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Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Lembrança - Incêndio em hotel na Espanha

Quando o Hotel Corona de Aragón foi construído em Zaragoza, em 1968, teve que ser obtida uma autorização de construção, dada pela municipalidade. Ela consiste essencialmente de uma permissão para construir sob certas regras de construção, mas sem nenhuma referencia a incêndios. O comandante do Corpo de Bombeiros não teve oportunidade de examinar ou comentar os planos de construção.

Depois disso, duas portarias sobre prevenção contra incêndios foram introduzidas em Zaragoza.
A primeira, datada de 1964, exige a instalação de hidrantes em torno de certos tipos de edificações, tais como: teatros, cinemas, colégios, universidades, hospitais, supermercados e usinas. A segunda se aplica a edificações com mais de 28,5 metros de altura e estabelece prescrições para facilitar a luta contra incêndios, dizendo respeito a tubulações secas, hidrantes, extintores e escadas de emergência ou escadas que permitam a evacuação.

Essas portarias se aplicam somente para projetos e construções de novos edifícios e não contem quaisquer referencia a escadas enclausuradas, medidas de limitação da propagação do fogo e da fumaça, iluminação de emergência e sistema de alarme em caso de incêndio.

SITUAÇÃO E DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO
O Hotel Corona de Aragón, estava situado no centro da cidade de Zaragoza e ocupava praticamente toda uma quadra de 84 por 21 metros.

O hotel é constituído por: três subsolos, o térreo e dez pavimentos,

Característica do hotel
• a estrutura do edifício era de colunas de aço não protegidas, com alvenaria de tijolos furados e piso convencional.
• nos dois subsolos inferiores estavam localizados; a casa da caldeira e o depósito de combustível,  a instalação de condicionamento de ar, casa de força e eram  protegidos por um sistema automático de C02.
• a cozinha do Café Formigal estava localizada no primeiro subsolo.
• no térreo, estava localizado um restaurante chamado "The Piccadilly".
• os nove pavimentos possuíam 250 apartamentos, e o último andar abrigava os escritórios e a administração do hotel.
• a caixa da escadaria aberta,  era metálica,  comum a todos os andares, desde o primeiro subsolo até o 11o  andar.

ESCADA DE EMERGÊNCIA
Possuía uma escada de emergência localizada no fundo da edificação, próxima a escada principal. Embora a escada fosse enclausurada com paredes de tijolos, as portas não eram resistentes ao fogo e nem de fechamento automático. O acesso era feito o pelo hall do elevador.

CORPO DE BOMBEIROS
O Corpo de Bombeiros Municipal de Zaragoza tinha um único posto de bombeiros com algumas viaturas antigas, incluindo uma plataforma hidráulica e uma escada Magirus . O posto estava próximo ao hotel.

CENÁRIO DO  INCÊNDIO
 O incêndio teve inicio pouco após as 8 horas, 12 de julho de 1979, na cozinha do Café Formigal, no primeiro subsolo. Uma máquina de fritura para preparação de "churros", um tipo de rosca popular na Espanha, tinha sido aquecida em razão do afluxo de hóspedes para o café da manhã e para a preparação das bandejas daqueles que iriam tomar o café em seus quartos.

O óleo superaquecido se inflamou. Acima, mas não conectado a maquina, havia uma coifa destinada a receber a fumaça causada pela fritura. O duto da coifa atravessa uma grande abertura, mudando de direção para passar pela parede do fundo do hotel e alcançar à área externa.
A abertura feita no forro para a passagem do duto era consideravelmente maior do que o duto e não havia nenhum dispositivo de vedação ou corta chamas.
O pessoal da cozinha combateu o fogo da máquina de fritura com extintores de C02, durante 10 minutos, antes que eles notassem que o fogo não estava sendo controlado, mas, de fato, se propagando e não somente na cozinha mas, também, através da abertura do duto no restaurante Piccadilly, no andar acima.

PROPAGAÇÃO DO INCÊNDIO
O incêndio se espalhou rapidamente pelos dois andares, envolvendo o mobiliário, a decoração etc., grande parte de espuma e outros materiais plásticos. Como a escada principal do hotel, não era enclausurada, era também utilizado pelos restaurantes, o fogo e a fumaça ocuparam a caixa de escada até o ultimo andar. O fogo e as chamas concentraram-se no último andar, envolvendo a  maioria dos escritórios e as chamas eram visíveis pelas janelas .
Ao mesmo tempo, as chamas em grande quantidade e uma enorme coluna de fumaça preta saíam das janelas adjacentes do restaurante e recobriam a fachada do prédio em toda a extensão. Esta foi à situação com a qual os bombeiros se defrontaram, na chegada, 10 a 15 minutos após a chamada.

SEM SISTEMA DE ALARME E PORTAS CORTA-FOGO
Sem sistema de alarme, houve pouco tempo e praticamente nenhuma possibilidade de alertar os hóspedes; as fumaças  invadindo os corredores a partir da escada principal não enclausurada e a fuga se tornando extremamente difícil. Algumas pessoas utilizaram a escada de emergência como meio de fuga, até que ela ficou envolvida pela fumaça, uma vez que as portas que lhe davam acesso não eram resistentes ao fogo ou de fechamento automático.

RESGATE
Alguns foram resgatados do terraço superior por helicópteros de uma base militar próxima.
Outros se lançaram em um pequeno tanque existente no andar abaixo do terraço e aguardaram na água até a chegada de socorro. Alguns hóspedes jogaram se ou caíram pelas janelas ou balcões, a maioria deles pelo lado frontal do edifício.
Os bombeiros efetuaram vários salvamentos por meio da escada Magirus, da plataforma hidráulica, de escadas portáteis de bombeiros e ainda por três guindastes requisitados de um canteiro de obras vizinho.

HOSPEDES
Estimativa de hospedes no momento do incêndio: 420

VÍTIMAS
78 mortos e 113 feridos

DANOS CAUSADOS
Os danos causados pelo incêndio foram enormes nos dois andares do restaurante, nas zonas próximas da escada principal e no ultimo andar, o da administração do hotel.
A estrutura e demais componentes do edifício não foram seriamente atingidos e não houve colapso de colunas, de vigas, pisos e paredes, devido em grande parte à ventilação de incêndio tanto externa como internamente, através das caixas de escadas abertas e das janelas do último andar.

