TRAGÉDIA EM PETRÓPOLIS
PANORAMA DA REGIÃO: Petrópolis
é um município localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do
Rio de Janeiro, no Brasil, também conhecido como Cidade Imperial. Ocupa uma
área de 795,798 km², sua população é de
306.678 (ano 2020) habitantes segundo a
estimativa do IBGE. Obs: Em 1902 a cidade tinha 29.000 habitantes
GEOGRAFIA: Petrópolis situa-se a 68 km do Rio de Janeiro. A área central urbana de Petrópolis localiza-se no topo da Serra da Estrela, pertencente ao conjunto montanhoso da Serra dos Órgãos, subsetor da Serra do Mar. O município de Petrópolis apresenta relevo extremamente acidentado, com ocorrência de grandes desníveis. A partir do distrito de Itaipava o relevo vai diminuindo sua altitude.
O ambiente serrano, quase
sempre úmido, permitiu que a vegetação local fosse caracterizada como sendo
floresta de Mata Atlântica. Atualmente, tem havido a diminuição da vegetação
remanescentes, e ainda o seu isolamento em “ilhas”, ocorrendo até mesmo o risco
de extinção dessa vegetação natural.
CLIMA: O clima é o tropical
de altitude, com verões úmidos e quentes e invernos secos e relativamente
frios. O alto relevo, formado por montanhas de grandes altitudes, tem grande
influência no clima do município. Dessa forma, massas de ar quente-úmidas são
bloqueadas, concentradas e obrigadas a subir a grandes altitudes (maiores que
2000m). Neste momento, o contato dessas massas de ar com o ar frio dessas
altitudes, ocasionam o desencadeamento das chuvas e tempestades constantes sobre
a Serra do Mar. Essas chuvas, no período dos meses de verão, são muito
concentradas e catastróficas em Petrópolis.
CENÁRIO: A pluviosidade
significativa ao longo de todo o ano, com uma média anual de 1929 mm, associada
ao relevo e à presença de rios cortando a região são fatores indicativos da
ocorrência de inundações e deslizamentos.
Com o crescimento da
população e a consequente necessidade de expansão da área urbana do núcleo da
cidade, observa-se que ocorre uma intensa ocupação das denominadas “áreas mais
problemáticas do que as planejadas pelo Major Köeler (grande parte do traçado
do Centro Histórico, ou núcleo fundacional, foi planejado por Major Köeler em
1846 e é preservado até os dias atuais.). As áreas do topo de morros e do fundo
de vales acabam sendo ocupadas, resultando em um maior desmatamento e trazendo,
como consequência, dentre outras, o aumento dos processos de assoreamento dos
rios da região. Estes dois fatores têm implicação direta no transbordamento de
rios com inundações e risco para os habitantes ribeirinhos e, provocam ainda,
um aumento dos deslizamentos de massa de morros da cidade, ocasionando o
soterramento de regiões, algumas habitadas.
Observou-se que a expansão do
restante da cidade, provocou a redução das áreas de vegetação, não
restringindo-se, apenas aos vales ou em áreas propícias à construção. A
ocupação dos morros ocorreu em, praticamente, toda a cidade, intensificando o
desmatamento e a ocupação das margens dos rios, expondo os moradores a riscos
frequentes. Com essa expansão territorial, alguns rios foram canalizados e, outros,
mesmo que em seus cursos originais, foram afetados pela poluição. Fonte: Evolução
urbana do centro histórico de Petrópolis, Revista de Morfologia Urbana
TEMPESTADE: No dia 15 de
fevereiro de 2022, uma tempestade inesperada fez cair três horas seguidas de
chuvas. De acordo com o Cemaden, foram registrados 259,8 milímetros de chuva
durante o dia todo, sendo 250 mm foram apenas entre 16h20 e 19h20. A média
climatológica para fevereiro na cidade é de 185 milímetros. Foi a maior
tempestade da história de Petrópolis, desde que se iniciaram as medições, em
1932. O recorde anterior havia ocorrido no dia 20 de agosto de 1952, quando
choveu 168,2 mm em 24 horas.
FORMAÇÃO DO DESASTRE: Precipitação elevada, topografia acidentada que potencializa a chuva, falta de cobertura vegetal, ocupação desordenada da encosta, impermeabilização excessiva da cidade, as condições são ótimas para que o volume de chuva seja excessiva, com velocidade, com deslizamento/aluimento de terra e pedra.
De acordo com o professor da
Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
especialista em drenagem urbana Matheus Martins, a topografia da cidade é
propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e
é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanhas, afluente do Paraíba do
Sul.
