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Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quinta-feira, março 31, 2011

Risco de explosão e incêndio com aerossóis

Nas especificações de segurança do produto (FISPQ, MSDS, Material Safety Data Sheet) dos fabricantes de aerossóis, recomendam manter afastado das fontes de ignição. Exposição ao calor pode causar explosão. Algumas latas de aerossol podem explodir em temperatura superior à 50ºC.

Manter afastado de corrente elétrica ou de terminais de bateria. O arco voltaico produzido pode perfurar a lata, provocando uma explosão (flash fire, incêndio em nuvem de gás), causando ferimentos graves. Basicamente o aerossol é um sistema que consiste em uma embalagem que permita ser pressurizada, onde temos no interior desta embalagem uma mistura de um produto (desodorante, cabelos, tinta, inseticida, lubrificante, etc.) e um gás propelente (isobutano, butano, di-metil éter, butanona, etanol (álcool etílico), propano, etc.

Essa mistura permanece no interior desta embalagem, por meio de um dispositivo que chamamos de válvula. Ao pressionarmos essa válvula, a mistura de produto e gás é liberada para a atmosfera sob a forma de um spray com o nome técnico de aerossol (dispersão de partículas em um meio). Não percebemos que estamos manuseando um produto que pode transformar-se num lança-chamas ou uma pequena bomba incendiária ou num foguete, dependendo da situação potencialmente perigosa no local (incêndio, calor, perfuração da lata, etc.).

Esse tipo de prateleira não é recomendável, aberta, em caso de incêndio,  a lata de spray ajudará na propagação do fogo. (explosão e foguete) 

Nas indústrias é comum encontrar os aerossóis;
■ lubrificantes, produtos para limpeza (cleaner),
■ detergentes para tintas de prensas,
■ tintas em spray (mistura de resinas, pigmentos, solventes orgânicos e butano/propano como propelente) etc., armazenados na área de manutenção ou no setor de almoxarifado, em prateleiras metálicas junto com outros tipos de lubrificantes ou produtos utilizados em manutenção. Em caso de incêndio, os aerossóis funcionarão como foguetes (rocket) ou lança-chamas, propagando o incêndio em todas as direções. É recomendável o armazenamento dos aerossóis em armários de segurança ou em locais isolados.

Cuidados:
■ Conteúdo sob pressão, o vasilhame mesmo vazio não deve ser perfurado.
■ Não use ou guarde próximo ao calor da chama ou exposto ao sol.
■ Nunca coloque esta embalagem no fogo direto ou incinerador.
■ Guardar em lugar ventilado.
■ Desligue os aparelhos e ferramentas elétricas antes da aplicação.
■ O calor pode provocar explosão.
■ Pode ser nocivo se ingerido. Se ingerido, não provoque vômito.
■ Evitar inalação do produto.
■ Utilize em áreas bem ventilada.
■ Mantenha fora do alcance das crianças.
■ Não expor a temperatura superior a 50ºC.
■ Não aplicar perto de chama ou superfícies aquecidas.

Como funcionam as latas de aerossol - clicar

Vídeo:
Mostra a explosão de uma lata de spray e como conseqüência seu lançamento no ar, como se fosse um foguete. E na sequência explosão de um barril de chop.

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quarta-feira, dezembro 01, 2010

Remoção de materiais perigosos em sistema de tubulação

INTRODUÇÃO
O pessoal da instalação de uma petroquímica abre a tubulação e o equipamento para executar a manutenção rotineira, acrescenta/substitui componentes, ou altera a altura da tubulação.
A tubulação pode conter materiais perigosos, tais como; hidrocarbonetos inflamáveis, produtos químicos tóxicos, ou produtos químicos térmicos reativos. As práticas seguras do trabalho prescrevem a remoção ou a isolação mecânica de materiais perigosos da tubulação e do equipamento (por exemplo, usando válvulas ou flanges cegas) antes de começar o trabalho.
Este boletim de segurança identifica as tarefas específicas que as instalações devem incluir em todas as atividades do trabalho envolvendo a abertura de equipamento ou tubulação para garantir a remoção completa de materiais perigosos. Além disso, a orientação é fornecida para execução de procedimentos genéricos (na maior parte da instalação) para atividades do trabalho não rotineiras .

EXPLOSÃO DE PERÓXIDO E FLASH FIRE
Flash Fire- queima rápida de gases inflamáveis em alta temperatura e formação de onda de choque. Um tipo de fogo que se propaga rapidamente através de uma nuvem de gás no ambiente

Em janeiro 2004, a US Chemical Safety and Hazard Investigation Board – CSB investigou a explosão e o flash fire na instalação da Huntsman Petrochemical Corporation em Port Neches, Texas, USA.
Durante a purga do vapor para modificação de uma tubulação que exigiu abertura da linha e trabalho à quente (isto é, corte e solda), uma mistura de peróxido /álcool foi aquecida acima de sua temperatura térmica de decomposição. A mistura ficou presa num ponto mais baixo da tubulação ao longo de 275 m de tubulação de 25 cm de diâmetro.

A explosão e o flash fire resultantes feriram seriamente dois empregados. O pessoal acreditou incorretamente, com a execução da purga com o gás do nitrogênio que precede a purga com vapor tinha removido todo o líquido da tubulação. Entretanto, uma quantidade desconhecida da mistura de peróxido/álcool termicamente reativa permaneceu no ponto mais baixo não identificado da tubulação.


Fig. 1 – Ruptura da tubulação/válvula e dano devido ao incêndio

Fig.2 – Piso elevado, emaranhado de tubulação, danificou os condutos elétricos

Enquanto o vapor aqueceu o peróxido retido na tubulação e decompunha exortemicamente e sobrepressurizado na tubulação, causando a sua ruptura (figura 1).
Com a abertura o vapor inflamável inflamou-se então, houve a ignição em “flash fire” que queimou dois empregados e danificou seriamente o equipamento próximo (figura 2). O sistema automático de dilúvio e a brigada de incêndio controlou o fogo.

CAUSAS DE INCIDENTES
Remoção incompleta de mistura perigosa

Os procedimentos de operação e de manutenção da Huntsman destacaram os perigos da remoção incompleta de produtos químicos tóxicos, inflamáveis, ou reativo das tubulações e do equipamento.
O procedimento de partida da unidade normal requereu a limpeza do peróxido/álcool da linha utilizando a purga com gás nitrogênio.
O pessoal da instalação estava ciente dos riscos associados, deixando o peróxido em um sistema tubulação fechada. Entretanto, as etapas do procedimento para a purga com o gás do nitrogênio foram deficientes na remoção de toda a mistura perigosa na tubulação.

A modificação na ordem de trabalho para a linha em operação que exigiu o trabalho à quente era raramente utilizada; incluiu a purga com o nitrogênio antes da abertura da linha, semelhante ao procedimento normal de limpeza.
Esta atividade foi considerada para limpar líquidos reativos termicamente da linha antes de utilizar a purga com vapor para remover todos os traços do material inflamável. A purga com vapor era um pré-requisito para executar o trabalho à quente em toda a tubulação ou equipamento.


Fig. 3 – Ponto inferior de drenagem não utilizado

A linha da tubulação continha um segmento inferior de quase 90 m de comprimento (figura 3), com um volume de liquido retido superior a 1.300 litros.

A tubulação foi colocada acima de 60 cm do solo em uma estrutura de tubulação aérea, que escondeu a longa seção inferior (ponto inferior da tubulação) (figura 4).

Foto 4 – Tubulação e condutos elétricos adensados. Tubulação em rack na parte superior

Os operadores não tinham percebido que a purgação com o gás de nitrogênio, requerida pelo procedimento de operação foi ineficaz na remoção de toda a mistura de peróxido/álcool no ponto inferior.
Preparando a linha para o trabalho à quente, requereu a purgação adicional do nitrogênio como uma precaução, a seguir purgar a linha com vapor para completar a remoção do vapor residual do hidrocarboneto.
Isto era a primeira vez que o trabalho à quente tinha sido especificado para esta linha.Foi somente quando a tubulação foi purgada com vapor na preparação para a modificação da tubulação aprovada que o peróxido superaqueceu, causando sua decomposição e sobrepressurização na tubulação.

VERIFICAÇÃO INADEQUADA DA LINHA DA TUBULAÇÃO
O líquido poderia ter sido removido com segurança antes da purga com vapor. Como mostrado em figura 3, ambas as extremidades da seção longa da tubulação continha drenos nos pontos inferiores.

Uma revisão detalhada no projeto, combinado com inspeção detalhada completa na linha da tubulação de transferência de peróxido/álcool, se requerido no gerenciamento de mudança do processo, identificaria provavelmente o ponto inferior da tubulação.
Embora o segmento de tubulação inferior e dois drenos disponíveis foram mostrados no esboço da linha isométrica da tubulação, o ponto inferior foi divido em folhas separadas (figura 3), fazendo-o difícil de reconhecer a retenção do líquido.

Além disso, a modificação da tubulação envolveu somente uma parte dos desenhos isométricos. Como na maioria das instalações de petroquímicas, milhares de linhas de tubulações foram distribuídas por toda parte em estruturas aéreas ou em rack (figura 4).

Há uma probabilidade elevada que alguns pontos inferiores serão negligenciados, exceto a tubulação inspecionada em detalhes, com identificação nos pontos inferiores (seção da tubulação que retém líquido) e nos drenos instalados*. (* após o incidente, Huntsman conduziu uma inspeção detalhada nos pontos inferiores de toda tubulação de peróxido e identificou pontos inferiores de retenção adicionais.Uma ordem de trabalho de gerenciamento de mudança de processo foi executada para eliminar cada ponto-morto).

AQUECIMENTO INSEGURO DE PRODUTOS QUÍMICOS TERMICAMENTE SENSÍVEIS

Usando o procedimento genérico de purgação de vapor em tubulação de peróxido/álcool criou um perigo imprevisível. A temperatura do vapor excedeu a 182ºC, que é significativamente acima da temperatura da decomposição do peróxido.
O vapor de alta temperatura fluiu através do sistema de tubulação por quase 1,5 hora, e o peróxido retido começou a decompor.

O acúmulo da pressão finalmente causou a falha de uma válvula- gaxeta e liberou o vapor inflamável.

Quase ao mesmo tempo a tubulação a montante da válvula em vazamento rompe, liberando liquido e vapor inflamável adicional, alem disso propagando o incendio. A pressão violenta causou também danos adicionais ao equipamento na área.

ANÁLISE INADEQUADA DE RISCOS NA REVISÃO DE PROCEDIMENTO
As configurações complexas da distribuição da tubulação e de equipamento contêm freqüentemente pontos inferiores que retêm materiais perigosos.

Lavar a tubulação com jato água ou o outro líquido apropriado pode eficazmente remover o material mas gera uma quantidade significativa de resíduo líquido. Além disso, o líquido que permanece em pontos inferiores ou em equipamento podem causar condições inseguras ou degradar a tubulação.

Para reduzir o volume de resíduo, a Huntsman revisou os procedimentos para purgação substituindo o gás inerte por lavagem com jato de água. Entretanto, a purgação com gás inerte ou vapor não remove necessariamente o líquido retido.