CONCLUSÃO
A extensão do incêndio era previsível, tendo em vista a construção e o "layout" do edifício, a demora de 10 minutos na chamada dos bombeiros e a grande quantidade de materiais facilmente combustíveis nos dois restaurantes. O fato de o número de mortos não ter sido mais elevado se deve aos esforços dos bombeiros, os quais, com limitados recursos à sua disposição, se viram face a face com uma difícil tarefa de salvamento e combate a incêndio. Fonte: Revista "Fire International " e RTV.ES

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quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Princípios básicos de combate a incêndio em tanques

O combate a incêndios em área de tanques exige um planejamento que aborde os seguintes aspectos
1. Definir o tipo de ataque

2.Segurança da vizinhança até a execução do ataque de extinção (resfriamento com água de objetos expostos ao fogo ou calor radiante)

3.Logística de combate a incêndio:
3.1-Definir um local seguro para instalar o comando de operação, “gabinete de guerra”. O comandante de operação é responsável pela logística de incêndio e planejamento. 
3.2-Segurança no abastecimento de água – fonte de abastecimento
3.3-Segurança nos equipamentos para extinção (bombas, mangueiras, viaturas, canhões   monitores e acessórios, etc)
3.4-Segurança no abastecimento de  extratos de espumas
3.5-Segurança na produção de espuma (preparar os equipamentos, mangueiras e executar testes de funcionamento)
3.6-Segurança das equipes de emergência (equipamento de proteção individual, revezamento, alimentação, área de descanso ou  de apoio e equipe médica)

4.-Cabe ao comandante responsável pela emergência (o comandante de emergência é responsável pela atuação das equipes de emergência e o comandante de operação  é responsável pela coordenação) demonstrar total domínio pelas táticas de incêndio.

5.-As dificuldades no combate a um incêndio crescem com o diâmetro do tanque, com baixo nível do produto em queima  e com o tempo de queima do tanque. Os fatores externos ou internos mais importantes são a natureza da vizinhança e a influencia dos ventos.

6. Os volumes de espuma necessários são proporcionais ao quadrado do aumento do diâmetro  e também quanto à mudança de ordem técnica (dificuldade de extinção do incêndio)
6.1-Quanto menor for o volume de líquido no tanque, tanto mais a espuma deverá cair até atingir a superfície do líquido
6.2-Quanto maior é a altura da queda, tanto maior é o contato da espuma com as altas temperaturas e como conseqüência são possíveis perdas de 80% a 90% da espuma na zona de combustão.
6.3-Com o tempo de queima o tanque apresenta deformações. Devido às paredes retorcidas formam-se  na superfície do liquido,  ilhas em chamas de metal rubro , que não permite o acesso da espuma.

7.-Um tanque cheio que queima, permite aproximação e instalação de equipamentos que muito provavelmente evitará perda excessiva de espuma.

8.-Nos tanques aquecidos uma parte do calor liberado é reconduzido ao produto em queima. Isto ocorre nos tanques não cheios pelos seguintes caminhos:

Propagação de calor em tanques
1- radiação das chamas para o líquido
2 -radiação das chamas para as paredes do tanque
2a-radiação das paredes do tanque para o líquido
2b-condução da parede do tanque às camadas superiores do líquido
3-transmissão de calor da zona de gás para o líquido pela convecção dos vapores ainda não queimados

Pela figura  podemos considerar:
1.-Pode-se diminuir a transmissão de calor da zona de chamas para o líquido pelo resfriamento das paredes do tanque
2.-A transmissão de calor da zona de chamas para o líquido, pela radiação e condução,  deve ser impedida pela espuma
3.-A espuma é destruída  com intensidade com a diminuição do volume de combustível contido no tanque, pelo aumento do seu trajeto até a superfície do líquido.
4.-A espuma lançada através da zona de chamas sofre uma perda maior do que aquela lançada através de instalações fixas, semifixas ou torres portáteis
5.-O ponto ideal para a “chegada da espuma” é no centro da superfície do líquido
6.-Deve-se proceder ao resfriamento do tanque em fogo e dos tanques adjacentes

Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

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sábado, fevereiro 14, 2015

Quanto de água é necessário para produzir

Por dia, cada brasileiro consome 5.500 l de água que ninguém vê. Do leite à cerveja, do milho à carne, toda produção depende de milhares de litros d’água
Água para beber, tomar banho, lavar a louça e a roupa. O consumo de uma pessoa vai muito além do líquido que ela vê escorrer pela torneira. Entra na conta também a chamada água virtual, que é o volume usado para produzir produtos e serviços que são consumidos. O total de água real e virtual forma a chamada pegada hídrica, que é o “rastro” de consumo deixado por uma pessoa, empresa ou país e é calculado com base sem dados da Unesco, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil, a pegada hídrica é de 2.027 m³ por habitante a cada ano, o que equivale a 5,5 m³ por dia ou 5.500 litros diários para uma pessoa. Para um litro de leite, por exemplo, são necessários mil litros de água, considerando todo o gasto desde o necessário para plantar o milho que servirá de ração para a vaca.

CONSUMO
O alto gasto para produzir todo tipo de produto deve servir de alerta, ainda mais com a estiagem intensa dos últimos anos, que pode levar a racionamento de águe a luz. A redução do consumo tanto direto, quanto indireto de água é papel que cabe ao consumidor, diz a Coordenadora do MBA em Gestão do Ambiente e Sustentabilidade da FGV/Faculdade IBS, Susana Feichas. A produção está na mão dos consumidores. A indústria produz o que o consumidor deseja. Então é o consumo que deve mudar. A agricultura e a indústria consomem  juntas, mais de 80% da água e têm que ser pressionadas a usar técnicas que reduzam o volume necessário para produzir cada item. Como a água até agora foi um bem abundante, a racionalização do uso e recuperação dos danos não foram prioridade na produção, nem estimuladas por políticas públicas. Sem dúvida, a recuperação onera a produção, mas ainda não se fez a conta do ônus da falta de água sobre a produção, alerta a especialista.  Fonte: O Tempo: 01/02/15  

