Zona de Risco

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domingo, janeiro 29, 2012

Corrosão em tubulação de incêndio

Os sistemas para proteção contra incêndio são projetados e instalados no Brasil das seguintes formas:
■redes de hidrantes.
■redes de sprinklers.

A legislação e o tamanho dos espaços a serem protegidos têm determinado a obrigatoriedade do uso dos sistemas com sprinklers para proteção contra incêndio.


Foto: Tudo começa com a reação de oxidação da água com os metais, favorecendo a formação de depósitos de tubérculos existentes na água
Os sistemas de proteção contra incêndio caracterizam;
■sistema molhado - circuitos fechados de tubulações, verdadeiros reservatórios de água estagnada.
■sistema seco - as tubulações são preenchidas com água para testes, e posteriormente são esvaziadas drenando-se as águas.

Em ambos os sistemas são proporcionados um ambiente ideal para o crescimento de microorganismos. Estes microorganismos criam condições ao longo das tubulações, promovendo a formação da oxidação interna dos tubos, alcançando com o tempo a corrosão.

Estas condições ameaçam todos os sistemas metálicos incluindo; ferro fundido, aço, cobre, ferro galvanizado, etc.

A oxidação causa vários problemas para os sistemas de incêndio. Os produtos dos microorganismos se sobrepõem e formam tubérculos ou nódulos dentro do pequeno diâmetro das tubulações, podendo bloquear o fluxo e afetar o desempenho hidráulico do sistema. Numa emergência estes nódulos podem desprender-se e no caso dos sprinklers, fechar as cabeças reduzindo ou impedindo o fluxo de água para a área afetada.

A água estagnada no interior da tubulação pode criar condições ideais para a ocorrência de pequenos carocinhos (pitting) debaixo dos depósitos. Isto resultará em pequenos vazamentos (microfuros) e conseqüentemente danos e perdas nas tubulações.

Neste exato momento é que, inibidores como o cloro residual existente na água, passam a ser roubados ficando os sistemas sem proteção.

Estes depósitos ao longo do tempo vão bloqueando o fluxo de água, causando; entupimento dos sprinklers, afetando o desempenho hidráulico dos sistemas de incêndio.

Foto: Tubulação com MIC, em estágio avançado

DETECÇÃO DA MIC NO PROCESSO DE CORROSÃO
Entretanto, a MIC (Corrosão Microbiológica), é a única forma de corrosão que pode destruir a tubulação em poucos anos, corroendo a parede da tubulação, criando furos microscópios (microfuros) e causando com que os produtos da corrosão aderem-se às paredes internas da tubulação. Este tipo de corrosão adicional enfraquece a parede da tubulação nas áreas afetadas.

A MIC não é um problema novo, mas a descoberta recente da MIC em instalações de sistema sprinklers aumentou as preocupações da indústria de proteção de incêndio.
A descoberta de MIC na tubulação de sistema de sprinklers nas instalações industriais, e em várias áreas através dos Estados Unidos, indica que ela não é um problema isolado.

Na realidade, estudo da Associação Nacional de Sprinklers (NFSA) feito entre 1996 e 1998 indicou aproximadamente 30 casos em todo os Estados Unidos, nos quais a MIC afetou o sistema de sprinklers.

È comprovado que os sistemas sem monitoramento, ou seja, abandonados ao longo do tempo, caminharam para estágios de corrosão com a “MIC” (Corrosão por Influencia Microbiológica), onde nada mais restou a fazer a não ser trocar as tubulações a um custo elevado. Este custo seria ainda muito maior, caso houvesse sido utilizado para combater o incêndio.

COMO SE DESENVOLVE A MIC
Como seu nome diz, a MIC é causada por diversos tipos diferentes de microorganismos que vivem dos nutrientes na água e reagem com os produtos de outras reações do microorganismo e com o material da tubulação
Estes microorganismos, que são classificados pelas reações e pelos produtos nos quais vivem, podem ser aeróbicos, exigindo a presença do oxigênio, ou anaeróbicos, que não exigem o oxigênio.

Foto: Pitting (micro-fissura) – tubulação –Sistema de abastecimento de água de sprinklers, produzindo variação de fluxo de água devido a perdas ao longo da tubulação.
Os microorganismos introduzidos inicialmente na tubulação do sistema de sprinklers através da fonte de abastecimento são aeróbicos e desenvolve colônias que vivem do oxigênio na água ou no ar em uma tubulação seca. Uma vez no local, as colônias desenvolvem, os organismos anaeróbicos continuam a crescer na água estagnada sem oxigênio.

Periodicamente, testes e ativações do sistema introduzem oxigênio na água, revigorando os organismos dependentes de oxigênio da MIC. E cada vez que a água é introduzida no sistema, a quantidade de microorganismos da MIC e os nutrientes também aumentam. Porque as colônias da MIC desenvolvem-se sob circunstâncias específicas, a corrosão é localizada e pode ocorrer em áreas diferentes em todo o sistema.

Conseqüentemente, o tratamento de água e a substituição da tubulação em uma seção do sistema não resolverão necessariamente o problema.

CONSEQÜÊNCIAS DA CORROSÃO
■A corrosão que não é removida pode bloquear o fornecimento de água ou soltar-se e obstruir o fluxo de água para os sistemas de sprinklers.
■A corrosão também pode também impedir que a água tratada alcance à fonte da corrosão.
■A degradação causada pela MIC corrói essencialmente a parede da tubulação, e a tubulação corroída pode romper-se em pressões substancialmente mais baixas do que a pressão normal de serviço.

TIPOS DE BACTÉRIAS
Os organismos que causam a MIC são variados, podendo ser aeróbicos, anaeróbicos, por nutrientes, (APB) Acid Producing Bactéria e (SRB) Sulfate Reducing Bactéria. Estas condições alcançam todos os sistemas metálicos.

NO SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO SÃO IDENTIFICADAS AS SEGUINTES BACTÉRIAS;

Aero - Bactérias aeróbias – são bactérias que necessitam de oxigênio para viver. Bactérias aeróbias são muito importantes na formação de biofilmes e nódulos, que resultam na formação de lama, lodo e também na formação da corrosão por influência microbiológica – MIC.

Acid Producing Bactéria (APB) – são microorganismos capazes de produzirem ácidos orgânicos. Ácidos orgânicos são fatores importantes para a ocorrência da corrosão por influência microbiológica – MIC.

Sulfate Reducing Bactéria (SRB) – são bactérias estritamente anaeróbias e também influenciam significativamente a ocorrência da corrosão por influência microbiológica – MIC.

Foto: Grau de corrosão- O grau  de perda da parede  da tubulação ocorrendo sob o depósito de nódolos  ou escamas é geralmente proporcional ao volume ou tamanho do depósito interno. Uma perda de 2,5 mm pode transformar –se em 0 mm de depósito interno de óxido.

Iron Related Bactéria (IRB) – são bactérias capazes de precipitar o ferro através de uma variedade do processo metabólico. Este tipo de bactéria é a responsável pelos nódulos e depósitos que se formam na superfície da tubulação.

