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domingo, junho 02, 2024
COMO 'A CHUVA DO MILÊNIO' OBRIGOU COPENHAQUE A SE TRANSFORMAR
Embora seja uma das
rotatórias mais movimentadas do leste de Copenhague, o ar em Sankt Kjelds Plads
não é pesado, não tem o cheiro e a textura dos gases de escape. E, em vez do rugido
dos motores, a paisagem sonora é caracterizada pelo som melodioso produzido por
pássaros.
A rotatória, que é cercada
por arbustos e árvores, faz parte de um experimento em grande escala para
transformar os espaços públicos da capital dinamarquesa. A ideia é tornar
Copenhague mais "habitável", criando locais para os cidadãos se
encontrarem e um habitat para a biodiversidade, ao mesmo tempo em que cria
engrenagens em uma máquina de controle de enchentes.
CHUVA DO MILÊNIO
Essa transformação foi
desencadeada pelos eventos de 2 de julho de 2011, quando Copenhague foi
atingida pelo que foi apelidado de "a chuva do milênio".
O aguaceiro maciço causou
inundação de ruas e casas. E, sem ter para onde escoar, a água permaneceu por
dias. Ratos mortos foram vistos flutuando pela cidade, e uma pesquisa posterior
revelou que durante os trabalhos de limpeza um quarto dos trabalhadores do
saneamento foi infectado com doenças como a leptospirose. Um deles até morreu.
Nos sete anos seguintes, esse
tipo de tempestade começou a se tornar cada vez mais comum, com quatro eventos
de "chuvas do século" registrados nesse período. Isso custou à cidade
pelo menos 800 milhões de euros (R$ 4,3 bilhões) em prejuízos, deixando claro
para os formuladores de políticas públicas que era hora de repensar a capital
dinamarquesa.
DESIGN URBANO INSPIRADO NA
ESPONJA
Nos últimos séculos, o foco
do desenvolvimento urbano em lugares como Copenhague foi a criação de
"cidades-máquina" que pudessem ser construídas rapidamente e fossem
eficientes para habitação, indústria e economia. Mas muitos desses centros
urbanos acabaram interferindo no ciclo da água, especialmente aqueles que
modificaram leitos de rios ou foram construídos sobre planícies aluviais.
Com o concreto e o asfalto
cobrindo áreas antes destinadas à grama e ao solo, a água das chuvas mais
fortes ficou sem ter para onde ir. Com muita frequência, isso resulta em
enchentes, e cidades do mundo todo estão explorando maneiras de reverter esse
tipo de desenvolvimento urbano. E elas fazem isso se transformando em
"esponjas" urbanas.
Em outras palavras, essas
cidades estão criando espaços e infraestrutura para absorver, reter e liberar a
água de forma a permitir que ela flua de volta para seu ciclo.
A China está na liderança,
com mais de 60 de suas cidades sendo reformadas e agora incorporando estruturas
como biovaletas e jardins de chuva para reter a água. Jan Rasmussen, chefe do
"Cloudburst Master Plan" (plano diretor para tempestades) de Copenhague,
também viu potencial para a Dinamarca.
"Nossos políticos decidiram
que há realmente uma necessidade de escoar a água da cidade muito
rapidamente", disse Rasmussen. "Eles perguntaram se poderíamos fazer
isso de forma inteligente, se poderíamos expandir o sistema de esgoto.
Poderíamos lidar com as chuvas na superfície?"
ABSORVENDO A ÁGUA DA CHUVA
Tendo estudado projetos de
cidades-esponja em todo o mundo, a equipe de Rasmussen pensou na remodelação de
cerca de 250 espaços públicos de forma a ajudar na retenção ou redirecionamento
de águas pluviais, incluindo parques, parques infantis e a rotatória Sankt
Kjelds Plads.
A ideia é usar a capacidade
natural de retenção das árvores, dos arbustos e do solo e deixar a água pluvial
fluir para locais onde não seja destrutiva.
Uma dúzia de lagos que
margeiam a rotatória foi então projetada de forma a reter o excesso de água da
chuva no caso de uma tempestade. Assim como outros lagos semelhantes espalhados
pela cidade e aberturas largas nas laterais de ruas baixas, eles servem para
canalizar a água da enchente para uma rede de túneis que está sendo instalada
20 metros abaixo da superfície.
Durante uma chuva
"normal", as águas pluviais são direcionadas para o porto por meio
desse sistema de drenagem. No entanto, quando há um excesso, como em um cenário
de tempestade, uma estação de bombeamento no porto entrará em ação, forçando
para o mar a água acumulada nos túneis, criando assim espaço para mais água da
chuva e evitando que as ruas sejam inundadas. Essa estação está sendo construída
atualmente e estará pronta em 2026.
Ainda haverá água nas ruas.
Quero dizer, elas não ficarão completamente secas. Mas passaremos de um metro
[de água de enchente] para no máximo 20 centímetros. Jes Clauson-Kaas,
engenheiro da Hofor, o departamento de gerenciamento de água responsável pela
construção do túnel
BENEFÍCIOS DE LONGO PRAZO
Parte do desafio é conseguir
a adesão dos moradores locais. E isso nem sempre é fácil quando se trata de
fechar parquinhos infantis ou os parques da cidade por longos períodos para
transformá-los em zonas de inundação, ou financiar os planos de adaptação
através de uma taxa extra nas contas de água.
Mas Clouson-Kaas diz que
equipar para o futuro uma cidade propensa a inundações faz sentido do ponto de
vista financeiro. "Perdemos cerca de 1 bilhão com esse único evento [em
2011], mas esperamos que haja vários eventos nos próximos 100 anos. Dizem que a
perda potencial pode ser de pelo menos 4 ou 5 bilhões de euros. Portanto, se
investirmos 2 bilhões de euros, ainda assim valerá a pena", disse ele.
Copenhague está em posição
—financeira e política— de investir nessa infraestrutura agora, em vez de lidar
com possíveis danos no futuro. A cidade se tornou um lugar na qual as outras
cidades buscam um exemplo para aprender sobre os benefícios de se criar uma
esponja urbana. Fonte: DW-05/03/2024
CICLONE ATINGE 115 CIDADES, DEIXA MORADORES ILHADOS E MORTOS EM SC
O ciclone que influencia o tempo em Santa Catarina desde segunda-feira (2/05/2022) provocou estragos em 115 municípios. Segundo o balanço divulgado pela Defesa Civil na tarde de quinta‑feira (5):
-44 mil pessoas foram
afetadas.
-Duas prisões também foram
inundadas pela chuva,
-Moradores ficaram ilhados e
-Três pessoas morreram
BALANÇO PARCIAL,
-Desalojados:
7.100;
-Desabrigados:
518;
-Região
Sul é a área mais afetada;
-Municípios
que decretaram Situação de Emergência (SE): Tubarão, Orleans, Forquilhinhas,
Urubici, Maracajá; Araranguá, São Joaquim; Lages e Laurentino;
-Número
de rodovias alagadas: 22;
-Número
de escolas estaduais com aulas suspensas: 154.
PRESÍDIOS
Com a inundação do presídio e
da penitenciária de Tubarão, 759 detentos foram transferidos para 14 unidades
prisionais. Segundo a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa
(SAP) "internos que tiveram lesões" por conta da ocorrência de
inundação "receberam atendimento de saúde".