Comentário: Entenda Pegada Hídrica
A conta leva em consideração todo o gasto de água para que o produto esteja em condições  de consumo
Para 1 kg de carne, chegar à mesa do consumidor, o animal consome:
Grãos:1,3 t
Ração:7,2 t
Água para beber: 24 m3
Água para outras finalidades: 7 m3
Incluindo: a água utilizada para cultivar os grãos, fazer a ração e todos os outros usos, chega-se a 15.500 litros por quilo de carne.
A água virtual é a água que não é visível para nós, mas está incorporada nos produtos.
O que é a Pegada Hídrica
A pegada hídrica é definida como o volume de água total usada durante a produção e consumo de bens e serviços, bem como o consumo direto e indireto no processo de produção. O uso de água ocorre, em sua maioria, na produção agrícola, destacando também um número significativo de volume de água consumida e poluída, derivada dos setores industriais e domésticos. Portanto, determinar a Pegada Hídrica é tornar possível a quantificação do consumo de água total ao longo de sua cadeia produtiva.
Pegada hídrica em alguns países 
m3/habitante/ano
China
1.070
Reino Unido
1.258
Brasil
2.027
Portugal
2.505
EUA
2.840

  
A água está em tudo 
Quanto de água é necessário para produzir
Computador
31,5 mil l
Carro
144,3 mil l
1 camiseta (t-shirt) de algodão
2.000 l
1 par de sapatos de couro
8.000 l
1 folha de papel A4 (80 g)
10 litros
1 kg de açúcar
1.500 l
1 copo de cerveja (250 ml)
75 l (a maior parte do gasto da água se deve a cevada que consome 1.300 l por Kg)
1 copo de vinho (125 ml)
140 l
1copo de suco de laranja (200 ml)
170 l
1 xícara de chá (250 ml)
35 l
1 hambúrguer (150 g)
2.400 l
1 fatia de pão branco (30 g)
40 l
1 xícara de café  (125 ml)
140 l
Produtos de origem animal

1 kg de manteiga
18.000 l
1 kg de frango
3.900 l
1 kg de carne de boi
15.500 l
1 kg de carne de carneiro
6.100 l
1 kg de carne de porco
4.800 l
1 kg de carne de cabra
4.000 l
1 copo de leite (200 ml)
200 l
1 kg de queijo
5.000 l
1 l de leite
1.000 l
1 kg de leite em pó
4.600 l
1 ovo   
200 l
Cultura

 1 kg de amendoim
3.100 l
1 kg de farinha de trigo
1.300 l
1 kg de milho
900 l
1 kg de maçã ou pera
300 l
1 kg de laranja
460 l
1 kg de repolho
200 l
1 kg de tomate
180 l
1 kg de alface
130 l
1 kg de batata
250 l
1 kg de banana 
499 l
1 kg de arroz
3.000 l
Fonte: Hoekstra, A. Y. Chapagain, A. K. (2007) – Waterfootprint of nations; water use by people as function of their consumption pattern. Water Resourc Manager

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terça-feira, fevereiro 10, 2015

Crise de água:Rio Jaguari, MG, desmatamento das margens

O Rio Jaguari, um dos mais importantes da região Sudeste, está com 10% de sua vazão natural no trecho em que passa por Extrema (MG) por causa da falta de chuvas nos últimos meses. Com nascentes no Sul de Minas, o rio é responsável por mais de 60% do abastecimento do Sistema Cantareira, em São Paulo.
O Rio Jaguari é abastecido por mais de 10 mil fontes de água. Ele nasce em Sapucaí-Mirim (MG) e corta os municípios de Camanducaia (MG), Itapeva (MG) e Extrema, onde na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, ele se junta ao Rio Camanducaia. Já no Estado de São Paulo, o Jaguari se encontra com o Rio Jacareí, e juntos, eles formam um dos reservatórios do Sistema Cantareira.
"Minas Gerais é a caixa d'água do Brasil. Se não houver chuva no Estado de Minas, com toda certeza, o abastecimento público de água, da mesma forma como na geração de energia hidrelétrica, estará prejudicado", explica José César Saad, coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
Extrema é a única cidade mineira abastecida pelo Rio Jaguari. Só dentro do município ele percorre cerca de 30 km. Cada trecho por onde o rio passa é valorizado, seja para a prática de esportes radicais ou mesmo para visitação no Parque Municipal do Jaguari, onde as quedas d'água formam um cenário deslumbrante.
Mas nessa época do ano, o cenário era para ser ainda bem diferente. Algumas das pedras que hoje podem ser vistas no rio, deveriam estar encobertas pela água. "Hoje nós só temos 10% do que deveria estar passando aqui. Era pra estar passando por volta de 30 mil litros de água por segundo, e hoje está passando 2,5 mil litros por segundo", explica o secretário de meio ambiente da cidade, Paulo Henrique Pereira.

DESTRUIÇÃO DA MATA CILIAR
A destruição da mata ciliar do Rio Jaguari ao longo de seu trajeto sinuoso por dentro da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas, é hoje a maior vilã da recuperação das represas do Sistema Cantareira.
Sem a vegetação nas suas margens, que deram lugar a imensas plantações de arroz, eucaliptos e a pastagens de gado, o Jaguari sofre um grave processo de erosão que causa o assoreamento do leito do rio e impede que as chuvas na região serrana cheguem aos reservatórios.
O resultado da destruição da mata ciliar do rio ao longo do tempo, segundo especialistas, é justamente a diminuição do volume de água que chega ao Cantareira. Segundo monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica, a região tem apenas 21,5% da cobertura vegetal nativa.
 “Sem matas ciliares nas encostas dos rios, a própria chuva acaba sendo prejudicial para o manancial. Em vez de infiltrar no solo, a água corre pela área desmatada, levando sedimentos e assoreando o leito do rio”, explica Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica. A vegetação das margens funciona como um filtro, retendo a chuva para os lençóis freáticos, que estocam água e aos poucos alimentam o rio.