Low Nutrient Bactéria (LNB) – este tipo de bactéria é freqüentemente encontrada em amostras de tubulação contendo baixos níveis de depósitos orgânicos, como por exemplo, em água potável, água desmineralizada, condensadores, etc. Estas bactérias são aeróbias, muito importantes na formação de depósitos e na MIC (Corrosão por Influência Microbiológica).

TESTE E ANÁLISE DA ÁGUA
As águas que alimentam as redes de incêndio necessitam ser periodicamente analisadas, com testes que detectam as condições favoráveis para a ação das bactérias. Inibidores das mesmas poderão ser dosados na água de forma evitar os danos.

Também é muito importante conhecer a composição química da água que está sendo usada no sistema. O cloro residual, a dureza, o ph são importantes parâmetros químicos na avaliação da formação de depósitos e da MIC, nos sistemas que usam esta água.

O monitoramento das tubulações do seu sistema de proteção contra incêndio deve incluir a análise da qualidade da água, bem como a análise da água em diversos pontos do sistema. De preferência examinar a presença de nódulos e bactérias através da análise de amostras, com a retirada de secções das tubulações.
Este monitoramento deve ser feito rotineiramente, já que as condições dos sistemas podem mudar a qualquer tempo.

O interior das tubulações dos sistemas de proteção contra incêndio necessita estar limpo e livre da existência de depósitos. Mesmo que se aplique um biocida, nada impedirá o crescimento da MIC através do sistema sem que previamente seja feita a limpeza.
Depois de limpo os sistemas, toda a sua água necessita ser tratada para eliminar os micróbios. Os testes e a limpeza deverão ser adotados rotineiramente para a manutenção dos mesmos.

Foto: Tubulação principal do sistema de incêndio 8” (200mmm) com corrosão, mostra a perda da parede, com depósito  de óxido de ferro.  

PROCESSOS DE LIMPEZA
Como solucionar estes problemas?
Atualmente existem duas opções a serem consideradas com seus respectivos graus de eficiência:
■Lavagem do sistema ( flushing ).
■Limpeza do sistema por métodos mecânico ou químico.

Antes de uma avaliação para a definição do método mais indicado, tem de verificar a extensão dos depósitos no interior das tubulações, a presença ou não de vazamentos e a integridade da tubulação.

LAVAGEM DO SISTEMA
Onde a MIC não destruiu a parede da tubulação, ou seja, oxidação leve, lavar e encher o sistema com um biocida poderá ser satisfatório. Isto dependerá também do tipo de organismo encontrado, do tamanho e do programa de manutenção preventiva praticado para aquele sistema.

Este método é temporário. Se a vazão e a velocidade não são suficientes, provavelmente os nódulos não serão removidos e os organismos encontrados debaixo dos depósitos sobreviverão e criarão cada vez mais ataques localizados e de intensidade mais severa, resultando em corrosão e vazamentos. Para livrar o sistema dos produtos da corrosão e da MIC a limpeza é a melhor opção.

LIMPEZA MECÂNICA
A limpeza mecânica com pigs pode ser usada, mas diâmetros pequenos de tubulações, cruzetas, curvas, tez, reduções e ramificações fazem desta uma opção ineficiente.

O pig é um torpedo que é forçado dentro da tubulação de água. Ele projeta rotações enquanto se move dentro da tubulação e limpa a superfície da tubulação removendo os depósitos, porém não eliminando o processo bacteriológico.

Alguns pigs menores, menos eficientes para a limpeza, podem passar através de curvas e cotovelos, mas não se conseguem evitar que eles fiquem presos dentro das tubulações. O pig requer também a abertura de muitas saídas, para serem colocados e removidos de dentro das tubulações, por causa do acúmulo dos depósitos resultantes da limpeza das superfícies, os quais impedem o seu percurso de limpeza.
Este processo consome muito tempo e causa muita interferência na área onde a limpeza ocorre. Além do mais este método não limpará totalmente a tubulação podendo destruir as conexões com as cabeças dos sprinklers. O pig, através do atrito promovido, poderá deixar bruta a superfície da tubulação e sem a eliminação bacteriológica, o que poderá ser o início de um futuro aumento da MIC.

LIMPEZA QUÍMICA
A limpeza química oferece uma alternativa viável e segura para a reabilitação dos sistemas de sprinkler, e com o menor custo dos processos existentes. O tipo e a intensidade dos depósitos irão determinar as quantidades de produtos e o tempo, necessários para a remoção dos depósitos.

A limpeza química promove a retirada total dos depósitos da superfície das tubulações e tem a vantagem de promover a desobstrução de todo circuito envolvido na recirculação da solução de limpeza, tais como válvulas, tez, cotovelos, cruzetas etc.
Após toda a limpeza o sistema é neutralizado devolvendo o “ph” original do mesmo. Em seguida é feito a passivação química com inibidores para prevenirem futuras corrosões. Há menos interferência na área onde a limpeza ocorre e o espaço de tempo requerido é menor, devolvendo-se o sistema para operação rapidamente. O processo químico utilizado elimina quaisquer biofilmes ou microorganismos que estejam presentes nas tubulações com a qual a solução química tenha estado em contato.

O processo químico para limpeza dos sistemas de proteção contra incêndio é uma patente americana que foi reconhecida pela Associação Nacional de Sprinklers (National Fire Sprinkler Association -NFSA) como um método de limpeza eficiente e seguro.
Uma Unidade Móvel de Recirculação (MRU) é colocada no local e através dela é introduzida a solução química na zona a ser limpa, promovendo-se então a recirculação desta solução até que o sistema esteja limpo. O tipo e a intensidade dos depósitos determinarão a quantidade de solução e o tempo necessário para a limpeza total dos depósitos.
As características da solução de limpeza eliminarão qualquer contaminação biológica dentro do sistema e ao mesmo tempo a passivação do sistema irá prevenir futuros ataques à tubulação metálica.

O QUE DIZ A NFPA 13 SOBRE A MIC

Foto – Nível de resíduos normalmente encontrado  no orifício de entrada de sprinklers
A seção 9-1.5 da NFPA 13 não exige que todos os sistemas estejam tratados para evitar a MIC.
Pelo contrário, estipula que as fontes de água reconhecidas por causarem a MIC, sejam testadas e tratadas apropriadamente. Uma vez que vários mecanismos podem causar a MIC, a seção 9-1.5 não especifica uma forma única de tratamento, deixando essa decisão, baseada nos resultados de teste para a instalação.
Onde o tratamento é necessário, a seção 9-1.5 exige que toda a água que entra no sistema seja tratada, independemente se é usada para teste ou abastecer o sistema. Uma vez que a seção 9-1.5 não permite a violação de nenhuma norma de saúde pertinente aos aditivos em sistemas de água, as normas locais necessitam ser examinadas, e qualquer tratamento deve ser documentado nos planos do sistema de sprinklers, de acordo com a seção 8-2,2.

PROJETO DO SISTEMA E FACILIDADE DE ACESSO AO SISTEMA
Os projetistas de sistema devem levar em consideração no projeto da instalação a especificação dos componentes necessários para fazer conexões para o tratamento do sistema

LIMPEZA DA TUBULAÇÃO E TRATAMENTO DE ÁGUA
O tratamento da MIC depende dos tipos específicos de microorganismos que estão causando a corrosão, assim não é prático exigir um tratamento universal. Por exemplo, a introdução do cloro em um sistema pode destruir alguns dos microorganismos, mas pode também promover outras formas da corrosão.