Já adolescentes que estavam
no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) da cidade, que não
chegou a alagar, foram levados para São José, na Grande Florianópolis. As três
unidades ficam no bairro Bom Pastor, mas em terrenos diferentes.
MORTES
José Vieira Lima, de 60 anos,
e Nilson da Silva Lima, de 40 anos, foram encontrados mortos pelo Corpo de Bombeiros
Militar em São Joaquim, na Serra catarinense, dentro de um rio na tarde de
terça-feira (3). As vítimas estavam na localidade conhecida como São Paulo
Velho.
Os socorristas foram
acionados para resgate e busca dentro de um córrego no interior do município,
mas, segundo a Defesa Civil, o volume da chuva subiu o nível do rio e o veículo
foi localizado caído com as rodas viradas para cima na região.
Na quarta-feira (4), um homem
de 45 foi arrastado pela correnteza e morreu em Urubici, também na Serra.
MORADORES ILHADOS
Em Santo Amaro da Imperatriz,
na Grande Florianópolis, quatro agricultores passaram a noite ilhados na
comunidade Vargem do Braço, e foram resgatados na terça-feira. Já em Braço do
Norte, quatro crianças e duas professoras precisaram ser resgatadas em uma
creche manhã de terça-feira devido ao alagamento da rua que dá acesso à
unidade.
Treze alunos de uma escola de
Joinville, no Norte catarinense, também ficaram ilhados por causa da chuva e
precisaram ser resgatados pelos Bombeiros Voluntários no início da tarde de
quarta.
PORTOS FECHADOS
Com a Marinha a interrompeu o
canal de acesso aos portos de Itajaí e Navegantes, no Litoral Norte. Quatro
navios estavam atracados e aguardavam autorização para sair do local.
Uma das embarcações aguardava
autorização para manobrar no Porto de Itajaí. Outros dois, aguardavam no
Portonave. O quarto esperava no terminal Barra do Rio, em Itajaí. Cada dia com
a embarcação parada equivale a uma perda que varia entre US$ 30 mil e US$ 50
mil.
CIDADES EM SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA
O número de cidades de Santa
Catarina que decretaram situação de emergência chegou a 27 noe sábado (7). No
balanço da noite de sexta-feira (6), eram 22 municípios.
De acordo com dados da Defesa
Civil, divulgados no sábado, 7.100 pessoas seguiam desalojadas e 518
desabrigadas. Três pessoas morreram por conta do mau tempo.
Conforme a Defesa Civil, 44
mil pessoas foram afetadas em 121 municípios catarinenses. Duas prisões também
foram inundadas pela chuva e moradores ficaram ilhados.
Foi atualizado para 121 os
municípios que registraram ocorrências relacionadas às chuvas que atingiram o
Estado. Houve 03 óbitos, sendo (02) no município de São Joaquim e (01) no município
de Urubici todos relacionados à pessoas que tentaram passar por áreas inundadas
com veículos que foram arrastados pela correnteza.
São contabilizados 7.100
desalojados e 518 desabrigados, num total de 44.000 pessoas afetadas, conforme
dados informados pelas Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil. Fontes: g1 SC e NSC TV
-05/05/2022, Defesa Civil de Santa Catarina - 12/05/2022
Não há dúvida de que a água
pode causar uma enorme destruição, como mostraram as recentes chuvas na Itália.
Mas como um elemento tão pacífico consegue desenvolver uma força tão
destruidora?
Como se fossem castelos de
cartas, casas inteiras desabaram ou foram arrastadas por um enorme volume de
água marrom nos últimos dias. Numa questão de minutos, as enchentes na Itália
varreram carros como se fossem de brinquedo e transformaram porões em
armadilhas mortais. Repetidas vezes, a natureza demonstra sua força
avassaladora e nada nos resta a fazer.
Mas como a água pode exercer
uma força tão poderosa? É exatamente esta pergunta que reponde Michael Dietze,
da Seção de Geomorfologia do Helmholtz Center Potsdam, no site do Centro Alemão
de Pesquisa em Geociências (GFZ).
UM METRO CÚBICO DE ÁGUA PESA
UMA TONELADA
O primeiro a se ter em mente,
diz Dietze, é que um metro cúbico de água pesa uma tonelada - um peso e tanto!
Isso significa que "a água pode exercer uma pressão enorme sobre um objeto
em seu caminho. E quando em movimento, a água é imensamente poderosa - tão
poderosa que é capaz de varrer carros ou até mesmo contêineres que não
estiverem ancorados no chão".
Mas outros fatores também
entram em jogo, incluindo a erosão. Superfícies degradadas, ainda que aparentemente
estáveis, podem ser facilmente varridas pelas cheias.
No GFZ de Potsdam, os
pesquisadores estudam exatamente como a água mobiliza sedimentos, como as ondas
de inundação viajam e como as poderosas enchentes varrem as paisagens.
Chuvas fortes estão entre os
perigos mais subestimados, adverte o Serviço Meteorológico Alemão (DWD), pois
são difíceis de prever e raramente estão associadas a uma localização
específica. Embora possam prever a região, os meteorologistas não são capazes
de antecipar exatamente quando ou quanto choverá num determinado local.
Como resultado, fortes chuvas
podem causar mais danos do que o esperado, mesmo em lugares que não estão
situados em vales estreitos ou perto de grandes rios. "As fortes
precipitações despejam uma quantidade tão grande de água no solo, muitas vezes
já saturado pelas chuvas anteriores, que ele não é capaz de escoar mais
nada", explica o geomorfólogo Dietze.
DIFERENTES TIPOS DE SOLO
ABSORVEM A ÁGUA DE MANEIRA DIFERENTE
O volume de água não é o
único fator. A composição do solo, ou melhor, sua capacidade de absorver,
armazenar e escoar água, também desempenha um papel importante.
É aqui que entra em jogo o
tamanho dos poros das partículas do solo. "Colóides" são partículas
minúsculas medindo menos de 2 micrômetros de largura - pequenas demais para
serem visíveis a olho nu. Mas em grandes quantidades, justamente por terem
dimensões minúsculas, elas fornecem uma imensa área de superfície onde as
moléculas de água podem se ligar.
Os solos argilosos e arenosos
contêm muitos desses colóides, nos quais a chamada "água
intersticial" é retida e não consegue escorrer. Tais solos contêm poucos
poros e, portanto, uma vez devidamente saturados, podem reter mais água do que
areia.
Os grãos de areia, por sua
vez, são maiores, com bem mais poros grandes e cheios de ar e apenas um pequeno
número de colóides. No solo arenoso, a água mal pode ser retida e acaba
escoando rapidamente.
Outra questão crucial é a
condição do solo antes da chuva. No caso de uma chuva repentina e forte após um
período prolongado de seca, o solo não consegue absorver a água de uma só vez.
O solo seco tem o que é chamado de "repelência à água", o que
significa que, em vez de escoar, a água flui pela superfície. Resíduos vegetais
também são um fator, pois liberam gorduras e substâncias cerosas durante
condições secas.
A ÁGUA FORJA SEU PRÓPRIO
CAMINHO
Quando o solo fica saturado
após longos períodos de chuva, a água não tem outra escolha a não ser escorrer
pela superfície até desaguar nos córregos e rios.