O procedimento revisado:
■ Deixou de indicar à importância da identificação dos pontos inferiores (pontos de retenção) da tubulação
■ Deixou de exigir o uso de drenos nos pontos inferiores para remover os líquidos perigosos retidos.

A identificação adequada e o uso dos drenos asseguram a remoção completa de líquidos perigosos.

O procedimento de purgação do gás inerte revisado foi aplicado para processo de tubulações contendo líquidos termicamente instáveis sem considerar adequadamente os perigos e se estes líquidos permanecessem na tubulação durante a purga com vapor.

A alta temperatura do vapor utilizado para remover traços de vapor inflamável da tubulação antes de executar o trabalho à quente, pode causar em líquidos termicamente instáveis sua decomposição violentamente. Isto é precisamente o que ocorreu com a mistura peróxido/álcool neste incidente.

AS LIÇÕES APRENDIDAS
Abertura de tubulação e de equipamento de atividade não rotineira

A abertura de tubulação e de equipamento em processo química pode ser extremamente perigoso. Deve-se nunca ser considerado trabalho de rotina.

As instalações que manipulam produtos químicos perigosos devem;
■ Executar uma inspeção detalhada de toda a tubulação e componentes entre os dispositivos de isolação. Atualize os desenhos dos projetos construídos quando necessário
■ Utilizar os desenhos dos projetos da tubulação afetada para identificar todas as conexões de distribuição, válvulas de isolação, drenos de pontos inferiores e vents de pontos superiores
■ Preparar procedimento por escrito específico para remoção, lavagem por jato de água e purgação de materiais perigosos do sistema. Considerar as conseqüências se o fluxo do líquido permanece no sistema após o trabalho está completo.

PROCEDIMENTOS DE UNIDADES ESPECÍFICAS
Procedimentos de unidades específicas devem ser usadas para assegurar a gestão segura de atividades não rotineiras, tais como; purgação com vapor de linhas de processo que manuseia líquidos instáveis termicamente.

As instalações devem:
■ Revisar as etapas planejadas em relação aos riscos de unidades específicas
■ Atualizar procedimento de unidades específicas quando necessário para indicar as características originais da atividade
■ Especialmente quando estão envolvidas modificações
■ Se a atividade de modificação inclui o uso de procedimentos genéricos de segurança, identificar claramente as restrições aplicáveis (por exemplo, procedimentos específicos adicionais para verificar a remoção de todas as fontes de energia, incluindo materiais químicos termicamente reativos)

Fonte: Safety Bulletim - no. 2004-03-B - julho 2004 - US Chemical Safety and Hazard Investigation

Comentário: No livro What went wrong? de Trevor A. Kletz, ele alerta quando a tubulação possui pontos baixos, durante a drenagem dessa tubulação pode permanecer líquidos, tornando-se perigosa durante a execução de manutenção. Ele recomenda a instalação de drenos e raquetes nos pontos altos.
Ele também alerta sobre pontos mortos em tubulações que provocam muitas falhas e explosões.

Podemos indagar se os profissionais envolvidos na operação e manutenção de tubulações e outros tipo de instalações estão cientes dos riscos existentes?
■ Será que as unidades industriais estão preparadas para manutenção de tubulações envolvendo substâncias perigosas?
■ Será que é possível conhecer todas as alterações e projetos das tubulações para execução de um programa de manutenção com segurança?
■ Será que existe conhecimento disseminado sobre as propriedades tóxicas e inflamáveis das substâncias existentes nas tubulações entre os trabalhadores de qualquer escolaridade?
■ Será que já existem procedimentos para a eliminação total dessas substâncias perigosas nas tubulações para manutenção?
■ Será que no imaginário do pessoal técnico e dos trabalhadores estão registrados os efeitos tóxicos das substâncias perigosas?
Esses questionamentos são importantes para elaborar procedimentos de segurança e treinamento do pessoal envolvido na manutenção de tubulações.

Acidentes
Em 26 de setembro de 2006, um operário morreu asfixiado e outro foi socorrido com início de asfixia em uma obra da Petrobras, em Igaratá, a 88 quilômetros de São Paulo. O acidente aconteceu por volta das 21h30 no gasoduto em construção entre Campinas e Rio de Janeiro. O local do acidente fica a 30 quilômetros do centro de Igaratá e faz divisa com Jacareí no Vale do Paraíba.
Os dois funcionários de uma empresa que presta serviços para a refinaria trabalhavam na limpeza de uma tubulação, quando foram intoxicados por resíduos de nitrogênio. Eles caminharam por quatro metros dentro do duto. Os dois conseguiram deixar o local mas um deles, Rosevaldo Bezerra de Oliveira, acabou morrendo.

O outro funcionário, Marcos André da Silva, sofreu convulsões e foi socorrido a tempo por bombeiros de Jacareí. Ele permanece internado na Santa Casa de Jacareí mas, segundo a assessoria de imprensa do hospital, a família não autorizou informações sobre o estado de saúde.
Segundo relatos de outros funcionários que trabalhavam próximo ao local do acidente, a tubulação havia passado por um processo chamado de "inertização", procedimento que usa nitrogênio para proteger o duto da oxidação e evitar incêndios e explosões no transporte do gás, isolando todo o oxigênio do local.

A Petrobras, através de sua assessoria de imprensa, informou que as causas do acidente estão sendo investigadas. A empresa também lamentou o acidente. "O acidente ocorreu durante início de processo de limpeza da tubulação do gasoduto, que é feita de um instrumento denominado Pig Espuma e que provocou a morte por asfixia do empregado da empreiteira Azevedo e Travassos, Rosevaldo Bezerra de Oliveira. Outro empregado da mesma empresa está internado na Santa Casa de Misericórdia de Jacareí, com sinais vitais estáveis. Todos os esforços estão sendo empregados para apurar com rigor as causas do acidente", informou a nota oficial. Fonte: O Estado de São Paulo

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quinta-feira, setembro 23, 2010

Incêndio atinge fábrica de tapetes em São Carlos

A fábrica de tapetes São Carlos pegou fogo na madrugada de quarta-feira, 24 de agosto de 2005, na cidade de São Carlos (231 km a noroeste de São Paulo).
O fogo começou por volta da 0h, em uma área aberta da empresa, onde fica estocada a matéria prima, derivada do petróleo. O vento ajudou a aumentar as chamas, que chegaram a 30 metros de altura.

ISOLAMENTO DA VIZINHANÇA
Quarteirões inteiros foram isolados e os moradores foram retirados às pressas das casas. A rede elétrica foi desligada para evitar maiores problemas, mas um poste acabou pegando fogo.

COMBATE AO INCÊNDIO
O tenente Márcio Campos, responsável pelo comando do Corpo de Bombeiros, afirma “que as primeiras viaturas chegaram ao local do incêndio cerca de um minuto depois de acionadas e já começaram a colocar em prática as estratégias de combate às chamas.As principais preocupações da equipe eram não permitir que o fogo atingisse os prédios da empresa e manter resfriados alguns setores onde havia material inflamável. Só para se ter uma idéia, as placas próximas aos tanques de gás industrial derreteram”, declarou.

CORPO DE BOMBEIROS E REFORÇOS
Cerca de 40 bombeiros de três cidades da região conseguiram controlar o fogo depois de 5 horas, com o apoio de mais de 100 homens de brigadas de outras empresas da cidade, que integram o plano de auxílio mútuo de combate a incêndios de São Carlos. Foram gastos 100.00 litros de água.
Equipes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e Defesa Civil também foram acionadas para atuar de madrugada e ao longo de toda a quarta-feira. Segundo o Corpo de Bombeiros, foi um dos maiores incêndios já registrados na cidade.

Foto: Em vermelho, área afetada pelo incêndio. Nota-se que a fábrica fica em região urbana.

VITIMAS
Não houve.

DANO MATERIAL
Cerca 1.200 toneladas de fibra sintética foram consumidas pelo fogo. A matéria prima estava armazenada ao livre em aproximadamente em uma área de 2 mil metros quadrados.

CAUSA PROVÁVEL
Há suspeita de que fagulhas de queimada em algum terreno próximo da fábrica possam ter iniciado o foco de incêndio.

SEGURO E PREJUÍZO
A empresa ainda não sabe os prejuízos mas garantiu que o material estava segurado.

MATERIAL DERRETIDO ENTUPIU A GALERIA DE ESGOTO E ÁGUA RESIDUAL DO INCÊNDIO
Devido à queima da fibra sintética, todo material escorreu para a rede de esgotos que, com o contato com a água, endureceu.
“Aproximadamente 250 metros da rede ficaram entupidos com o material derretido durante o incêndio” diz José Carlos Vieira, engenheiro do serviço de água e esgoto. Nas ruas vizinhas, o material derretido pelo calor brotava dos bueiros. Funcionários jogavam água para resfriar o local.

REPARO NA GALERIA DE ESGOTO
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Carlos (Saae) trocou diversos coletores da rede de esgoto situada na rua Miguel Giometti, na Vila Costa do Sol. Outros 120 metros da rede foram desentupidos.

COMUNICADO DA EMPRESA
A empresa informou que o incêndio ficou restrito à área externa (pátio de estoque de pequena parte de matéria prima usada na produção de forrações não tecidas), e que a capacidade produtiva (máquinas e equipamentos), estoques e logística foram não foram afetadas.

INQUÉRITO
A perícia da Polícia Civil esteve no local. O Corpo de bombeiros informou que a corporação vai esperar o resultado da perícia para confirmar as causas do fogo .

FÁBRICA
A fábrica ocupa uma área de 100 mil m2 e possui 70 mil m2 de área construída. Trabalha com várias linhas de carpetes, tapetes, para a linha automotiva e também com grama sintética.
A empresa emprega 500 funcionários e exporta para países do Mercosul como Argentina, Chile e Paraguai, além do México e Alemanha. .

Fontes: Cosmo São Carlos, Folha Online, São Carlos News, no período de 24/08 a 30/08/2005.

Comentário:
Nas situações onde os incêndios em instalações químicas, depósitos, ou grandes instalações comerciais são combatidos, os perigos e os riscos a vizinhança e ao ecossistema são muito maiores, tais como;
■ Em 13 de setembro de 2010, na cidade de Araras, houve incêndio numa indústria química, onde havia 16 tanques, todos com produtos químicos utilizados como matéria prima. Houve vazamento de matéria prima para vizinhança, queimando vinte veículos
■ Em março de 2009, uma grande explosão ocorreu numa indústria química em Diadema, São Paulo. Houve vazamento de produtos químicos que atingiu a vizinhança. Diversos imóveis na região também foram atingidos pelo fogo e material incandescente escoou pela rua..
Em primeiro lugar, é vital executar a identificação e a priorização dos respectivos perigos. A identificação e a priorização dos perigos de vazamento de produtos químicos e água residual de incêndio incluem três componentes:
■ O tipo e a quantidade dos produtos químicos armazenados ou no uso na instalação ,
■ Na proximidade de áreas humanas, e
■ Na proximidade de ecossistemas sensíveis.
É importante a avaliação do ecossistema da vizinhança para instalações de depósitos ou que usam volumes elevados de substâncias perigosas ecologicamente, especificamente, nas proximidades de vizinhança, canais, costa litorânea , devido a risco de incêndio químico. Algumas instalações podem armazenar ou usar volumes elevados de produtos químicos perigosos distantes dos locais ecologicamente sensíveis, porém devido ao vazamento e escoamento de água tóxica poderá atingir esses locais.

