Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

segunda-feira, outubro 29, 2012

Por que as crianças estão em risco


Quedas e engasgamento são os principais responsáveis pelos acidentes e mortes relacionados com brinquedos.

Engasgamento é a causa mais comum de mortes e o principal culpado deste quadro são as bexigas/balões de látex.

Brinquedos de locomoção, principalmente bicicletas, estão associados a mais acidentes que qualquer outro grupo de brinquedos.

Acidentes fatais podem ocorrer quando a criança é atingida por um veículo automotor ou quando a criança vai em direção a piscina, lago, riachos, etc. A maioria dos acidentes com brinquedos dirigíveis ocorrem quando as crianças caem dos brinquedos.

60% dos acidentes relacionados a brinquedos e 75% das mortes acontecem com crianças de até 4 anos.

Crianças de até 3 anos são mais propensas a sofrerem engasgamento do que as maiores pois têm tendência a colocar pequenas coisas na boca e por causa do pequeno tamanho de suas vias aéreas. No entanto, crianças mais velhas também correm risco de engasgamento com as bexigas.

A maioria dos acidentes relacionados a brinquedos não são fatais. Aproximadamente 98% das crianças que sofrem algum tipo de acidentes com brinquedos são tratadas e recebem altas.

PROTEGENDO SUA FAMÍLIA
A orientação é um importante fator para manter as crianças seguras de acidentes com brinquedos. Envolver-se com a brincadeira de seu filho, ao invés de orientar à distância, lhe dá a oportunidade de você tomar conta com mais cuidado. As crianças adoram quando os pais participam em seus jogos. Brincar é uma forma de você aprender mais sobre o seu filho, ensiná‑lo importantes lições, além da diversão enquanto o mantém seguro.

DICAS DE SEGURANÇA
Quando selecionar os brinquedos, considere a idade, o interesse e o nível de habilidade da criança. Procure por qualidade do modelo e construção e siga as recomendações do fabricante de segurança e idade.

Inspecione os brinquedos regularmente em procura de danos e potenciais riscos tais como pontas afiadas. Conserte o brinquedo imediatamente ou mantenha-o fora do alcance da criança.

Evite utilizar balões de látex/bexiga. Se realmente precisar utilizá-los, guarde-os fora do alcance das crianças. Não permita que crianças encham bexigas. Após o uso, esvazie as bexigas e descarte-as juntamente com eventuais pedaços.

Evite brinquedos com pontas e bordas afiadas, brinquedos que produzem sons altos e que apresentem projéteis (tais como dardos, flechas, etc)

Brinquedos com correntes, tiras e cordas com mais de 15 cm podem não intencionalmente estrangular crianças e devem ser evitados.

Brinquedos elétricos podem causar queimaduras. Evite brinquedos com elementos de aquecimento – baterias, tomadas elétricas – para crianças com menos de 8 anos.

Certifique-se que brinquedos sejam usados em ambientes seguros. Brinquedos dirigidos pela criança não devem ser usados próximos a escadas, tráfego, piscina, lago, etc.

Ensine as crianças a guardar seus brinquedos após a brincadeira. Um local seguro para guardar previne quedas e outros acidentes. Brinquedos para crianças maiores podem ser perigosos para os menores e devem ser guardados separadamente.

Use presentes (bicicletas, patins, scooters, skates) como oportunidade para ensinar as crianças sobre segurança na diversão. Como parte de seu presente dê a seu filho os equipamentos de segurança necessários, tais como capacete, joelheira, cotoveleira, luvas, buzinas, entre outros. Fonte: Safe Kids Brasil 

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segunda-feira, outubro 22, 2012

Operário morre e dois ficam feridos após queda de raio


O operário AVL, 40, morreu e outros dois ficaram feridos após serem atingidos por um raio, em canteiro de obras do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", no bairro Santa Etelvina, Zona Norte de Manaus, na tarde de sábado, 20 de outubro, durante tempestade. As vítimas ainda foram socorridas. O corpo do trabalhador que não resistiu foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML).

HOSPITALIZAÇÃO
Os dois que ficaram feridos são mantidos hospitalizados. O  quadro de saúde deles é considerado estável.

TRABALHANDO
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil no Amazonas (Sintracomec-AM),  informou que os trabalhadores perfuravam o solo e preenchiam caixarias que dão forma as estruturas (vigas) quando foram atingidos pelo raio.Havia um grupo de trabalhadores no local. Infelizmente três foram atingidos.

FISCALIZAÇÃO
Representantes do Sintracomec, do Ministério Público e da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) farão uma fiscalização no canteiro de obras.  

ENTERRO
O corpo de Adel foi velado na residência da família dele, localizada no bairro Mauazinho, na Zona Leste de Manaus. O enterro foi no cemitério Parque Tarumã, Zona Oeste, na tarde de domingo, 21 de outubro..
Fonte: A Crítica - Manaus (AM), 20 de Outubro de 2012

Comentário:
De acordo com estudo do  Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)  foram registradas em 2010, 89 mortes no Brasil, sendo este um número inferior à média registrada entre os anos 2000 - 2009, que foi de 132 por ano.

No Brasil caem, por ano, cerca de 50 milhões de raios. Desse total, aproximadamente 80% ocorrem entre outubro e março. De 2000 a 2009, o estado em que mais caíram raios, em média, por ano, foi o Amazonas (11 milhões), seguido pelo Pará (7, 3 milhões) e por Mato Grosso (6,8 milhões). No mesmo período, o estado de São Paulo registrou o maior número de mortes (230), seguido pelo Rio Grande do Sul (106) e por Minas Gerais (99).

 "Noventa por cento das mortes ocorridas no país se deram em circunstâncias que poderiam ter sido evitadas se as pessoas tivessem mais informações e se seguissem as recomendações de proteção", afirma o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior.

RAIOS:
Raios são fenômenos atmosféricos caracterizados pela formação de correntes elétricas com milhões de volts de potencial e que atingem a superfície causando prejuízos materiais e mesmo mortes. Normalmente, a temporada de temporais tem inicio em Setembro e vai até Março.
1. Aos primeiros sinais de um temporal, planeje o que fazer no caso de ocorrência das descargas elétricas nas proximidades.
2. Você pode estimar a distância de incidência dos raios usando o método chamado "flash-to-bang" ou "relâmpago-trovão". Contando os segundos entre o "clarão" do raio e o trovão que você ouve e multiplicando por 300 tem-se a distância em metros do local onde ocorreu a descarga. Assim, se você vir o clarão e contar até oito, por exemplo, significa que o raio "caiu" a 2.400 metros do local onde você se encontra. Para contar os segundos você pode usar a seqüência ”mil e um, mil e dois, mil e três etc...”
3. A possibilidade de você ser atingido por um raio em um temporal inicia-se meia hora antes e continua até cerca de meia hora após a atividade máxima. Mantenha-se protegido durante esse tempo.
4. O raio nunca avisa aonde vai "cair". A melhor proteção é se prevenir com antecedência. Se você vir o primeiro clarão, contar cerca de 30 segundos e depois outro clarão e contar menos que 30 segundos entre eles, já é hora de se prevenir, procurando abrigo nas proximidades. Isso porque, normalmente, um raio pode "escapar" do centro de atividade da nuvem e atingir áreas a longas distâncias.
5. Durante os temporais evite aglomeração de pessoas mantendo pelo menos uma distância de 5 metros uma da outra.
6. Se você estiver em locais abertos como campo de futebol, piscina etc, aos primeiros sinais de um temporal abandone imediatamente o local, procurando abrigo em prédios.
7. Nunca seja o ponto mais alto da redondeza. O raio procura sempre os pontos que se sobressaem da superfície como atrativo à descarga. Caso você esteja em um local descampado, abaixe-se com os joelhos dobrados e as mãos na nuca procurando tampar os ouvidos.
8.Nunca procure abrigo sob árvores,  isoladas ou prédios rústicos como aqueles de proteção para animais, existentes em pastagens.
9.Externamente, nunca fique perto de cercas metálicas, rios, lagos, veículos ou superfícies que conduzam eletricidade.
10. Se você estiver no alto de um morro, desça para o ponto mais baixo do terreno. Um capão de árvores nas baixadas é uma boa proteção.
11. Prédios de concreto com fiação elétrica, canalizações de água ou de outro tipo constituem-se em excelente proteção contra as descargas.
12. Se você estiver dentro de casa ou de qualquer prédio, retire os "plugs" dos aparelhos elétricos das tomadas, não use telefone ou outros equipamentos elétricos. Fique longe de tomadas de força ou de superfícies metálicas.
13. Se você estiver em uma estrada ou na rua, a melhor proteção existente é dentro do veículo com os vidros fechados. Não são os pneus que promovem a proteção, mas sim um fenômeno da física chamado Gaiola de Faraday.
14. Você pode ser atingido não somente pelo raio diretamente como também por "faíscas" refletidas por objetos da proximidade. Fonte: CEPAGRI - Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura – SP

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quarta-feira, outubro 17, 2012

Crianças intoxicadas por leite em Santa Catarina

Desde sexta-feira, 21 de setembro, pelo menos 23 crianças de até três anos apresentaram suspeita de intoxicação por leite contaminado. Das vítimas, ao menos cinco permanecem internadas. O caso mais grave está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pequeno Anjo, de Itajaí, mas respira sem a ajuda de aparelhos e não corre risco de morte.