NASCENTES- PERDAS DE MATA NATIVA
Mas, até próximo de suas nascentes, o Rio Jaguari já perdeu sua mata nativa para plantações de pinus e eucaliptos, culturas consideradas nocivas em áreas de proteção ambiental, justamente por consumirem muita água do solo.
“Os eucaliptos são chamados de secadores de lagos, eles competem com a gente porque consomem muita água e por isso crescem rápido. Pior do que eles, só as áreas de pasto, que impermeabilizam completamente o solo”, afirma Paulo Henrique Pereira, secretário de Meio Ambiente de Extrema.
Desde 2005, o município mantém o projeto Conservador das Águas, que já cercou mais de 6 mil hectares de áreas de preservação permanente que margeiam córregos pagando donos de terra pelo serviço ambiental prestado. Ainda assim, Extrema tem apenas 15% de mata nativa preservada.
A destruição da mata ciliar do Rio Jaguari chega até a Serra da Mantiqueira, em Camanducaia. Fazendas de eucaliptos e pinus tomaram toda a região no alto da serra, onde estão as nascentes do manancial.
O Código Florestal estabelece como área de preservação permanente a faixa que, a partir da máxima margem de cada rio, riacho, córrego ou represa, vai de 30 a 100 metros. Nas áreas rurais de Camanducaia as pastagens e fazendas de gado ocupam a margem do Jaguari.  

PROTEÇÃO PARA PREVENÇÃO
Para a analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas, Raquel Junqueira Costa, enquanto a chuva não vem, a preocupação deve ser com a preservação das áreas de nascentes. "Essa vegetação nativa que fica no entorno das nascentes, às margens do curso d'água, ela protege as margens do rio do assoreamento e filtra a água que chega no rio."
A chuva quando cai em terreno limpo, sem vegetação, corre direto para o rio e depois volta ao mar, o que não acontece em áreas conservadas, onde a água se infiltra na terra formando bolsões freáticos na montanha, por exemplo. Assim, o solo funciona como uma esponja e vai liberando água devagar pelas nascentes, garantindo o abastecimento no período seco.

PROJETO DE PRESERVAÇÃO DAS NASCENTES
Um projeto desenvolvido pela Prefeitura de Extrema busca recompensar os produtores rurais que protegem as nascentes no município. O projeto é aplicado na propriedade de Hélio de Lima há cerca de quatro anos. O córrego que passa pelo local é protegido por uma cerca, para impedir o acesso do gado. Além disso, várias mudas nativas foram plantadas na beira do curso d'água e um sistema biodigestor, que trata o esgoto, também foi instalado.
Para preservar a área, ele ainda recebe dinheiro pra isso. "Eu nunca esperava que a gente ia receber por isso, isso ajuda muito, porque diminuiu o mal serviço pra mim e aumentou a minha renda", explica Lima.
Depois de nove anos do programa, os resultados agradam. "A qualidade da água está bem melhor. E também já tem relatos de nascentes que estavam mortas, e após a gente cercar, isolar e fazer a preservação, ela voltou", conta Arlindo Cortez, gerente da secretaria de meio ambiente de Extrema.

PLANTIO DE MUDAS
 Cerca de 1 milhão de mudas de espécies nativas destinadas ao reflorestamento das bacias que compõem o Sistema Cantareira estão há três meses aguardando a volta das chuvas na região para serem plantadas. Segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, responsável pelo projeto, as condições climáticas ainda não estão favoráveis, apesar do ressurgimento de algumas nascentes no sul de Minas.
 “Desde novembro de 2014, estamos com as mudas de 86 tipos de árvores nativas esperando o tempo melhorar para fazermos o replantio, priorizando a região de cabeceira do manancial e seguindo até Bragança Paulista. Mesmo com essa chuva que está caindo lá na serra, o solo ainda não está adequado para plantar”, disse Malu. As mudas ajudariam a recuperar cerca de 400 hectares, área equivalente a 400 campos de futebol.
Nenhum órgão gestor de recursos hídricos federal ou estadual tem um ponto de medição de pluviometria na região serrana do Jaguari, o que impossibilita qualquer comparação. O primeiro registro é feito já na entrada da represa, na região de Bragança Paulista, onde a vazão está 80% abaixo da média. Fontes: O Estado de São Paulo - 12 de Janeiro de 2015, G1 Sul de Minas-04/04/2014

Comentário: Estudo feito em 2010 pela Engenheira Florestal Gabriela Camargos  Lima sobre  Avaliação da qualidade do solo em relação à recarga de água na sub-bacia das Posses, Extrema (MG) do Rio Jaguari, já apontava problemas futuros no abastecimento de água no sistema Cantareira..
O uso do solo com pastagem extensiva e sem um manejo adequado tem alterado a paisagem na região Sul do estado de Minas Gerais, expondo-o aos agentes erosivos, através das alterações dos atributos morfológicos, físicos e químicos, e dessa maneira, modificando as condições de infiltração, propiciando perda de água e de solo pelo escoamento superficial direto, comprometendo a recarga dos aqüíferos e produzindo assoreamento de cursos de água nas partes mais baixas.

O manejo adequado de bacias hidrográficas, notadamente em regiões ambientalmente frágeis, como o Sul de Minas Gerais, é de importância capital para a manutenção do escoamento subterrâneo da mesma, sendo este fundamental na perenização dos cursos de água, cuja existência é função de condições satisfatórias de recarga dos aqüíferos superficiais e por conseqüência, produção de água nas nascentes.

Na região Sul do estado de Minas Gerais, grande parte das pastagens apresenta degradação do solo pela compactação e erosão hídrica. Alguns solos da região encontram-se em avançado estágio de degradação, representado pela ocorrência de erosão laminar e sulco que, embora rasos, são bastante freqüentes. Além da erosão, observa-se, em alguns locais, a redução da vazão de riachos e ribeirões nos períodos de déficit hídrico. Estudos realizados constataram que os solos são utilizados sem considerar a sua capacidade de suporte, apresentam baixa fertilidade, que precisa ser corrigida, e quando apresentam declives acentuados, devem ser adotadas práticas conservacionistas. Em resumo, há tecnologia disponível e adaptável para a redução das limitações dos solos a patamares aceitáveis, mas o investimento de capital é inviabilizado, em muitos casos, pela situação do produtor rural local, descapitalizado e desestimulado.

Nestas regiões um grande volume de água deixa de infiltrar naturalmente nos solos em decorrência da redução da cobertura vegetal e do uso incorreto do solo. Vários cursos de água estão completamente secos devido a alterações do ciclo hidrológico e do nível do lençol freático. Este déficit, aliado à ampliação das demandas de consumo de água, pode provocar um colapso no abastecimento nos grandes centros, a exemplo do Sistema Cantareira que abastece a região da grande São Paulo.