Quando chove com mais
intensidade, a água desce rápido das encostas, atinge o rio com velocidade,
desce o rio com mais velocidade e, quando chega próximo ao centro de
Petrópolis, a declividade do rio diminui um pouco e a cheia acaba transbordando
para as margens. Isso acontece mais ou menos frequentemente em Petrópolis
VÍTIMAS: Inicialmente a Defesa
Civil confirma 78 mortas e 21 pessoas resgatadas, e também temos 372 pessoas
desabrigadas ou desalojadas. São 89 áreas atingidas, com 26 deslizamentos. Mais
de 180 moradores de áreas de risco estão sendo acolhidos", atualizou.
No mesmo dia, a unidade do
Corpo de Bombeiros Militar na cidade já havia identificado pelo menos 18 mortos
por causa dos eventos, número que aumentou para 94 no dia seguinte e para 181
no sétimo dia de buscas.
Em 18/02, o número de mortos
em Petrópolis, na região serrana fluminense, subiu para 123, segundo dados
divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro.
Em 22/02, segundo dados
divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, já são 183 os mortos
confirmados; 111 mulheres, 32 crianças e 40 homens.
Em 24/02, segundo dados
divulgados; 208 mortos, sendo: 124 são mulheres, 84 homens. Do total, 40 são
menores de idade. Até o momento, 191 foram identificados e 181 já foram liberados para os procedimentos funerários.
Em 28/02, segundo dados
divulgados; pelo menos 229 mortos, sendo ; 136 mulheres, 50 homens e 43
menores. Segundo a Polícia Civil, os peritos ainda atuam na análise de DNA de
despojos recuperados nas áreas afetadas.
DESABRIGADOS: A cidade já
contabiliza 875 desabrigados, acolhidos em 13 escolas públicas sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social.
DESAPARECIDOS: Até o momento,
há registro de 69 desaparecidos comunicados à Delegacia de Descoberta de
Paradeiros (DDPA).
Em 28/02; Ao menos 20 pessoas
ainda estão desaparecidas, segundo o portal de desaparecidos da Polícia Civil
AUXILIO DE EMERGÊNCIA: O prefeito da cidade anunciou um acordo com o governador do estado, para a garantia de um aluguel social no valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. O intuito do benefício é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas temporariamente.
ATENDIMENTO HOSPITALAR: A
Marinha terminou de montar no domingo (20) um hospital de campanha no Sesi
Petrópolis, na Rua Bingen. A unidade funciona das 8h às 18h, com 12 leitos de
enfermaria e cinco estações de atendimento ambulatorial, aberto a pessoas que
precisem de atendimento de baixa complexidade.
De acordo com o diretor do
Centro de Medicina Operativa da Marinha, a unidade vai apoiar os hospitais da
cidade. “Estamos aqui para apoiar a estrutura de saúde local, realizando atendimentos
clínicos, laboratoriais, odontológicos, pediátricos, ortopédicos e pequenos
procedimentos. Assim, deixamos os atendimentos de maior complexidade para os
hospitais previamente estabelecidos”.
MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS: Cerca
de 400 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos. A Polícia Civil do RJ
também montou uma força-tarefa na cidade. São cerca de 200 policiais, peritos
legistas e criminais, papiloscopistas, técnicos e auxiliares de necropsia,
servidores de cartório e de diversas delegacias da Região Serrana.
As Forças Armadas
disponibilizaram 5 caminhões, uma ambulância e colocou todo o efetivo do
Exército à disposição da cidade. A Polícia Rodoviária Federal participa das
operações com 34 agentes, 8 viaturas, uma aeronave, uma retroescavadeira, um
caminhão caçamba e um prancha, uma ambulância e drones.
Para reforçar os trabalhos, mais de 150
militares de 15 estados e do Distrito Federal estão se somando ao contingente
de mais de 500 da corporação fluminense
O apoio da Marinha à tragédia
de Petrópolis começou na madrugada do dia 16, na desobstrução das vias com
motosserras. Caminhões, retroescavadeiras e material para a instalação do
hospital de campanha chegaram na manhã do dia 17.
O efetivo da força na cidade
é de 60 viaturas e 300 militares, entre fuzileiros navais, médicos, enfermeiros
e farmacêuticos.
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA: A
Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (SES) enviou ontem quatro motolâncias do
grupamento de motociclistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)
da capital para atuar nas ações de socorro em locais de difícil acesso em
Petrópolis.
Segundo o governo do estado,
os agentes atendem a demanda espontânea da população e alcançam locais onde
outros veículos ainda não conseguem chegar, por causa da dificuldade de
mobilidade e obstrução das vias após os deslizamentos de terra.
DECRETO DE CALAMIDADE
PÚBLICA: A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as
equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas. Quem
tiver parentes desaparecidos deve procurar a delegacia.
CIDADE SOB A LAMA: Na quarta-feira (16/02), era possível ver o
tamanho da devastação — embora, em muitos locais, fosse difícil distinguir o
que era casa, o que era terra ou o que era rua.