Outras três estão sendo tratadas no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, Sul do Estado. Há mais um caso no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Navegantes, Litoral Norte. Além disso, de acordo com boletim da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), quatro apresentaram diagnóstico, mas não chegaram a ser internadas (três em Florianópolis e uma em Balneário Camboriú).

INTERDIÇÃO DA EMPRESA
Após os casos de intoxicação, a Vigilância Sanitária de Santa Catarina, junto com o Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), interditou provisoriamente a fábrica Papenborg Laticínios Ltda e todos os produtos da marca "Holandês" no mercado. Os lotes do leite de número 0687 e 0689 também foram recolhidos e inutilizados por suspeita de contaminação. A recomendação é que as pessoas que possuam tal produto em casa não o consumam.

QUADRO CLÍNICO
As crianças estavam com o mesmo sintoma: apresentavam a região peitoral arroxeada, mãos, boca e pés, também arroxeadas.

DIAGNÓSTICO
Na noite de sexta-feira (21), foi confirmado o diagnóstico de metemoglobinemia (vide explicação) - uma alteração no sangue que pode levar à morte e que, geralmente, é provocada pelo consumo de algum produto.

LAUDOS PRELIMINARES
Laudos preliminares produzidos em laboratório pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apontaram presença de nitrito até dez vezes superior ao máximo tolerado em amostras de leite pasteurizado produzido pela empresa.

INTOXICAÇÃO POR NITRITO
Entre os sintomas da intoxicação por nitrito estão arroxeamento da região em volta dos lábios e falta de ar. A substância induz a oxidação do ferro da hemoglobina, o que impede o sangue de transportar oxigênio.
A substância não deveria estar presente no leite, a não ser em quantidade muito pequena, porque ela até pode ser encontrada em adubos que, no pasto, são consumidos pelos animais.
A intoxicação por nitrito é grave e pode levar à morte. "Os casos notificados até agora têm sido relativamente leves, mas as pessoas precisam estar atentas e procurar rapidamente os serviços médicos no caso de algum sintoma. O que chama a atenção é o fato de que, entre os casos de internamento, há cinco crianças com menos de 6 meses e que deveriam estar sendo alimentadas exclusivamente por leite materno, explicou o médico infectologista Fábio Gaudenzi, diretor de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina.

INTERDIÇÃO TOTAL DA EMPRESA E INSPEÇÃO
Inicialmente, as autoridades sanitárias haviam determinado a retirada do mercado de dois lotes do leite Holandês, mas uma nova reunião realizada na tarde de sábado, 22 de setembro,  determinou a apreensão e a inutilização de todos os estoques do produto, produzidos até a última sexta-feira, 21 de setembro.  Com prazo de validade de até cinco dias, o leite teria distribuição restrita a algumas regiões de Santa Catarina.
A fábrica está lacrada, sem produção de laticínios. Um grupo de técnicos está fazendo um pente fino no local. Nossa orientação para as autoridades locais nos municípios e o para o comércio em geral é para que o leite não seja vendido e seja inutilizado. Os demais produtos da empresa, como queijos, iogurte e nata, também devem ser retirados das áreas de exposição para venda e retidos em estoque até segunda ordem, informou  a diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt..

LIMPEZA E SANITIZAÇÃO DE TUBULAÇÃO E EQUIPAMENTOS
A suspeita das autoridades de saúde de Santa Catarina é de que a contaminação por nitrito tenha sido causada por uma falha em um dos equipamentos da empresa. A substância seria utilizada no processo de limpeza das máquinas.
De acordo com o médico-veterinário da empresa Holandês, Luiz Carlos Simas Custódio, a suspeita é que houve mesmo um problema de resíduo no processo de limpeza de uma das tubulações da pasteurização do leite. A falha, segundo ele, não foi humana.

INUTILIZAÇÃO DE PRODUTOS
Desde o fim de semana pelo menos 35 toneladas de derivados e 27,5 toneladas de leite foram inutilizados pelas equipes de vigilância sanitária de Santa Catarina.

CONFIRMAÇÃO DE CONTAMINAÇÃO
Os laudos das 177 amostras coletadas no último fim de semana, 10 confirmaram a presença de nitrito e de nitrato além do padrão aceitável em lotes de queijos, leite e iogurtes produzidos entre 18 e 21 de setembro.
Pelos testes realizados em amostras colhidas em leite e derivados foi constatada a presença de nitrito e nitrato e problemas na limpeza do equipamento de pasteurização do leite. Desde então, 35 toneladas de derivados e 27,5 toneladas de leite foram descartados.

EMPRESA E INFRAÇÕES
Diariamente, a empresa produz 30 mil litros de derivados e 20 mil litros de leite, proveniente de 660 produtores de Santa Catarina. A empresa não revelou o prejuízo em reais e poderá ainda ser multada pelas intoxicações causadas. A Cidasc instaurou dois processos administrativos para analisar a ocorrência e tem 90 dias para a conclusão.

HOSPITALIZAÇÃO
Das vítimas, 17 apresentaram boa evolução clínica e foram liberadas durante o fim de semana e  segunda-feira, 24 de setembro. Apenas duas crianças permanecem internadas. Uma delas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pequeno Anjo, de Itajaí.

PREJUÍZOS DA EMPRESA
Quatorze dias parados, 62,5 toneladas de leite e derivados jogados fora e pelo menos R$ 2 milhões em prejuízo. Estas foram às consequências de um descuido na higienização do equipamento que realiza a pasteurização do leite.

RETORNO AS ATIVIDADES
Com as irregularidades detectadas e corrigidas, a fábrica foi desinterditada na quinta-feira, 04 de outubro,  pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e Vigilância Sanitária de SC. A investigação analisou 233 coletas, destas 8% estava contaminada e todos os resultados depois do dia 21 foram negativos para nitrato e nitrito, o que possibilitou a retomada dos serviços da empresa.
O médico-veterinário da fábrica, Luiz Simas Custódio, diz que a produção voltará à normalidade ainda esta semana, envolvendo 80 funcionários, que estavam sem trabalhar por conta do problema, e 660 produtores de leite que fornecem a matéria-prima à fábrica. A produção diária de 30 mil litros de derivados e 20 mil litros de leite, segundo ele, será retomada imediatamente.

MEDIDAS ADOTADAS PARA EVITAR NOVAS CONTAMINAÇÕES
 ■Inutilização de 35 mil toneladas de derivados como queijos e iogurtes produzidos de março a 21 de setembro.
■Inutilização de 27,5 mil toneladas de leite produzidos de março a 21 de setembro.
■Alterações no controle de produção. As inspeções serão diárias por um inspetor da empresa, quinzenais pela Cidasc que também fará uma auditoria por mês.

PROBLEMAS DETECTADOS DURANTE A INVESTIGAÇÃO
■Falha no processo de higienização do equipamento de pasteurização do leite.
■Falta de água no dia da contaminação contribuiu para a alta concentração de nitrato e nitrito no leite.
■Falha na vedação de uma borracha que deveria impedir a passagem do nitrato e nitrito ( presentes nos produtos de limpeza) para o leite.