Para determinar quais os microorganismos estão causando a corrosão, é necessário conseguir uma amostra tanto da tubulação de sprinklers, como da água do sistema.

Os métodos de exame do fornecimento de água variam da utilização de um kit de análise e amostragem “faça você mesmo” e tendo um laboratório de teste que executa a amostragem e a análise. O tratamento correto depende do tipo de corrosão e de extensão da degradação da tubulação.
Para obter uma amostra da tubulação afetada, o instalador terá de desmontá-la ou introduzir uma micro-câmera remota para ajudar estabelecer o nível da degradação da tubulação, embora as inspeções não-intrusivas também podem ser realizadas.

O fornecimento de água para sistemas recentemente instalados deve ser tratado antes do enchimento do sistema, de acordo com a seção 9-1.5 de NFPA 13.
Uma vez que a tubulação foi limpa e reparada, toda água que entra no sistema deve ser tratada. Os produtos usados para tratamento de água para combater a MIC variam muito.
Em alguns casos, um sistema de tratamento contínuo pode ser instalado permanentemente. Em outros, os componentes da conexão podem ser instalados para tratar a água que entra no sistema ou uma fonte da água pré-tratada pode ser usada para abastecer o sistema.

A melhor solução depende do arranjo do sistema e da natureza da corrosão. A idéia geral é que a MIC significa o fim dos sistemas de sprinklers, não é verdade. Não há nenhum indício que a MIC afetará todas as instalações do sistema de sprinklers e os problemas apresentados podem ser prevenidos, minimizados e resolvidos. Os sistemas de sprinklers permanecem uma ferramenta eficaz para proteger vidas e propriedades e a NFPA e a indústria de sprinklers continuará a desenvolver soluções razoáveis para lidar com a ameaça da MIC.

*Passivação* é a modificação do potencial de um eletrodo no sentido de menor atividade (mais catódico ou mais nobre) devido à formação de uma película de produto de corrosão. Esta película é denominada película passivante.

Fontes: Wilson Titton – Sanclen; Microbiologically Influenced Corrosion of Fire Sprinkler Systems - The updated 1999 edition of NFPA 13 addresses MIC concerns - Dana Haagensen

Comentário:
Corrosão apresentada na tubulação de água da Usina Nuclear de Angra dos Reis
A tubulação de aço carbono do sistema de abastecimento do complexo nuclear de Angra apresentou corrosão interna por aeração diferencial devido ao efeito de depósitos de origem química e microbiológica. O fenômeno ocorrido na linha de incêndio devido à estagnação d'água foi muito mais acentuado a ponto de obrigar a substituição desta linha por ferro fundido revestido com cimento. Fonte: Eletronuclear - Eletrobras Termonuclear S/A

Vídeo:
Mostrando corrosão em tubulação de incêndio

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quinta-feira, janeiro 26, 2012

Cenas chocantes: Colisão de duas motos e um veículo

Li em um dos jornais de Santa Catarina a noticia sobre a colisão frontal entre duas motos e um carro. O acidente aconteceu na BR 158 km 104,5 às 16h20min, sábado, 13 de agosto de 2011. Os motociclistas e o motorista morreram no local.
Imaginei que o acidente foi trágico, mas não consegui visualizar a dimensão da cena da tragédia.
Mais tarde, pelas fotos visualizei que a tragédia foi horrível. Penso que nem em filme poderia compor uma cena tão horrificante.
Os envolvidos foram:
■ Fiat Pálio Fire, Cunha Porã dirigido por AM, 58 anos, vítima fatal;
■moto JTA Susuki GSXR 750, São Carlos pilotada por GRH, 25 anos fatal; e
■ moto CBR 1000 RR, Caçador, pilotada por FW, 30 anos fatal.

INDICIO DO DESASTRE
Cinco quilômetros antes do acidente os dois motociclistas passaram em alta velocidade pelo posto rodoviário da Federal (PRF) e o policial pediu para diminuir a velocidade, o que foi atendido. Mais adiante acontecia a tragédia

CAUSA PROVÁVEL
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os motociclistas seguiam no sentido Maravilha/Cunha Porã e colidiram contra o veículo Fiat Palio, placa MGP-6330, conduzido por AM. De acordo com informações da PRF, o primeiro a colidir contra o veículo foi GH, de 25 anos, que conduzia a motocicleta Susuki 750. Ele colidiu no lado do motorista do Palio. Em seguida, o veículo girou na pista e atingiu FW, de 30 anos, que pilotava a motocicleta Honda CBR 1000, e ficou preso na lateral direita do veículo. Os três homens tiveram morte instantânea.

Fonte: Folha do Oeste, 17 de agosto de 2011




Comentário: O que leva dois jovens a pilotarem em alta velocidade numa estrada, que não é uma pista de corrida? A rodovia BR-158 é sinuosa.
O que eles buscam na velocidade? Prazer, controlar o tempo e a vida?
Eles são os cavaleiros de aço da sociedade moderna. A vida não é virtual, mas sim real e feita de carne e osso. Montados em seus cavalos reluzentes, roupas de couro, escondidos atrás de capacetes, esses novos cavaleiros do apocalipse se sentem senhores da vida e da morte. Desafiam o destino e superestimam a habilidade de pilotar em alta velocidade. Gostam de jogar xadrez com a morte. Na maioria das vezes a morte sorri para eles.
.
Significado de prazer, velocidade e adenalina
Uma bomba de adrenalina e endorfina invade artérias, veias, e explode no sangue. O coração passa a trabalhar a mais de 120 batimentos por minuto, os poros ficam abertos, as pupilas dilatam e a temperatura do corpo aumenta. O suor escorre, perde-se o chão, vertigem, e depois vem o deleite. Uma pequena morte.
Entender o fascínio que a velocidade exerce no homem não é tarefa fácil. Nem só os fatores fisiológicos explicam o que leva uma pessoa a buscar o prazer nesse tipo de situação.

Desde a antigüidade, pensadores como Aristóteles tratavam da questão do tempo e do movimento para entender a natureza. Baseado no legado desses mestres, o filósofo e professor da UFRJ, Fernando Santoro, 38 anos, reuniu estudos ligados ao tema no livro Arqueologia dos prazeres. “A sensação prazerosa que muitos pilotos de corrida sentem acontece quando eles enfrentam uma superação dos limites e do risco”, diz. “Essas pessoas passam por situações de proximidade e, logo depois, de superação da morte.

E vencer a morte coloca esses indivíduos em uma condição quase divina”. Segundo Fernando Santoro, esse tipo de prazer está intimamente ligado à dor. E é por isso que não são todas as pessoas que sentem prazer nessas condições. A fronteira entre os dois sentimentos depende da natureza de cada ser humano. “Funciona como um foco de luz. Para alguns, vai iluminar; para outros, pode ser forte o bastante para ofuscar.” Santoro diz que é possível educar a percepção do prazer e da dor. Assim, algumas pessoas podem inibir o medo de passar por momentos de risco ou até mesmo transformar o cenário em algo instigante e funcional. Fonte: Revista V, edição 24, Editora Ltda, Volkswagen do Brasil.

