo”. A multidão começou a se dirigir para as saídas e, como Foy mais tarde lembrou nas suas memórias, “já mostravam sinais de pânico – os da plateia não estavam tão assustados como os do mezanino e das galerias, locais mais perigosos”.

Foy pediu para descer a cortina do palco, mas ela parou a dois terços do caminho, uma das pontas travou. Uma corrente de ar vinda  do palco, através da porta em que os atores estavam fugindo, jogou a cortina solta  incendiada sobre o auditório.  Então aconteceu o que observadores descreveram como “um ciclone de fogo”, do palco para a plateia. O pânico tomou conta das pessoas em fuga.


EXCESSO DE LOTAÇÃO
Havia cerca de 2.000 pessoas no teatro. Desse número 1740 estavam sentados. O restante estava amontoado nos corredores da plateia e no mezanino. Nas galerias estavam lotados de pessoas.

CRIANÇAS E MULHERES FORAM AS PRINCIPAIS VÍTIMAS.
Havia homens na plateia e nas galerias, mas eram poucos, na proporção das crianças. Havia mulheres também.
Muitas das vítimas eram mulheres e crianças que aproveitavam os feriados de Natal para ir ao centro da cidade ver a peça.
Alguns delas morreram com seus filhos nos braços. Provavelmente, a proporção de homens no teatro seria um  para cada dez mulheres e crianças; das mulheres uma para cada quatro crianças ou jovens.
Vítimas fatais – 602
Feridos - 350

INVESTIGAÇÃO
A investigação revelou que o prédio, cuja construção ainda não estava terminada, estava longe de ser “à prova de fogo”, como dizia o construtor.
As entradas para os mezaninos superiores e galeria estavam fechadas para impedir que as pessoas da plateia passassem para outros níveis. Portas abertas para o interior do teatro dificultaram a saída de pessoas  que começaram a amontoar-se tentando escapar. Muitas pessoas foram pisoteadas na tentativa de escapar.
Das 30 saídas, 27 tinham sido trancadas e poucas delas estavam sinalizadas. Não existiam saídas de incêndio, alarmes,  extintores de incêndios,  telefones ou conexões de água.  

O Teatro Iroquois foi reaberto um ano mais tarde, como Teatro Colonial e mais tarde foi substituído pelo Teatro Oriental em 1926.
Fonte: @ZR, Chicago Daily Tribune, Thursday, 31 December, 1903, Nfpa Journal Latinoamericano- setembro 2015

Comentário: Passados mais de 100 anos os problemas mais comuns de violações de incêndio continuam; saídas de incêndio, alarmes,  sprinklers, sinalização, rede de hidrante.

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segunda-feira, abril 11, 2016

Instituto detecta glifosato na cerveja alemã

Lúpulo, malte, fermento e água são os quatro ingredientes permitidos na cerveja alemã, segundo a famosa Lei de Pureza da Baviera, datada de 23 de abril de 1516.

O Instituto Ambiental de Munique anunciou na quinta-feira (25/02) que encontrou um quinto ingrediente: o glifosato, o herbicida mais usado no mundo e amplamente difundido também no Brasil, principalmente em lavouras de soja.

Segundo o Instituto, testes em amostras de 14 das cervejas mais populares do país constataram, em todos os casos, traços do herbicida. A quantidade varia de 0,46 a 29,74 microgramas por litro.

Não há um limite legal para a presença de glifosato na popular bebida, mas o instituto afirma que a quantidade máxima de herbicidas permitida na água potável é de 0,1 micrograma por litro.
O Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BfR), órgão responsável por examinar potenciais ameaças à saúde pública, afirmou que a presença de glifosato na cerveja é esperada devido à aplicação nas lavouras e que os níveis detectados não representam riscos à saúde humana, segundo o que se sabe até o momento sobre o herbicida.

Sobre a quantidade detectada pelo instituto de Munique, no caso mais extremo de cerca de 30 microgramas por litro, o BfR declarou que seria necessário consumir mil litros de cerveja por dia para que o produto oferecesse riscos à saúde de um adulto.

"Eu ainda não vi ninguém na Baviera que beba mil litros. E se alguém beber tudo isso, a morte não vai chegar por causa do herbicida, mas por outros motivos que você e eu podemos imaginar", afirmou o ministro alemão da Alimentação, Christian Schmidt, à emissora N-TV.

"Em termos absolutos, a quantidade é pequena", afirma a instituição. "Mas, para substâncias carcinogênicas e que afetam os hormônios, não há limite inferior de segurança."
Para os ambientalistas, o glifosato provavelmente chega até a cerveja pelo trigo ou pela cevada, já que nas lavouras convencionais o herbicida é amplamente usado. A instituição pediu às cervejarias que realizem testes nos ingredientes que utilizam.