Morros vieram abaixo, carregando
pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da
correnteza; vias importantes foram bloqueadas, dificultando o acesso aos
desabrigados.
O Alto da Serra foi uma das
localidades mais devastadas. A prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram
atingidas pela barreira que caiu no Morro da Oficina. Outras regiões também foram
atingidas, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila
Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.
Corpos também foram
encontrados no Centro da cidade depois que o nível do rio desceu.
A situação é quase que de
guerra. Carros pendurados em postes. Carros virados de cabeça para baixo. Muita
lama e muita água ainda.
IMPACTOS ECONÔMICOS: Uma
pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Análises da Fecomércio e
divulgada em 17 de fevereiro, mostrou que as fortes chuvas provocaram um
prejuízo de mais de 78 milhões de reais no setor de bens, serviços e turismo do
município.
Em 21 de fevereiro, a
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou os
resultados de uma pesquisa sobre o impacto financeiro da tragédia. A perda estimada
foi de 665 milhões de reais, o equivalente a 2% do PIB do município. Segundo o
presidente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, as perdas superam 1
bilhão de reais, se incluídos os gastos com a reconstrução. Ainda segundo a
instituição, as chuvas afetaram 65% das empresas da cidade, sendo que 85% ainda
não haviam retomado as atividades.
LIMPEZA: A prefeitura de
Petrópolis realiza na segunda-feira, 28/02, megaoperação para limpeza das ruas,
com o apoio das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Serão mais de dois mil
homens e mulheres atuando em diversos pontos da cidade, além de máquinas e
caminhões, na primeira ação da Frente Nacional dos Prefeitos.
A Companhia de Limpeza Urbana
da capital (Comlurb) enviou 15 caminhões basculantes de grande porte, dois
menores, sete pás mecânicas e quatro caminhões pipa, além de duas vans
equipadas com moto bomba e itens para remoção de galhos, caminhão de apoio e
cinco vans de poda de árvore, com 50 motosserras.
No domingo, 20/02, o trabalho
de limpeza contou com mais de mil pessoas, concentradas nas ruas do Centro
Histórico, Bingen, Coronel Veiga e Washington Luiz. As equipes atuam também em
regiões como Centro, Quitandinha, Alto da Serra, Chácara Flora e Corrêas. De
acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, metade das cerca de 20 vias
fundamentais para a mobilidade urbana do município atingidas após as chuvas já
foram desobstruídas.
RETORNO AS ATIVIDADES
As empresas de ônibus de
Petrópolis estão restabelecendo gradualmente a operação das linhas. No sábado, 19/02, os ônibus permaneceram operando com redução
de horários e de frota.
A prefeitura de Petrópolis
pede que os moradores evitem sair de casa, para agilizar as ações de limpeza
com menos pessoas circulando pela cidade.
BUSCAS ENCERRADAS
Os trabalhos de buscas
continuam no bairro Chácara Flora, onde há registro de duas pessoas desaparecidas.
Já as buscas no Morro da Oficina foram encerradas no domingo, 27/02. O Corpo de Bombeiros informou que já
encontrou todas as pessoas dadas como desaparecidas na localidade. Agora, além
do trabalho na Chácara Flora, também há varredura pelos rios da cidade, onde
três vítimas estão desaparecidas.
Um grupo com 5 condutores e 5
cães chegaram da Argentina para auxiliar no trabalho. Ao todo, 58 cães
farejadores atuaram na cidade.
POR QUE CHOVEU TANTO EM
PETRÓPOLIS? FRENTE FRIA, UMIDADE E RELEVO EXPLICAM
A chegada de uma frente fria
junto com um corredor de umidade, e ar abafado, são dois fatores que explicam
as fortes chuvas que atingiram ontem Petrópolis, na região serrana do Rio de
Janeiro.
"Ela está relacionada
com a chegada da frente fria até o litoral do Rio de Janeiro. É uma frente fria
que passou pela costa de São Paulo bem rápido, mas, no Rio de Janeiro, ela
conseguiu levar um pouco mais de chuva", diz Carine Gama, meteorologista
da Climatempo. "Além disso, o ar, no interior do Brasil, estava bem
abafado. A gente tinha um corredor de umidade voltado para o Sudeste
brasileiro."
Carine Gama cita um outro
motivo fator que influenciou no cenário: a orografia, que é o relevo
acidentado, como acontece na região de Petrópolis. "Áreas de montanha têm
condição para formação de nuvens de chuva forte de forma mais fácil porque o ar
sobe por um lado e sai do outro."
A previsão do tempo indicava
a chance de chuvas severas na região serrana, mas não há ferramenta, segundo as
meteorologistas, que indiquem um volume tão intenso em um espaço tão curto de
tempo.