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segunda-feira, janeiro 23, 2012

Invalidez por acidente de trânsito dispara

Maior parte dos casos é de jovens em idade economicamente produtiva; gasto previdenciário chega a R$ 8,6 bilhões

Casos de invalidez permanente de vítimas do trânsito se multiplicaram por quase 5 de 2005 a 2010

Os dados revelam que a maioria dos acidentados
■Mais de 70% dos casos em 2011- usava moto e está em plena idade economicamente ativa (entre 18 e 44 anos).
■O quadro preocupa a Previdência Social, que teme ter de arcar com os custos de uma geração de jovens aposentados por invalidez.
■O que mais tem crescido é a concessão de aposentadoria por invalidez devido a acidentes com motos, diz Leonardo Rolim, secretário de Políticas de Previdência.
■Há trabalhadores que só contribuíram à Previdência por cinco anos, mas que vão receber aposentadoria por invalidez pelo resto da vida.

Projeções apontam que o INSS gastou R$ 8,6 bilhões com benefícios gerados por acidentes de trânsito. A cifra representa 3,1% de todas as despesas previdenciárias.

HISTÓRIAS
"Sempre fui dinâmica, independente. Agora, não consigo trabalhar." Desde que sofreu um acidente com moto, há um ano, CTC, 28, está afastada pelo INSS. Ela torce para recuperar os movimentos do braço esquerdo, hoje totalmente paralisado.
"Já passei por cirurgia, mas não obtive resultado algum", diz ela, que trabalhava em um supermercado, repondo mercadorias nas prateleiras. Essa situação representa uma situação cada vez mais comum.

ACS, 49, acha que dificilmente voltará a ser motorista: "Não consigo subir escada ou dirigir, e já estou afastado há mais de três anos".
ACS dirigia o carro da empresa onde trabalha numa tarde de dezembro de 2008 quando uma Kombi o atingiu. Após o acidente em estrada entre Jundiaí e Campinas (SP), ficou com uma perna mais curta do que a outra.

CASOS DE INVALIDEZ MULTIPLICADA
Casos de invalidez permanente entre vítimas de acidentes de trânsito se multiplicaram por quase cinco entre 2005 e 2010, passando de 31 mil para 152 mil por ano.
Nos primeiros nove meses de 2011, houve novo aumento de 52%, para 166 mil, segundo números do Dpvat, seguro obrigatório pago por proprietários de automóveis.

PREJUÍZO ECONÔMICO
O Dpvat classifica os casos de invalidez como leves, moderados e graves. O INSS considera que há situações em que, depois de um período de tratamento, o beneficiário pode voltar a trabalhar, ainda que em outra função. Mas, segundo especialistas, crescem os casos em que o trabalhador acaba tendo de se aposentar.

Segundo Ricardo Xavier, diretor-presidente da Seguradora Líder, que administra o Dpvat, o forte aumento da frota de carros e principalmente de motos nos últimos anos explica a explosão dos casos de invalidez. "Qualquer acidente de moto pode gerar invalidez porque o motorista é mais vulnerável", afirma Xavier.

De 2001 a 2011, as vendas de motos quase triplicaram, chegando a 1,94 milhão no ano passado. Em 2011, as vendas de carros atingiram 2,65 milhões de unidades, pouco mais que o dobro das de 2001.

O engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos diz que a explosão dos casos de invalidez gerados por acidentes com moto representa um prejuízo para os acidentados e para a economia do país.

Ele diz que o cenário de acidentes com motos tende a piorar ainda mais nos próximos anos. "Existe um grande desafio que é o que fazer com as motocicletas."

A preocupação com o problema levou a Previdência a reivindicar participação no Contran (Conselho Nacional de Trânsito) para participar da discussão e da elaboração das políticas de trânsito.

INSS RECONHECE QUE HÁ POUCA REABILITAÇÃO
Gastos com benefícios devidos a acidentes de trânsito tendem a aumentar devido à falta de programas de reabilitação.
O secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, reconhece que a reabilitação está defasada, mas afirma que o INSS está estudando a reestruturação do sistema.
Segundo ele, há um projeto-piloto em São João da Boa Vista (SP), em parceria com o Senai, que vem apresentando bons resultados. "O INSS paga próteses, quando necessário, e a reabilitação é feita pelo Senai", diz. A expectativa é levar esse sistema de parcerias para todo o país.
"A reabilitação tem ser rápida, para que o trabalhador possa retornar o mais rápido possível ao mercado", afirma Rolim.
O segundo passo é a realização do censo. Hoje, cerca de 3 milhões de beneficiários recebem a aposentadoria por invalidez. Em tese, todos deveriam passar por uma nova perícia médica.

Fonte: Folha de São Paulo - 17 de janeiro de 2012

Comentário:
O aumento da frota de motos em circulação no Brasil se tornou responsável por uma das piores epidemias que o País já enfrentou. Foram 65 mil mortes em acidentes com motocicleta nos últimos dez anos - número equivalente ao total de americanos mortos na Guerra do Vietnã.
Em 2010 foram 10.134 mortes de motoqueiros, diante de 9.078 de pedestres e 8.659 de ocupantes de automóveis, conforme estatísticas do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Datasus.
O aumento das mortes está diretamente ligado ao avanço da frota sobre duas rodas que, de 2000 (4.034.129) a 2010 (16.500.589), cresceu quatro vezes de tamanho. É exatamente a mesma taxa de crescimento do número de mortes.
Frota de motocicletas no Brasil: Dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas)
1998 - 2.792.824
2011 - 18.248.813

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quarta-feira, janeiro 18, 2012

Situações de Risco

O ambiente de trabalho, muitas vezes, é o lugar onde se passa grande parte do tempo desperto. Interessa torná-lo mais seguro, produtivo e agradável. Uma das causas da má qualidade de vida, perdas de produção e acidentes no local de trabalho são os erros humanos.

O objetivo de programas é aumentar o bem-estar e a segurança no ambiente de trabalho, reduzir sua freqüência e a severidade de suas conseqüências. Para tanto , uma das condições é a eliminação de situações percebidas como de risco nos locais de trabalho. Tal percepção é construída por fatores objetivos, tais como;
■ condições materiais e experiência de operadores; e
■ subjetivos, tais como a confiabilidade das decisões de operadores, o que remete ao estudo das falhas humanas em situações intrinsecamente seguras, ou seja, ao estudo da confiabilidade humana.

FALHAS HUMANAS
■Falhas humanas podem ser ativas ou latentes, voluntárias ou involuntárias.
■Falhas ativas ocorrem no contexto do acidente - são as causas imediatas que determinaram a ocorrência: atos inseguros ou erros na operação de equipamentos ou dispositivos de segurança.
■Falhas latentes são anteriores ao acidente - atos que criaram condições para a ocorrência, tais como decisões erradas ou modelo incompleto de gestão da atividade.
■Falhas voluntárias são burlas intencionais de procedimentos.
■E falhas involuntárias são induzidas por outras falhas, tais como instrumentação descalibrada ou eventos perturbadores imprevistos.
Muitas vezes, falhas humanas envolvem funcionários habilidosos, produtivos e bem-intencionados: incapacidade não explica todas as anormalidades.