As nascentes estão localizadas no Estado de Minas Gerais, nos municípios de Camanducaia, Extrema, Itapeva e Toledo. No município de Extrema (MG), o rio Jaguari recebe um afluente importante, o rio Camanducaia. Alguns quilômetros abaixo da referida confluência, já dentro do Estado de São Paulo, o rio Jaguari é represado, constituindo um dos reservatórios do Sistema Cantareira.

O ciclo hidrológico numa bacia hidrográfica envolve os seguintes processos: precipitação, evapotranspiração, deflúvio (precipitação nos canais, escoamento superficial, escoamento sub-superficial e escoamento base) e armazenamento de água no solo. A interface entre solo, vegetação e atmosfera tem uma forte influência no ciclo hidrológico.

Em sub-bacias pertencentes à bacia do Rio Jaguari, localizadas no município de Extrema, sul de Minas Gerais, a criação de gado em áreas impróprias para atividade agrícola diminui a cobertura vegetal degradando o solo e os cursos de água, diminuindo a vazão das nascentes, riachos e rios,
influenciando negativamente o ciclo hidrológico bem como a recarga do lençol freático. Nestas regiões, um grande volume de água deixa de infiltrar nos solos em decorrência da redução da cobertura vegetal e do uso incorreto do solo.

No caso do município de Extrema (MG), 99,8% de sua área total está inserida no Sistema Cantareira, um dos maiores sistemas de abastecimento público do mundo.
A área do estudo possui 1.196,7 hectares e compreende a sub-bacia hidrográfica das Posses, localizada no município de Extrema, ao sul do Estado de Minas Gerais (Figura 1). Esta sub-bacia está inserida na Bacia hidrográfica do Rio Jaguari, um dos rios que abastece o Reservatório do Sistema Cantareira no estado de São Paulo.

Dados obtidos por  imagens do satélite LANDSAT 5 sensor TM do dia 5 de agosto 2009, através do site da Divisão de Geração de Imagens do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais);
■ Nota-se que a sub-bacia das Posses apresenta área de vegetação arbórea de 289,1 ha, que representa aproximadamente 24% da área total da sub-bacia,
■Enquanto que a área de entorno apresenta 7.958,2 ha de área de vegetação arbórea, que equivale a aproximadamente 46% da área de entorno.
O conhecimento da atual situação de degradação da sub-bacia das Posses foi claramente evidenciado e o índice de cobertura vegetal verificado em campo confirmou as imagens obtidas por satélites. .

A sub-bacia das Posses possui aproximadamente 73% de sua área ocupada por pastagens e 24% por vegetação arbórea, enquanto que a área ao entorno da sub-bacia apresenta aproximadamente 48% coberta por pastagem e 46% coberta por vegetação arbórea, caracterizando o predomínio por pastagens na sub-bacia em estudo.

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sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Crise de água: A importância das matas ciliares

As matas ciliares funcionam como um filtro natural. Seguram a terra, os agroquímicos e adubos que, na sua ausência, acabam nos mananciais. Essas matas também funcionam como grandes “esponjas” que absorvem a água quando chove e vão soltando-a lentamente nos mananciais durante vários dias. Parte dessa água retida vai para o lençol freático que abastece as nascentes, bicas e poços. A água precisa de tempo para penetrar no chão e chegar no lençol freático. Sem a mata ciliar, a água corre por cima da terra em grande velocidade e chega rapidamente ao rio, causando as enxurradas e enchentes.

1-As arvores perto dos rios funcionam como uma esponja, captando água da chuva e liberando-a aos poucos no lençol freático e nos próprios mananciais. A mata ciliar também faz a função de filtro, impedindo que terra e agrotóxicos sejam depositados nos rios.
2-Sem a mata ciliar, a água da chuva corre rapidamente para os rios, provocando enchentes. Além disso, sem a presença da vegetação, a chuva também carrega terra para os mananciais causando assoreamento e diminuindo a quantidade de água que passa pelo rio.

IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO
A vegetação exerce uma marcada influência sobre a  redistribuição das precipitações pluviais.  Toda modificação de uma cobertura florestal decorrente da intervenção do homem ou conseqüência de seu desenvolvimento natural, afeta a quantidade de água que chega ao solo e sua reserva.
A atuação da cobertura florestal no ciclo hidrológico é condicionada pelo retardamento da movimentação da água em direção aos cursos de água por meio de processos;
■ de interceptação, que permitem a reciclagem de água pela atmosfera,
■ retenção por parte do solo,
■ absorção,
■ transpiração e percolação.

Do total de água da chuva que chega a um bosque, a parte que é retida pelas folhas, ramos e troncos das árvores é devolvida à atmosfera por evaporação. Assim, a presença de uma cobertura florestal pode, significativamente, alterar o modelo de entrada de água para a superfície do solo.
A interceptação poderá causar uma diminuição no total de água de chuva que atinge o solo e conseqüentemente uma redução no escoamento superficial, permitindo que uma grande parte da água que chega ao piso florestal seja retida e infiltrada. Quando ocorre qualquer modificação nas características da cobertura do solo, além das alterações nas variáveis do balanço energético, verifica-se mudanças na dinâmica do escoamento, com conseqüências direta no processo evaporativo.

As mudanças ambientais ocasionadas pelo desmatamento das matas ciliares têm provocado questões acerca do comportamento da manutenção dos mananciais e dos seus reflexos nas alterações climáticas de uma região, discutidos com ênfase na contribuição da evapotranspiração para geração de novas chuvas. Sob o ponto de vista hidrológico e ecológico, trata-se de um assunto de real importância, ante o papel das matas ciliares na preservação dos recursos hídricos e dos solos. De uma maneira geral, a referida vegetação contribui para;
■ redução das perdas de solo,
■ perenidade das fontes e nascentes,
■ proteção dos cursos de água contra os impactos de defensivos, corretivos e fertilizantes,
■ melhoria da qualidade de água e aumento do seu volume.