"Uma vez chegando lá,
ela pode atingir velocidades muito altas", disse Dietze. Na estação de
pesquisa ecológica da Universidade de Colônia, que fica às margens do rio Reno,
por exemplo, a água flui normalmente a uma velocidade de 1 a 2 metros por segundo.
"Quanto maior a
velocidade e a inclinação - especialmente em taludes e cumes - e quanto mais
profundo o rio, mais força a água poderá captar no leito fluvial. Sua força é
equivalente a vários quilos, o que é suficiente para varrer areia, pedras e até
detritos", explicou Dietze.
ÁGUA E PARTÍCULAS: UMA
COMBINAÇÃO FATAL
Mas isso, por si só, não é
suficiente para arrasar casas e ruas. Por trás disso estão também as partículas
que são carregadas junto com a água. Elas penetram no solo, nas ruas e nas paredes
das casas, desenvolvendo um enorme poder de erosão.
"Uma vez que partes
desses objetos começam a ser atacadas, o material por baixo é carregado mais
facilmente", explicou Dietze, acrescentando que ruas e prédios em terreno
não consolidado também podem ser danificados, facilitando a quebra de mais
material.
"Essa combinação de
material sendo arrastado com o poder de simplesmente carregar ainda mais
material solto dá à água em rápido movimento o poder de causar danos enormes
num curto espaço de tempo", acrescentou.
Ele enfatizou ainda que tais
inundações podem se desenvolver em qualquer lugar onde ocorram chuvas fortes.
Segundo Dietze, a precipitação extrema é especialmente perigosa em áreas altas
e montanhosas, onde o eventual rompimento repentino de barragens pode causar o
transbordamento de lagos inteiros, ou onde grandes quantidades de gelo
derretido podem desencadear deslizamentos de terra e ondas de inundação nos
vales logo abaixo.
AS INUNDAÇÕES PODEM SER
PREVISTAS?
"Avisos meteorológicos
podem ser derivados de previsões", disse Dietze. "Por exemplo, as
previsões meteorológicas podem ser alimentadas em modelos hidrológicos, para
poder fazer previsões sobre a probabilidade e o desenvolvimento de
inundações."
Por outro lado, o processo de
erosão é mais difícil de prever. Como tais eventos acontecem muito rapidamente,
sua intensidade é difícil de medir com precisão.
Com a ajuda de imagens de
satélite e, principalmente, de sismômetros, os pesquisadores passaram os
últimos anos tentando acompanhar as ondas de inundação em tempo real e calcular
sua intensidade. As pesquisas ainda se encontram nos estágios iniciais, enfatizou
Dietze, mas têm um imenso potencial quando se trata de sistemas de alerta
precoce de inundações. Fonte: Deutsche
Welle – 22.05.2023
ENCHENTES ALAGAM CIDADES E MATAM AO MENOS 11 NA ITÁLIA
Governo local diz que choveu
em 36 horas o equivalente a seis meses e estima prejuízo em bilhões de euros.
Várias cidades estão inundadas nas províncias de Forlí-Cesena e Ravena.
Equipes de resgate continuam
trabalhando na quinta-feira (18/05) por causa das graves inundações que
devastaram localidades inteiras da região da Emilia-Romagna, no norte da
Itália, e causaram prejuízos de bilhões de euros, segundo estimativa do governo
local.
As autoridades locais
disseram que choveu em 36 horas o equivalente a seis meses. "Nunca se
tinha visto um fenômeno dessa magnitude no nosso país", declarou o
presidente regional, Stefano Bonaccini.
Ao menos 11 pessoas morreram,
segundo balanço desta quinta-feira. Entre elas estão pessoas que foram
arrastadas pelas águas. O número de vítimas pode aumentar. Autoridades
confirmaram que há 10 mil pessoas deslocadas.
Quarenta e duas cidades foram
inundadas pelas águas, e centenas de estradas e rodovias foram destruídas. Mais
de 20 rios transbordaram, e ocorreram mais de 280 deslizamentos de terra. As
áreas mais afetadas estão nas cidades de Faença e Forlí e na área de Ravena.
Os prejuízos chegam a vários
bilhões de euros, acrescentou Bonaccini. "Os danos foram muito maiores do
que aqueles que esperávamos, mas felizmente emitimos um alerta vermelho 24
horas antes, caso contrário teria sido uma tragédia ainda mais dramática",
disse o presidente regional.
"Os 30 milhões
disponibilizados pelo governo são bem-vindos e agradeço que os disponibilizem
de imediato, mas aqui estamos falando de bilhões de euros de prejuízos",
declarou Bonaccini à emissora de televisão pública italiana RAI.
"Foi como um novo
terremoto na véspera do catastrófico evento em Emilia-Romagna em 2012, cujo
aniversário está prestes a acontecer. Cerca de 40 municípios foram inundados,
estruturas destruídas, ferrovias interrompidas, estradas provinciais
praticamente demolidas, e uma ponte desabou", descreveu Bonaccini.
Nas províncias de
Forlí-Cesena e Ravena há cidades inteiras inundadas, situação que pode piorar
nas próximas horas, já que o nível de quase todos os rios ainda está acima do
limite de emergência.
As enchentes deixaram 34 mil
residências sem eletricidade, 100 mil pessoas com problemas em seus telefones
celulares e outras 10 mil com problemas nas linhas fixas. Fonte: Deutsche Welle - 18/05/2023
FORTES CHUVAS ATINGIRAM A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO E INTERIOR
Desde a noite de 28 de
janeiro de 2022, fortes chuvas atingiram a Região Metropolitana de São Paulo
durante cinco dias, causando dezenas de mortes. Vários pontos da cidade de
Franco da Rocha alagaram, principalmente o centro e áreas próximas, com o
desabamento de várias casas, devido a deslizamentos de terra. O tráfego de
trens foi interrompido devido ao alagamento dos trilhos entre Francisco Morato
e Perus. O tráfego de veículos entre o município e Jundiaí também foi
prejudicado devido aos deslizamentos de terra e queda de árvores na SP-332,
principal rodovia que liga as cidades
A SITUAÇÃO ATÉ O MOMENTO,
SEGUNDO INFORMAÇÕES DA DEFESA CIVIL:
VÁRZEA PAULISTA - Cinco
pessoas da mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por
um desmoronamento. As vítimas são um casal, um bebê de um ano e duas crianças,
uma de 10 e outra de 12 anos;
EMBU DAS ARTES - Três
pessoas, também de uma mesma família, morreram após uma casa ser atingida por
um deslizamento de terra na madrugada de domingo. As vítimas são a mãe e dois
filhos — uma menina de quatro anos e um rapaz de 21 anos. Quatro pessoas
conseguiram escapar.
FRANCO DA ROCHA - Quatro
pessoas morreram, há ainda oito feridos e quatro desaparecidos;
FRANCISCO MORATO - Quatro
pessoas morreram;
RIBEIRÃO PRETO - Uma pessoa
morreu;
ARUJÁ - Uma pessoa morreu;
JAÚ - Uma pessoa morreu.