INSPEÇÃO E FISCALIZAÇÃO NO RETORNO DAS ATIVIDADES
Com a adoção de novas medidas preventivas, a expectativa da Cidasc é de que o mesmo problema não volte a acontecer.
Duas assessorias foram contratadas, uma para auxiliar na produção e outra no manejo dos equipamentos. As inspeções serão diárias por um inspetor da empresa e quinzenais pela companhia, que também fará uma auditoria por mês. A Cidasc instaurou dois processos administrativos para analisar a necessidade de se aplicar uma multa à empresa.

— Este controle permitirá que acidentes como este não voltem acontecer em nenhuma fábrica de laticínio do Estado até porque este tipo de contaminação é raro — diz o gerente estadual de inspeção da Cidasc Sergio Silva Borges.

Todos os produtos com data de fabricação a partir deste dia 4 de outubro estão liberados para o consumo.

Fontes: Diário Catarinense, G1 e UOL Notícias,  24 de setembro a 04 de outubro.

Comentário:   
Metemoglobinemias tóxicas: Definição: não é uma intoxicação nem tão pouco é  causada por um agente específico, mas é uma condição que ocorre em  intoxicações causadas por agentes metemoglobinizantes. Estes são substâncias capazes de induzir a oxidação do ferro da hemoglobina. Esta oxidação resulta em um pigmento chamado metemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio. Por exemplo: alimentos com concentração elevada de nitrito e nitrato de sódio.
Quadro agudo: Cianose central (mantendo ou não normalidade cárdiorespiratória), cefaléia, vômitos, mal estar geral, diarréia, dispnéia, dores anginóides, hemólise, sangue cor de chocolate, pulso rápido, pele úmida e fria, agitação, tremores, cefaléia persistente, convulsões, coma e morte. Fonte: Secretaria da Saúde do Paraná

Não é fatalidade, mas sim, falha humana operacional. Antes de colocar a tubulação em operação  verificar eventuais resíduos de limpeza e sanitização. Criar procedimento para verificar se a tubulação está isento de solução alcalina ou outro tipo de produtos químicos usados para higienização.

Na essência o que faltou para a empresa é a visão de gerenciamento de riscos no processo. Em segurança alimentar utiliza o  HACCP  (Hazard  Analysis  of  Critical  Control  Points    Análise  de  Risco  de  Pontos  Críticos  de  Controle)  que é  um  sistema  de  detecção,  análise  e eliminação de  riscos.    Perigos  são  possíveis  riscos  que  podem  levar  dano  para a  saúde  do  consumidor.    O  risco  acontece  em  etapas  ao  longo  do processo e/ou  cadeia  de  suprimentos.    Essas  etapas,  do  ponto de  vista  dos  procedimentos,  precisam  ser  avaliadas/identificadas  e  analisadas.

Em relação à alimentação, o risco implica um potencial impacto sobre os consumidores. Os possíveis riscos nos alimentos devem-se a microrganismos infecciosos, substâncias químicas, como os contaminantes (p.ex. detergentes de limpeza), ou agentes físicos (como vidro). 

Vídeo: HACCP

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domingo, outubro 14, 2012

Tragédia de 1967: Caraguatatuba

HISTÓRICO
Desde o século passado  existe farta documentação nos arquivos sobre as grandes chuvas na região.
Eram raros os documentos desse período que não fizessem referência às chuvaradas do tempo das águas, causadoras de grandes estragos na estrada, particularmente no trecho da serra, inúmeras vezes inviabilizando o trânsito, com enormes prejuízos para todos.
Há um oficio ao presidente da Província, datado de 21 de Fevereiro de 1859, que informa:  " ...devido aos repetidos temporais de pesadas chuvas, que há mais de um mês desaba em todo o Município, em especial um que houve no dia 20 de Janeiro, que por um pouco não arrasa Caraguatatuba..." 

TRAGÉDIA DE 1967
O ano de 1967 foi realmente atípico. Chovia quase todos os dias desde o início do ano, 541 mm apenas em janeiro, o dobro do normal. Do dia 17 para 18 de março, um temporal produziu quase 200 mm de chuvas em um solo já encharcado. No início da tarde de 18 de março, sábado, a tragédia aconteceu sob intenso temporal que chegou a acumular 580 mm de chuvas em dois dias.

Sucederam-se inúmeros desabamentos que deram origem  ao lençol de lama que, segundo relatos, em dez minutos cobriu Caraguatatuba e fez com que a cidade praticamente quase desaparecesse .

De acordo com o posto da Fazenda São Sebastão ou "dos Ingleses"  os níveis pluviométricos, no mês de março, registraram um índice máximo de 851,0 mm - sendo 115,0 mm no dia 17 de março de 1967 e 420, 0 mm no dia seguinte, não acusando índice maior devido à saturação do pluviômetro.

CONSEQUÊNCIAS
As consequências do desabamento afetaram Caraguatatuba em larga escala,   o Rio Santo Antônio (que nasce na serra e deságua no mar, atravessando a cidade), arrastando tudo que havia pela frente, inclusive a ponte,  alargou-se de 10m-20m para 60m  a 80m.
Dezenas  de  milhares de troncos de árvores vieram abaixo destruindo toda infra-estrutura urbana da cidade, arrasando boa parte da estrada São José dos Campos-Paraibuna-Caraguatatuba, conhecida hoje como Rodovia dos Tamoios, ―formando precipícios de mais de uma centena de metros de profundidade.
A Estrada de Ubatuba sofreu quedas de barreiras nos trechos de Maranduba, Jituba, Sumaré, Prainha e Martim de Sá, recobrindo seu leito em 0,80 m de lama.

Os  jornais da época noticiaram: "Caraguatatuba esta submersa e isolada de todos!"

No bairro Rio do Ouro, gigantescas barreiras começaram a cair pela manhã, formando uma enorme represa que estourou algumas horas mais tarde, desaparecendo com o bairro e provocando o deslocamento da ponte principal do rio Santo Antonio. Caso não tivese acontecido esse deslocamento, a cidade inteira teria sido inundada e coberta pelas águas.

Cada pedaço de terra de um bairro desta cidade poderá ter sepultado vários habitantes, transformando em um grande cemitério. Muitos corpos jamais foram encontrados, principalmente aqueles  que foram arrastados para o mar e impelidos pelas ondas para pontos bem distantes.

Um balanço da situação em 21 de março de 1967 apresentava o seguinte quadro:
■30 mil árvores desceram as encostas do morro e se espalharam em volta da cidade.
■5 mil troncos rolaram e soterraram casas, destruindo parte da BR-6.
■400 casas desapareceram debaixo da lama.
■Um ônibus lotado de passageiros desapareceu e vários carros ficaram isolados.
■Na Fazenda São Sebastião havia dezenas de mortos e feridos.
■3 mil pessoas, aproximadamente, perderam suas casas, (o município contava com 15 mil habitantes).
■ 120 mortos já haviam sido encontrados.(O número exato de mortos não poderão jamais ser computados, pois dezenas de pessoas desapareceram, não restando vestígios).

CARAGUATATUBA ESTÁ SOB A LAMA
Por terra não se chega ao litoral Norte. Na estrada Paraibuna-Caraguatatuba a partir do Mirante, no quilometro 194, até o quilometro 199, trinta barreiras caíram, obstruindo a estrada. E no quilometro 202 a estrada desapareceu, levada pelas águas, em quase dois mil metros.

SALVAMENTO
A primeira turma de salvamento chegou a Caraguatatuba no domingo de manhã, 19 de março. O transporte foi feito em rebocador, de Santos a São Sebastião, de lá em barco de pesca até Caraguatatuba. Eram soldados, enfermeiros e médicos. Outra turma, de Ubatuba, saiu de madrugada, por rodovia, e só chegou às quatro da tarde.

Logo depois do rebocador "Sabre", seguiu o navio oceanográfico  "Almirante Saldanha", levando equipamento de socorro de emergência e gêneros alimentícios. Era esperado de volta pela madrugada, trazendo para Santos 500 desabrigados e feridos. Também  foi mobilizado o petroleiro "Mato Grosso", da Fronape.