CICLO HIDROLÓGICO
O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o movimento contínuo da água presente nos oceanos, continentes (superfície, solo e rocha) e na atmosfera. Esse movimento é alimentado pela força da gravidade e pela energia do Sol, que provocam a evaporação das águas dos oceanos e dos continentes.
Na atmosfera, forma as nuvens que, quando carregadas, provocam precipitações, na forma de chuva, granizo, orvalho e neve.
Nos continentes, a água precipitada pode seguir os diferentes caminhos:
■ Infiltra e percola (passagem lenta de um líquido através de um meio) no solo ou nas rochas, podendo formar aqüíferos, ressurgir na superfície na forma de nascentes, fontes, pântanos, ou alimentar rios e lagos.
■ Flui lentamente entre as partículas e espaços vazios dos solos e das rochas, podendo ficar armazenada por um período muito variável, formando os aqüíferos.
■ Escoa sobre a superfície, nos casos em que a precipitação é maior do que a capacidade de absorção do solo.
■ Evapora retornando à atmosfera. Em adição a essa evaporação da água dos solos, rios e lagos, uma parte da água é absorvida pelas plantas. Essas, por sua vez, liberam a água para a atmosfera através da transpiração. A esse conjunto, evaporação mais transpiração, dá-se o nome de evapotranspiração (transpiração + evaporação).
■ Congela formando as camadas de gelo nos cumes de montanha e geleiras.

Apesar das denominações água superficial, subterrânea e atmosférica, é importante salientar que, na realidade, a água é uma só e está sempre mudando de condição. A água que precipita na forma de chuva, neve ou granizo, já esteve no subsolo, em icebergs e passou pelos rios e oceanos. A água está sempre em movimento; é graças a isto que ocorrem: a chuva, a neve, os rios, lagos, oceanos, as nuvens e as águas subterrâneas.  

RESUMO DO CICLO DA ÁGUA

Água na atmosfera

Evaporação
Formação de nuvens
Gravidade (Precipita)
Chuva, neblina, granizo, neve

Evaporação: 87% oceano; 13% continente.
Precipitação: 79% oceano; 21% continente --> 46% é transferido aos oceanos.

Água no continente
■ Importância: Estudos Hidrológicos; aproveitamento da água superficial; a proteção contra os fenômenos provocados pelo seu deslocamento.
■ Precipitação > Três destinos
– Interceptação vegetal
– Infiltração
– Escoamento

INTERCEPTAÇÃO VEGETAL
■Água retida nas folhas
■Quando não podem mais armazenar
■Ocorre infiltração no solo

INFILTRAÇÃO NO SOLO:
■ Intensidade da chuva
■ Interceptação vegetal - diminui velocidade de escoamento aumentando a infiltração
■ Umidade do solo - material coloidal se dilata quando úmido
■ Tipo de solo: solos rasos (gnaisses, granitos), possuem pouca capacidade armazenamento de água; solos profundos (arenosos) grande capacidade armazenar água, possibilita a existência de águas subterrâneas.

 EXCESSO DE ÁGUA: ESCOAMENTO SUPERFICIAL
Quando a precipitação:
■ Já preencheu as pequenas depressões do solo
■ Ultrapassada a capacidade de retenção da vegetação
■ Excedida taxa de infiltração > ocorre o escoamento superficial

FASE 1
■Inicia-se a precipitação
– A vegetação e o solo estão com pouca umidade.
– Lençol subterrâneo mantém a vazão dos rios.
– Água é interceptada pela vegetação e a chuva que chega ao chão é infiltrada no solo.
– Não existe contribuição para o escoamento superficial

FASE 2
■ Continuidade da precipitação
– Esgotada capacidade de infiltração e retenção da vegetação
– Água começa a se acumular em pequenas depressões
– Se movem na direção de um curso d´água

FASE 3
■ Precipitação cessa
– Pára o escoamento superficial
– Evaporação e infiltração retiram água da vegetação e de poças na superfície do solo
– Nível do rio está mais alto

CONCLUSÃO
■ Ciclo da água é um dos fenômenos mais importantes na terra
■ A água é um recurso limitado
■ O conhecimento do ciclo e de seus impactos fazem com que no futuro, o abastecimento de água não seja comprometido

Fontes:  Agência Brasil, 19/10/2014; Ministério do Meio Ambiente, Ciclo Hidrológico‑ autores: Álvaro Wang; Amanda Visnardi Veríssimo; Daniela Youn; Gabriela Kitazuka Yoshimoto; Helena Lee; Thiago Sakamoto de Souza, Retenção de água de chuva por mata ciliar na região central do Estado de São Paulo‑autor: Paulo Roberto de Andrade Lima

Comentário:
■ uma árvore com 13 metros de altura absorve cerca de 250 litros de nutrientes que são dissolvidos no solo, transportando-os até o mais alto de suas folhas; as folhas por sua vez, absorvem o gás carbônico (Co2), matéria bruta para a transformação dos sais minerais em carboidratos e a luz do sol, da qual todo o sistema da árvore depende para se desenvolver; este processo chama-se fotossíntese: foto: luz, e síntese: colocar junto. Durante esse processo uma árvore de porte médio libera aproximadamente 2.000 litros de oxigênio puro.
■ Calcula-se que uma árvore de porte médio transpira o equivalente a 60 litros d'água por dia, a umidade escapa pelas  folhas na forma de vapor d'água e fica espalhada no ar, sendo que esse vapor se mistura com as partículas de poeiras que flutuam no ar ficando cada vez mais pesadas devido ao acúmulo e caem ao chão.
■ A copa das árvores quebra o impacto das gotas de chuvas e ao mesmo tempo, o solo fica coberto por uma camada de folhas e galhos secos que caem das árvores formando um excelente adubo orgânico, sendo que essa camada que se forma por cima do solo funciona como uma esponja que absorve a água que cai de mansinho por entre a folhagem das copas.
Essa água irá penetrar devagar na terra e alimentar as águas dos lençóis freáticos. Na beira dos rios, para protegê-los, são as chamadas matas ciliares (o nome refere-se aos cílios, que protegem os nossos olhos), que ficam nas margens dos rios; sem elas a vida do rio corre perigo, essas matas afofam o solo da beira dos rios, funcionando como uma esponja, alimentando os lençóis de água que por sua vez alimenta o rio através de suas nascentes, suas raízes evitam a erosão, pois retêm as partículas do solo (terra) e outros materiais que iriam parar nos leitos dos rios, diminuindo o oxigênio da água e os alimentos dos peixes.

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segunda-feira, fevereiro 02, 2015

História:Tornado destrói e mata 15 pessoas em Itu

Caso histórico: Um dos piores tornados, que ocorreu no Estado de São Paulo na segunda-feira, 30 de setembro de 1991, às 18 h 50 min.