RESGATE EM FRANCO DA ROCHA E
FRANCISCO MORATO
A Prefeitura de Franco da
Rocha afirmou que as equipes estão mobilizadas no resgate de vítimas de um
deslizamento de terra na Rua São Carlos, no Parque Paulista, que fica na divisa
com Francisco Morato. Três pessoas morreram no local. Sete pessoas foram
resgatadas com vida, mas uma morreu no local.
Foto: Franco da Rocha
Equipes da Defesa Civil e do
Corpo de Bombeiros usaram botes para resgatar moradores na manhã de domingo
(30), em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo. O Ribeirão
Eusébio e o Rio Juquery transbordaram, deixando a área central da cidade
alagada.
CAIEIRAS
Em Caieiras, na Grande SP, as
chuvas deixaram casas e ruas completamente alagadas. Muita gente ficou ilhada,
e o resgate está sendo feito por tratores da Prefeitura e caminhões.
Os pontos de alagamento ainda
deixaram muita gente presa no trânsito, impossibilitados de transitar pelas
ruas. O acesso a outras cidades também está impossibilitado. A cidade registrou
ainda um deslizamento de terra, em que ninguém ficou ferido.
De acordo com o prefeito toda
a área baixa da cidade está alagada. Ainda não há número de desabrigados ou
desalojados pelas chuvas.
VÁRZEA PAULISTA
Uma equipe da Defesa Civil
procura por quatro pessoas desaparecidas de uma família, na manhã deste domingo
(30), no Jardim Promeca, em Várzea Paulista (SP). O corpo de um homem já foi
retirado da casa pela equipe.
De acordo com o órgão, na
cidade choveu 88 mm nas últimas 72h. O bairro mais prejudicado foi o Jardim
Promeca, a região onde há desaparecidos.
Segundo a Defesa Civil, as
buscas estão sendo realizadas no imóvel da família. Uma grande quantidade de
terra de um morro desmoronou e atingiu um dos quartos do casal e das crianças.
As chuvas intensas em Várzea
Paulista fizeram o Rio Jundiaí também invadir a Avenida Marginal.
BALANÇO DA DEFESA CIVIL - 31
DE JANEIRO
A Defesa Civil do Estado de
São Paulo confirmou, 34 óbitos em razão das chuvas que atingiram diversas
regiões do estado desde a última sexta-feira (28). Os transtornos provocados
pelo mau tempo também deixaram cerca de 5.770 famílias desabrigadas ou desalojadas.
Entre as vítimas há um total
de oito crianças. Além disso, há 14 feridos e 0 desaparecido. Ainda de acordo
com a Defesa Civil, há ocorrências espalhadas por todo Estado relacionadas às
chuvas, como alagamentos, queda de árvores, quedas de muros e deslizamentos de
terra. No total, são 39 municípios afetados.
ITAPEVI – 1 óbito
ARUJÁ – 1 óbito
FRANCISCO MORATO – 4 óbitos
EMBU DAS ARTES – 3 óbitos
FRANCO DA ROCHA: 18 óbitos
VÁRZEA PAULISTA – 5 óbitos
JAÚ – 1 óbito
RIBEIRÃO PRETO – 1 óbito
A Defesa Civil já forneceu,
até o momento, 1.012 cestas básicas, 1.316 kits de higiene/limpezae 1.154 kits dormitório.
RECURSOS LIBERADOS
O governado do estado anunciou
a liberação de R$ 15 milhões para as cidades afetadas.
Os recursos anunciados serão
destinados aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2
milhão), Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhão), na
Região Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo Limpo
Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão), Montemor (R$
1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado.
HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS
Historicamente, Franco da
Rocha já havia sido inundada por águas da chuva em 1987, 2011, 2015, 2016, 2018.
FRANCO DA ROCHA
É um município da região
metropolitana de São Paulo. Compõe, juntamente com outros 39 municípios, a
região no entorno da cidade de São Paulo, capital do Estado. Está a 27
quilômetros do centro da capital, 728 metros acima do nível do mar.
Com território de 132,775 km²
Franco da Rocha faz divisa com os municípios de Cajamar, Caieiras, Mairiporã,
Francisco Morato, Jundiaí e Campo Limpo Paulista. Junto com os quatro
primeiros municípios dessa
lista integra a região hidrográfica denominada Bacia do Juquery, principal rio
que cruza a região; a bacia ainda é composta pelo Reservatório Juquery,
Ribeirão Euzébio, Ribeirão Borda da Mata, Ribeirão Itaim, Tanque Velho,
Cristais, Santa Inês, Córrego
da Colônia e Córrego da 3ª Colônia.
Segundo o IBGE (2016) a
população de Franco da Rocha é de 147.650 habitantes, sendo desses 67.462
homens e 64.142 de mulheres. Abaixo um gráfico com a distribuição por faixa etária
no município:
A população ocupa
predominantemente a área urbana, sendo que 92,1% da população encontra‑se na
cidade, enquanto que 7,9% da população de Franco da Rocha encontra-se em área
rural.
Fontes: Por g1 SP — São Paulo
- 30/01/2022, g1 SP e TV Globo - São Paulo - 31/01/2022 e
Defesa Civil do Estado de São Paulo
As fortes chuvas que há semanas atingem MG
continuam afetando a população e causando prejuízos. Rios transbordando,
alagamento, inundações se espalham por várias regiões do estado. Os números de
desabrigados e desalojados não param de aumentar. Desde o início da estação chuvosa, que este ano começou em outubro, um mês
antes que o habitual.
Início da chuva – 01/10/2021
Danos humanos; (acumulado de 01out/2021 até 16/01/2022)
Mortos - 25
Desabrigados- 7.336
Desalojados - 47.911
Município em emergência – 374, dos 845
municípios
Fonte:
Defesa Civil Estadual de Minas Gerais
ESTAÇÃO CHUVOSA EM MINAS GERAIS
A estação chuvosa em Minas Gerais, assim
como, em toda a Região Sudeste, ocorre entre os meses de outubro a março, porém
as primeiras pancadas de chuva, normalmente ocorrem na segunda quinzena de setembro,
evidenciando o declínio da estação seca. Historicamente, no decorrer do mês de
outubro, as pancadas de chuvas se tornam mais frequentes, estabelecendo na segunda
quinzena do mês o início do período chuvoso no Centro-Sul e Oeste mineiro.
O aumento na frequência das chuvas se
propaga gradativamente para o Centro-Norte e Leste, de forma que no início de
novembro, todo o Estado já se encontra com a estação chuvosa estabelecida. O
trimestre novembro a janeiro é frequentemente o mais chuvoso do ano. Normalmente,
as chuvas deste trimestre é que favorecem para a recuperação dos reservatórios
hídricos na Região Sudeste.
O transporte de umidade da Amazônia para o
Brasil Central e Sudeste se estabelece entre a primavera e o verão, favorecendo
a ocorrência diurna de pancadas de chuva, assim como, a configuração da Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). A ZCAS decorre da conexão deste canal de
umidade com um sistema frontal que permanece estacionário sob o oceano, nas
imediações do litoral da Região Sudeste, configurando uma banda de nebulosidade
que se estende da Amazônia, passando pelas regiões brasileiras mencionadas, se
estendendo para o Atlântico Sul. As regiões sob este sistema apresentam chuva
praticamente contínua por dias consecutivos. Por outo lado, períodos
consecutivos de dias sem chuva durante a estação chuvosa, denominados
veranicos, são comuns principalmente em fevereiro. Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet - 5º Distrito de
Meteorologia / Minas Gerais / Belo Horizonte
AS INUNDAÇÕES SÃO FENÔMENOS NATURAIS
As inundações são fenômenos naturais que
possuem como causas mais comuns eventos de pluviosidade intensa e de pouca duração
ou períodos de chuvas contínuas.