HOMEM-MÁQUINA
Integrar homem e tecnologia pode ajudar a promover a segurança em atividades industriais. Para tanto, é preciso entender como ocorre a interação homem-máquina e como a variabilidade nas situações operacionais contribui para que falhas ocorram.
Em projetos de sistemas do tipo homem-máquina, como em salas de controle, a presença do operador deve ser considerada desde o início do projeto, reduzindo problemas de integração.

Salas de controle de plantas industriais integram sistemas e equipamentos, onde os operadores monitoram, controlam e intervêm no processo por interfaces gráficas e estações de trabalho. A interface integra informações, dados, controles e comandos em telas, condiciona as estratégias de realização da tarefa e é influente na segurança operacional, pois afeta o modo como operadores recebem informações e modificam parâmetros da operação. É pela interface que o operador faz contato perceptivo e cognitivo com a planta.

Projeto e manutenção das instalações de um sistema interativo homem-máquina podem ser baseados em abordagem centrada na tecnologia ou no usuário.

No primeiro caso, as decisões de projeto favorecem o uso e maximizam o desempenho da tecnologia.

No segundo, os requisitos de usuários devem prevalecer nas decisões sobre a interface, e esta deve ser atendida pelos demais elementos do sistema. A participação dos usuários nas decisões sobre o sistema pode e deve ser estimulada ao longo de todo o ciclo de vida do sistema, pois as características das interações podem se modificar ao longo do tempo. A aplicação do método descrito neste artigo produziu ações que podem motivar decisões de mudança no projeto original, sendo um exemplo de como conduzir a participação de operadores usuários na concepção e modificação de um sistema interativo homem-máquina, tal como em instalações petroquímicas.
Nessas instalações, uma situação de emergência, tal como ruptura de tubulação ou vazamento, pode causar impactos econômicos, sociais e ambientais à empresa, à sociedade e às comunidades vizinhas.

Vale a noção proposta por Reason de acidente organizacional, que transcende o acidente individual: um evento frequentemente catastrófico que envolve tecnologia complexa, tal como em plantas nucleares, aviação ou petroquímica.

Também vale a noção de Perrow de acidente sistêmico, mais presente em sistemas sociotécnicos, cuja origem é a interdependência e a interação entre subsistemas de um sistema produtivo complexo. Dificilmente identifica-se uma e apenas uma causa-raiz, cuja erradicação elimina completamente a chance de acidente.

O risco surge como propriedade emergente em sistemas produtivos complexos baseados na interação homem-máquina.

ERRO HUMANO E COGNIÇÃO
Falhas em sistemas produtivos podem ser causadas por falhas em componentes físicos ou lógicos do sistema. Elas podem conduzir a erro, que eventualmente se transforma em problema ou disfunção, em encadeamento de eventos como na figura.

Um tipo de erro que pode ocasionar disfunção em sistemas produtivos é o erro humano. Embora o comportamento humano em ambiente complexo seja de difícil predição e tipificação, vários autores já propuseram definições e tipificações para o comportamento humano em situação de erro.

■ Para Hollnagel, erro humano ocorre quando uma ação falha ao produzir um resultado esperado ou produz consequências não desejadas.
■ Para Sanders e Moray, erro humano é uma decisão ou comportamento que reduz ou tem potencial para reduzir a segurança ou o desempenho de um sistema.
■ Para Reason, há erro humano quando uma sequência planejada de atividades falha na obtenção de um resultado e a falha não pode ser atribuída a agentes externos.
■Para Rasmussen, se o desempenho de um sistema foi insatisfatório devido a um ato humano, esse é um erro humano.
■Para Kantowitz e Sorkin, erro humano é uma ação que viola limites de tolerância de um sistema.
■Para Reason, erros humanos são ações ou omissões que resultam em desvios de parâmetros e colocam pessoas, equipamentos e ambiente em risco.

Uma compreensiva tipologia do erro humano é encontrada em Sharit e Reason, que mencionam: deslize, lapso e engano.
■Deslizes produzem comportamentos observáveis: um operador aciona a chave errada.
■ Lapsos são erros sem comportamentos observáveis: um operador esquece de acionar uma chave.
■ Enganos ocorrem quando há diferença entre intenção e consequência de uma tarefa: um plano mal formulado é executado sem erros. Enganos podem envolver erros de julgamento, de inferência na seleção de objetivos ou na especificação dos meios para atingi-los.

Enganos podem ser por:
■omissão, quando um passo do plano não ocorre;
■seleção indesejada, quando um objeto foi mal selecionado;
■repetição, quando um passo é repetido; ou
■ inversão sequencial, quando um passo ocorre fora da sequência.

Enganos podem ocorrer:
■ no nível de regras, quando há falha na regra de solução do problema, foi aplicada regra errada ou mal aplicada a regra certa; e
■ no nível de conhecimento, quando surgem problemas sem regras, que serão construídas partindo de saberes prévios. Em situações de erro, operadores podem se adaptar e ser capazes de interpretar novas situações e criar definições locais para aspectos implícitos nos procedimentos

Condições para a ocorrência do erro surgem:
■ quando, ao se projetar o sistema, vários fatores podem não ter sido considerados, como, por exemplo, a cultura do trabalhador e as condições do ambiente de trabalho.
■ o erro humano também decorre da interação entre fatores situacionais do contexto e fatores relacionados ao indivíduo, que agem quando este tenta regular as variações do sistema e produz a variabilidade presente nos fatores subjetivos de percepção de risco.

Kantowitz e Sorkin classificaram os principais fatores que explicam o desempenho humano e as possibilidades de erros em sistemas produtivos complexos com interação homem-máquina:
■ fatores operacionais, tais como fadiga, duração e complexidade da tarefa;
■ fatores situacionais, tal como layout da sala e dos painéis;
■fatores ocupacionais, tais como atividades múltiplas e simultâneas, carga de trabalho, tipo de supervisão;
■fatores pessoais, tais como capacitação e experiência individual e de grupo, motivação, atitude, confiança, perda sensorial, idade, peso, altura; e
■ fatores ambientais, tais como temperatura, iluminação, espaço físico e ruído.

Um modo de entender o comportamento humano no momento do erro é entender como alguns aspectos da cognição humana estão estruturados. Para tal, lançam-se mão de modelos cognitivos que representem o processamento de informações numa tomada de decisão ou no desempenho de uma tarefa.

Na aprendizagem humana, ações inicialmente conscientes tornam-se automáticas devido à repetição. A habilidade do operador aumenta, e a tarefa passa a um nível de regulação cognitiva de menor esforço. Em situações novas ou de incerteza, volta a regulação consciente.

A cognição humana pode ser:
■baseada na habilidade, quando requer destreza sensório-motora na tarefa, acionada automaticamente por situações rotineiras segundo um modelo mental adquirido;
■ baseada em regras, quando segue regras construídas por aprendizagem e experiência (o sujeito interpreta a situação e elege uma regra, no espaço de solução possível); e
■ baseada no conhecimento, quando surge uma situação nova, sem regras válidas.

Comportamentos baseados em regras e em conhecimento são processos conscientes: comportamento baseado na habilidade é automático.