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terça-feira, agosto 31, 2010

Fogo destrói indústria de tintas em Jandira

As chamas, que começaram por volta das 15 horas, de quinta-feira, 26 de agosto de 2010, na via de acesso João de Góes, paralela à rodovia Castello Branco, na altura do km 31, sentido capital, no município de Jandira, São Paulo.

CENÁRIO:
Uma enorme coluna de fumaça preta se formou sobre o prédio e pode ser vista a quilômetros de distância. A coluna de fumaça atingiu 300 metros de altura.
Com o calor, houve várias explosões que aumentaram as labaredas. O fogo se espalhou, em poucos minutos, no galpão onde estavam tambores com material inflamável.

BOMBEIROS E EMERGÊNCIA:
Brigada de Incêndio da própria empresa retirou todos os funcionários do local. O Corpo de Bombeiros encaminhou para a ocorrência 19 equipes da corporação, que partiram dos quartéis de Barueri, Osasco e São Paulo. O acúmulo de material químico no interior do galpão intensificou a força do fogo e dificultou o trabalho dos bombeiros. Houve várias explosões, as quais contribuíram para aumentar as labaredas
Houve risco de que o fogo atingisse tanques com amônia, mas os bombeiros resfriaram e isolaram o local.
O tenente Marcos Palumbo, do comando do Corpo de Bombeiros, explicou a dificuldade enfrentada pelos bombeiros, para apagar o fogo. "É um trabalho demorado porque toda indústria química contém produtos altamente inflamáveis", disse.

VÍTIMAS:
Não havia no final da tarde de quinta-feira registros sobre feridos.
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Rescaldo
Três carros do Corpo de Bombeiros e cerca de 15 homens ainda trabalham para apagar o incêndio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo já foi controlado e é feito o trabalho de rescaldo em algumas áreas, mas devido à quantidade de material inflamável no local, ainda existem focos de incêndio.Segundo os bombeiros, as equipes devem permanecer no local durante a madrugada desta sexta-feira.

VIZINHANÇA E TRÂNSITO
O incêndio atraiu a atenção dos motoristas que passavam pela rodovia Castello Branco. De acordo com a concessionária Viaoeste, a curiosidade dos motoristas que passavam pelo local fez com que a rodovia registrasse lentidão nas imediações. A alça de acesso a Jandira chegou a ser bloqueada pelas equipes que trabalhavam no local.

Fontes: Folha de Jandira - 26 de Agosto de 2010 e Folha Alphaville – 27 de agosto de 2010

Comentário:
Nesse dia a temperatura da região estava elevada 30º C e umidade do ar menos de 20%. Com essas condições propiciam a formação de eletricidade estática em indústrias que envolvem produtos inflamáveis. Devemos ter cuidado com atmosfera inflamável e aterramento de equipamentos.

Principais fontes de estáticas
■ Cargas elétricas estáticas se formam em materiais, equipamentos e pessoas como resultado dos materiais entrarem em contatos e elas se transferem de um material para outro e pode aumentar se não puder descarregar no solo.
■ Gotas líquidas ou partículas sólidas, em queda no ar, podem criar cargas estáticas.
■ Descargas de eletricidade estática podem ser suficientemente fortes para provocar ignição de uma atmosfera inflamável.
■ A primeira linha de defesa contra a ignição por eletricidade estática é a eliminação da atmosfera inflamável. Se isto não for possível, é importante impedir o acumulo de cargas eletrostáticas.
■ Conectar significa que as partes condutoras de um equipamento estão em contato, de forma que não ocorra descargas elétricas entre as partes.
■ Aterramento significa que as partes condutoras de um equipamento estão conectadas ao solo, conduzindo as cargas elétricas ao solo.

O Que podemos fazer:
■ Sempre aterre container, tambores, tanques portáteis, caminhões tanques, vagões, quando transferir materiais inflamáveis ou combustíveis.
■ Verifique se o equipamento de processo está aterrado e que são testados periodicamente
■ Quando enchendo conteineres, minimize o escape de líquidos ou sólidos.
■ Durante a manutenção, assegure que todas as conexões de aterramento foram reinstaladas e testadas após os trabalhos.
■ Em área que exige procedimentos especiais para evitar eletricidade estática, por exemplo, roupas ou sapatos especiais ou uso de equipamentos especiais, assegure que entende e segue estes procedimentos. Fonte: Beacom Process Safety

Vídeos:
Nota-se que em incêndio de produtos inflamáveis a única maneira de combatê-lo é circunscrevê-lo e evitar que outros substancias inflamáveis entrem em combustão.

Vídeo:


Vídeo(1):
Nesse vídeo mostra líquidos superaquecidos, que vaporizam rapidamente provocando flash fire.

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terça-feira, junho 22, 2010

Ônibus pega fogo e deixa vários feridos

Um ônibus do transporte coletivo urbano, da empresa Cotista, pegou fogo por volta das 16h30min, 9 de janeiro de 2006, na rua 19 de fevereiro, no centro de Rio Grande, a 320 km de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Cerca de 50 passageiros estavam no interior do veículo.

Foto-Pedestres quebram vidros e ajudam os passageiros a saírem pelas janelas
O ônibus, que fazia a linha Carreiros e iria até o bairro Castelo Branco, havia saído da praça Tamandaré e pegou fogo após andar menos de 100 metros.

COMO FOI O ACIDENTE
■ O ônibus da empresa União Cotista sai do centro de Rio Grande com destino aos bairros Castelo Branco I e II, Cohab 4 e Santa Rosa
■ Ainda no Centro, na Rua 19 de Fevereiro, o motorista Alexandre Hernandes sente o tecido das calças grudando nas pernas e vê o fogo se alastrando
■ Uma lata de thinner , colocada sob o banco do motorista, entra em combustão
■ O motorista Hernandes abre as portas e grita para que os passageiros saiam
■ Os passageiros correm para os fundos do ônibus, tentando evitar as chamas na frente
■ Populares quebram as vidraças do lado de fora, para ajudar a saída dos passageiros
■ Peritos concluem que a lata de thinner (pertencente à empresa de ônibus) é a causa do sinistro

DESESPERO PARA SAIR DO ÔNIBUS
De acordo com o segurança Luis Fernando Flores, que estava no ônibus, o veículo começou a incendiar de repente e o motorista gritou que estava pegando fogo, momento em que os passageiros entraram em pânico. Ele pediu que eles ficassem calmos e tentou abrir a janela de emergência, mas não conseguiu. Em seguida, ele e outros passageiros quebraram alguns vidros. O motorista abriu a porta do veículo, mas, segundo Flores, a maioria saiu pelas janelas. Populares que passavam pelo local também ajudaram a quebrar os vidros para que as pessoas saíssem. "Foi tudo muito rápido. O fogo começou na parte da frente e se alastrou em seguida", disse Flores.

INÍCIO DO FOGO
Segundo relato dos passageiros, o fogo teria começado na frente do veículo e se alastrado rapidamente. Ao perceber o incêndio, o motorista conseguiu abrir as duas portas, mas as saídas eram insuficientes.

ALASTRAMENTO DO FOGO
Segundo os bombeiros, o fogo se espalhou com rapidez a partir do momento em que os vidros foram quebrados, pois permitiu a entrada de mais oxigênio no veículo.

VÍTIMAS
Cerca de 27 passageiros foram atendidos 27 pessoas foram atendidas na Santa Casa, com queimaduras, cortes e machucados, ficaram em observação no pronto-socorro. .Quatro deles tiveram queimaduras graves, o motorista e três passageiros, foram atendidos no bloco cirúrgico da Santa Casa. Um dos casos mais graves foi de uma menina, de 13 anos, que teve em torno de 30% do corpo queimado, segundo informações do médico proprietário da clínica de pronto-atendimento em que ela recebeu os primeiros socorros, Sandro Goulart Terra

INQUÉRITO POLICIAL
A Polícia Civil deverá instaurar inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu o incêndio. A delegada Vanessa Pitrez de Aguiar Corrêa, do plantão da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), informou que os policiais da 4ª DP - distrito que está a cargo da investigação do caso, deverão averiguar as causas do fogo, para descobrir se foi culposo (não‑intencional) ou doloso (criminoso). Uma lata de thinner foi encontrada próximo do local onde teria iniciado as chamas, conforme testemunhas, atrás do assento do motorista.
A delegada declarou também que os profissionais do Instituto Geral de Perícias (IGP) efetuaram a perícia no local do incêndio. Em seguida , o ônibus será transferido para o depósito do Detran-RS, onde deverá ser submetido à nova perícia por um engenheiro mecânico do IGP. Esse perito, segundo a delegada, irá vistoriar o veículo com o objetivo de avaliar se houve falha mecânica. Além disso, os passageiros, na medida em que tiveram alta do hospital, deverão ser ouvidos pela polícia.
A delegada afirmou que haverá uma investigação para averiguar as responsabilidades penais: se houve imperícia, negligência ou imprudência.

LAUDO PRELIMINAR
De acordo com peritos, a causa do fogo foi a combustão de um galão de thinner, solvente inflamável, que pertencia à própria empresa dona do ônibus, a União Cotista, e era transportado atrás do banco do motorista.

O ÔNIBUS TRANSPORTAVA UMA LATA DE THINNER
O motorista recebeu o galão ao iniciar a viagem, a pouco mais de 100 m do local do incêndio, e deveria entregá-lo na empresa. O solvente pertencia à empresa, esclareceu o delegado titular da 4ª. Delegacia de Polícia de Rio Grande, Elione Luiz Lopes, depois de ouvir formalmente as primeiras nove testemunhas.
O delegado também conversou informalmente com o motorista Alexandre Muniz, que está internado em estado grave.
Durante a conversa ele confirmou que o solvente pertencia à empresa. Como o solvente resultou no incêndio, segundo ele, somente será esclarecido no relatório final da perícia: Ainda desconhecemos o que concorreu para a combustão, esclareceu ele.

LAUDO DA CAUSA DO INCÊNDIO
Em 19 de fevereiro, o Centro de Microscopia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou que houve um curto-circuito entre a lata de solvente, a chave elétrica geral do ônibus e o assoalho, também de metal.
O professor Luis Frederico Dick concluiu que a lata de thinner, encontrada atrás do banco do motorista, entrou em contato com o sistema elétrico do veículo e, junto ao piso do ônibus, criou um efeito chamado "arco de faísca". O assoalho de metal serviu como pólo negativo, a chave de cobre, como pólo positivo, e a lata de ferro fechou o curto-circuito, explicou.
O processo acabou por derreter a lata e liberou o solvente, altamente inflamável. O produto, com a ajuda da faísca, agiu como um maçarico, alastrando o fogo. O laudo foi encaminhado para a Polícia Civil de Rio Grande.