Todavia, apesar de naturais, as inundações
têm tido sua frequência e magnitude alteradas pelas modificações do uso e
ocupação do solo, bem como suas consequências têm sido mais impactantes em
termos socioeconômicos, devido, principalmente, à ocupação de áreas marginais
inundáveis (planícies fluviais) nas zonas urbanas.
A urbanização ao longo das planícies
fluviais é um processo histórico, fruto das facilidades geradas para a
implantação de atividades agrícolas e para a utilização dos cursos fluviais
como meio de transporte. Como resultado, desde cerca de quatro mil anos a humanidade
convive com os riscos associados à localização de suas atividades e moradias no
entorno de corpos hídricos. Estes riscos, muitas vezes, se refletem em
significativas perdas humanas e materiais em diferentes áreas do mundo. Fonte: Joana Maria Drumond Cajazeiro,
geógrafa
Comentário: As principais causas de inundação seriam:
■ A morfologia da cidade a região tem
relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e
encostas íngremes.
■ O clima: chove torrencialmente na época
de verão
■ Uso e ocupação do solo de maneira
desordenada
■ Não há mapeamento das áreas inundáveis
quanto a:
1-Conhecimento da relação cota x risco de
inundação
2- Definições dos riscos de inundação de
cada superfície
3- Incorporação a Legislação Municipal de
uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Uso de Sistema de Informações Geográficas
na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos.
5- Controle público da ocupação regular e
irregular
■ a prática legalizada da construção
ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.
■ O aumento da vulnerabilidade é
atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as
limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão, canalizar
córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos córregos e
rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente
construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.
Infelizmente a historia de desastre
natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as
lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. Infelizmente,
muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos que já
aconteceram , imagine a cegueira diante dos fatos portadores de futuro que repetirão
os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para provocar desastres.
PREJUÍZOS POR DESASTRES CLIMÁTICOS AUMENTARAM EM 2021
Do furacão Ida nos EUA a
enchentes na China e na Europa, desastres impulsionados por mudanças climáticas
atingiram países ricos e pobres e custaram mais de US$ 170 bilhões e centenas de
vidas neste ano, aponta relatório.
Os dez desastres climáticos
mais caros de 2021 causaram mais de 170 bilhões de dólares (R$ 964,8 bilhões)
em prejuízos, 20 bilhões de dólares (R$ 113,5 bilhões) ou 13% a mais que em
2020, divulgou a organização de caridade britânica Christian Aid nesta
segunda-feira (27/12).
A alta nos prejuízos em
relação ao ano passado reflete os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo
homem, afirmou a entidade, que a cada ano calcula os custos de enchentes,
incêndios e ondas de calor.
Segundo a Christian Aid, os
dez desastres mais caros de 2021 também mataram ao menos 1.075 pessoas e
deixaram 1,3 milhão de desabrigados.
"Os custos das mudanças
climáticas foram graves neste ano" afirmou Kat Kramer, líder de políticas
climáticas na Christian Aid e autora do relatório Counting the cost 2021: a
year of climate breakdown (Contando o custo de 2021: um ano de colapso
climático).
O desastre mais caro de 2021
foi o furacão Ida, que atingiu o leste dos Estados Unidos e causou cerca de 65 bilhões
de dólares em prejuízos (R$ 369 bilhões) e 95 mortes. Após chegar a Louisiana
no fim de agosto, o furacão avançou em direção ao norte e causou enchentes na
cidade de Nova York e arredores.
Inundações históricas na
Europa Ocidental e Central em julho vêm em segundo lugar na lista, tendo
causado perdas de mais de 43 bilhões de dólares (R$ 244 bilhões) e mais de 240
mortes. Alemanha, França, Holanda, Bélgica e outros países foram atingidos por
chuvas extremas que cientistas dizem terem se tornado mais prováveis e
frequentes devido ao aquecimento global.
Uma onda de frio e uma
tempestade de inverno no Texas que derrubou a vasta rede elétrica do estado
americano custou 23 bilhões de dólares (R$ 130,5 bilhões).
Inundações na província
chinesa de Henan em julho custaram cerca de 17,6 bilhões de dólares (R$ 100
bilhões) e 302 vidas. O volume de chuvas registrado na capital de Henan,
Zhengzhou, ao longo de três dias foi quase o equivalente à média anual,
inundando o sistema de metrô.
Outros desastres que custaram
vários bilhões de dólares incluem inundações no Canadá, uma geada no final da
primavera na França que danificou vinhedos, e um ciclone na Índia e Bangladesh
em maio.
INJUSTIÇA CLIMÁTICA: O
relatório, feito com base em pedidos a seguradoras, reconheceu que sua
avaliação abrange principalmente desastres em países ricos onde a
infraestrutura é melhor assegurada e que o custo financeiro dos desastres nos
países pobres é muitas vezes incalculável.
A entidade cita como exemplo
o Sudão do Sul, onde enchentes ocorridas entre julho e novembro forçaram mais
de 850 mil pessoas a deixarem suas casas, muitas das quais já estavam
desabrigadas devido a conflitos e outros desastres.
"Alguns dos mais
devastadores eventos climáticos extremos em 2021 atingiram as nações mais
pobres, que pouco contribuíram para as mudanças climáticas", observou o
comunicado de imprensa do relatório, destacando a injustiça dos impactos do
aquecimento global.
AÇÕES URGENTES: Em meados de
dezembro, a maior companhia de seguros e resseguros do mundo, a Swiss Re,
estimou que todos os eventos climáticos extremos e catástrofes naturais em 2021
causaram cerca de 250 bilhões de dólares em prejuízos, 24% a mais que no ano
passado. O relatório da Christian Aid aponta que o custo somente para a indústria
de seguros foi o quarto mais alto desde 1970.
Os custos financeiros e
humanos das mudanças climáticas devem continuar a aumentar, a não ser que
governos intensifiquem esforços para reduzir emissões e contenham o aquecimento
global, diz o relatório.
"Embora tenha sido bom
ver algum progresso sendo alcançado na COP26, está claro que não estamos no
rumo para assegurar um mundo seguro e próspero", afirmou Kramer.