Um tornado raro e violento, com ventos a 120 km/h, varreu uma faixa de 400 metros de largura por 30 quilômetros de extensão na região de Itu  e deixou um rastro de destruição.
Ouvi um assobio forte e achei que era um avião voando baixo. Quando o vento chegou, a poeira se levantou do chão e não vi mais nada. Um dos fornos da cerâmica estava aceso e corri para lá. Fiquei perto da entrada do forno, o calor queimava minhas costas e tudo parecia desmoronar. Quando acabou, não tinha sobrado quase nada: o telhado estava caído, a chaminé arrancada, um caminhão virado de cabeça para baixo, as paredes derrubadas. Nem eu acreditei que estava vivo, disse Júlio Quitério,  operário da Cerâmica Telhatex de Itu. Ele presenciou no início da noite de segunda-feira um fenômeno que deixou um rastro de destruição.

ÔNIBUS ARRASTADO
"A sensação foi gente estivesse num avião decolando. Depois foi só estrondos, tudo rodando quebrando, um monte de gente presa nas ferragens” contou o tecnólogo Roberto da Mata, recordando o acidente com o ônibus da Viação Nardelli que levava estudantes de Salto para Sorocaba e que foi apanhado pelo vendaval. Mata estava na enfermaria da Santa Casa de Sorocaba, com a perna quebrada. O ônibus estava com  quase 40 passageiros e seguia devagar. Apesar de suas 22 toneladas, o ônibus foi atirado para o acostamento da outra pista, a 30 metros.

BARULHO INFERNAL
A dona de casa Maura Célia Dutra Pessoa, de 26 anos, descreveu assim o que aconteceu com sua casa, em Itu: "Eu, meu marido e as duas filhas estávamos na sala quando o vento chegou. As telhas foram a primeira coisa a voar. Em seguida. as paredes tremeram e começaram a ruir. Nós jogamos debaixo da mesa de fórmica, na sala”.
 “O barulho era infernal na escuridão. Foi tudo muito rápido. Quando o vento passou, a casa estava em ruínas e pedaços do teto e da parede estavam em cima de nós. Minha filha de 1 ano, Viviane, teve a perna quebrada. Não sei onde vamos morar agora." Tudo isto em apenas três minutos.

CIDADES ATINGIDAS COM MENOS INTENSIDADE
O vendaval atingiu também Salto, Indaiatuba, Porto Feliz e Cabreúva.
A cidade de Indaiatuba (110 km a noroeste de São Paulo) ficou sem eletricidade e com o fornecimento de água prejudicado por causa da queda de quatro torres de alta tensão derrubadas pelo vendaval na estrada que liga Salto a Itu.
Em Salto (102 km a noroeste) e em Porto Feliz (120 km a noroeste) houve blecaute depois que o vendaval derrubou 12 torres da rede distribuidora de energia elétrica.
Em Rio Claro (175- km a noroeste), foi decretado estado de emergência. O vendaval deixou cerca de duas mil casas destelhadas, segundo Celso Cresta, diretor do Departamento de Serviços Municipais da Prefeitura.

OBJETOS VOAVAM NO HOTEL SAN RAPHAEL
Eram 18h25, quando houve a aproximação do vento. Pratos, copos e talheres que estavam sobre as mesas do restaurante voavam pelos ares, os quadros se soltavam das paredes e os móveis se amontoavam uns sobre os outros.
No estacionamento, dois carros haviam sido lançados a 20 metros do local onde estavam parados. As cadeiras da piscina foram atiradas no telhado do Centro de Convenções, onde os 60 hóspedes, executivos que participavam de uma palestra, reuniam-se no momento da passagem do tornado.
As grades da quadra de tênis estavam retorcidas, formando um emaranhado confuso.
Poucas telhas resistiram nos telhados. Portas de vidro se transformaram num monte de cacos. Janelas foram arrancadas. Muros, árvores e postes de luz foram derrubados e arrastados pelo vento.
Um posto de gasolina em frente ao hotel foi totalmente destruído. Um caminhão que estava parado ali foi lançado do outro lado da rua pela força do vento. As bombas de combustíveis formavam um amontoado de ferros retorcidos. Dois carros ficaram sobre os escombros.

TORRES DA ELETROPAULO TOMBARAM NO VENTO
Dez torres de transmissão de energia elétrica da Eletricidade de São Paulo S.A. (Eletropaulo), construídas para resistir a ventos de até 180 km/hora, foram derrubadas pelo tornado por volta de 18h50. A empresa divulgou comunicado em que considera essa ocorrência "sem precedentes" em seus 91 anos de história.
Outras 20 torres, quatro das quais pertencem a Furnas e 16 à Companhia Energética de São Paulo (Cesp), também caíram, deixando sem luz parte da região. 
A queda das torres desligou também a estação da Cesp em Cabreúva, o que interrompeu o fornecimento de energia para a 60% da Capital durante 10 minutos (das 18h55 até 19h05).
Segundo o diretor de operações da Eletropaulo, ainda não havia previsão para término dos reparos. Os prejuízos também não haviam sido calculados pelas empresas. Algumas localidades dos municípios de Itu, Salto, Porto Feliz e Indaiatuba, ainda estavam sem luz.

MORTES E FERIMENTOS
A situação era mais dramática na Santa Casa de Itu, onde foram atendidos 350 feridos.
O pior desastre aconteceu com o ônibus da viação Nardelli, onde nove pessoas morreram. O veículo estava lotado, com quase quarenta passageiros, e seguia devagar sob a chuva. Os estudantes eram alunos das faculdades de Tecnologia e Ciências Contábeis de Sorocaba, faziam o mesmo percurso todo o dia.

PREFEITURA
O prefeito decretou estado de calamidade pública no município. Ele acionou a Comissão Estadual de Defesa Civil. O governo estadual liberou 400.000 dólares para as obras de reconstrução da cidade.

CIDADE DE ITU
A cidade de Itu, de 150 mil habitantes, ficou sem energia elétrica e abastecimento até o meio-dia do dia seguinte. A comunicação telefônica era precária e o fornecimento de energia foi restabelecido parcialmente apenas à tarde de terça-feira.

ESTIMATIVA DE PREJUÍZO: 
A prefeitura estima em 2 milhões de dólares os prejuízos ocasionados pelo tornado.