BALANÇO DAS VÍTIMAS – HOSPITALIZAÇÃO
Faz um mês, duas das quatro vítimas que tiveram queimaduras graves permanecem internadas. A adolescente Bruna Corrêa Moreira, 13 anos, que teve 30% do corpo queimado, continua internada na UTI Pediátrica do HPS de Porto Alegre. O motorista do coletivo, Alexandre Hernandes está na unidade São Camilo II, da Santa Casa de Rio Grande. As outras duas passageiras que estavam hospitalizadas na Santa Casa, receberam alta em 9 de fevereiro.
Em 20 de fevereiro, a adolescente Bruna Corrêa, 13 anos, deixou o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, após 42 dias de recuperação. A adolescente voltou para casa, onde continuará o tratamento das queimaduras sofridas.

ADOLESCENTE PASSOU POR SEIS CIRURGIAS
Cirurgião plástico no HPS, Ricardo Arnt disse que Bruna foi submetida a seis intervenções para recompor a pele queimada. Quase 30% do corpo, principalmente as costas e os braços, foram atingidos. Nos próximos dois anos, ela terá de usar malhas de compressão, para firmar as partes que sofreram enxertos. Arnt considerou "excelente" a recuperação de Bruna.

CAUSA DA GRAVIDADE DA QUEIMADURA
A adolescente estava sentada no meio do ônibus, ao lado direito, na companhia da tia. Desmaiou com a fumaça e as queimaduras, teve de ser socorrida em dois momentos. Primeiro, pelo motorista, que não teve forças para retirá-la do local e depois, por um desconhecido que se arrojou entre as chamas e retirou a menina entre as chamas.
Em 22 de fevereiro, após 43 dias internato o motorista do ônibus, Alexandre Muniz Hernandez, recebeu alta da Santa Casa, ainda com as marcas das queimaduras sofridas, principalmente nos braços, nas costas, no rosto e nas pernas. As queimaduras nos braços e nas costas foram de 2º grau.

INDICIAMENTO - POLÍCIA INDICIOU POR INCÊNDIO CULPOSO
Em 1 de fevereiro, a investigação comandada pelo delegado de Polícia Civil do Rio Grande, Elione Lopes, concluiu que houve crime de incêndio culposo. Foram indiciados, o motorista, Alexandre Hernandes, o fiscal, Jorge Alberto Pacheco, a responsável pelo setor de compras da Cotista, Cláudia Silveira, e o sócio-gerente, Norli Norberto Camilo.
O delegado entendeu que os quatro indiciados "lidaram com imprudência e negligência". O motorista e o fiscal por não terem se recusado a transportar o material, "criando desnecessariamente o perigo e não tendo o devido cuidado no trato com a lata de solvente". A responsável pelo setor de compras e o sócio-gerente por permitirem que se criasse o sistema de entregas na praça central e o posterior envio do material pelos coletivos para a empresa, o que já havia ocorrido em outras oportunidades.
Lopes observou que esta prática contraria a legislação que rege o transporte coletivo municipal (Lei 5.602), que veda o transporte de material inflamável. As quatro pessoas responsabilizadas foram indiciadas no artigo 250, parágrafo 2º, combinado com o artigo 258 do Código Penal Brasileiro, ou seja, incêndio culposo qualificado. Se forem condenados pela Justiça, os indiciados poderão sofrer pena que varia de seis meses a dois anos de prisão.

O QUE É THINNER
É uma composição de vários solventes capaz de diluir componentes e revestimentos. Tem ampla utilização em tintas e alto poder de solvência. É usado também como desengraxante e para limpeza
Em altas temperaturas, o thinner libera vapores e, com uma faísca, entra em combustão. O produto não é capaz de pegar fogo sozinho, apenas com o calor. Necessita de uma faísca para entrar em combustão e pode até causar explosões
Qualquer solvente em altas temperaturas libera vapores. Se estiver em um ambiente fechado, como um veículo, pode pegar fogo, bastando que uma pequena faísca atinja o vapor (não precisa atingir o produto em si)
Uma peça metálica (como uma fivela de sapato) que venha a provocar uma faísca ao bater em algo pode ser suficiente para começar o fogo se houver vapor concentrado no ambiente
O transporte deste tipo de substância tem de ser feito seguindo normas de segurança
Fonte: Dimitrios Samios, professor de Fisicoquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Controle de Qualidade dos Combustíveis do Rio Grande do Sul

Comentários:
Esse um bom exemplo como o risco infiltra-se em locais tão impossíveis, esperando apenas as condições ideais para materializar-se.
A temperatura média da semana em que houve o acidente na cidade era de 37o C.
Como a característica do thinner depende da composição de vários solventes e de seu preço de mercado. O seu ponto de fulgor depende da composição dessa mistura e varia da mais simples a especial;
O ponto de Fulgor em Vaso Fechado é importante porque permite avaliar o risco do thinner inflamar‑se ao ser submetido à elevação de temperatura em condição de confinamento (lata fechada)
As condições ambientais estavam propícias para o thinner inflamar-se; temperatura externa (ambiente, 37o C) e temperatura interna do ônibus (mais de 37o C, lata próximo ao motor) e faltando apenas a fonte de ignição.

Fontes: Jornal Agora – Rio Grande/RS e Zero Hora - Porto Alegre/RS, no período de 10 de janeiro a 23 de fevereiro de 2006

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domingo, maio 23, 2010

Inferno na fábrica

O incêndio que começou por volta das 16 horas, em 26 de agosto de 2002, destruiu a fábrica de solventes Luztol Indústria Química Ltda., localizada na BR-153, na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia, e levou medo aos moradores vizinhos.

Foto: Fumaça densa no início do incêndio e início muito provável, da vaporização de solventes superaquecidos (bola de fogo, flash fire)



CHAMAS E LABAREDAS
As chamas atingiram cerca de 40 metros de altura e a grossa coluna de fumaça preta pôde ser vista de vários pontos da Grande Goiânia. Das 18 horas até por volta das 20 horas o local foi sacudido por várias explosões. Mas não houve informações sobre vítimas.

INTERDIÇÃO
A BR-153 foi interditada nos dois sentidos, causando engarrafamento de cerca de 10 quilômetros, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Durante o incêndio, quatro quadras da área próxima à fábrica foram interditadas. As pessoas foram orientadas pela Defesa Civil a deixar suas casas e a energia foi desligada. Por volta das 23 horas, a situação já havia sido controlada e os moradores tinham sido autorizados a retornar para suas residências.


Foto: Muito provável , a vaporização de solventes superaquecidos (bola de fogo, flash fire)

CORPO DE BOMBEIROS
Praticamente todo o efetivo – cerca de 80 homens, seis carros do Corpo de Bombeiros e 10 caminhões-pipa do Corpo de Bombeiros de Goiânia, Aparecida, Trindade e Senador Canedo foi deslocado para o combate ao incêndio.
Cento e sessenta policiais militares de Aparecida de Goiânia e da capital deram apoio aos bombeiros.

FOGO DEBELADO
O fogo foi debelado por volta das 22h30 horas, ficando os bombeiros restritos ao trabalho de rescaldo, para evitar o aparecimento de novos focos. O trânsito foi liberado no sentido Goiânia–Hidrolândia às 21h45 e o trecho de acesso a Anápolis, às 23 horas.

ÁREA DE TANCAGEM
O maior desafio dos bombeiros, nesse que foi um dos maiores incêndios já ocorridos na região metropolitana de Goiânia, foi resfriar os nove tanques com cerca de 300 mil litros de produtos altamente inflamáveis, como solventes e verniz, instalados a poucos metros do foco das chamas.

EVACUAÇÃO DA VIZINHANÇA
Ao constatar que o incêndio ocorria em uma fábrica de material altamente inflamável, o Corpo de Bombeiros tratou de evacuar as empresas vizinhas e dois motéis que ficam em frente. Centenas de moradores vizinhos correram até o local para ver de perto o espetáculo das chamas. A cada explosão – foram quatro em menos de uma hora – a correria era geral.
Ao lado da Luztol, outras três indústrias de produtos químicos corriam o risco de ser atingidas pelas chamas, tornando o incêndio de proporções bem maiores.
Os bombeiros isolaram uma grande área próxima à indústria – incluindo casas e estabelecimentos comerciais da Vila Brasília, do Bairro Santo Antônio e Vila Sul – para proteger moradores e transeuntes.

RISCO DE CATÁSTROFE
Segundo informações de um funcionário da fábrica, disse à polícia que havia solvente suficiente para queimar até as 22 horas. Numa previsão catastrófica, ele declarou que, se os tanques explodissem, todos os prédios num raio de 100 metros iriam pelos ares. A dimensão das chamas impedia qualquer tentativa de debelar o fogo.

ESCOAMENTO DE SOLVENTE PELA REDE DE ESGOTO
Às 17 horas, grande quantidade de solvente escorreu pelo esgoto da Rua 20, na Vila Brasília, que passa nos fundos da fábrica, provocando outra explosão. Tampas de concreto dos bueiros da rua foram jogadas longe, até uma nas proximidades do Afrodite Motel, que fica a quase 500 metros de distância do incêndio. Houve pânico entre os moradores vizinhos e muitas pessoas deixaram suas casas às pressas. Também na BR-153, cerca de 100 metros abaixo do local do incêndio, houve explosões nas bocas-de-lobo, por causa do material inflamável que escorria pelas galerias pluviais.

RISCO DE AGLOMERAÇÃO DE PESSOAS
Muitos curiosos se juntaram nas proximidades da indústria para assistir ao espetáculo. Policiais militares e bombeiros tentavam convencê-los a recuar, já que o fogo atingiu as redes elétricas e de esgoto, e havia grande probabilidade de que toda área, em um raio de um quilômetro, voasse pelos ares.
Novamente o grande número de curiosos se dispersou em debandada geral, para fugir do fogo que brotava dos bueiros e espalhava calor. Foi quando centenas de pessoas começaram a correr sem rumo, ciclistas se chocavam com carros e motos e muitos pulavam sobre os veículos parados no meio do congestionamento.

INTOXICAÇÃO
O cheiro de solvente tomou conta de extensa área no entorno da empresa atingida pelo incêndio. O odor era tão forte que alguns policiais militares do 8º Batalhão começaram a passar mal sentindo náuseas, tonturas e ardor nos olhos.

ATIVIDADE DA LUZTOL INDÚSTRIA QUÍMICA LTDA.
A empresa tem 40 empregados e gera outros 20 empregos indiretos. A empresa, que pertence a Karluz Silva e Tadeu Luz Silva, trabalha com solventes e vernizes.
A Luztol está instalada numa área de 8 mil metros quadrados, no quilômetro 8 da BR-153, na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia.
Durante o incêndio, os proprietários foram para o local acompanhar o trabalho do Corpo de Bombeiros. Eles planejavam a transferência da empresa para o Pólo Empresarial Goiás, também em Aparecida, onde a sede ocuparia uma área de 21 mil metros quadrados. Outro plano era dar início à fabricação de tintas.

Foto: As setas mostram a área de tancagem que não foi envolvida pelo incêndio.