Apelos crescentes de países
em risco para que se estabeleça um novo fundo para ajudar a cobrir perdas e
danos num mundo mais quente devem ser uma prioridade global em 2022, disse
Nushrat Chowdhury, assessor de justiça climática da Christian Aid em
Bangladesh. Fonte: Deutsche Welle-
27.12.2021
CHUVA ALAGA RUAS E PROVOCA CAOS NO TRANSPORTE EM SÃO PAULO
A partir de 9 de fevereiro de
2020, chuvas torrenciais começaram a assolar São Paulo e suas regiões, na
madrugada do dia seguinte, um forte temporal assolou a Grande São Paulo e o
Litoral, e isso deixou as localidades afetadas em caos e em situação de
emergência para deslizamentos de terra e transbordamento de rios, a maioria das
aulas em escolas e trabalhos foram suspensos no dia 10 de fevereiro, várias
cidades paulistas enfrentaram caos total e a Grande São Paulo teve um recorde
de chuva com 140,8 milímetros de chuva no dia, fazendo isso o segundo dia mais
chuvoso desde o início das medições e a maior chuva desde 21 de Dezembro de
1988
Segundo dados dos Bombeiros
divulgados às 8h45, a Grande São Paulo tinha;
§320 acionamentos para enchentes,
§47 acionamentos para quedas de árvores e 36 para desabamentos e
desmoronamentos.
VIAS INTERROMPIDAS
Trechos de vias importantes
como as marginais Pinheiros e Tietê ficaram alagados e foram interditados. Por
volta das 9h30, eram 56 pontos de alagamentos, sendo 51 intransitáveis, de
acordo com a última atualização do CGE (Centro de Gerenciamento de
Emergências).
As marginais registraram
pontos de alagamento na altura das pontes das Bandeiras, Jaguaré, Ari Torres,
Cidade Jardim, Limão, Piqueri e Casa Verde. A pista local da marginal Pinheiros
na altura da ponte Engenheiro Roberto Rossi Zuccolo, no sentido Castelo Branco,
na zona sul, foi interditada. Veja no site do CGE os pontos de alagamento na
cidade.
Também houve registro de trechos
alagados nas avenidas Roberto Marinho, Santo Amaro, Marquês de São Vicente, 9
de Julho e no túnel Paulo Autran. Os bairros do Butantã, Ipiranga, Jaçanã,
Tremembé e Perus estão em estado de alerta.
Às 7h30, a cidade tinha 78
pontos de alagamento, 68 deles intransitáveis. Trechos de vias importantes como
as marginais Pinheiros e Tietê e a avenida Roberto Marinho ficaram alagados e
foram interditados.
Na marginal Pinheiros também
teve interdições com trechos totalmente alagados e veículos parcialmente
cobertos pela água. Bombeiros trabalham na região para resgatar possíveis
vítimas. Na região da Barra Funda, prédios residenciais ficaram ilhados.
ILHADOS
Na Barra Funda, na zona
oeste, condôminos ficaram ilhados em prédios e assistiram, sem poder sair de
casa, a resgates em botes e à subida do nível da água, que entrou na garagem de
alguns dos edifícios.
No estádio do Morumbi, a água
invadiu toda a área social, inclusive a piscina.
FIQUEM EM CASA
"Pedimos para as pessoas
fiquem em casa, não é o momento para deslocamentos", afirmou também o
secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido
TRANSPORTE
Na linha 9-esmeralda a
circulação está interrompida entre as estações Osasco e Santo Amaro. A
circulação entre as estações Grajaú está sendo realizada normalmente.
Todas as linhas do metrô
operam normalmente.
Os aeroportos ficaram
abertos, mas muitos passageiros e tripulantes não conseguiram chegar a tempo de
viajar.
28 voos haviam sido
cancelados em Cumbica, e 40 tinham atrasado. Já Congonhas registrou 23 atrasos
e 9 cancelamentos.
SITUAÇÃO NAS RODOVIAS
§Na rodovia dos Imigrantes, o tráfego está congestionado do km 63 ao km
65, no sentido litoral. No sentido São Paulo, há filas do km 70 ao km 65 devido
a um alagamento e do km 20 ao km 14 por excessivo de veículos.
§A rodovia Castello Branco tráfego lento no sentido capital em Osasco na
pista marginal entre os km 22 e 13. Há pontos de alagamento.
§A rodovia Padre Manoel da Nóbrega está com tráfego parado, do km 275 ao
km 276, sentido Praia Grande, devido a um alagamento. O motorista que quiser
chegar à cidade, segundo a Ecovias, deve acessar a rodovia dos Imigrantes.
§A rodovia Ayrton Senna tem lentidão em direção a São Paulo do km 19 ao
11 por conta de um alagamento. Há congestionamento também entre os km 25 e 23
da rodovia. Este ponto de lentidão, no entanto, segundo a Ecopistas, não tem
relação com os alagamentos.
§Na Régis Bittencourt, o fluxo é lento na pista sentido São Paulo entre
o km 286 (Itapecerica da Serra) e o km 281 (Embu das Artes), devido ao alto
número de veículos no trecho.
§Na Fernão Dias, o trânsito continua lento no sentido São Paulo, entre o
km 87 e o km 90, em Guarulhos. O motivo é o alto número de veículos no trecho.
§A Anchieta tem pontos de lentidão na chegada a São Paulo do km 13 ao km
10 e do km 21 ao km 17.
§Na Dutra, a pista sentido São Paulo registra tráfego lento na pista
expressa entre os km 223 e 231. Na marginal, o trânsito vai do km 218 ao km
231.
§Na Bandeirantes, o alagamento nas marginais Pinheiros e Tietê causou
congestionamento na chegada a São Paulo (km 20 ao km 13).
§O sentido capital da Anhanguera está com tráfego congestionado em São
Paulo do km 16 ao km 11, reflexo dos alagamentos nas marginais Pinheiros e
Tietê.
CEAGESP PARALISA ATIVIDADES
A Ceagesp (Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) informou que não vai operar devido
às fortes chuvas que causaram alagamentos em diversos pontos da região. A
segunda-feira, porém, é o dia da semana em que há o maior fluxo de mercadorias
na Ceagesp –é, para a maioria dos feirantes, o dia de abastecimento para a
semana. Transitam aproximadamente 16 mil caminhões, transportando algo em torno
de 14 mil toneladas de produtos. Perdas e danos ainda não foram contabilizados.
BALANÇO DA CHUVA EM SP
§De acordo com a gestão Covas, 44 escolas municipais tiveram as aulas
canceladas por causa das chuvas e outras 41 unidades básicas de saúde (UBSs)
deixaram de funcionar nessa segunda-feira, em virtude de alagamentos. Os
exames, aulas e consultas serão remarcados, sem prejuízos para a população,
segundo o prefeito.
§Pelo menos 115 ônibus urbanos deixaram de circular na cidade durante a
manhã, segundo o prefeito.
§A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo afirma que as aulas
foram suspensas em 37 das 5,1 mil unidades de toda a rede, em função das fortes
chuvas.
§De acordo com a pasta, nas regiões em que os estudantes não conseguiram
chegar até a escola, o conteúdo será reposto.
•Foram registrados 160 pontos
de alagamento em São Paulo durante as chuvas, segundo o Centro de Gerenciamento
de Emergências (CGE).
•Desses pontos de alagamento:
97 com vias intransitáveis e 63 com vias transitáveis.
•O rodízio de veículos foi
suspenso já na segunda-feira e permanece suspenso nesta terça-feira.
•Na manhã de terça-feira, 40
escolas em todo o estado permanecem sem aulas, segundo o Governo de São Paulo.
•O Rio Pinheiros atingiu seu
maior nível em 15 anos.
•Durante todo o dia, o Corpo
de Bombeiros atendeu 10.371 ligações, para 2.345 ocorrências. São elas: 1.043 de
enchentes 163 desabamentos ou desmoronamentos, 170 quedas de árvores.