Na segunda-feira, o navio "Rio das Contas" deixou o Colégio Naval, em Angra dos Reis, e foi para Caraguatatuba para retirar feridos e desabrigados. Também  o rebocador "Tritão" partiu da Guanabara levando combustível para o reabastecimento dos helicópteros  da Marinha.
Às 21 horas o QG da Força Publica recebeu pelo radio aviso do comando do 5º Batalhão Policial de Taubaté, informando que a tropa que seguiu por terra já alcançou Caraguatatuba. O sistema de energia elétrica  foi restabelecido parcialmente.

Para os primeiros socorros, a Força Publica mobilizou 350 homens, entre oficiais e soldados, pertencentes a oito unidades, de São Paulo, Taubaté e Santos. A informação da Policia Rodoviária  é de que a estrada de Paraibuna a Caraguatatuba poderá ficar interrompida por três meses. Uma variante deverá ser aberta, mas todos os homens e maquinas disponíveis  foram deslocados para trabalhar na estrada entre Ubatuba e São Luís do Paraitinga, também interrompida, mas que está em condições de ser recuperada nos próximos dias.
Fontes: Estadão - 19  e 21 de janeiro de 2011,  trechos do livro  Santo Antônio De Caraguatatuba, Serra do Mar – Cptec, Folha de S.Paulo, terça-feira, 21 de março de 1967

Comentário:  Caraguatatuba, em 1967, era um balneário turístico de 15 mil habitantes. Quais seriam as consequências se aquela tragédia ocorresse hoje, com os atuais 100 mil habitantes?
As encostas escarpadas da Serra do Mar possuem como característica natural a instabilidade, estando sujeitas à ocorrência de fenômenos de movimentação de massa devido  à declividade de encosta superior a 40%. Adicionando sua instabilidade natural à ocorrência de frequentes  chuvas orográficas (chuvas de relevo), que  podem ou não ser potencializadas por fenômenos meteorológicos, assim aumentando à vulnerabilidade  da região à ocorrência de fenômenos de deslizamentos significativamente, especialmente quando  a quantidade de chuva excede a capacidade de infiltração do solo, provocando impactos ambientais. (fonte: Mudança climática, riscos e vulnerabilidade: um estudo dos eventos ocorridos em 1967 e 1996 na planície litorânea de Caraguatatuba – SP)
Segundo a Organização das Nações Unidas, com 436 mortos,  o deslizamento foi o quarto maior desastre natural da história do Brasil.

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domingo, outubro 07, 2012

Iluminação ecológica: Lâmpada de Moser

Em Uberaba, Minas Gerais, o mecânico Alfredo Moser deu às garrafas PET um novo uso: a de lâmpada/luminária. Fixando as garrafas cheias de uma mistura de água e água sanitária, em um telhado, o mecânico conseguiu resultados impressionantes: as garrafas alcançaram uma intensidade luminosa equivalente a uma lâmpada de 60W através da refração da luz solar em seu interior.
Soluções como esta se mostram interessantes pelo fato de fazer uso de um material não-biodegradável e que é lançado em aterros sanitários em enormes quantidades. Além disso, tais inovações, investigadas e desenvolvidas adequadamente, podem levar a um protótipo que, futuramente, pode ser produzido em escala industrial e utilizado na construção civil.

METODOLOGIA:
Os estudos desta pesquisa se apoiaram, em um primeiro momento, nos conceitos de Refração da Luz, mostrando a importância dada para a trajetória da luz quando ela muda do meio ambiente para um material refringente (ar – polietileno tereftalato – água); em seguida foram aplicadas as leis da refração, que permitiram iniciar os estudos volumétricos da “lâmpada de água”.
Em um segundo momento, estes estudos se estenderam para os limites da refração luminosa no interior da lâmpada e o inicio do fenômeno conhecido como reflexão total. Os ensaios envolveram capacidades volumétricas de garrafas diferentes, com a expectativa de se refinar, através de medições com aparelhos luxímetro e coleta de dados, formatos e até mesmo colorações que apresentem a maior capacidade para se tornarem lâmpadas.

ESCOLHA DA MELHOR GARRAFA
Foi produzida uma tabela que compara a eficácia entre diferentes volumetrias de garrafas PET (600ml, 1,5 e 2 litros); demonstrando a quantidade de LUX emitidos por cada garrafa em horários e condições climáticas específicas (dia ensolarado e nublado; medições das 8:00-10:00 e das 14:00-16:00). Afere-se desta tabela que as lâmpadas de água podem ser aplicadas na construção civil com maior eficiência em países que apresentam, na maior parte do ano, clima ensolarado, uma vez que elas dependem da incidência de luz direta para refracionar os raios solares. Outra evidência é a relação da volumetria da garrafa PET com a proporção de LUX medidos; quanto maior sua volumetria, maior sua superfície exposta e, logo, maior a quantidade de luz refletida. Pode-se destacar também que as garrafas transparentes são, aproximadamente, 20% mais eficazes que as garrafas com mesmo volume, mas de coloração esverdeada.
Fonte: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

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sexta-feira, outubro 05, 2012

Lembrança: Césio-137


A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia funcionava em um terreno, na avenida Paranaíba, centro, e emprestava um prédio ao lado para o Instituto Goiano de Radiologia. Em 1985, a instituição de saúde deixou o local e o terreno passou para o Instituto de Previdência do Estado. O prédio, onde funcionava a Radiologia, ficou abandonado e, dentro dele, restaram alguns equipamentos, entre eles um aparelho usado no tratamento do câncer que continha uma bomba com 100 gramas de Césio 137 para radioterapia.
Foto: Equipes trabalharam durante dias na descontaminação de lotes e materiais-Cnen
 
EQUIPAMENTO
A máquina, que era composta por um revestimento de chumbo de 304 quilos, uma blindagem de 120 quilos, uma parte de platina e a pequena fonte de césio.

DESMONTAGEM DO EQUIPAMENTO
Roberto e Wagner começaram a desmanchar a carcaça do aparelho e, depois de semi-aberto, foi levado para o ferro-velho de Devair, onde foi desmontado de vez a golpes de marreta.

SINTOMAS
Wagner e Roberto já começavam a apresentar sintomas de contaminação radioativa (tonturas, náuseas e vômitos), mas acreditavam que era fruto da ingestão de algum alimento estragado. Após a piora no quadro clínico, Wagner foi ao Hospital São Lucas e teve o mal-estar diagnosticado como reação alérgica a alimentos.

PROPAGAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO
Na noite do dia 18 de setembro de 1987,  Devair passava pelo pátio do ferro-velho, quando percebeu um intenso brilho azul vindo da cápsula de aço. Embevecido pela beleza e pela possibilidade de possuir algo valioso, levou a cápsula para o interior de sua casa. Durante os dias seguintes, parentes, vizinhos e amigos o visitaram para ver o material. Devair e sua mulher, Maria Gabriela, estavam até então ignorando o fato de apresentarem cefaléias  e vômitos, sintomas iniciais da contaminação.

Em seguida, Devair conseguiu remover, com o auxílio de uma chave de fenda, um pouco do pó da cápsula e distribui a parentes, entre eles seu irmão Ivo Alves Ferreira, que levou o conteúdo para a casa, dentro do bolso da calça. Na hora do almoço, colocou fragmentos sobre a mesa, permitindo que todos tocassem. A filha dele, Leide das Neves Ferraira, 6 anos, ingeriu algumas partículas do Césio no pão.

Devair, no dia 25, vendeu o chumbo retirado da fonte radioativa para um conhecido, também dono de um ferro-velho. Antes disso, sem que o marido soubesse, Maria Gabriela, já desconfiada, colocou em meio aos pedaços do chumbo, a cápsula de aço que guardava o pó. As suspeitas dela aumentaram a medida em que mais pessoas ficavam doentes.

No dia 28, ela decidiu ir até o ferro-velho, pegar uma amostra do material e levar até a Vigilância Sanitária de Goiânia. Ao chegar lá, colocou o pó, que estava em um saco plástico, na mesa de um funcionário e disse que aquilo "estava matando sua gente". Assustado, o funcionário, que era veterinário, levou o conteúdo para o pátio do órgão.

CONSTATAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO
Ao mesmo tempo, médicos do Hospital de Doenças Tropicais, onde muitos doentes estavam sendo internados, começaram a suspeitar que as lesões poderiam ter sido originadas de contaminação radioativa. Um físico, alertado, foi investigar o caso. Munido com um monitor usado em medições geológicas de resposta rápida a estímulos, se dirigiu ao prédio da Vigilância. No caminho, ele ligou o aparelho que, em segundos, acusou um elevado grau de contaminação radioativa.  
Chegando à Vigilância, ele conseguiu impedir que bombeiros, chamados pelo veterinário, jogassem o material em um rio próximo à cidade. Imediatamente, a secretaria de Saúde do Estado foi avisada e, no dia 29 de setembro, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear chegaram a cidade, dando o alerta. A Rua 57 foi interditada.

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR
Em 30 de setembro de 1987, os técnicos da CNEN  identificaram o material radioativo como sendo césio-137. Conforme o físico José de Julio Rozental, que comanda a equipe da CNEN, a peça radioativa contém cerca de quarenta quilos de césio e fazia parte de um aparelho de radioterapia em formato de mesa, que pesa entre seiscentos e oitocentos quilos. Rozental afirmou que a CNEN controla esse tipo de aparelho em todo o país, mas que não foi avisada sobre a desativação daquele que provocou o acidente em Goiânia.
O físico da CNEN considerou grave o acidente e, embora não se dispuses­se a estimar as consequências dele,  afirmou que as pessoas submetidas mais intensamente às radiações poderão sofrer "um processo de ionização das células do corpo" que, entre outras coisas, "pode provocar o câncer". Rozental não forneceu os índices de radiação constatados por sua equipe, mas admitiu que eles são muito altos em alguns locais, como o da antiga clínica onde foi encontrada a peça, o ferro-velho onde ela foi vendida e o pátio da vigilância sanitária, para onde foi levada depois do acidente.

ISOLAMENTO
Desde 29 de setembro,  todas as áreas por onde passou o material continuam isoladas, embora não tenha sido determinada a evacuação, muitas famílias abandonaram suas casas com medo da contaminação. O secretário da Saúde de Goiás, declarou que moradores das áreas contaminadas podem ter sido submetidos a excessos de radiação, uma vez que permaneceram várias horas nesses lugares.
Os principais sintomas apresentados pelas pessoas contaminadas foram queimaduras de até terceiro grau, no caso dos que tiveram contato direto com a peça radioativa; vômitos, diarréia e sensação de ardor na pele e nas vias respiratórias. Segundo o físico Rozental, os contaminados e os suspeitos estão sendo submetidos a um processo intenso de descontaminação, mediante sucessivos banhos com sabão neutro.

SINTOMAS DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA À RADIAÇÃO
■ cabelos e pêlos: queda
■ olhos : lesões na córnea e cristalino
■ sangue : queda brusca do número de glóbulos brancos provocando a perda das imunidades
■ pele : reações  cutâneas,  desde vermelhidão até  processos degenerativos cancerosos
■ genes : mutações  gênicas a lonqo prazo. com efeitos na próxima geração
Ao longo dos anos a radiação pode provocar tumores malígnos  em vários pontos do organismo, levando a morte.

VÍTIMA DO CÉSIO EVITOU QUE CONTAMINAÇÃO FOSSE MAIOR
A atitude de uma das quatro vítimas oficiais da contaminação pelo césio-137, em Goiânia, em setembro de 1987, foi decisiva para que a tragédia não ganhasse maiores proporções. A "heroína" Maria Gabriela Ferreira era a mulher de Devair Alves Ferreira, dono do ferro-velho.
Algumas pessoas apresentaram sintomas como tonturas, náuseas e vômitos, e foi Maria Gabriela quem percebeu que a doença, até então desconhecida, poderia estar associada ao material encontrado.
Mas, para o mestre em energia nuclear e atual supervisor de radioproteção da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) em Goiás, Cesar Luiz Vieria Ney, se não fosse Maria Gabriela, o acidente teria consequências ainda mais graves e só seria descoberto após a morte de mais pessoas.

“Nós ganhamos algumas semanas porque, na verdade, só se ia descobrir pelas vítimas. As pessoas iam adoecer e apresentar aqueles sintomas. Só com o tempo os médicos iriam descobrir que aquilo era efeito de radiação. Ia demorar. Mas ela fez essa associação bem feita, e foi a heroína, pois não deixou a coisa se prorrogar por mais tempo”, declarou.

VÍTIMAS DA CONTAMINAÇÃO
As primeiras vítimas, antes do diagnóstico, continuaram levando uma vida normal, circulando pela cidade e até viajando, sem saber que estavam contaminadas. Isso fez aumentar a gravidade do acidente. Então, foi criado um centro de triagem no Estádio Olímpico, em Goiânia. No local, foram examinadas mais de 100 mil pessoas.
Para a descontaminação, as vítimas tomavam banho várias vezes ao dia com sabão de coco e vinagre. Os casos mais graves foram levados para tratamento no Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro.

VÍTIMAS PIORAM
O número de pacientes em estado grave e muito grave devido à contaminação subiu de três para quatro, onde dez pessoas contaminadas estão internadas. A paciente em estado mais grave é a menina Leide Alves das Neves Ferreira, de seis anos, contaminada internamente, aparentemente pela ingestão do césio. Entre os sintomas apresentados pelos pacientes estão queda de cabelo, problemas dermatológicos, depressão psicológica e redução do nível hematológico.

Foto: Hospital Naval recebe casos graves de pessoas contaminadas pelo Césio 137
 
MORREM DUAS VÍTIMAS DA RADIAÇÃO
Em 23 de outubro de 1987, morrem no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, Maria Gabriela Ferreira (38 anos) e sua sobrinha Leide das Neves Ferreira (6 anos), as duas primeiras vítimas fatais do acidente radioativo
Maria Gabriela morreu às 12horas, depois de um período de intenso sofrimento, segundo relato dos médicos do Marcílio Dias. Nos últimos dias, a vítima vinha sofrendo muito com as queimaduras provocadas pela radiação, além de apresentar febre elevada e: confusão mental. Apesar das numerosas transfusões de sangue, seu quadro hematológico era muito grave.

A menina Leide morreu no início da noite, vítimada por contaminação e ingestão de Césio¬137 em níveis nunca antes observados pela medicina nuclear. A menina  que ingeriu pó de césio comendo pão com as mãos sujas,   quando seu quarto no hospital estava às escuras mostrava uma aura azulada, pelo efeito do césio que continuava a irradiar. Até os médicos tinham que se aproximar dela com precaução para não se contaminar.

Leide, sobrinha de Maria Gabriela e Devair Ferreira, nos últimos dias não respondia aos testes, alimentava se por via parenteral e sofria muito com febre alta constante, diarréia, sangramento nos olhos e nariz e quadro hematológico muito grave.  

PACIENTES INTERNADOS
Dos restantes nove pacientes que continuam internados na enfermaria especial de medicina nuclear do Marcílio Dias, quatro vítimas apresentam quadro hematológico muito grave ou preocupante.  

MORRE MAIS UMA VÍTIMA DA RADIAÇÃO
Em 27 de outubro de 1987,  Israel Batista dos Santos, morreu às 6h40 no hospital Naval Marcílio Dias, no Rio, onde estava internada desde o dia 19 de outubro.
Segundo o boletim oficial divulgado pelo hospital, Israel encontrava-se em estado pré-comatoso e tivera duas paradas cardíacas. O documento dizia ainda que seu estado hematológico, com a redução dos glóbulos brancos na corrente sanguínea continuava gravíssimo.

PACIENTES CONTINUAM HOSPITALIZADOS
Dos oito pacientes que ainda permanecem internados na enfermaria especial do Hospital Naval Marcílio Dias, um se encontra em estado de saúde considerado "grave" pela equipe médica: Admilson Alves de Souza que, segundo o boletim divulgado  teve "febre alta e contínua durante a noite". O documento diz que as radiodermites estão sem alteração, mas revela que o paciente apresenta um "quadro hematológico agravado".

MORRE A QUARTA VÍTIMA DA RADIAÇÃO
Em 28 de outubro de 1987, morreu às 12 horas Admilson Alves de Souza (18 anos), filho de Amilton Alves e Valdeste Souza, trabalhava no ferro-velho de Devair Alves Ferreira.