ORIGEM DO FOGO
O funcionário José Raimundo Ribeiro, do setor de produção da Luztol Indústria Química Ltda., disse que o fogo começou no galpão, onde havia 50 tambores com 200 litros de solvente cada um. “Eu e um colega ainda tentamos apagar as chamas com uma mangueira, dessas usadas pelos bombeiros, mas o fogo se espalhou rápido e tivemos de sair correndo”, relata. José Raimundo lembra que foi um dos últimos a sair, quando os bombeiros já haviam chegado. “Teve gente que pulou o muro da fábrica na hora do medo.” O funcionário lembra que há cerca de dois anos houve um princípio de incêndio na Luztol, mas foi controlado ainda no início.

CAUSA PROVÁVEL
A falta de aterramento aliada à baixa umidade da região provocou este tipo de ocorrência.

RELATOS, PÂNICO E EVACUAÇÃO DOS PRÉDIOS PELOS BOMBEIROS
O comerciante Leonardo estava na casa de um amigo quando ouviu a primeira explosão. Ao sair, viu uma coluna de fumaça preta subindo. “A informação era de que a explosão havia sido provocada por um curto-circuito”, afirmou, acrescentando que em poucos minutos os bombeiros chegaram e bloquearam o trânsito na BR-153. O passo seguinte foi evacuar os prédios vizinhos.
A dona Aparecida que trabalha bem em frente à fábrica, disse que só ficou sabendo que alguma coisa grave estava acontecendo quando os bombeiros chegaram para retirar funcionários e clientes às pressas. “Quando vi o tamanho da coluna de fumaça fiquei preocupada, pois no motel há grandes reservatórios de gás e caldeiras. Se as chamas atingissem o prédio poderia ocorrer uma grande tragédia”, assinalou. Segundo ela, algumas colegas de trabalho entraram em pânico, mas foram tranqüilizadas pelos bombeiros.
O bloqueio da BR-153 acabou tumultuando o trânsito nos bairros adjacentes, que passaram a receber o tráfego pesado da rodovia. O vaivém de carros da polícia e dos bombeiros aumentou ainda mais o caos na região. A PM tentava pôr um pouco de organização no tráfego. As ruas dos bairros deixavam lento o escoamento do grande número de carros, carretas e caminhões desviados da BR.

VIZINHOS RELATAM PÂNICO DO INCÊNDIO
Durante o incêndio, os moradores das proximidades da fábrica tiveram de abandonar suas casas, pois o risco de explosões era muito alto. Segundo depoimentos dos próprios moradores, o pânico foi geral. A onda de calor também podia ser sentida a muitos metros de distância do foco.
A dona de casa Maria José, que mora na mesma rua onde se localiza a empresa Luztol, estava na cozinha quando ouviu o primeiro estrondo. “Acho que era umas 16h30. Graças a Deus e aos bombeiros, as chamas não ultrapassaram o outro lado, que fica em frente à minha casa. Não iria sobrar nada.”
Maria José conta que houve um pânico generalizado dos moradores. “Era gente correndo pra todo lado, com muito medo das explosões. Saí correndo com meus filhos, netos e noras. Passei muito mal, pois sofro de pressão alta. Precisei tomar remédio.”

CALOR INSUPORTÁVEL E EXPLOSÃO
Flávia Cândida moradora do Residencial Florença, Jardim Bela Vista, conta que mal chegara em casa e já teve de sair correndo junto com o marido. “Os bombeiros orientaram todos os moradores a abandonarem as casas. Todos estavam em pânico. Rezamos muito para que nada de mais grave pudesse acontecer.” Flávia conta que o chão tremia no momento das explosões.
Flávia disse que quando ainda estava no Setor Urias Magalhães, em Goiânia, já podia avistar a fumaça preta que se elevava no horizonte. “Quando fui chegando próximo de casa, o cheiro de thinner era insuportável. Pensei que algum caminhão tivesse pegado fogo.”

FOI UM HORROR
Edemir Sales, gerente de uma empresa de transportes localizada atrás da Luztol, conta que assim que viu as primeiras chamas, avisou os seis funcionários que trabalhavam no local. “Todos saíram correndo. Não deu tempo nem de fechar as portas da empresa. O desespero dos moradores foi total. Um passava por cima do outro. Foi um horror.”
Na opinião de Edemir, o trabalho do Corpo de Bombeiros foi fundamental para que as chamas não se alastrassem ainda mais. “Os bombeiros são os heróis do fogo. Se não fossem eles, estaríamos perdidos.”

FUMAÇA SÓ CAUSA DOR DE CABEÇA
A fumaça emitida pelo incêndio na fábrica de solvente Luztol poderá causar, no máximo, dores de cabeça nos moradores de regiões próximas. Essa é a principal conseqüência prevista pelo subdiretor da Defesa Civil, Luis Roberto Ferreira Lopes, para a grande emissão de monóxido de carbono na combustão dos produtos.
A combustão do solvente libera monóxido de carbono, que causa dor de cabeça e até perda de consciência momentânea, se inalado em grande quantidade. A explicação é do médico Alonso Monteiro da Silva, do Centro de Informações Toxicológicas (CIT). Ele lembra que, nesta época do ano, a fumaça leva mais tempo para se dissipar, o que pode ocasionar estes problemas.
O subdiretor da Defesa Civil descarta o risco de grandes intoxicações. Segundo Lopes, a direção do vento durante o incêndio fez com que a fumaça fosse levada para longe das regiões habitadas, evitando a intoxicação. Por isso, explica Luís Roberto, não foi necessário manter a área interditada. No final da noite depois de controlado o incêndio, o cheiro forte e a fumaça ainda podiam ser percebidas na região vizinha à fábrica.

EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA
O diretor-técnico do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Paulo Rocha Arantes, não soube precisar o número de fábricas existentes em Goiânia com alto risco de explosões. Segundo ele, todo estabelecimento necessita de certificado de funcionamento expedido pelos Bombeiros.
“É condição para que a empresa funcione”, falou. De acordo com ele, graças à parceria do Estado com os municípios, é possível controlar a liberação de funcionamento. Arantes ressaltou que, antes mesmo de construir uma empresa, o projeto tem de passar pela Diretoria Técnica do Corpo de Bombeiros.
O diretor-técnico diz que existem ainda os estabelecimentos clandestinos. “Não temos controle sobre eles”, disse. Segundo Arantes, se o estabelecimento estiver irregular, uma equipe, se for o caso, faz a interdição, paralisa as atividades ou remove materiais perigosos.
O comandante do Segundo Subgrupamento de Incêndio (2º SGI) de Aparecida de Goiânia, tenente José Borges Filho, informou que a Luztol Indústria Química Ltda apresentava todos os dispositivos de segurança necessários, como extintores de incêndio, rede interna de hidrantes e bacias de contenção em caso de vazamentos.

RETORNO ÀS ATIVIDADES
A Luztol Indústria Química Ltda., só deve retomar suas atividades daqui a seis meses. Esse será o tempo gasto para a construção da nova sede da empresa, afirma Karluz Silva, um dos proprietários da fábrica de solventes.
A mudança de endereço já estava programada, mas ainda não tinha data certa para se concretizar. Com a destruição de praticamente toda a atual sede, as obras do novo prédio serão aceleradas. A empresa será transferida para uma área de 21 mil metros quadrados, localizada no Pólo Empresarial Goiás, também em Aparecida de Goiânia.

PREJUÍZO
Um dos proprietários da Luztol Indústria Química Ltda., Tadeu Luz Silva, disse que os prejuízos podem chegar a R$ 3 milhões (US $ 1.000.000,00). Desolado, Tadeu afirmou que a empresa está no seguro, mas que o contrato só cobre pequena parte do patrimônio da fábrica. Ele não sabia dizer o que poderia ter provocado o incêndio e descartou a hipótese de fagulha produzida por energia estática. “Seguimos todas as normas de segurança. Foi uma fatalidade”, lamentou.

SEGURO PARCIAL
Um dos proprietários, Karluz visitou o local do incêndio. A imagem é de total destruição. Agora, é partir para a reconstrução. Karluz lembra ainda que a vistoria da seguradora, o seguro cobre 50% do valor da fábrica, ainda está sendo aguardada.

PERÍCIA
O perito criminal Roberto Pedrosa, que comandou a vistoria nas instalações da fábrica, acredita que a hipótese mais provável para a causa do acidente é a formação de cargas estáticas, que deram origem a labaredas. “No local, havia o manuseio de líquidos inflamáveis que carregam cargas estáticas. Um funcionário relatou que estava manuseando um solvente e, durante o movimento de uma lata para outra, sentiu a lata quente e um estalar”, conta.
Pedrosa recolheu as duas latas utilizadas pelo funcionário. “Examinei todo o prédio e não encontrei nenhuma outra possibilidade”, frisa o perito.

CONSUMO DE MATERIAL INFLAMÁVEL PELO FOGO
De acordo com o tenente Pedro Carlos, foram consumidos pelo incêndio seis tanques de thinner, querosene, acetato de etila, álcool e tolueno. O assessor de Comunicação do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Siqueira, acredita que, dos 500 mil litros de líquidos diversos existentes na fábrica, 300 mil foram salvos das explosões devido à ação rápida dos bombeiros.

RETIRADA DE PRODUTO QUÍMICO E TERRA CONTAMINADA
Pela manhã, a equipe do Corpo de Bombeiros fez a retirada de todo o material químico (tolueno, um solvente bastante volátil) que vazou para o exterior da fábrica durante o incêndio. A terra utilizada para conter o vazamento foi misturada ao solvente e removida. O chefe de operações da Defesa Civil, tenente Pedro Carlos Borges de Lira, informou que o material de alta periculosidade que ainda se encontrava na empresa seria retirado pelos proprietários.

Fonte: O Popular (Goiânia), Diário da Manhã (Goiânia) e Folha de São Paulo, no período de 26 a 28 de agosto de 2002

COMENTÁRIO:
Fator ambiental que propicia a eletricidade estática
De acordo com o Ministério de Agricultura, os meses de junho, julho, agosto e setembro, as condições climáticas, especialmente em relação à umidade relativa do ar reduzem consideravelmente no período, representando risco à propagação não controlada do fogo, provocando queimadas ou incêndios florestais, com prejuízos consideráveis ao produtor rural e à sociedade.
A umidade no Centro-Oeste reduz a 40%. Dependendo de eventos macro-climáticos periódicos ou eventuais, podem descer ainda mais, a exemplo de Brasília, onde atingem menos de 15%.
A geração de cargas estáticas pode ocorrer de muitas maneiras. Entre elas podemos citar eletrização por contato, eletrização triboelétrica, eletrização por indução, etc. Compreendendo os mecanismos da eletrização estática, é mais fácil evitar o aparecimento das cargas estáticas, ou então reduzi-las a níveis seguros.
Dentre todos os processos de geração de carga estática, o mais comum é o carregamento triboelétrico, o qual é causado pelo atrito entre duas superfícies. A eletrização triboelétrica se refere à transferência de cargas devido a contato e separação de materiais. A quantidade de carga gerada por esse processo depende de muitos fatores, como a área de contato, pressão de contato, umidade relativa, velocidade com que uma superfície é atritada sobre a outra.
Cargas eletrostáticas formam-se sempre que duas superfícies de contato entram em movimento relativo. Por exemplo, quando um líquido escoa em contato com as paredes da tubulação, partículas líquidas ou sólidas movem-se através do ar, ou quando um homem anda, levanta-se de um assento ou remove peças de seu vestuário. Cargas elétricas fluem rapidamente para a terra assim que se formam, mas se carga é formada em material não condutor ou em superfície não aterrada, então ela pode permanecer no local por certo tempo. (Trevor A. Kletz)

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quinta-feira, janeiro 14, 2010

Lembranças da Vila Socó, ontem e hoje

Na madrugada de 24 de fevereiro de 1984, um forte cheiro de gasolina assustou aos moradores da Vila Socó, uma favela formada por barracos de palafitas suspensos sobre uma área de mangue, em Cubatão-SP. Um duto de gasolina da Petrobrás que passa em baixo da Vila Socó iniciou um grande vazamento, jorrando 700.000 litros de gasolina que se alastraram por toda área alagada. Bastava uma fagulha para que tudo ardesse em chamas.E foi o que aconteceu.