•Foram suspensas 943 partidas
do Terminal Rodoviário Tietê e 411 partidas do Terminal Rodoviário Barra Funda.
MORTOS
4 mortes.
§Em São Bernardo do Campo, um homem de 33 anos, foi levado por enxurrada.
Seu corpo foi encontrado no piscinão de São Bernardo.
§Na região de Botucatu, uma cratera se abriu no meio da Rodovia Marechal
Rondon, arrastando para dentro dela um caminhão que trafegava pela via. De
acordo com a Defesa Civil, o corpo do motorista foi encontrado às margens de um
córrego em local de difícil acesso.
§Outro carro, com duas pessoas, também foi arrastado pela correnteza.
Dois corpos foram encontrados no local na manhã de terça-feira. O Corpo de
Bombeiros ainda não identificou as vítimas.
DESABRIGADOS
Segundo a Defesa Civil, pelo
menos 516 pessoas em todo o estado ficaram desalojadas por causa da chuva.
Outras 142 estão desabrigadas (ou seja, precisam de abrigo fornecido pelo
governo).
CIDADES MAIS AFETADAS:
Itaquaquecetuba: 100
desalojados 28 desabrigados
Pirapora do Bom Jesus: 120
desalojados
Botucatu: 80 desabrigados e
27 desalojados
Peruíbe: 06 desabrigados e
100 desalojados
Três cidades decretaram
situação de emergência: Botucatu, Laranjal Paulista e Taboão da Serra.
PREJUÍZO
Segundo a Fecomercio, o
cálculo sobre o prejuízo causado pelas chuvas leva em conta setores sensíveis à
compra por impulso: supermercados, farmácias, vestuário, lojas de artigos
esportivos, de livros e revistas etc.
Segundo os cálculos da
Fecomercio, o prejuízo no local deve chegar a cerca de R$ 21 milhões.
A Federação do Comércio de
Bens, Serviços, Turismo de São Paulo (Fecomercio) calculou em R$ 110 milhões o
prejuízo do comércio.
A Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), principal local de comércio de frutas,
legumas e verduras em São Paulo, também teve seus trabalhos interrompdios por
causa de alagamentos
CEAGESP PERDEU 7.000 TONELADAS DE ALIMENTOS
Prejuízo estimado chega a R$
20 milhões e os alimentos atingidos pela
enchente serão levados a um aterro sanitário e destruídos
PREJUIZOS DOS PERMISSIONÁRIOS
Esse volume responde por
cerca de 70% da movimentação diária do centro (que fica entre 10 mil e 11 mil
toneladas) e representa R$ 20 milhões em prejuízos aos permissionários —os
comerciantes que atuam no local.
DIA PARADO
Estimativa é de uma perda
extra entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões.
PRODUTOS ATINGIDOS
Os produtos mais atingidos
foram frutas, legumes e verduras.
Pescados e produtos de
floricultura não tiveram prejuízos.
DESABASTECIMENTO
A expectativa é que não haja
risco de desabastecimento. Estamos avaliando, mas acreditamos que não há esse
risco porque a enchente aconteceu de domingo para segunda, o que significa que
os estoques estavam baixos porque ainda não tínhamos recebido a mercadoria,
disse o presidente da Ceagesp, Johnni Hunter Nogueira
A Ceagesp não garante, no
entanto, que as perdas não sejam repassadas pelos permissionários aos preços
dos produtos.
Segundo o chefe da seção de
controle de qualidade hortigranjeira da Ceagesp, Gabriel Vicente Bitencourt, é
possível que haja um aumento no preço dos alimentos no curto prazo.
"Esses preços podem
durar por um ou dois dias, mas como existe uma quantidade de produtos também
represados no campo, a tendência é de redução dos preços depois de um
tempo", disse.
Segundo o presidente da
Ceagesp, 60% dos alimentos distribuídos pela companhia ficam na Grande São
Paulo. Os 40% restantes vão para o interior de São Paulo, para outros estados e
até mesmo para outros países.
PERMISSIONÁRIOS E
CAMINHONEIROS
Os caminhoneiros que chegavam
à Ceagesp na madrugada de domingo foram surpreendidos com as enchentes do
local.
A estimativa da Ceagesp é de
que ao menos 250 caminhões precisarão de guincho.
Segundo o caminhoneiro
autônomo Vanderlei de Freitas Matos, 50, que chegou à Ceagesp no sábado à
tarde, o prejuízo chega a R$ 40 mil.
"Só do veículo, que foi
perdido, já vão embora R$ 40 mil. A água chegava no meio da porta do caminhão.
Ainda vou precisar descarregar para ver se alguma coisa presta. Isso sem contar
os dias parados e não saber quando vou chegar em casa", disse o
caminhoneiro, que mora em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Edmilson Coutinho Júnior, 38,
caminhoneiro autônomo que chegou na madrugada de domingo, diz que grande parte
do problema foi a falta de orientação por parte da Ceagesp. "Quando eu
cheguei, já estava enchendo de água, mas não tinha mais para onde ir. O jeito
foi estacionar o caminhão e passar a madrugada vendo a água subir", afirma
Coutinho Junior.
LIMPEZA
A Ceagesp afirmou que
estendeu o contrato com a companhia de limpeza da qual é cliente para que tudo
esteja pronto para funcionar até quarta-feira (12).
O presidente da companhia
também afirmou que contratou serviços de guincho para fazer a retirada dos
caminhões o mais rápido possível.
CEAGESP RETORNAR ÀS ATIVIDADES
A Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) deve retornar às atividades na tarde
de quarta-feira, 12
CINCO DIAS APÓS CHUVAS,
BAIRRO VILA ITAIM PERMANECE ALAGADO NA ZONA LESTE DE SP
Região, localizada na região
da Várzea do Rio Tietê, sofre com enchentes mesmo depois de governo do estado
entregar obra de R$ 117 milhões.
O bairro fica na região da
Várzea do Rio Tietê e há anos os moradores sofrem com as constantes enchentes.
Fontes: G1 SP‑ 10 de
fevereiro de 2020; Folha de São Paulo - 10.fev.2020; UOL‑10/02/2020 e G1‑14/02/2020
Comentário:
De acordo com o Mapa
Hidrográfico do Município de São Paulo, levantamento da prefeitura, há 287
rios, riachos e córregos na cidade. Especialistas, como o geógrafo Luiz de
Campos Júnior, do projeto Rios e Ruas, acreditam que o número é subestimado –
se forem considerados todos os afluentes menores, a malha fluvial paulistana
dobraria em quantidade.
São Paulo ocupou essas áreas
sem nenhum controle. A retificação tornou esses rios com capacidade de captação
muito menor do que seu leito original, avalia o arquiteto e urbanista Gilberto
Belleza, professor do Mackenzie.
"Prevê-se que o volume
de chuvas em tempestades irá aumentar significativamente nos próximos anos em
decorrência do contínuo aumento da impermeabilização e consequente aumento da
temperatura da área urbana, as mudanças climáticas e a eliminação da
vegetação", diagnostica. "São Paulo cresceu e foi planejada de costas
para os rios. Sempre foram vistos como destino do esgoto, não tratado em sua
maior parte."