A figura apresenta uma representação simplificada do comportamento humano. Começa pela conscientização e percepção da situação. Depois, vem o processamento da informação e a tomada de decisão, ou seja, dentre todas as ações possíveis, qual a que será executada. Finalmente, vem a ação no mundo real e a realimentação de resultados, em ciclo fechado de aprendizagem, que pode levar a novos processos de conscientização e percepção.
Outro modo de representar a cognição humana é como faz Norman. Para o autor, no processo de cognição humana o comportamento humano passa por sete fases de ação:
■formulação do objetivo;
■formulação da intenção;
■percepção do ambiente;
■interpretação do ambiente;
■definição da ação;
■execução da ação; e
■avaliação dos resultados.
Em ambos os casos, a realimentação joga importante papel, interpretando e utilizando os resultados da atividade anterior para influenciar as próximas atividades.

Confiabilidade humana
A confiabilidade humana teve impulso com o acidente nuclear de Three Mile-Island. Reconheceu-se então que a ação humana, condicionada pelo ambiente e por interações sistêmicas, pode levar sistemas produtivos complexos a situações de risco.

Confiabilidade humana é a probabilidade que um operador tenha sucesso em tarefa especificada, dentro de condições e de tempo especificados, se este for limitante, sem outro resultado que degrade o sistema.

Uma tarefa bem-sucedida é aquela que alcançou a meta, dentro das condições especificadas, sem criar perturbações.

Dada a relação com o contexto e interações entre subsistemas, nem sempre dados de literatura podem ser transportados, tornando importante o registro imediato das ocorrências. Informação atrasada ou errada impõe perda de sincronia entre falha e correção. Além da probabilidade de falhas, a confiabilidade humana inclui o estudo qualitativo dos fatores que contribuem para a ocorrência da falha. Além de modelos de avaliação reativa da confiabilidade humana, é necessário considerar modelos causais sociotécnicos adaptativos, com ênfase em estratégias proativas de gerenciamento de riscos.

Inserindo uma perspectiva qualitativa em estudos de confiabilidade humana, Swain e Guttmann propuseram um método para sistemas produtivos com interação homem-máquina, que consiste em:
■ descrever objetivos e funções do sistema, características situacionais e características pessoais dos operadores;
■ descrever e analisar as tarefas para detectar situações passíveis de erro;
■ estimar probabilidades para cada tipo de erro;
■ determinar consequências dos erros e probabilidades de se transformar em disfunções; e
■ propor modificações para aumentar a confiabilidade do sistema.

Outro método é proposto por Filgueiras:
■ análise das tarefas humanas, compreendendo também o contexto físico, psicológico e organizacional;
■análise do erro humano, identificando situações de erro, consequências e possibilidade de recuperação;
■ quantificação dos erros, estimando a probabilidade, a partir de dados históricos, e severidade de efeitos, por julgamento de especialistas; e
■ propostas para evitar os erros mais críticos.

PROCEDIMENTOS REDUZEM A PROBABILIDADE DE ERRO
Um modo de aumentar a confiabilidade humana é o uso de procedimentos formalizados. Um procedimento consiste em uma descrição detalhada de como uma atividade deve ser realizada. Pode incluir fotografias e desenhos que auxiliem o operador a entender a tarefa e facilitem o treinamento. Também podem incorporar melhorias e correções que surgem durante a atividade, tornando-se um documento dinâmico.

Muitas vezes, procedimentos incluem tempos típicos para a atividade, que podem ser usados para verificar a adequação física e psicológica do trabalhador à atividade. O não alcance desses tempos ou o decaimento ao longo do turno podem indicar inadequação laboral à tarefa.
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Procedimentos incluem condições de trabalho e ações. Operadores atribuem-lhes valor baseado na frequência de sucesso. Quando todas as condições previstas existem, ações bem-sucedidas aumentam a confiança no procedimento. Sem condições perfeitas, operadores utilizam o procedimento mais propenso ao sucesso na condição mais parecida.

Do ponto de vista cognitivo, a existência de procedimentos reduz o nível de complexidade da operação, diminuindo a probabilidade de erro humano, especialmente violação de rotina.

Fonte: Resumo - Análise qualitativa de aspectos influentes em situações de risco observadas no gerador de vapor de uma planta petroquímica, autores; Aline Fernanda de Oliveira, Miguel Afonso Sellitto.

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sábado, janeiro 14, 2012

Região Serrana: Um ano após a tragédia

Em janeiro de 2011, a avalanche de lama provocada pelas chuvas foi destruindo casas em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, sem distinguir áreas rurais e urbanas, ricos e pobres, crianças, adultos, velhos e animais. Muita gente dormia quando, entre 3h e 4h de 12 de janeiro, suas casas desabaram sob a força das águas carregadas de terra e entulho, sem dar, para muitos, qualquer chance de fuga. Famílias inteiras morreram soterradas em suas próprias casas.

Com o deslizamentos de barreiras e morros, as galerias de águas pluviais foram totalmente obstruídas por terra trazida das encostas, entulho e lixo, o que piorou as inundações. Estradas e pontes foram destruídas e bairros inteiros ficaram isolados.

Somente na noite da quarta-feira (12) equipes de resgate começaram a chegar a algumas das áreas mais atingidas, já sem luz e sem sinal de telefonia, e encontraram destruição, morte, e moradores perambulando pelas ruas cheia de lama sem saber o que fazer - cenário de uma praça de guerra. Além de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, os municípios de Areal, Bom Jardim, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto também sofreram com as chuvas de janeiro.

Um ano após os temporais que provocaram 777 pontos de deslizamentos em sete municípios da Região Serrana, a maioria dos pontos não recebeu obras de contenção. O subsecretário de Interior do governo do estado estimou que R$1 bilhão ainda terão que ser gastos nas encostas para torná-las seguras. Ele não incluiu os investimentos para recuperar áreas consideradas de menor risco, por estarem em locais isolados. Na conta também estão fora os R$147 milhões que estão sendo investidos em 30 pontos considerados prioritários.

PETRÓPOLIS
Cidade com pouco mais de 296 mil habitantes, Petrópolis teve os estragos concentrados no distrito de Itaipava --onde está o vale do rio Cuiabá, localidade rural que concentrou as mais de 70 mortes do município.

Ao lado de montes de areia retirados do rio, uma retroescavadeira parada desperta a ira e incredulidade dos vizinhos.

TERESÓPOLIS,
Segundo município mais afetado, Teresópolis teve quase 400 mortes em bairros urbanos e rurais.

Quem chega ao bairro da Posse, em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, ouve logo de início o aviso dos moradores e dos raríssimos comerciantes do local: depois das 19h ou 20h não é bom ficar de bobeira na rua. O lugar, eles garantem, virou “um fantasma.

Já perto dali nem é preciso ser avisado: é fácil perceber que pouco sobrou do bairro de Campo Grande, mais da metade dizimado com o deslizamento de pedras cujo tamanho e quantidade, a olhos vistos, ainda impressiona.

Às margens do vale de pedras em que se transformou Campo Grande, os poucos moradores que sobreviveram estão em casas próximas a um riacho formado após a tragédia e na direção de morros de onde as pedras deslizaram em janeiro de 2011.

Na cascata do Imbuí, por exemplo, o tradicional point de turistas deu lugar a ruas enlameadas e uma paisagem assustadora de encostas nuas e água escura de barro. Ao redor da cascata, e nas ruas próximas, obras de contenção ainda no começo, ou pela metade.