Causa provável:
Vazamento de 700 mil litros de gasolina de um dos dutos que atravessam a Vila Socó. O combustível misturou-se com a água do mangue sob as casas de palafitas. Uma faísca provocada por fósforo ou curto circuito em fio elétrico pôs fogo à mistura de água com combustível. As chamas chegaram rapidamente ao oleoduto e provocaram a explosão.

Relato da tragédia
Onilda Gomes de Albuquerque Oliveira, uma das moradoras do local e sobrevivente da tragédia:
Pela uma hora da manhã, meu vizinho me acordou. Nós estávamos sentindo um cheiro de gasolina, mas não nos preocupamos, era costume essas fábricas soltarem sempre muitos gases à noite. Era muita poluição. Saímos para rua; eu, meu marido e meus filhos e fomos conversar com um policial. Quando ele acaba de afirmar "- Não senhora, não tem perigo, já está tudo sobre controle."
Vimos uma explosão subindo no céu. Não deu tempo para pôr camiseta nem nada, a gente não sabia para onde ir. Eu só lembrei dos meus filhos. O policial não conseguia sair do lugar, olhava para o fogo paralisado.
Os vizinhos saíram correndo, deixando tudo. Quanto mais você corria, mais parecia que a quentura estava nas suas costas e você não conseguia nem olhar pra trás. Gente sendo pisada, empurrada, na ponte de palafita. Uma senhora sendo pisoteada, ninguém ajudava porque só queriam sair dali.
Gente saindo correndo, desesperada, um alvoroço e aquela fumaça preta subindo. Fomos até parar na Cota (bairro na encosta da Serra do Mar), porque não sabíamos para onde ir, estava tudo explodindo. Uma coisa muito triste.
Boa parte das pessoas não conseguiu escapar, porque ao invés de virem atrás da gente, deram a volta pelo lado contrário, aí caíram na maré. Quando vimos os corpos de animais queimados, era como se a gente tivesse vendo alguém da nossa família, porque não dava para saber se eram seres humanos ou não.
Depois que as pessoas começaram a mexer é que a gente conseguia ver que era um porco, um cachorro, essas coisas, e, do outro lado, tinham as pessoas que estavam muito, mas muito queimadas.

Geraldo de Jesus Guedes, de 41 anos, viu o incêndio de perto.
"Corri mais de três quilômetros para fugir do fogo", disse. Para Guedes, morreram pelo menos mil pessoas. "Muitos não tinham documentos. O fogo queimou tudo e não foi possível provar nada", diz.

Dados oficiais
93 mortos e mais de 4.000 feridos

Dados extra-oficiais
Mais de 500 pessoas morreram na tragédia de Vila Socó, em Cubatão, o que significa se tratar do maior número de mortes em um único episódio, nos últimos anos, em todo o mundo.
Os números da tragédia de 25 de fevereiro de 1984 foram liberados pelos promotores Marcos Ribeiro de Freitas e José Carlos Pedreira Passo, com base nos laudos periciais elaborados pelo Instituto Médico Legal de Santos, e faz parte do relatório do Inquérito policial, presidido pelo delegado Antônio Hussemann Guimarães..

Na primeira hipótese
Foram 508 mortos, calculados da seguinte forma: 86 óbitos documentados, com encontro de cadáver, mais um número estimado de 300 crianças de zero a três anos de idade, mais 122 crianças de 3 a 6 anos.

Num segundo caso,
Seriam 631 os mortos na tragédia, considerando-se os mesmos 86 óbitos documentados, mais as 300 crianças de zero a três anos, além de 245 crianças de 3 a 6 anos, que continuam desaparecidas (e que na primeira hipótese foram consideradas apenas como 122).

Finalmente, numa terceira hipótese,
Além das crianças de zero a seis anos, tomadas em conjunto, soma-se um número não determinado de adultos, além daqueles 86 corpos localizados (entre os localizados 22 corpos eram de crianças com idade presumida além dos sete anos de idade), o que levaria o número final a cifras não calculadas, mas que iriam além das 700 pessoas.
Além desses mortos estão registrados 27 feridos com lesões graves e outros cem, pelo menos, com lesões mais leves.
Assim, tomando-se a primeira hipótese, de 508 mortos, que é o que deverá constar dos autos do processo que se iniciará, o número total de vítimas deverá ser de 635.
A maior parte desses mortos jamais será localizada, partindo-se do princípio que o calor gerado pelo incêndio, particularmente no centro da Vila Socó, ultrapassou a mil graus de temperatura, por várias horas.
Basta comparar essa informação com aquelas colhidas pelo IML, junto ao forno crematório de Vila Alpina, em São Paulo, que para incineração total (inclusive dentes) utiliza-se de três minutos a 800 graus centígrados, mais 30 segundos a mil graus.
Ou ainda outras informações colhidas oficialmente: nenhum corpo de criança com menos de presumíveis sete anos de idade foi localizado, mesmo nas áreas periféricas do incêndio; na área central, sequer corpos de adultos foram localizados.

Indenização
Na Vila Socó, as famílias dos 93 mortos foram indenizadas, embora ninguém do lugar, nem mesmo o prefeito atual Clermont Silveira, acredite que o número de mortos foi o oficial. "Estive lá durante o incêndio como médico e vi muitos mortos", diz o prefeito.
Hoje, vida segue tranqüila sobre dutos da Petrobrás

Tragédia de 1984, em Cubatão, não provocou remoção das famílias. Mais de 18 anos depois da tragédia de Vila Socó existem pelo menos 80 famílias com moradias em cima ou a menos de 15 metros dos dutos da Petrobrás, causadores do acidente de 1984, em Cubatão, na Baixada Santista, em São Paulo.
As prefeituras de cidades-sede de terminais petrolíferos e municípios por onde passam os dutos da Transpetro, sucessora da Petrobrás na movimentação de petróleo e derivados, estão sendo notificados sobre construções irregulares na faixa de proteção dos dutos. A empresa quer retirar os moradores e pede ajuda do poder público.
O recuo mínimo determinado pela lei 6.766/79 é de 15 metros de cada um dos lados dos dutos. As áreas de risco, já identificadas por uma comissão de vereadores de Cubatão, criada para analisar o pedido da Transpetro, são a Cota 95, Pinheiro do Miranda, Vilas Noé, dos Pescadores e Curtume.
As áreas foram ocupadas irregularmente há mais de 20 anos e estão próximas a dutos e ao Terminal Marítimo da Petrobrás. .
O prefeito de Cubatão, diz que as famílias não podem continuar em áreas de risco. "O temor é grande", afirma. Entretanto, ele considera que a Petrobrás terá de indenizar as famílias. Na opinião do prefeito, cabe à empresa a responsabilidade pela fiscalização das áreas, indenização das famílias ou construção de novas casas para as pessoas morarem.

Urbanização da Vila Socó
As casas da Vila Socó, antes de palafitas, agora são de alvenaria, as ruas asfaltadas, o duto da Petrobrás foi urbanizado e a prefeitura construiu playground para crianças. Os dutos ficam a mais de 15 metros das casas.
População da Vila Socó : 5.883 moradores segundo o censo do IBGE de 1979
Fonte: Prefeitura Municipal de Cubatão

Área de Risco
Segundo a presidente da Defesa Civil de Cubatão, Lusimar da Costa Lira, mais de 18 mil pessoas moram em áreas perigosas na cidade, incluindo encostas com risco de desabamento de barracos e próximas a tubulações da Petrobrás. Segundo ela, a fiscalização, manutenção e preservação das áreas dos dutos são de responsabilidade da empresa e não do município.
Já o gerente de controle de terminais terrestres e oleodutos da Transpetro, em São Paulo, Alberto Mitsuya Shinzato, lembra a existência da lei federal 6766/79 que delega aos municípios autonomia para evitar a ocupação das áreas de risco.
Diz, contudo, que não pretende polemizar com os prefeitos e considera que a negociação para remoção das famílias vai ser "longa e complexa". Sugere que as partes envolvidas encontrem mecanismos para resolver o problema. Em nenhum momento falou em indenização das famílias.
Só na área Cota 95, mais de 30 casas estão dispostas ao longo de dois quilômetros em cima ou a menos de 15 metros dos dutos.
Estima-se que na Cota 95 vivam cerca de 800 pessoas. A rua por onde passam os dutos não tem nome: é chamada pelos moradores como "Faixa de Oleoduto".
Na área Cota 95 crianças brincavam com fogo, perto das tubulações bem embaixo das placas que alertam para a proibição de construções.

Fontes : Folha de São Paulo - São Paulo, domingo, 25 de março de 1984, Gazeta Mercantil-Cubatão, 12 de Julho de 2002, e relato do jornalista Guilherme Barros

Comentário:
Nos países em que predomina como fonte energética produtos inflamáveis (gás, óleo) os acidentes ocorrem quase todos os anos, provocando tragédias (mortes, contaminação, evacuação de população,etc).
As autoridades envolvidas com a defesa civil não estão preparadas para atuar numa emergência de desastre de grandes proporções, devido:
■ Falta de um mapa de riscos atualizado das linhas de tubulações que passam pelo Estado, que transportam produtos perigosos,
■ Número insuficiente de hospitais especializados em queimaduras em locais estratégico (os hospitais devem ter um plano de emergência para atuar nesse tipo de desastre, pois poderá receber inúmeras vítimas simultaneamente). Os hospitais deverão ser classificados para receberem as vítimas conforme a gravidade, a fim de evitar que um paciente com ferimentos leves seja enviado para um hospital especializado.
■ Número insuficiente de equipes de resgate com paramédicos para primeiros socorros.
■ O mais importante à falta de um plano de emergência para desastre em geral (elaboração, preparação e treinamento), envolvendo as autoridades responsáveis e comunidades

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quinta-feira, novembro 12, 2009

Prevenção de Incêndios envolvendo Líquidos Inflamáveis

Líquidos inflamáveis servem a várias finalidades, mas também representam sérios riscos de incêndio. Quando inflamados, podem gerar fogo intenso que se alastra com rapidez, tornando‑se, quase sempre, incontrolável. No entanto, com certas precauções, muitos incêndios envolvendo líquidos inflamáveis podem ser evitados.