Essa tentativa humana de
controlar a natureza esbarra ainda uma outra questão. As águas dos rios, no leito natural, correm mais
lentamente devido aos obstáculos naturais que encontram nas margens e no
próprio fundo. Correm sobre terra e matas ciliares. Já aquelas que correm em
peças tubulares de concreto, o fazem muito mais rapidamente. As enchentes são
resultado dessa aceleração do encontro com os grandes rios lembra a arquiteta e
urbanista Regina Meyer, professora da USP.
LEMBRANÇA: 170 ANOS DE PROJETOS CONTRA ENCHENTES EM SP
Enchentes provocadas pelo Tietê, em 1962
Em 1963, a Câmara Municipal
montou uma CPI para apontar as falhas das obras contra as inundações, que
remontam a 1841. A leitura do trabalho joga luz em um problema histórico - as
causas das cheias, os danos e as promessas são sempre os mesmos
Com seus óculos de aros bem
grossos e feições um tanto rechonchudas, Francisco Prestes Maia foi interrogado
às 10 horas do dia 19 de fevereiro de 1963 para explicar o inexplicável. Por
que, depois de tantas promessas, projetos e obras, São Paulo continuava
alagando pelas margens do Rio Tietê? A resposta do prefeito faz parte de um
relatório de 145 páginas da CPI das Enchentes da Câmara Municipal, que mesmo
com seus papéis amarelados ainda hoje pode ser considerado um dos mais extensos
trabalhos para entender a ineficácia de muitas políticas públicas frente às
inundações paulistanas.
AS ENCHENTES SÃO HISTÓRICAS
"As enchentes são
históricas, verificadas desde os primeiros tempos de colônia. Anualmente, o
espetáculo se repetia em toda a extensão da grande várzea; deixando em seu
leito normal, o rio ocupava a planície ribeirinha, transformando essa porção da
cidade em vasta e malcheirosa lagoa." A frase, que poderia muito bem ter
sido publicada nas páginas deste jornal nas últimas semanas, foi escrita no
relatório de 1963 pelo então presidente da Comissão Especial da Câmara, o
vereador Figueiredo Ferraz.
O trabalho de Ferraz e de
outros seis vereadores no relatório de 1963 foi tentar descobrir os motivos de
as obras de retificação dos Rios Tamanduateí e Tietê não surtirem os efeitos
esperados. Não há respostas satisfatórias, diga-se. Mas a leitura hoje da
reuniões da comissão serve para jogar luz em um problema secular, como pode ser
visto abaixo - seja na década de 60 ou em 2011, as causas são as mesmas, os
danos iguais e as soluções ironicamente idênticas.
Outros relatos também
denunciaram, década após década, a precariedade dos rios e governos. E assim
como relatos, também outros problemas foram se empilhando e aumentando os efeitos
das inundações, transformando as "águas mansas" que encantaram os
fundadores de São Paulo em um dos maiores flagelos dos paulistanos.
OCUPAÇÃO.
Enchentes provocadas pelo Tietê,
em 1965
A retificação do Tietê
encolheu o rio - de 46 quilômetros de extensão entre Osasco, na Grande SP, e a Penha,
ele passou a ter 26 km. Assim, uma área de 33 milhões de metros quadrados que
eram inundáveis puderam ser urbanizadas. "É uma grande área a ser
aproveitada", diziam os vereadores, queriam incentivar a ocupação das
margens do Tietê. "Não é questão apenas de hidráulica e de valorização das
terras, deve ser motivo, também, para o aformoseamento da cidade." A
história, no entanto, mostrou que a várzea tem a função de transbordamento; a
ocupação dela resulta numa piora nas inundações. Se os vereadores da Câmara de
1963 pudessem ver a São Paulo de hoje, talvez não tivessem a mesma opinião - a
saúde do rio foi deixada de lado e a
retificação causou problemas de degradação urbana e ambiental cujas soluções
são cada vez mais difíceis.
PROBLEMA RECORRENTE.
Desde 1841, ou há 170 anos, o
governo municipal investe em obras para tentar remediar as inundações da região
central - o primeiro planejamento de canalização do Tamanduateí deve-se ao
engenheiro Carlos Abraão Bresser. Em 1921, foi a vez do prefeito Firminiano
Pinto defender a necessidade da canalização do Tietê, desde Guarulhos até a
Lapa.
AS INUNDAÇÕES CONTINUAM A
CASTIGAR A CIDADE
"Com 85% das obras
concluídas, as inundações continuam a castigar a cidade e sua população,
acarretando prejuízos imensuráveis", escreveu o vereador Figueire do
Ferraz em seu relatório. "E parece que as inundações aumentam de ano a
ano, motivando um justo e revoltado clamor popular."
Autoridade metropolitana. Já
em 1963, discutia-se a importância de uma "organização supermunicipal"
para lidar com os problemas crescentes da região metropolitana.
"Consideraremos melhor a conjugação de esforços, reunidos em uma
organização", afirmou Prestes Maia. "Seria uma organização para
operar livremente nos municípios e, de maneira imparcial, determinar as obras
necessárias.". Até hoje a discussão continua, sem que a autoridade
metropolitana tenha sido criada na Grande São Paulo.
ASSOREAMENTO.
Atualmente, os 70 grandes
rios, córregos e galerias que deságuam no Rio Tietê contêm, juntos, pelo menos
364,7 mil toneladas de areia e lixo acumulados nos leitos . Com as últimas
chuvas, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) definiu como medida urgente a
retirada desses 4,2 milhões de metros cúbicos em detritos do Tietê neste ano.
Segundo o governo, no ano
passado foram retirados apenas 1 milhão de metros cúbicos. Em 1963, de acordo
com dados da CPI das Enchentes, o assoreamento era calculado em 120 mil metros
cúbicos por ano. "Chegamos à situação de precisar manter uma drenagem
permanente de 1,5 milhão de metros cúbicos por ano, tanto quanto é feito pelo
Porto de Santos", disse o prefeito Prestes Maia. "Vamos manter cinco
dragas e seis escavadeiras para o trabalho. Além dos problemas dos rios, há o
dos córregos, bueiros e galerias pluviais, a limpeza foi desleixada durante
várias administrações."
PROBLEMA SEM FIM.
Durante o seu depoimento na
CPI das Enchentes, o prefeito Francisco Prestes Maia já chamava a atenção para
a urbanização desenfreada da Grande São
Paulo. "Há um fator de
inundações quase irremediável, a urbanização crescente do alto Tietê e do
ABC", disse. "São feitos arruamentos, terraplenagens, cortes de
matas, aterro das várzeas e, por consequência, desaparecem aqueles bolsões que
retinham as águas. Isso cria situações trágicas para a capital", afirmou o
prefeito.
O próprio Prestes Maia define perfeitamente a relação
dos paulistanos com os rios da cidade. "É o próprio homem que provoca e
que age contra o rio, é o homem que lhe faz violência, que lhe estreita o leito
e retira os reservatórios que ele naturalmente fizera", disse ele aos
vereadores da CPI. "Estamos a dançar o minueto: dois passos para frente e
dois passos para trás", disse Prestes Maia. Fonte: Estadão
- 07 de fevereiro de 2011