Ainda nas proximidades, casas --dentre as quais, algumas mansões-- que eram escondidas por muros gigantes jazem à mostra com objetos na parte externa e muito mato.

Pelo caminho de várias ruas, pedras de até dois metros de altura que deslizaram há um ano persistem: algumas poucas cortadas a máquina, mas a maioria lembrada por vizinhos como a causa de bairros quase totalmente destruídos --caso de Campo Grande.

NOVA FRIBURGO
Em Nova Friburgo, cidade onde os primeiros deslizamentos foram registrados já na noite de 11 de janeiro, os estragos ainda são bem visíveis em áreas da zona urbana --tão explícitos quanto o centro turístico-- e da zona rural.

Principal ponto turístico da cidade, o teleférico está parado há um ano e a praça do Suspiro, onde ele está localizado, não teve em 12 meses finalizada a obra de pavimentação e outras benfeitorias.

“Isso aqui vivia cheio, era uma felicidade só. Agora é triste demais de ver, mas as obras do município estão muito lentas”, observa o vigia Deni Oliveira, 40, na praça. Ainda no centro, na rua Cristina Aziedi, a localidade classe média deu lugar a um ponto em que predominam casas interditadas, esqueletos de construções e obras de contenção ainda longe de terminarem.

Para a comerciante Eliane Moura, 60, moradora da rua, pouca coisa mudou desde janeiro de 2011. “Retiraram entulhos e interditaram várias casas. Eu mesma até hoje tenho que deixar meu carro na rua por causa das restrições que impuseram, mas a situação aqui mostra bem a inércia e a inoperância dos governos: foram mais de sete meses para começar as obras, que são lentas, e basta chover para a gente ter medo e monitorar nível da água, essas coisas --e para quê? Para se sentir num lugar aterrorizante. É isso que virou”.

Apesar dos recursos que foram destinados pelos governos federal e estadual, a demora na recuperação das áreas atingidas é ponto comum nas sete cidades. A dragagem e correção de margens dos rios - alguns tiveram sua largura quadruplicada após a torrente - acontece de maneira lenta e, em alguns locais, sequer começou. Projetos como a construção de parques fluviais para impedir a ocupação irregular das margens dos rios não foram levados adiante e os radares meteorológicos prometidos logo após a tragédia ainda não têm previsão concreta de instalação. Apenas uma das 75 pontes que o governo estadual prometeu construir ou reconstruir após a tragédia está concluída, na cidade de Bom Jardim.

PREJUÍZOS NA ECONOMIA
■A Região Serrana é o mais importante pólo de produção agrícola do estado do Rio. Com a destruição, estima-se que 17 mil famílias que se sustentavam da atividade agropecuária tenham sido afetadas.
■No comércio, 84% dos empresários da região foram afetados pelas chuvas de janeiro e os prejuízos estimados pela Fecomércio foram de R$ 469 milhões.
■Na indústria, do total de 278 empresas do Sistema Firjan, 68% foram afetadas, a maioria em Nova Friburgo. Os prejuízos estimados pela Firjan foram de R$ 153 milhões.
■O turismo da região foi abalado pelas chuvas de janeiro. Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis tiveram baixa procura para o réveillon de 2011, segundo informação da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ)..

DESAPARECIDOS
Ainda restam 215 pessoas desaparecidas, deixando 918 mortos confirmados.
Atualizados no início de janeiro, os números do PIV (Programa de Identificação de Vítimas) indicam;
■ Teresópolis tem 137 pessoas desaparecidas
■ Nova Friburgo tem 44,
■ Petrópolis 18
■ Sumidouro uma;
■ e outros 15 desaparecidos não tiveram a localidade informada.

PÓS-TRAGÉDIA: DISTÚRBIOS PSICOLÓGICOS
Sintomas de estresse pós-traumático, a depressão e a síndrome do pânico são os principais distúrbios psicológicos que atingem as pessoas afetadas pelas enchentes e pelos desmoronamentos ocorridos na região.

Fontes: UOL Notícias, Folha.com, BBC Brasil, G1 RJ, Bom Dia Brasil, Rede Brasil Atual, O Globo – período de 11 a 13/01/2012

Comentário
Conforme dados do Núcleo de Pesquisa e Aplicação de Geotecnologia em Desastres Naturais e Eventos Extremos do INPE (Instituo Nacional de Pesquisa Espacial) ocorreram no país 150 registros de desastres no período 1900-2006. Do total ocorrido, 84% foram computados a partir da década 70, demonstrando um aumento considerável de desastres nas últimas décadas. Como conseqüência, foram contabilizados 8.183 vítimas fatais e um prejuízo de aproximadamente 10 bilhões de dólares.
Os tipos de desastres mais freqüentes foram as inundações, representadas pelas graduais e bruscas, com 59% dos registros, seguidas pelos escorregamentos (14%). A maioria dos desastres no Brasil (mais de 80%) está associada às instabilidades atmosféricas severas, que são responsáveis pelo desencadeamento de inundações, vendavais, tornados, granizos e escorregamentos.

Nota-se pelo gráfico, que os desastres acompanham o crescimento populacional e tornam-se mais visíveis para a população devido a ocupação do solo (fundação de cidades, fronteiras agrícolas, desmatamento, etc).
A ocupação do solo no decorrer dos séculos teve como etapa inicial a retirada da cobertura florestal original, pois era considerada uma barreira para o desenvolvimento (fundação de cidades, agricultura, uso e comércio da madeira, etc)

O desastre natural nada mais é do que a retomada da parte territorial que foi retirada pela ação do homem. A natureza tem sua própria lei de destruição.

Existe no Brasil registros de eventos de Mega-desastres que já ocorreram e que deveriam servir de alerta e que poderiam ser prevenido no futuro, mas a historia de desastre no país demonstra que esses eventos se repetem e as lições são esquecidas.
Uma catástrofe é sempre resultante de uma série de eventos não previstos e da convergência de fatores adversos e aparentemente independentes que, num determinado momento, se somam para provocá-la (Peter Alouche).

Quais são os fatores adversos?
■ uso e ocupação do solo
■crescimento urbano e populacional
■ falta de planejamento urbano
■ desmatamento e más práticas agrícolas
■ A maioria das cidades está as margens dos rios, parte das cidades ocupando a várzea ou área de remanso dos rios ou fundo de vale. Ob: Inundações são causadas pelo afluxo de grandes quantidades de água que, ao transbordarem dos leitos dos rios, lagos, canais e áreas represadas, invadem os terrenos adjacentes, provocando danos..
■ Desmatamento e assoreamento dos rios ao longo do século

Observa-se no Brasil que a Defesa Civil é mais um órgão de distribuição de doações do que de prevenção de desastre. A finalidade da Defesa Civil é preventiva e deveria ter a função principal de alocar os recursos necessários quanto ao desastre. No pós-desastre várias ações são executadas por outros órgãos sem nenhuma coordenação. Não há banco de dados de desastre a fim de; executar e planejar obras com finalidade de atenuar os efeitos adversos, conscientização da população quanto os riscos existentes na região, construção de uma rede de comunicação entre as cidades com potencialidades de desastres.