ENTERROS
Os corpos de Admilson e Israel serão  transferidos  no mesmo dia em avião Hércules da FAB para enterro conjunto no mesmo cemitério de Goiânia, onde foram enterradas Maria Gabriela Ferreira e a menina Leide das Neves Ferreira. Segundo técnicos da área nuclear, é conveniente que os corpos dessas vitimas sejam enterrados na mesma área para facilitar o controle e a monitoração das sepulturas até que decaia a atividade do césio¬137 (meia-vida de 30,7 anos).

AUTÓPSIA DEMORADA
A autópsia das vítimas tem sido demorada devido aos cuidados que a equipe médica deve observar para não se contaminar e pela exigência de verificação confecção de relatórios e retirada de partes de cada um dos órgãos para estudos e pesquisas futuras, uma vez que é totalmente inédito para a Medicina Nuclear, casos clínicos como esses, em que são observadas desde pequenas, médias e altas doses de contaminação radioativa, assim como ingestão e inalação do césio-137.

DEMAIS PACIENTES
Os demais pacientes internados na enfermaria especial de Medicina Nuclear do Marcílio Dias continuam evoluindo satisfatoriamente para surpresa geral da equipe médica, que vê com certo otimismo algumas melhoras. Embora alguns pacientes estejam com suas defesas imunológicas bastante enfraquecidas, observa-se que o quadro hematológico e o estado geral deles melhoram a cada dia.
Se não ocorrer nenhuma infecção perigosa nessa fase de descontaminação e recuperação, as chances e vida serão maiores. Segundo os médicos, essas chances aumentariam mais se as vitimas de Goiânia tivessem sido atendidas e medicadas logo após o acidente radioativo. Agora se sabe que essas vitimas ficaram de sete a dez dias sem o atendimento necessário, tanto por ignorância própria como pelo despreparo das autoridades médicas de Goiânia.

TÉCNICOS DECIDEM MATAR OS ANIMAIS CONTAMINADOS
Os pequenos zoológicos de animais que se encontravam na casa no 63 da rua 57 e na cidade vizinha de Aparecida de Goiânia viraram lixo radioativo. Oito técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear e alguns operários foram destacados para sacrificar quatro porcos, 29 aves (galinhas, gansos e marrecos), dois cachorros e dois coelhos.
 Eles deverão ficar cerca de três dias dentro das áreas contaminadas até que uma das nove plataformas do depósito transi¬tório esteja concluída para recebê-los.
Um dos técnicos explicou que a contaminação das aves ocorreu através do excremento dos porcos e que o sacrifício se fazia necessário por não terem sido encon¬tradas condições para transportá-los para os centros de pesquisa de São Paulo e Rio de Janeiro.

NÚMERO DE VÍTIMAS DA CONTAMINAÇÃO
Em 2001, o governo de Goiás tem  614 vítimas do acidente cadastradas. Dessas, 44 pertencem ao grupo 1, afetadas diretamente pela contaminação. Outras 54 são do grupo 2, e 526, do grupo 3, conforme o grau contaminação.
O Ministério Público de Goiás está tentando incluir mais 600 servidores estaduais, que também teriam sofrido os efeitos da radiação, na lista de pessoas com direito a atendimento médico e recebimento de pensões alimentícias.
Por recomendação da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), outras 90 pessoas que tiveram contato indireto com o material radioativo na época, parentes e vizinhos-, e não foram atendidas na ocasião do acidente radiológico por motivos variados, começaram a ser cadastradas para receber assistência.

VÍTIMAS AINDA TÊM SEQÜELAS DA RADIAÇÃO
"Se eu disser que estou bem, estarei mentindo, apenas vegeto. Nos últimos 14 anos só tive luta, muita dor e sofrimento." Assim Lourdes das Neves Ferreira, 49, resume o que ocorreu com sua vida após o acidente com a cápsula do césio 137 em Goiânia.
Lourdes é mãe de Leide das Neves Ferreira, que morreu aos seis anos, contaminada após ingerir o pó radioativo. Após o acidente, o Estado criou a Suleide (Superintendência Leide das Neves), para cuidar das vítimas.
O pai de Leide, Ivo Alves Ferreira, 54, carrega as mãos defeituosas e uma série de complicações decorrentes da radiação.
"Ele perdeu um dedo e tem lesões na mão e na coxa que estão abertas e inflamadas até hoje. Recentemente, Ivo passou sete dias na UTI e seu estado ainda é preocupante", afirmou Lourdes.
Além do casal, o filho Lucimar, 28, também foi incluído no grupo 1 das vítimas, que tiveram contato direto com o césio. A filha mais velha, Lucélia, 30, não estava em casa no dia do acidente e foi incluída no grupo 3.
O servidor Ernesto Fabiano, 60, carregou fragmentos da cápsula no bolso da calça e teve descalcificação óssea e contraiu uma grave lesão na perna.
Submetido a uma série de tratamentos e cirurgias de enxertos, Fabiano fraturou o osso da perna recentemente e afirma que ainda sente dores. "Tive que me aposentar por invalidez."
O catador de papel Roberto Santos Alves,  que retirou a cápsula do Instituto Goiano de Radioterapia, teve o antebraço direito amputado e reclama justiça. "Os responsáveis não foram devidamente punidos", afirma.
Outro que reclama por atendimento é o policial militar Gaspar Alves da Silva, 37, que fez plantões a menos de 30 metros da fonte radioativa antes que fosse levada para a vigilância sanitária. "Vi dois companheiros morrerem de câncer, tenho certeza de que foram contaminados."

OS EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO
Os efeitos do acidente em Goiânia, podem ser maiores do que os governos estadual e federal estimaram. Um levantamento iniciado em 2004, pela Associação das Vítimas do Césio localizou 23 pessoas com diagnóstico de câncer que viviam em um raio de 200 m2 do ferro-velho  na rua 26-A, considerado o principal foco de contaminação na época. Outros cinco pontos serão investigados.
O quadro é preocupante porque a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) avaliou que a radiação provocada pelo acidente chegou a atingir um raio de 2.000 m2 a partir do ferro-velho.
Em julho de 2004, o Ministério da Saúde divulgou nota técnica relatando que a incidência de câncer é maior no grupo diretamente exposto ao acidente, se comparado à população. O índice é 5,4 e 3,3 vezes maior, respectivamente, entre homens e mulheres da área atingida. Estudos também concluíram que a fase de latência do câncer em radioacidentados é de 15 anos. Após esse período, os casos tendem a aumentar.
"Comecei a entrevistar as pessoas porque a concentração de casos de câncer é muito alta para uma área tão pequena. Estamos anexando exames e laudos aos casos de vítimas que a associação está descobrindo e enviando ao Ministério Público para análise. A dificuldade é grande porque tem gente que já morreu ou que se mudou", disse Sueli Lina Moraes, responsável pela pesquisa.

2006: VÍTIMAS DA TRAGÉDIA.
Dados da Superintendência Leide das Neves (Suleide) dão conta de 39 mortes decorrentes do acidente, sendo 28 homens e 11 mulheres. Policiais militares e funcionários que tiveram contato com o material radiativo também alegam que foram contaminados. A maior queixa é que muitas dessas pessoas ainda não foram reconhecidas pelo poder público para receber assistência médica, odontológica e pensão.

 Na época, o Consórcio Rodoviário Intermunicipal S/A (Crisa), colocou à disposição da Comissão de Energia Nuclear (Cnen) seus servidores, equipamentos e toda a sua estrutura. A Cnen foi encarregada de coletar, armazenar em caixas e transportar os rejeitos do césio, além de construir o depósito provisório e o definitivo no município de Abadia de Goiás.
Cerca 320 (número estimado) funcionários do Crisa que tiveram contato com os rejeitos do césio, 24 já faleceram. Hoje, aproximadamente 15 vítimas de câncer fazem acompanhamento no Hospital Araújo Jorge. “São diversos os problemas que acometem essas pessoas: perda da visão, disfunção da tireóide, câncer de próstata, de garganta, de intestino, entre outros..