A Associação dos Agricultores da Alemanha (DBV) afirmou que cerca da metade da cevada consumida no país é importada de locais onde as exigências para a aplicação de glifosato são menos rígidas.

Na Alemanha, o produto não é aprovado para o uso antes da colheita. No caso do lúpulo, o herbicida não é utilizado, afirmou o DBV.
A Associação Alemã dos Fabricantes de Cerveja rebateu as críticas do instituto ao controle de qualidade das matérias-primas, afirmando que elas são "absurdas e totalmente infundadas".
O glifosato é o herbicida mais utilizado em todo o mundo. Na Alemanha, ele é aplicado em cerca de 40% das terras usadas na agricultura.
Críticos afirmam que ele é cancerígeno, mas a empresa americana Monsanto, fabricante do produto, afirma que nenhum teste comprovou a periculosidade do herbicida.

A lista das cervejas avaliadas:
Krombacher Pils (2,99 microgramas (μg) por litro)
Oettinger Pils (3,86 μg/l)
Bitburger Pils (0,55 μg/l)
Veltins Pilsener (5,78 μg/l)
Beck's Pils (0,50 μg/l)
Paulaner Weissbier (0,66 μg/l)
Warsteiner Pils (20,73 μg/l)
Hasseröder Pils (29,74 μg/l)
Radeberger Pilsner (12,01 μg/l)
Erdinger Weissbier (2,92 μg/l)
Augustiner Helles (0,46 μg/l)
Franziskaner Weissbier (0,49 μg/l)
König Pilsener (3,35 μg/l)
Jever Pils (23,04 μg/l)
Fonte: @ZR, Deutsche Welle - Data 25.02.2016

Comentário:
Resumo: Um dos herbicidas que mais tem causado danos ao meio ambiente e também para o ser humano é o glifosato. Ele é uma molécula química sintetizada, desenvolvido para matar qualquer tipo de planta, principalmente perenes. Assim, muitas plantas culturais geneticamente modificadas são simplesmente alterações genéticas para resistir ao glifosato. Em relação à saúde humana, ele mimetiza certos hormônios. Por exemplo, ele pode entrar no cordão umbilical durante a gestação e afetar o desenvolvimento do bebê. Além disso, ele é considerado um desruptor endócrino, ou seja, ele vai acionar genes errados, no momento errado, no órgão errado. Ele altera a situação de controle dos genes.

O que é o glifosato?
O glifosato é uma molécula química que foi sintetizada e que tem a capacidade de produzir um caminho alternativo para as plantas que recebem esse produto. E esse caminho alternativo acaba sufocando a planta quando ocorre, portanto, a interrupção da produção de três aminoácidos. Com isso, as proteínas que são formadas são defeituosas, e as plantas acabam morrendo porque não conseguem sintetizar as proteínas adequadas.

O glifosato é uma molécula que causa diferentes tipos de problemas para a saúde humana e também para o meio ambiente. Em relação à saúde humana, ele mimetiza certos hormônios. Por exemplo, ele pode entrar no cordão umbilical durante a gestação e afetar o desenvolvimento do bebê. Além disso, ele é considerado um desruptor endócrino, ou seja, ele vai acionar genes errados, no momento errado, no órgão errado. Então, ele altera a situação de controle dos genes.

O glifosato também causa, por exemplo, diminuição da produção de espermas, conforme vimos em experimentos feitos em ratos, ou produz espermas anormais. No caso do sistema endócrino, ele pode, por exemplo, inibir algumas enzimas. Ele vai alterar os hormônios que entram na regulação da expressão gênica.

Geralmente, ele atua na regulação de genes e na expressão de certas substâncias. Existem relatos bastante significativos de ocorrências que associam o câncer a pessoas que aplicam o glifosato. Um agricultor, por exemplo, não aparenta de imediato que vai adoecer, ter um câncer, pois o glifosato age dessa forma com exposições repetidas.

A maioria dos agrotóxicos vai envenenando aos poucos as pessoas e o meio ambiente. Às vezes, não são coisas perceptíveis. Obviamente, quando alguém é submetido a uma grande exposição ao glifosato, sente em seguida irritação nos olhos, na pele, algum sintoma no estômago. Quando as doses são pequenas, é impossível perceber que se está sendo intoxicado aos poucos.

No meio ambiente, ele é considerado mortal a alguns anfíbios e répteis. Ele também favorece algumas bactérias de solo e prejudica a outras. Ele altera a dinâmica da vida, da biota do solo.

Fonte: Rubens Onofre Nodari é graduado em agronomia pela Universidade de Passo Fundo e mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutorado pela  University of  California, Davis (UC Davis).  

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segunda-feira, abril 04, 2016

Os perigos ocultos do cheiro de carro novo

O chamado “cheiro de carro novo” tem um efeito quase inebriante para algumas pessoas – e não é à toa que concessionárias abusam desse recurso para incentivar as compras.
O odor é genuíno e vem de uma combinação de vários tipos de substâncias químicas usadas na fabricação de veículos: solventes, colas, plásticos, borracha e tecidos, por exemplo.

COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS (COVs)
O único problema: muitas delas são altamente intoxicantes. Isso porque contêm compostos orgânicos voláteis (COVs), que podem até ser letais dependendo da quantidade.
“Trata-se de um coquetel químico feito com um monte de toxinas”, explica Jeff Gearhart, diretor de pesquisa do Ecology Center, dos Estados Unidos, entidade que monitora e testa os níveis de substâncias químicas no interior de carros.
Segundo o especialista, essa quantidade diminuiu nos últimos anos. “Mas ainda há muito trabalho a fazer nesse sentido”, afirma. “Encontramos mais de 200 substâncias químicas dentro de veículos, e como esses compostos não são regulamentados, os consumidores não têm como saber sobre os riscos a que estão expostos.”

DE DOR DE GARGANTA A CÂNCER
Só a lista dessas substâncias já é suficiente para fazer com que o interior de um carro se pareça mais com um desfile de materiais perigosos. Benzeno, tolueno, formaldeído e metais pesados fazem parte do mix.
E, dependendo da sensibilidade do usuário do veículo, as consequências da exposição rápida a esses químicos vão da dor de garganta ou dor de cabeça a tontura, náuseas e reações alérgicas.
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o contato permanente com essas substâncias pode até provocar alterações hormonais, afetar o sistema reprodutivo, causar danos ao fígado, aos rins e ao sistema nervoso central, ou até levar ao câncer.
É com essa exposição a longo prazo que os especialistas em saúde estão preocupados.
 “As pessoas passam, em média, mais de uma hora por dia em seus veículos”, lembra Gearhart. “O contato prolongado com as toxinas desse ambiente afeta adultos, crianças e animais de estimação.”

CARRO NOVO:PERIGO
O perigo é maior quando o carro é novo e é mais fácil notar o odor. Nessa fase, os compostos ainda estão instáveis e propensos a liberar vapores químicos lentamente, em um processo conhecido como desgaseificação.
O aquecimento provocado pela exposição do carro ao sol piora o problema, pois acelera as reações químicas. O risco diminui com o passar do tempo, melhorando a partir de seis meses da fabricação.

REAÇÃO DAS MONTADORAS
A boa notícia é que algumas das grandes montadoras já anunciaram que estão adotando medidas para reduzir o nível de COVs no interior de seus carros, assim como outras substâncias de risco.
Segundo elas, isso é possível com o uso de materiais, revestimentos e colas diferentes durante a fabricação.

POLICLORETO DE POLIVINILA (MAIS CONHECIDO COMO PVC).
Um conhecido agente cancerígeno que deve ser retirado da produção de carros é o policloreto de polivinila (mais conhecido como PVC). Em 2006, o Ecology Center descobriu que a substância era utilizada em praticamente todos os carros novos.
Em 2012, esse número havia caído para 73%. Os fabricantes afirmam que o uso do PVC continua em declínio. Apenas uma montadora, a Honda, alega que já eliminou totalmente a substância da maioria de seus modelos. As montadoras também dizem que melhoraram os sistemas de ventilação e filtragem da cabine.

MUDANÇAS
Algumas, como a Ford, destaca ter passado a utilizar mais fibras naturais e espuma à base de soja em seus bancos. Mas ainda se espera o veredicto sobre os efeitos desses materiais alternativos a longo prazo.
Muitas dessas mudanças ocorreram depois que a União Europeia aprovou maiores restrições ao uso de substâncias químicas. Há relatos de que a China também estaria desenvolvendo legislações nessa área, enquanto o Estado americano da Califórnia já aprovou medidas nesse sentido.

DICAS DE ESPECIALISTAS
■ Enquanto países começam a discutir o assunto, especialistas recomendam que os donos de carros novos tentem diminuir ao máximo sua exposição às substâncias tóxicas, mantendo o interior dos veículos bem ventilados, principalmente nos primeiros seis meses.
■ Estacionar na sombra, com as janelas abertas (se for seguro), ou pelo menos tentar ventilar o carro antes de entrar nele, especialmente nos dias quentes, também ajuda.
■Outras medidas incluem evitar permanecer no carro quando estiver estacionado e utilizar vidros temperados para diminuir a incidência de sol.
■ O Ecology Center também recomenda limpar o interior do veículo com uma toalha de microfibra e um detergente não tóxico. “As substâncias químicas tendem a permanecer na poeira”, afirma Gearhart.
■ Para aqueles que são particularmente sensíveis a substâncias químicas, o especialista sugere observar se surgem sintomas durante o test drive com o carro novo.
■ Se a sensibilidade for extrema, diz Gearhart, “em última instância, talvez seja melhor até comprar um carro usado”. Fonte:@ZR, BBC Brasil - 30 março 2016

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