Nenhum modelo meteorológico
vai indicar 200 milímetros de chuva em três horas. Infelizmente, a gente não
tem essa ferramenta em mãos"
Carine Gama, meteorologista
da Climatempo
"O que a gente pode ver
é monitorar o deslocamento, mas quando o radar mostra já é praticamente a nuvem
já formada, precipitando", diz Marlene Leal, meteorologista do Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia).
Na terça, Petrópolis
registrou em apenas três horas uma quantidade de chuva maior do que a média
esperada para todo o mês de fevereiro. Ao menos 94 pessoas morreram no
município.
Segundo o Cemadem (Centro
Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), foram registrados
250 milímetros de chuva em três horas em 15/02, em Petrópolis. No total das 24
horas de 15 de fevereiro, foram 260 milímetros.
"A média climatológica
para o mês de fevereiro de Petrópolis é de 185 milímetros", diz Gama.
"Esse volume foi maior do que toda a chuva prevista para o mês. Choveu
fevereiro inteiro mais um terço de fevereiro."
Além da intensidade, outro
fator é destacado por meteorologistas: a chuva foi concentrada em áreas de
Petrópolis, o que pode ter evitado uma tragédia maior.
Foi uma nuvem de chuva
totalmente localizada que provocou essa chuva extremamente excepcional. Não foi
na cidade inteira, em toda a região serrana. Foi uma chuva totalmente pontual,
totalmente localizada, Carine Gama, meteorologista da Climatempo
PETRÓPOLIS: UM MÊS APÓS
TRAGÉDIA
Ao completar um mês da
tragédia que tirou a vida de 233 pessoas e deixou quatro desaparecidos em
Petrópolis, alguns problemas seguem sem solução. O maior deles é onde acomodar
as centenas de pessoas que perderam suas casas ou tiveram que sair do imóvel,
com risco de desabamento.
Segundo o último balanço da
prefeitura, são 685 pessoas em abrigos, a maioria em igrejas e escolas. Outras
estão provisoriamente em casas de parentes. A maioria espera a concessão do
aluguel social para conseguir novo lugar para morar, mas o processo está muito
lento.
Dados gerais
1) 60.000 toneladas
de entulho retirado
2) 233 mortes
3) 4
desaparecidos
4) 200 milhões de
prejuízos
HISTÓRICO DE
ENCHENTES EM PETRÓPOLIS: Em
veículos de comunicação da época, como o Mercantil e o Paraíba, são relatadas
enchentes, ainda, em 1873, 1875 – vez que a Fábrica São Pedro de Alcântara foi
afetada, 1882, 1895, 1897, 1902, 1903, 1904, 1906 e inúmeras delas na década de
1930. Posteriormente, marcaram a história local, ainda, os eventos de 1965,
1966, 1988 e 2011.
Fontes: Agência Brasil - Rio
de Janeiro - Publicado em 16/02/2022; UOL, em São Paulo-16/02/2022; g1 —
Petrópolis 16/02/2022; Diário de Petrópolis - Quarta-feira, 16/02/2022; Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 22/02/2022; Por g1 — Petrópolis -
28/02/2022; Globo News – 15/03/2022; Wikipédia 03/04/2022
Esse um padrão de urbanismo
que ainda predomina nas cidades, encaixar um rio num leito retificado, com as
margens impermeabilizadas e muretas. Ao longo do rio ou córrego constrói
avenidas e edificações. O rio perde toda sua característica natural, ficando
engessado numa calha artificial Suas margens e regiões limítrofes são
modificadas por construções, avenidas, de maneira desordenada. Quando há chuvas
torrenciais o rio procura sua forma anterior, natural, para escoar a água ou
manter a vazão do rio de modo continuo. Com esse engessamento do rio, acrescido
pela vazão do rio virtual provocado pela impermeabilização do solo e
desmatamento, ele forçosamente sairá de seu leito artificial construído pelo
homem, para aliviar a pressão e volume de água existente nesse leito que não
comporta esse volume de água.
A cidade vai crescendo, mais
impermeabilização, mais água é direcionado ao rio, que mantém a mesma vazão
anterior numa situação crescente de ocupação urbana, sem ao menos aumentar o
leito do rio, que se torna inviável devido a ocupação de suas margens por
infraestrutura urbana.
Esse tipo de desastre obedece
a um padrão semelhante em todos os países.
As principais causas de
inundação seriam:
■A morfologia da cidade a
região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de
vale, e encostas íngremes.
■O clima: chove
torrencialmente na época de verão
■Uso e ocupação do solo de
maneira desordenada
■Não há mapeamento das áreas
inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação
cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de
inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação
Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Uso de Sistema de
Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos
urbanos.
5- Controle público da
ocupação regular e irregular
■A prática legalizada da
construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o
ecossistema.
■O aumento da
vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda
não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão,
canalizar córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos
córregos e rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo,
principalmente construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.
Infelizmente a história de desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. Infelizmente, muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos que já aconteceram e repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para provocar desastres.
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