Com manuseio e estocagem de líquidos inflamáveis em ambiente seguro, a sua empresa pode:
· reduzir perdas de patrimônio
· evitar interrupções onerosas nos negócios
· ajudar a manter a participação no mercado e conservar funcionários experientes
· evitar o risco de ter que se submeter a novas normas de construção que, em alguns casos, podem tornar os custos de reconstrução proibitivos ou exagerados
· motivar o funcionário, delegando maior responsabilidade e autoridade

O Desafio
A maioria dos líquidos inflamáveis ou melhor, de seus vapores é facilmente inflamado mesmo por fontes fracas de ignição, como a eletricidade estática. Os líquidos inflamáveis queimam rápido, liberando muito calor, o que explica o seu potencial explosivo. Seus vapores agem também como fluidos; em geral, são mais pesados do que o ar e podem ficar ao nível ou próximo ao nível do solo. Se inflamados, as chamas irromperão diretamente de volta à fonte de liberação.
Os elementos de prevenção de perdas destinados à contenção de líquidos e vapores para evitar que fontes de ignição causem incêndios podem ajudar a minimizar os riscos dos líquidos inflamáveis.

Como iniciar um programa
A fim de obter o melhor aproveitamento em termos de custo-benefício da proteção de sua empresa, você deve avaliar o papel da prevenção envolvendo líquidos inflamáveis na estratégia global de gerenciamento de riscos de sua empresa.
Primeiro, você terá de assegurar boas condições básicas para os líquidos inflamáveis, as quais incluem a aplicação de métodos elementares de proteção, como ventilação, drenos e diques.
Dependendo da natureza de suas operações e do nível das outras medidas de prevenção e controle que sua empresa possa ter, como proteção por sprinklers automáticos, você pode escolher trabalhar em um nível de prevenção mais alto e dirigido.
A sua empresa encontrará seu nicho em algum lugar entre o nível básico, de proteção localizada, e o nível dirigido, que demanda mais envolvimento e colaboração. Embora possa não ser necessário em todos os tipos de empresas, o nível dirigido certamente diminuirá o número de perdas.
Relacionamos de forma resumida os elementos­-chaves para prevenção de perdas envolvendo líquidos inflamáveis.

Líquidos inflamáveis

1.0) Elementos Básicos
De uma forma geral, utilize controles físicos passivos apropriados, forneça treinamento em procedimentos e estimule a consciência do manuseio seguro com procedimentos rigoroso de fiscalização.

1.1) Controles físicos passivos dos recipientes metálicos constituindo de:
· recipientes de segurança,
· barras de aterramento,
· válvulas de segurança,
· bandejas com areia, para controlar respingos ou pequenos vazamentos durante a manipulação de recipientes

Você deve avaliar a sua empresa no tocante a estocagem, descarte, bombeamento, processamento, etc. de líquidos inflamáveis. Esses controles passivos de prevenção de perdas eliminam ou reduzem fontes comuns de ignição e limitam combustíveis que favoreçam incêndios.

Foto: A seta preta - indica bomba de segurança
A seta azul - funil apropriado para manuseio de líquidos inflamáveis. Toda transferência de líquidos o conjunto deverá ser aterrado

1.2) Controle físicos passivos da área de armazenagem ou de manipulação
Os líquidos inflamáveis podem se esparramar com rapidez por uma área muito grande. Se não forem contidos por barreiras ou diques (projetados para conter os maiores transborda­mentos previsíveis), podem alcançar rapidamente áreas vizinhas que abrigam materiais inflamáveis e provocar um incêndio incontrolável.
Os líquidos inflamáveis e seus vapores devem ser confina­dos em equipamentos fechados e canalizados, de forma a evitar contato com o ar e com quaisquer fontes de ignição. O confinamento deve:
· impedir o escape do liquido e de seus vapores
· possibilitar fechamentos e drenagem rápidos na eventualidade de um escape acidental
· limitar a área pela qual o liquido liberado possa se espalhar


Foto:A seta preta - indica válvula de segurança (alívio)
A seta amarela - indica aterramento entre o tambor e o vasilhame de segurança

Portanto o controle deve consistir;

Tanques armazenados ao ar livre
· construção de dique e sistema de drenagem
· construção e assentamento em local isolado

Tambores ou bombonas e outros tipos de recipientes
· construção de edifícios em alvenaria, com sistema de ventilação natural ou mecânica, com instalação elétrica a prova de explosão
· construção em local isolado
· construção de drenos, com caixas de recepção suficiente para contenção do maior vazamento possível.

1.3) Todos os empregados envolvidos recebem treinamento básico em riscos de líquidos inflamáveis e procedimentos de manuseio seguro
Todos os empregados que manipulam ou estão envolvidos com líquidos inflamáveis, devem receber treinamento básico em riscos de líquidos inflamáveis. Em geral os incêndios por derramamento ou vazamento são resultantes de erro humano no manuseio de recipientes (tambores ou bombonas) de estocagem e/ou na transferência de líquidos inflamáveis para pequenos recipientes com controles passivos inadequados (utilização de mangueiras, inclinação dos tambores, adaptação de torneiras, falta de aterramento, etc).

Foto: Contêiner de segurança para transporte de líquidos inflamáveis
1.4) Programa de resposta adequada para vazamentos, incluindo um plano de resposta para escapes razoavelmente previsíveis, com a providência de qualquer equipamento necessário
Designe um responsável (supervisor) treinado no manuseio de líquidos inflamáveis. As operações devem ser avaliadas para escapes previsíveis e possíveis fontes de ignição.
Um programa de resposta para vazamentos deve então ser elaborado com a definição das etapas de ação. Essas etapas podem incluir:
· eliminação imediata de toda fonte de ignição (por exemplo: equipamento elétrico, maquinário, empilhadeiras)
· medidas temporárias para limitar a área de vazamento (exemplo: uso de rodos ou outros meios físicos para restringir o espalha­mento de líquidos)
· limitar o acesso não-autorizado à área de vazamento
O treinamento regular dos membros indica­dos da equipe de resposta para escapes é crucial para o seu sucesso.

1.5) Ventilação
Os vapores não devem acumular-se em áreas de trabalho a ponto de favorecer um incêndio ou uma explosão. Providencie ventilação mecânica natural ou artificial em áreas confinadas que envolvam líquidos inflamáveis a fim de eliminar concentrações de vapores inflamáveis.
Uma regra pratica para ventilação em operações com líquidos inflamáveis consiste em prover ventilação mecânica contínua de 0,3 m3 de ar por minuto para cada m2 de piso onde haja líquidos inflamáveis com pontos de fulgor iguais ou inferiores a 43o C, ou com pontos de fulgor inferiores a 149o C sendo os líquidos aquecidos acima de seus pontos de fulgor.

1.6) Equipamentos elétricos adequados
O uso de equipamentos elétricos adequados, como empilhadeiras e instalações elétricas à prova de explosão, reduz as fontes de ignição. Use somente equipamentos que correspondam ao nível de risco de suas operações com líquidos inflamáveis.

1.7) Fiscalização rigorosa dos procedimentos de manuseio seguro
A empresa deve estabelecer e fiscalizar procedimento de manuseio seguro. A empresa deve incentivar os funcionários que manipulam líquidos inflamáveis a efetuarem medidas corretivas quando necessárias, para que eles possam perceber a importância das medidas de segurança para manuseio e operação de líquidos inflamáveis.
Essa atitude deixará clara a todos os envolvidos o impacto que possa ter um incêndio por líquidos inflamáveis.

2.0) Elementos dirigidos
Além dos elementos básicos, estabeleça uma política formal que inclua o envolvimento da gerencia, responsabilidade por follow-up documentado e por ações corretivas imediatas e respostas para escapes conforme programa correspondente. Encoraje a participação dos funcionários.

2.1) A política formal exige segurança no uso e manuseio de líquidos inflamáveis
Elabore o documento da política da corporação, com o apoio da gerência: a política destaca a importância do programa de prevenção e controle e estabelece consistência nos procedimentos de toda a empresa, com finalidade:
■ uniformizar a operação e manipulação de líquidos inflamáveis
■ usar os controles passivos necessários
■ e finalmente possuir um plano de emergência para ser acionado em caso de vazamento.
Em geral, a política formal da corporação concorre para a criação de programas formais de treinamento, manuais e procedimentos administrativos. Essas políticas costumam autorizar os funcionários a efetuarem prontamente ações corretivas de emergência. Elas encarregam os administradores de identificarem pontos fracos e implementarem melhorias contínuas.

2.2) Devem ser selecionados supervisores de departamentos ou representantes de áreas para realizarem o treinamento de empregados em tarefas específicas a cada local de trabalho
Programas formais de treinamento, regular­mente reavaliados, devem ser implementados e apoiados pela gerencia.

2.3) Cada um dos gerentes da instalação e os supervisores designados compreendem integralmente e são capazes de explicar as exigências do programa de comunicações de riscos da companhia e, também, de aplicá‑los na instalação
Grande parte dos regulamentos sobre o meio ambiente relacionados à liberação de resíduos químicos e tóxicos causa impacto direto na maneira pela qual a indústria trabalha com líquidos inflamáveis. Compreender essas exigências lhe ajudará a estabelecer critérios de proteção e prevenção em suas operações com líquidos inflamáveis. Para determinar quais delas dizem respeito a sua empresa, consulte as autoridades governamentais locais.

2.4) Um plano de respostas de emergência testado e aprovado para eliminar escapes e vazamentos contém procedimentos de follow‑up e revisão para a implementação de ações corretivas
Este elemento assemelha-se ao quarto elemento básico (1.4), apresentando, ainda, um sistema apoiado pela gerência para necessidades pontuais de auditoria e ações corretivas.

2.5) Apoio e participação de funcionários em procedimentos seguros de manuseio
Obtenha comprometimento com a prevenção de perdas de todos os empregados que trabalham direta ou indiretamente com líquidos inflamáveis. Incentive esse comprometimento com treinamentos regulares, reconhecimento de empregados, feedback e delegação de poder para fiscalizar as práticas seguras e a política da companhia.

Roteiro para análise inicial
Na análise de suas insta1ações use o questionário a seguir para avaliar a sua situação e para ajudá-lo a decidir quais mudanças são necessárias.

Elementos Básicos
1-Controles físicos passivos (recipientes de segurança, barras de aterramento, válvulas de segurança, travas, válvulas de fechamento, interruptores, isolamento)
2-Drenos e diques
3-Treinamento em riscos e manuseio seguro para os empregados envolvidos
4-Resposta de emergência adequada para vazamentos relativamente previsíveis
5-Ventilação
6-Equipamentos elétricos adequados
7-Fiscalização rigorosa dos procedimentos de manuseio seguro

Elementos Dirigidos
Todos os elementos básicos mais:

1-A política formal exige segurança no uso e manuseio de líquidos inflamáveis
2-Os gerentes selecionam supervisores ou representantes para treinarem empregados em tarefas especificas ao local
3-Gerentes/supervisores designados compreendem e são capazes de explicar e aplicar as exigências do programa de comunicações de riscos da empresa
4- Plano de resposta de emergência para escapes testado e aprovado inclui follow-up/revisão para ações corretivas
5- Apoio e participação constatados de funcionários em procedimentos seguros de manuseio

Elementos Adicionais
Detalhe que elementos adicionais, dirigidos as suas necessidades específicas de seu programa deve conter.