VÍTIMAS SEM BENEFÍCIOS
Cerca de 400 policiais militares e do Corpo de Bombeiros ainda não foram reconhecidos pelo Estado como vítimas segundo estimativa do presidente da Associação das Vítimas do Césio 137 e do Conselho Estadual de Saúde. Persiste a luta para que esses e outros servidores consigam pensão vitalícia. Muitos hoje sofrem com graves problemas de saúde – que se estenderam para outras gerações – e vivem situação complicada para sustentarem suas famílias.

DEPÓSITO DE REJEITOS DO CÉSIO-137 EM ABADIA DE GOIÁS  

Foto: CNEN -Parque Estadual Telma Ortegal
Com o controle do acidente e a descontaminação das áreas atingidas,  um total de sete locais em Goiânia, gerou uma grande quantidade de rejeitos. A quantidade de rejeitos oriundos dos 19 gramas de césio concentrado chegou a 40 mil toneladas.

Na época, o controle foi feito a partir da retirada dos materiais das áreas que estavam contaminadas. Tudo foi embalado. Para armazenar os rejeitos, foram usados tambores metálicos de 200 litros, caixas de um metro quadrado (mil litros) e até um contêiner marítimo, devido à grande quantidade de material. Os recipientes passaram por testes físicos e de resistência para garantir a segurança.
Inicialmente, os rejeitos foram estocados de forma provisória no mesmo lugar onde hoje funciona a unidade da Cnen em Abadia de Goiás, porém, de forma provisória. Controlado o acidente, um projeto feito a longo prazo definiu o local onde os rejeitos seriam definitivamente guardados.

Para escolher Abadia de Goiás, os pesquisadores da Cnen realizaram uma série de testes para saber se a área era propícia a receber o depósito dos rejeitos do césio-137. Foi criado, então, um laboratório de radioecologia. O lençol freático da região foi um dos principais objetos de estudo. A equipe constatou que o solo não obtinha águas subterrâneas que abasteciam o município. As pesquisas também comprovaram que, se ali depositado, o césio não vazaria.

MANUTENÇÃO
O depósito definitivo foi construído em 1997, mesmo ano em que foi inaugurado o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), unidade da Cnen em Goiás. O local fica dentro do Parque Estadual Telma Ortegal, que tem 1,6 milhão de m². A estrutura que abriga os rejeitos foi projetada para resistir 300 anos intacta e preparada para desastres como tremor de terra e queda de avião. O depósito do césio-137 tornou-se, então, o único depósito de lixo radioativo definitivo do Brasil.

A Cnen disponibiliza à unidade do Centro-Oeste uma verba para a manutenção do solo. “Conservamos principalmente a parte dos morros com grama. Temos um sistema com bomba d’água na beira de um rio que leva a água até esses morros, para que fiquem sempre regados. Inclusive, quando ocorrem queimadas no parque nós ligamos a bomba e a única coisa que fica verde são os morros. O pessoal até diz que é o efeito césio, mas não. Nós usamos a água para manter aquela área intacta. Se der erosão no solo, pode expor uma parte do concreto. Mas isso é algo difícil de acontecer”, explica o supervisor de radioproteção, Cesar Luiz.

As sete principais áreas que foram expostas à contaminação em Goiânia ainda hoje são monitoradas. “Na época do acidente, tudo que estava nesses locais foi removido até se chegar a um nível de radiação que não oferecesse risco à população. Depois do final de dezembro de 1987, todas elas foram avaliadas e estavam livres para utilização. Algumas não estão sendo utilizadas talvez por medo, mas já estão liberadas”, explica Cesar Luiz.
Mesmo sabendo que já não há mais risco de contaminação, os técnicos da Cnen em Goiás continuam monitorando as áreas duas vezes ao ano. O objetivo, segundo o especialista, “é mostrar para a população que realmente não existe mais risco”.

LIXO RADIOATIVO EMBAIXO DE ABADIA DE GOIÁS
Em junho de 1997, a CNEN inaugurou o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, em Abadia de Goiás (GO), onde estão situados dois depósitos definitivos, que abrigam os rejeitos oriundos do acidente radiológico, em 1987. Um deles abriga 40% do volume total do material recolhido, rejeitos cuja concentração radioativa é tão baixa que poderiam ser definidos como lixo comum. No segundo depósito estão os rejeitos efetivamente radioativos, dentre eles os restos da fonte principal que originou o acidente.

Conforme o nível de contaminação, os rejeitos foram classificados em cinco grupos: do nível 1, com menor índice de radiação, ao 5. Há de tudo entre o material armazenado: animais, plantas, roupas, pedaços da pavimentação de ruas e calçadas, restos de móveis e casas. Técnicos da CNEN monitoram periodicamente a radioatividade ambiental. Estima-se em 300 anos o tempo médio que o material dos cinco grupos precisa ficar armazenado.

TODO O MATERIAL ESTÁ ISOLADO POR VÁRIAS CAMADAS DE PROTEÇÃO.
Depósito 1 – Possui paredes de concreto com 25 centímetros de espessura. Abriga somente os rejeitos do grupo 1, que correspondem a 40% do total e possuem o menor nível de radiação. Suas dimensões são de 4 metros de altura, 14 de largura e 57 de comprimento. Dentro dele, os rejeitos estão em tambores e caixas de aço. Os espaços vazios foram ocupados com areia, argila e cimento.

Depósito 2 – Possui paredes de concreto com 25 centímetros de espessura. Somente a base é diferente, com 50 centímetros de espessura. Suas dimensões são de 6 metros de altura, 14 de largura e 57 de comprimento. Nele estão rejeitos dos grupos 2,3,4 e 5. O material está dentro de tambores metálicos, com capacidade para 200 litros. Cada conjunto de 14 tambores dos grupos 2 e 3 foi colocado dentro de cilindros de concreto. Para os tambores dos grupos 4 e 5 foram construídos cilindros metálicos. No depósito, o grupo 5 foi colocado no centro, envolto pelo material do grupo 4 e assim sucessivamente. Espaços vazios também foram ocupados por argila, areia e cimento.

MONITORAÇÃO DOS DEPÓSITOS DE REJEITOS RADIOATIVOS
São realizadas monitorações constantes nos locais atingidos, bem como nos depósitos para os rejeitos radioativos construídos em Abadia de Goiás. A Comissão Nacional de Energia Nuclear, informou que o programa de monitoração ambiental consiste em acompanhar os trabalhos feitos na época do acidente e intervir diante de qualquer modificação que seja observada. A cada três meses são colhidas amostras de poeira, vegetação e ar para análises.

Nos locais onde foram levados os rejeitos, a monitoração era feita até 1997 com mais detalhes, inclusive colhendo amostras de leite de vacas que ficavam próximas ao local. Após a construção dos depósitos definitivos (uma para os rejeitos efetivos e outro para lixo comum), são feitas medições nos lençóis de água sob os depósitos.

A partir de 1997, quando da construção dos depósitos, foi estabelecido um período de 50 anos de controle institucional.

MONITORAÇÃO DAS VÍTIMAS

Os pacientes do Grupo I, são avaliados em agendamento médico, além dos exames de rotina e os especializados. Para os demais pacientes, o agendamento médico é anual, inclusive com solicitação dos referidos exames. Também é realizado agendamento no serviço de odontologia e psicologia. Além disso, são oferecidos consulta e tratamento gratuito em odontologia, psicologia, exames de rotina e especializados, medicamentos e internações hospitalares. Os pacientes também são atendidos nos serviços de assistência social e de enfermagem.

A Superintendência Leide das Neves Ferreira oferece a infraestrutura de prevenção de doenças que podem ou não ser proveniente do acidente. Os procedimentos padrões de apoio e suporte físico e psicológico são oferecidos aqueles considerados vítimas e aos familiares. Todo o grupo familiar é acompanhado.
Os principais problemas apresentados pelas pessoas acompanhadas pela Superintendência são: hipertensão arterial, gastrite (com e sem presença de H. Pylori) dislipidemia, dependência química, transtornos psiquiátricos (traços psicopáticos, depressão), em cavidade bucal foram diagnosticados cárie dental e doença periodontal.

BRASIL HOJE POSSUI SISTEMA DE SEGURANÇA DIRECIONADO A FONTES RADIOATIVAS.
As chances de um novo acidente como o ocorrido com o césio-137 em Goiânia, no dia 13 de setembro de 1987, são pequenas, na avaliação de especialistas. Para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), a tragédia goiana ajudou a dar ao Brasil uma estrutura e acumular conhecimento sobre como lidar com as fontes radioativas.