As principais causas de inundação seriam:
■ A morfologia da cidade a região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e encostas íngremes.
■ O clima: chove torrencialmente na época do verão
■ Uso e ocupação do solo de maneira desordenada
■ Não há mapeamento das áreas inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Falta de uso de Sistema de Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos. Os riscos devem ser avaliados por meio de perspectivas técnicas capazes de antecipar possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente. O uso de um Sistema de Informações Geográficas contribuiria nas atividades de prevenção e preparação para riscos, possibilitando a diminuição dos desastres, e, em caso de ocorrências, tendo um caráter logístico, determinando como uma população atingida por tais eventos poderia ser evacuada e protegida. Seria a ferramenta ideal para a Defesa Civil efetuar o gerenciamento do desastre a fim de alocar os recursos necessários para minimizar os efeitos do desastre.
5- Controle público da ocupação regular e irregular
■ a prática legalizada da construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.
■ O aumento da vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, desmatamento, etc

Vídeo:

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terça-feira, janeiro 10, 2012

Corda de bungee jump se rompe e jovem cai de 111 m em rio

Uma turista australiana escapou com apenas cortes e contusões após a corda do bungee jump se romper durante o salto na passagem do Ano Novo na África, mergulhando de cabeça em águas infestadas de crocodilos.

A jovem Erin Langworthy pulou da plataforma situada na ponte das Cataratas Vitória, numa altura de 111 metros no rio Zambeze – e a câmera instalada na ponte mostrou o rompimento da corda e seu mergulho em queda livre no rio. O vídeo mostra, ela sendo levada pelo rio com a corda enrolada em suas pernas.

Fotos: Erin Langworthy saltando da plataforma segundos antes do acidente e o momento do rompimento da corda

No vídeo reações de seus amigos chocados podem ser ouvidos, inclusive uma menina pedindo os operadores fizesse alguma coisa. Eles também podem ser ouvidos gritando o nome dela enquanto ela flutuava no rio Zambezi.

Erin de 22 anos disse: “Ficou escuro imediatamente, senti como se estivesse recebido pancadas em todo o corpo. Tive de nadar no sentido da correnteza e tentar retirar a corda.

Erin Langworthy, que mora em Perth (oeste da Austrália), havia feito um dia antes um percurso de bote pelo rio e lembrou dos conselhos de segurança do instrutor. A correnteza era violenta e comecei a ouvir o barulho das cataratas. É como estar nas ondas e ser jogado para baixo, não existe nenhuma orientação. Não sabia se subia ou afundava, ela disse.

A jovem conseguiu nadar até a margem do rio, com os pés ainda atados. Ela nadou para rochas do lado do rio e esperou para ser resgatada.

"Quando fui puxada para fora da água, eles me colocaram de costas, mas como engoli muita água, não conseguia respirar, então colocaram-me de lado. E comecei a tossir de água e sangue."

A jovem foi levada ao hospital na África do Sul, com hematomas e escoriações por todo o corpo. "Sim, eu acho que é definitivamente um milagre que eu sobrevivi.", disse a jovem.

O ministro do Turismo de Zâmbia, Given Lubinda, disse “que o salto de bungee jump era seguro e tem provado ser uma operação muito viável, considerando que mais de 50.000 turistas saltam a cada ano. Está em funcionamento há 10 anos. Esta é a primeira vez que registra um incidente. A probabilidade de um incidente é de um em 500 mil saltos."

O ministro do Turismo disse que estaria trabalhando com o operador para se certificar que seus equipamentos eram seguros e que o salto de bungee jump era "sem incidentes". Uma investigação sobre o rompimento da corda será efetuada.

Fontes: The Sidney Morning Herald e AFP - January 9, 2012

Comentário:
Segundo especialistas em saltos de bungee jump:
■ A profundidade de pelo menos 3 metros do rio sobre a qual a jovem saltou evitou uma fatalidade depois que o elástico que a segurava se rompeu.
■ Em todos os saltos feitos sobre rios ou lagos, é analisada a profundidade da água para que ela possa ser usada como um “back-up de segurança” caso o elástico se rompe.
■ O rompimento de elástico é raríssimo.
■ O equipamento é muito seguro, Se aconteceu alguma coisa, alguma falha aconteceu. Quase sempre essa falha é humana ou de manutenção da corda e acessórios

Vídeo:


Em qualquer atividade; lazer, esporte radical ou trabalho, onde o risco predomina, a inspeção ou checagem do equipamento e acessórios é fundamental para segurança.

Cuidados e conservação das cordas:
■ nunca pise numa corda. As fibras de poliamida (nylon) que constitui a corda é material têxtil e estraga com abrasão. Grãos de areia e cascalhos podem cortar as fibras e danificar a corda. Um fragmento rochoso ou mineral que penetre no interior de uma corda pode também causar danos internos.
Nunca deixar em locais sujos com detritos como areia e pó. É sempre boa idéia utilizar sacos de corda ou forração de nylon para manusear a corda no chão.

■ O estado da corda deve ser checado periodicamente. Um dos procedimentos padrão é esticá-la com tensão moderada e apalpá-la em toda extensão. Pode segurá-la com as pontas dos dedos e percorrer toda a extensão para detectar irregularidades na textura e no diâmetro.
A textura é um bom indicador para sentirmos a variação no estado da capa e, a variação em diâmetro ou presença de calombos e buracos internos podem indicar os danos na alma.

■ Além da checagem periódica do seu estado, a corda deve ser lavada sempre que estiver suja. O desgaste da corda (nylon) acontece tanto mecanicamente quanto quimicamente. Os danos mecânicos são causados por abrasão (principalmente externa, mas também interna) provocada pelo contato com a rocha e sujeiras como grãos de areia e terra. As perdas de propriedades e degradação química acontecem quando o nylon entra em contato com hidrocarbonetos (derivados de petróleo), solventes, ácidos, produtos químicos e até cimento. Sempre que a corda entrar em contato com qualquer um desses produtos ela deve ser lavada com sabão neutro, bem enxaguado e seco na sombra.

■Lembre-se que as cordas novas possuem um tratamento superficial com produtos que a torna mais macia e flexível. A lavagem retira, pelo menos em parte, esses produtos deixando a corda mais áspera e dura. Assim, uma corda deve ser lavada apenas quando necessária. Ou seja, somente quando estiverem sujas ou contaminadas.

■A longa exposição aos raios solares deve ser evitada, uma vez que os raios ultravioleta do sol degradam o nylon mais rapidamente (é um dos maiores inimigos da corda). Para cordas, fitas e equipamentos de nylon em geral, a cor azul é a mais indicada, pois é a que mais reflete os raios UV, melhorando a durabilidade à exposição de raios solares.

■A corda possui uma grande resistência a tração, mas não é tão resistente à abrasão. Assim, qualquer canto vivo onde a corda carregada vá apoiar deve ser protegido. Um pedaço de mangueira tipo de bombeiro é muito bom para proteção. A corda também não deve em hipótese alguma correr ou friccionar sobre arestas ou pontas cortantes, sob o risco de danificar definitivamente a corda (será necessário cortá-la neste ponto) ou até mesmo colocar a segurança da equipe em risco. Fontes: Halfdome, Marski - Expedições, Montanhismo e Escalada

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