Fonte: FM Global
Referências bibliográficas para pesquisa:
Data Sheets FM - os Data Sheets 7-29, Flammable Liquids in Drums and Smaller Containers; 7-32, Flammable Liquid Pumping and Piping Systems; 7-36, Flammable Liquid Mixing Operations e 7-88 Storage Tanks for Flammable Liquids.)
Data Sheet FME&R 5-1, Electrical Equipment in Hazardous Loca­tions, descreve locais e equipamentos necessários, referindo-se a códigos nacionais, como o National Electrical Code (NEC).

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quarta-feira, março 19, 2008

Lembrança - Incêndio na Ilha Barnabé leva medo a moradores de Santos


Um incêndio na empresa Brasterminais, localizada na Ilha Barnabé, na margem esquerda do Porto de Santos, provocou no início da tarde de quinta-feira, 3 de setembro de 1998, muita apreensão na área central da cidade. O acidente ocorreu no momento em que um caminhão descarregava produtos químicos diretamente no tanque, fora da plataforma construída para essa finalidade.
As labaredas chegaram a atingir o canal do estuário, obrigando a Capitania dos Portos a impedir o tráfego marítimo naquela região. Além da nuvem de fumaça provocada pelo incêndio, o fogo também podia ser avistado mesmo do outro lado do canal, em Santos. Do meio do estuário, a visão ainda era mais assustadora. O acidente foi considerado gravíssimo pela Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).

Rápida intervenção – Plano Integrado de Emergência (PIE)
Não fosse a rápida ação do Corpo de Bombeiros, que atuou com as indústrias que integram o Plano Integrado de Emergência, as conseqüências do incêndio seriam piores.
Foram usados 100 mil litros de água e 5 mil litros de extrato de espuma, para impedir que o fogo atingisse um dos tanques de diciclopentadieno, um solvente usado na fabricação de tintas, que vazou durante a transferência para o tanque.
Segundo informou o coronel Marco Antonio Moyses, comandante do 6º Grupamento de Incêndios de Santos, que coordenou a operação de combate ao fogo, a preocupação maior era com o resfriamento dos tanques. "Os danos poderiam ter provocado um efeito dominó, tendo em vista a proximidade dos tanques", alertou. O incêndio, que começou por volta das 12h30, só foi controlado às 14 horas. Mais de 100 homens trabalharam no combate ao incêndio

Sistema de segurança dos tanques
O sistema de resfriamento foram acionados automaticamente. O risco de explosão desses compartimentos foi descartado pelo Corpo de Bombeiros, ainda que toda a camada que reveste os tanques, para protegê-los contra incêndio, tenha sido queimada pelas chamas.

Vítimas – não houve

Danos Materiais
Segundo o engenheiro de Segurança da Brasterminais, a empresa mantém seis casas de bombas no local. Com a explosão, um segundo compartimento também foi atingido, mas não provocou maiores estragos. Dois tanques foram atingidos pelo fogo.

Dano ambiental
A substância em combustão atingiu o mangue, provocando a queima de cerca de 300 m2 de vegetação e em decorrência do combate ao incêndio, água residual contaminada atingiu o Estuário de Santos, através do sistema de drenagem do terminal.

Multa
O gerente regional da Cetesb, Sérgio Pompéia, revelou que, independentemente de qualquer avaliação técnica, a empresa deverá ser multada. "Como é a primeira vez que ocorre um acidente na Brasterminais, a multa deverá oscilar entre R$ 40 a R$ 80 mil", antecipou.

Causa
O incêndio foi provocado por um vazamento na casa de bombas instalada ao lado de 66 tanques, todos com líquidos inflamáveis, na área da empresa Brasterminais.

Brasterminais
Uma média diária de 50 a 60 caminhões operam no transporte de produtos na Brasterminais.

Seguro
A empresa aguardará relatório oficial do Corpo de Bombeiros para acionar a seguradora.

Acidente
O último acidente na Ilha Barnabé ocorreu em 1991, quando um raio atingiu um dos tanques de armazenagem da Granel Química, vizinha à Brasterminais. Por causa disso, foi idealizado o Plano Integrado de Emergência.

Ilha Barnabé
No trecho onde ocorreu o acidente estão estocados cerca de 41 mil m³ desses produtos. Há ainda outros 77 tanques gerenciados pela empresa Granel e outros cinco, da Midwesco.
Na ilha, onde se concentra o maior volume de produtos químicos do País, estão depositados mais de 170 milhões de litros desses componentes.

Fonte: O Estado de S. Paulo - 4 de setembro de 1998, A Tribuna de Santos, e Cetesb

Acidentes na Ilha


■ O primeiro grande acidente na Ilha do Barnabé, ou simplesmente Ilha Barnabé, como ficou conhecida popularmente, aconteceu em 24 de janeiro de 1951. O petroleiro Cerro Gordo, que descarregava óleo diesel, petróleo bruto, querosene e gasolina de aviação, pegou fogo a poucos metros da ilha. O navio, que era cinzento e ficou totalmente vermelho devido às chamas, foi levado ao largo para domínio do fogo, enquanto a população temia que o combustível vazado no estuário pudesse causar incêndio nos tanques da ilha.



Foto: petroleiro Guaporé


Em 2 de setembro de 1969, outro petroleiro, o Guaporé, incêndiou-se e obrigou a equipe de segurança da ilha a trabalhar rápido no resfriamento dos tanques de estocagem.
■ Em 29 de julho de 1974, novo acidente causou a morte de um operário e ferimentos em outros, durante uma explosão mecânica na própria ilha. Cerca de 3.150 mil litros de tolueno foram despejados no mar.








Foto: queda de raio


■ Em 10 de outubro de 1991, dois tanques da Granel Química, com acetato de vinila e acrilonitrila, se incendiaram na Ilha Barnabé, causando grande apreensão em toda a Baixada Santista. O fogo começou minutos depois das 6 horas, quando um tanque com acetato foi atingido por um raio. Não houve vítimas.



Origem da Ilha
O capitão-mór Braz Cubas transformou a Ilha Pequena, que recebera de Martim Afonso de Souza, em uma fazenda produtiva, plantando ali a cana-de-açúcar, trigo, milho e criando gado, em meados do século XVI. A ilha passou a chamar-se Ilha de Braz Cubas, mais tarde Ilha dos Porcos, dos Padres (por ter pertencido aos jesuítas), até que o santista Francisco Vaz Carvalhaes, que possuía o título de Comendador Barnabé, registrou a ilha que acabou levando o seu nome: Ilha Barnabé e cujo solar em ruínas ainda existe em seu ponto mais alto - e no qual havia intensa movimentação social, com festas memoráveis que ele ali fornecia.
Em seu testamento, de 1892, além de outras posses, Carvalhaes legou parte das suas propriedades à Câmara Municipal de Santos (incluindo a Ilha do Barnabé), uma vez que a Prefeitura só surgiria em 1908. Três anos depois, em 17 de fevereiro de 1911, a Municipalidade permitiu que o Clube de Regatas Vasco da Gama utilizasse uma parte da área da ilha. Posteriormente, os terrenos foram permutados com a empresa Guinle & Irmãos, que se tornaria a Companhia Docas de Santos, hoje Codesp.
As poucas habitações da ilha foram desaparecendo no final da década de 20, quando a Companhia Docas começou a instalar o terminal de combustíveis, inaugurado em 26 de janeiro de 1930.

Comentário:
A Ecotoxicidade da água residual de incêndio;
Nas situações onde os incêndios em instalações químicas, depósitos, ou grandes instalações comerciais são combatidos, os perigos e os riscos ao ecossistema são muito maiores, tais como;
■ Sandoz Chemical Company - Basle, Suíça, 1 de novembro de 1986, incêndio no depósito de produtos químicos (pesticidas, herbicidas, etc.). Água contaminada do incêndio escoou para os córregos que desembocam no rio Reno. Houve desastre ambiental.
■ Allied Colloids Chemical Company, South Bradford, Reino Unido, em 21 de Julho de 1992, que fabrica uma variedade de produtos químicos utilizados em tratamento de água, em indústria de papel, têxtil, pintura e agrotóxico. O depósito principal localizado numa elevação, rompeu um incêndio devido ao armazenamento de produtos oxidantes. Foram utilizados 16 milhões de litros de água para combater o incêndio. A água utilizada no incêndio reagiu com materiais estocados no depósito, formando polímeros viscosos. Esse polímero bloqueou o sistema de drenagem do local e a água contaminada fluiu para rio próximo. O efeito ecológico foi catastrófico, numa distância de 30 km.
■ Plastimet Inc. Hamilton, Ontário, Canadá, 12 de setembro de 1997 - Empresa de reciclagem, tinha cerca de 400 t de PVC sólido. Um incêndio começou propagando-se no material estocado. A queima do PVC liberou uma série de substâncias altamente tóxicas, tais como, dioxinas, PCB, acido clorídrico, benzeno. O incêndio queimou durante três dias. No terceiro dia, houve a evacuação de 650 moradores da vizinhança. No início o incêndio foi considerado como um incêndio normal, sem a preocupação com meio ambiente e contaminação. Os bombeiros foram expostos a essas substâncias tóxicas, sem equipamentos adequados (quando o suprimento de ar esgotou, trabalharam sem máscaras). Os moradores queixaram-se de irritação na garganta, olhos, respiração. Nas semanas seguintes, após o incêndio, centenas de bombeiros queixaram-se de problemas nos olhos e respiratório, erupção cutânea, e problemas gastrintestinais. Após o incêndio o meio ambiente foi contaminado por benzeno, etilbenzeno, xileno, tolueno e metais tais como; alumínio, cádmio, cromo, cobre, ferro, chumbo, molibdênio, níquel, prata, vanádio e zinco.
Como demonstraram nesses incidentes, que exigem gerenciamento e planejamento cuidadosos.

Em primeiro lugar, é vital executar a identificação e a priorização dos respectivos perigos. A identificação e a priorização dos perigos de água residual de incêndio incluem três componentes:
■ o tipo e a quantidade dos produtos químicos armazenados ou no uso na instalação ,
■ na proximidade de áreas humanas, e
■ na proximidade de ecossistemas sensíveis.

É importante a avaliação do ecossistema da vizinhança para instalações de depósitos ou que usam volumes elevados de substâncias perigosas ecologicamente, especificamente, nas proximidades de canais, costa litorânea , devido a risco de incêndio químico. Algumas instalações podem armazenar ou usar volumes elevados de produtos químicos perigosos distantes dos locais ecologicamente sensíveis. Fonte: The Ecotoxicity of Fire-Water Runoff - New Zealand Fire Service Commission

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