"Acreditamos que não vamos ter outro acidente com fonte que venha a preocupar", afirmou Ivan Salati, diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Cnen. Hoje é proibido usar em qualquer fonte de radioterapia a quantidade de césio  que havia na fonte que ficou sem segurança no prédio abandonado do Instituto Goiano de Radiologia, no Centro de Goiânia. Em 1988, foi feita uma operação em todo o Brasil, em laboratórios e hospitais, para recolher aparelhos sem uso e cadastrar as fontes utilizadas, para controle da Cnen.

FISCALIZAÇÃO
Entre as melhorias na fiscalização, Salati informa que hoje há um sistema que funciona 24 horas. "Qualquer evento que ocorra no Brasil, agentes da Vigilância Sanitária ou dos Bombeiros são treinados para nos ligar. O atendimento vai acionar um grupo de plantão, que verificará o que está acontecendo", explicou.
Segundo ele, 99% das chamadas recebidas pelo sistema são de pessoas que se preocupam com algo que possa ter radiação e todos os relatos são averiguados. "As pessoas hoje estão mais conscientes em relação à radiação", disse.

NA ÉPOCA FALHA E IMPROVISAÇÃO
Atual supervisor de radioproteção da Cnen, César Luiz Vieira Ney foi um dos físicos enviados do Rio de Janeiro para Goiânia na época. Ele conta que a comissão não imaginava um acidente dessa dimensão. "A gente achou que era um erro do operador. o primeiro grupo veio até para confirmar se era verdade ou não, porque os valores notificados eram altos, estavam fora da normalidade. Chegando aqui, a gente deu de cara com um acidente de grande porte", relatou

Após o susto inicial, a Cnen precisou agir rapidamente e, de certa forma, com improviso. O único plano de emergência existente no país era direcionado para a Usina Nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e a comissão teve de adaptá-lo. "Ninguém imaginou que uma fonte de radiação pudesse ser removida do local e quebrada a marretadas. A tecnologia não resiste à marreta", ponderou Ney.
Para o superintendente, o plano emergencial de um acidente nuclear se adaptou bem ao caso do césio. "A primeira ideia é controlar a fonte, identificar os locais onde passou", explicou. Foi o que aconteceu com a Rua 57 [no centro de Goiânia], onde o nível de radiação era muito alto. "A gente colocou um tipo de tampa de concreto grande pra diminuir o nível e controlar a contaminação", detalhou o físico.

DESPREPARO PARA CONTER O PÂNICO DA POPULAÇÃO.
Tanto tempo depois do esforço para controlar e minimizar os impactos do acidente, os especialistas já admitem uma sequência de erros. Para o superintende da Cnen, o principal deles foi o despreparo para conter o pânico da população.
"A Cnen não estava preparada -- não sobre o ponto de vista do acidente com a radiação, mas sob o ponto de vista de pânico da população. A Cnen pensava no acidente e esquecia o desastre", resumiu.
Para o secretário de Saúde, Antônio Faleiros, houve falha na internação das vítimas mais graves. "Nós levamos, inicialmente, para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) pessoas com baixa imunidade. Eu acho que foi um equívoco. Vendo isso, as levamos para o Hospital Geral de Goiânia (HGG)", lembrou.
Apesar das falhas, Faleiros considera que as equipes do estado e da Cnen enfrentaram o incidente com competência. "Pelo ineditismo, eu acho que soubemos solucionar os problemas e resolver o episódio sem maiores consequências. Apesar do luto, do sentimento que nós temos, perdemos só quatro vítimas. É muito para uma mesma família, mas poderia ser muito maior se nós não tivéssemos  tomado as medidas no dia exato", avaliou o secretário.

RESPONSÁVEL PELA TRAGÉDIA
A responsabilidade do acidente de Goiânia (GO) seria, portanto, dos três proprietários do Instituto Radio­lógico por não comunicarem à CNEN a desativação da bomba de césio, e a deixarem abandonada. No entanto, em nota divulgada, Orlando Alves Teixeira e Carlos Bezeril, dois dos proprietários do Instituto de Radiologia, afirmaram que o apare­lho não estava desativado mas "em desuso", e seria transferido para local adequado. Isso não foi feito antes, segundo eles, porque uma ação impetrada pelo Ipasgo impediu a remoção, no momento em que o aparelho estava sendo retirado do prédio. O Ipasgo afirma que ainda nem tomou posse do terreno, o que o isentaria de qualquer responsabili­dade. A Polícia Federal concluiu, na época, que a bomba foi retirada em partes nos dias 10 e 13 de setembro de 1987 por Kardec Sebastião dos Santos, Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves. Eles pretendiam vender o material como ferro-velho. Wagner contou que a máquina estava dividida em dois pedaços, o suporte em uma sala e o cabeçote em outra.

PUNIÇÃO
Os três donos e o físico responsável pelo Instituto Goiano de Radiologia (IGR) na época foram condenados por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. Eles deveriam pagar multa e prestar serviços à comunidade. Posteriormente, o Tribunal Regional Federal, em Brasília, reformou a sentença, condenando-os a três anos e dois meses de prisão em regime aberto. Os catadores que retiraram a peça da clínica e o Cnen foram inocentados.
O prédio do Instituto Goiano de Radiologia (IGR) se localizava na Avenida Paranaíba, onde atualmente fica o Centro de Cultura e Convenções de Goiânia.

A CONTAMINAÇÃO, PASSO A PASSO

13.09.1987 - Wagner Mota Pereira, 21 e Roberto Santos Alves, 24, retiram uma cápsula de Césio-137 das instalações onde funcionou o Instituto Goiano de Radioterapia  à rua 75. O equipamento é levado para a casa de Roberto, na mesma rua e lá é aberto.

14.09.1987 -   No ferro-velho de Devair Alves Ferreiro, no rua 26-A, a cápsula com o césio é violada. Devair compra uma parte e seu irmão, lvo Alves Ferreiro, fica com o restante. lvo leva sua parte para casa. Leide, 6, filha de Ivo come pão e ovo com os mãos sujas do pó de césio.

24.09.1987 -   Leide adoece, O mesmo ocorre com Maria Gabriela Ferreira, 37, mulher de Devair

28.09.1987 -   Maria Gabriela leva parte da peça para o Departamento de Vigilância Sanitário, por suspeitar que ela estaria causando moles à família. Na Vigilância, médicos acionam o físico Walter Mendes Ferreiro, 34, de férias em Goiânia.

29.09.1987 -   Walter detecta a presença do césio-137 e comunica à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio

30.09.1987 -   Físicos da CNEN chegam o Goiânia. No Estádio Olímpico já estão 26 pessoas contaminadas, sendo submetidos a exames.

01.10.1987 - A imprensa do Rio e de São Paulo noticia o acidente As vítimas em estado mais grave começam a ser removidas para Hospital Marcílio Dias, no Rio

23.10.87 - Morrem no Rio Leide e sua tia Maria Gabriela.

27.10.87 - Morre no Rio, Israel Batista dos Santos, 22. Ele trabalhava no ferro - velho de Devair.

28.10.87 - Morre no Rio Admilson Alves de Souza, 18 outro empregado de Devair.

05.11.1987 - A Polícia Federal; informa que a omissão de fiscalização por parte dos órgãos do governo contribuiu para o acidente

09.12.1987 - A juíza federal Orlanda  Luíza de Lima Ferreiro acata denúncia formulada pelo Procuradoria do República contra os indiciados no inquérito. São acusados os médicos Orlando Alves Teixeiro, Criseide de Castro Dourado (donos do IGR), Carlos de Figueiredo Bezerril (dono do cápsula de césio), o físico Flamarion Barbosa Goulart (responsável técnico pela cápsula) e o médico Amaurillo Monteiro de Oliveira (ex-dono da bomba de césio).

15.07.1998 - A CNEN conclui em inquérito administrativo que a IGR foi único responsável pelo acidente porque negligenciou o funcionamento do sistema de controle físico da instalação.

Fontes: O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Terra Noticias, O Popular, G1 , 01 de outubro de 1987 a 13 de setembro de 2012.

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posted by ACCA@7:47 PM

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