SALDO DO DESASTRE DE ITU
■Dano pessoal: 15 mortos, 176 feridos e 05 desaparecidos.
■Dano à propriedade:
desabamento de 280 residências e destelhamento do Hotel San Raphael Country
10 torres de transmissão de energia elétrica da Eletropaulo foram derrubadas pelo vento.
16 torres de transmissão de energia elétrica da CESP foram derrubadas pelo vento.
04 torres de transmissão de energia elétrica de Furnas foram derrubadas pelo vento
Numa faixa de 5 Km de comprimento por 500 m de largura a devastação foi completa (zona sul e oeste de Itu)
■Dezenas de postos e milhares de árvores foram derrubadas. Em uma plantação de eucaliptos, o vento abriu uma clareira de três quilômetros de extensão.
■O teto da Faculdade de Direito de Itu desabou.
■A Escola Agrícola "Martinho Di Ciero", com quase mil alunos ficou destruída.


FENÔMENO É RARO, BRUTAL E RÁPIDO
O tornado que abriu uma calha de destruição na região de Itu é do tipo definido pelos meteorologistas como vento ciclônico ou tempestade tropical.
É rápido, violento e raro. Com essa intensidade e volume de estragos eu nunca vi nada igual no Brasil, disse o diretor do Centro de Pesquisas em Agricultura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hilton Silveira Pinto.
A inexistência de estações meteorológicas nas cidades atingidas pelo tornado impede a determinação precisa da velocidade dos ventos, mas se estima que ela foi de 120 km.
Apesar de desconhecer tempestade tropical tão forte quanto esta, no Brasil, o professor da Unicamp explicou que  os ventos ciclônicos acontecem com freqüência desde a primavera até o final do verão, embora com intensidade muito menor, algumas vezes associamos a chuvas de granizo.

As causas desse tornado podem ser atribuídas a quatro condições climáticas:
1.entrada de frente fria ou quente;
2.ocorrência de pré-frontal (antes da entrada de uma frente de baixa pressão atmosférica com temperatura alta);
3.oclusão (encontro de uma frente fria com uma frente quente, causando baixa pressão atmosférica muito forte em determinada região)
4.ou chuva de convecção local (temporal violento, localizado, típico de verão).
O que aconteceu em Salto e Itu, segundo o professor da Unicamp, foi uma oclusão, ou seja, violenta queda da pressão atmosférica causada pelo encontro frentes fria e quente na região.  Fonte : O Estado de São Paulo – 1991

Comentário:
TERMINOLOGIA DOS VENTOS
Algumas definições do tipo de vento:

Vento: Termo genérico que identifica o ar em movimento, independente da velocidade.
Brisa:   Vento de pouca intensidade, com velocidade inferior a 54 km/h.

Rajada:  Acontece quando os ventos que provocam a formação de nuvens (cúmulos nimbos), que normalmente se dispersam em varias direções, retornam a superfície terrestre em sentido único e alta velocidade (a partir de 100 km/h). É provocado por uma combinação de fatores como choque de temperaturas e alta umidade.

Tornado: Deslocamento de ar em círculos que se assemelha a um furacão, com a diferença de ter menor velocidade (de 100 a 200 km/h) e percurso curto de 100 metros a 10 quilômetros. O tornado deixa vegetação e estruturas metálicas retorcidas no sentido de seu deslocamento.

Furacão ou tufão: Fenômeno de grande intensidade que se origina em mares quentes e provoca grande destruição nas regiões por onde passa. Percorre centenas de quilômetro a mais de 200 km/h. Ao atingir o continente, o furacão se extingue em função da diminuição da umidade no ar sobre a superfície terrestre.

CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DOS FURACÕES

Categoria 1
Causa poucos danos, com ventos de 118 a 152 km/h e pressão barométrica mínima igual ou superior a 980 milibares.
Não causa danos a estruturas de construções. Pode arrastar trailers, arbustos e árvores. Também pode causar pequenas inundações em vias costeiras e pequenos danos em marinas

Categoria 2
Causa danos moderados, com ventos de 153 a 178 km/h. Pressão barométrica mínima de 965 a 979 milibares.
Provoca danos consideráveis em árvores, arbustos, trailers, letreiros e anúncios. Pode destruir parcialmente telhados, portas e janelas e causa poucos danos em construções. Ruas e estradas próximas à costa podem ser inundadas. As marinas ficam inundadas e é obrigatória a retirada dos moradores das áreas costeiras.

Categoria 3
Causa muitos danos, com ventos de 179 a 209 km/h e pressão barométrica mínima de 945 a 964 milibares.
Normalmente ramos de árvores são arrancados e árvores grandes são derrubadas. Anúncios e letreiros são arrastados pelo vento. Causa danos em telhados, portas e janelas de casas e na estrutura de edifícios pequenos.
Trailers são destruídos. Seqüências de ondas com altura de 2,8 a 3,7m acima do normal inundam a área costeira e destroem casas próximas ao litoral. Prédios são danificados por causa das ondas. É exigida a retirada dos moradores das áreas costeiras.

Categoria 4
Causa danos extremos, com ventos de 211 a 250 km/h e pressão barométrica mínima de 920 a 944 milibares.
As árvores são arrastadas pelo vento e placas são arrancadas ou destruídas. Causa grandes danos nos telhados, janelas e portas das casas. Algumas paredes e tetos de residências são completamente destruídos.
A água do mar avança cerca de 9,6 km continente adentro. As avenidas e estradas de emergência, escolhidas para a retirada de moradores, são interditadas. É obrigatória a retirada total de todas as pessoas que morem próximo à costa e que vivam em terrenos baixos, a uma distância de 3.2 km do mar.

Categoria 5
Causa danos catastróficos, com ventos superiores a 250 km/h e pressão barométrica mínima abaixo de 920 milibares.
Árvores grandes são arrancadas desde a raiz e telhados de casas e edifícios são completamente danificados. Placas são arrancadas ou destruídas e levadas pelo vento a longas distâncias, provocando mais estragos.
As paredes e os tetos de residências são completamente destruídos. A água do mar atinge cerca de 9,6 km continente adentro. As avenidas e estradas de emergência, escolhidas para a retirada de moradores, são interditadas por 3 a 5 horas, antes da chegada do centro do furacão.
É obrigatória a retirada massiva de todas as pessoas que morem perto da costa, e que vivam em terrenos baixos a uma distância de 3,2 km do mar. Fonte: Centro Nacional de Furacão dos EUA - National Hurricane Center (NHC).

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