Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia
quarta-feira, junho 26, 2024
SUÍÇA ATINGIDA POR ENCHENTES DEVASTADORAS
Partes da Suíça, incluindo o
cantão dos Grisões e o resort de Zermatt, foram atingidas por enormes
inundações no fim de semana, que deixaram edifícios e estradas destruídas.Duas pessoas continuam desaparecidas e
uma vítima fatal
Uma forte tempestade na noite
de sexta-feira, provocou transbordamento de vários rios do cantão oriental,
causando avalanche de rochas e lama no município de Misox.
O serviço meteorológico do governo
disse que 124 mm de chuva caíram no vale de Misox , no cantão dos Grisões na sexta-feira (21). Deste total, 63 mm caíram
em um período de uma hora.
Região do desastre
“Não foi o nível
de chuva, mas a concentração de chuva em um período de tempo tão curto que
causou os problemas”, disse um porta-voz serviço meteorológico. “Essa
concentração de chuva ocorre apenas uma vez a cada 30 anos”, acrescentou.
A estância turística de
Zermatt, no cantão vizinho de Valais, também foi afetada e está isolada do
resto do país.
Deslizamento de lama e
escombros destruiu uma parte do eixo norte sul da autoestrada A13. O trecho
colapsado entre Thusis (GR) e Bellinzona (TI), é uma via importante para o
tráfego de passageiros e comercial, uma vez que liga a Suíça à Itália.
De acordo com a polícia do
cantão dos Grisões este trecho permanecerá fora de serviço “durante meses”,
incluindo o movimentado período das férias de verão. Fonte: The Local Switzerland - Published: 24 Jun, 2024
COMO 'A CHUVA DO MILÊNIO' OBRIGOU COPENHAQUE A SE TRANSFORMAR
Embora seja uma das
rotatórias mais movimentadas do leste de Copenhague, o ar em Sankt Kjelds Plads
não é pesado, não tem o cheiro e a textura dos gases de escape. E, em vez do rugido
dos motores, a paisagem sonora é caracterizada pelo som melodioso produzido por
pássaros.
A rotatória, que é cercada
por arbustos e árvores, faz parte de um experimento em grande escala para
transformar os espaços públicos da capital dinamarquesa. A ideia é tornar
Copenhague mais "habitável", criando locais para os cidadãos se
encontrarem e um habitat para a biodiversidade, ao mesmo tempo em que cria
engrenagens em uma máquina de controle de enchentes.
CHUVA DO MILÊNIO
Essa transformação foi
desencadeada pelos eventos de 2 de julho de 2011, quando Copenhague foi
atingida pelo que foi apelidado de "a chuva do milênio".
O aguaceiro maciço causou
inundação de ruas e casas. E, sem ter para onde escoar, a água permaneceu por
dias. Ratos mortos foram vistos flutuando pela cidade, e uma pesquisa posterior
revelou que durante os trabalhos de limpeza um quarto dos trabalhadores do
saneamento foi infectado com doenças como a leptospirose. Um deles até morreu.
Nos sete anos seguintes, esse
tipo de tempestade começou a se tornar cada vez mais comum, com quatro eventos
de "chuvas do século" registrados nesse período. Isso custou à cidade
pelo menos 800 milhões de euros (R$ 4,3 bilhões) em prejuízos, deixando claro
para os formuladores de políticas públicas que era hora de repensar a capital
dinamarquesa.
DESIGN URBANO INSPIRADO NA
ESPONJA
Nos últimos séculos, o foco
do desenvolvimento urbano em lugares como Copenhague foi a criação de
"cidades-máquina" que pudessem ser construídas rapidamente e fossem
eficientes para habitação, indústria e economia. Mas muitos desses centros
urbanos acabaram interferindo no ciclo da água, especialmente aqueles que
modificaram leitos de rios ou foram construídos sobre planícies aluviais.
Com o concreto e o asfalto
cobrindo áreas antes destinadas à grama e ao solo, a água das chuvas mais
fortes ficou sem ter para onde ir. Com muita frequência, isso resulta em
enchentes, e cidades do mundo todo estão explorando maneiras de reverter esse
tipo de desenvolvimento urbano. E elas fazem isso se transformando em
"esponjas" urbanas.
Em outras palavras, essas
cidades estão criando espaços e infraestrutura para absorver, reter e liberar a
água de forma a permitir que ela flua de volta para seu ciclo.
A China está na liderança,
com mais de 60 de suas cidades sendo reformadas e agora incorporando estruturas
como biovaletas e jardins de chuva para reter a água. Jan Rasmussen, chefe do
"Cloudburst Master Plan" (plano diretor para tempestades) de Copenhague,
também viu potencial para a Dinamarca.
"Nossos políticos decidiram
que há realmente uma necessidade de escoar a água da cidade muito
rapidamente", disse Rasmussen. "Eles perguntaram se poderíamos fazer
isso de forma inteligente, se poderíamos expandir o sistema de esgoto.
Poderíamos lidar com as chuvas na superfície?"
ABSORVENDO A ÁGUA DA CHUVA
Tendo estudado projetos de
cidades-esponja em todo o mundo, a equipe de Rasmussen pensou na remodelação de
cerca de 250 espaços públicos de forma a ajudar na retenção ou redirecionamento
de águas pluviais, incluindo parques, parques infantis e a rotatória Sankt
Kjelds Plads.
A ideia é usar a capacidade
natural de retenção das árvores, dos arbustos e do solo e deixar a água pluvial
fluir para locais onde não seja destrutiva.
Uma dúzia de lagos que
margeiam a rotatória foi então projetada de forma a reter o excesso de água da
chuva no caso de uma tempestade. Assim como outros lagos semelhantes espalhados
pela cidade e aberturas largas nas laterais de ruas baixas, eles servem para
canalizar a água da enchente para uma rede de túneis que está sendo instalada
20 metros abaixo da superfície.
Durante uma chuva
"normal", as águas pluviais são direcionadas para o porto por meio
desse sistema de drenagem. No entanto, quando há um excesso, como em um cenário
de tempestade, uma estação de bombeamento no porto entrará em ação, forçando
para o mar a água acumulada nos túneis, criando assim espaço para mais água da
chuva e evitando que as ruas sejam inundadas. Essa estação está sendo construída
atualmente e estará pronta em 2026.
Ainda haverá água nas ruas.
Quero dizer, elas não ficarão completamente secas. Mas passaremos de um metro
[de água de enchente] para no máximo 20 centímetros. Jes Clauson-Kaas,
engenheiro da Hofor, o departamento de gerenciamento de água responsável pela
construção do túnel
BENEFÍCIOS DE LONGO PRAZO
Parte do desafio é conseguir
a adesão dos moradores locais. E isso nem sempre é fácil quando se trata de
fechar parquinhos infantis ou os parques da cidade por longos períodos para
transformá-los em zonas de inundação, ou financiar os planos de adaptação
através de uma taxa extra nas contas de água.
Mas Clouson-Kaas diz que
equipar para o futuro uma cidade propensa a inundações faz sentido do ponto de
vista financeiro. "Perdemos cerca de 1 bilhão com esse único evento [em
2011], mas esperamos que haja vários eventos nos próximos 100 anos. Dizem que a
perda potencial pode ser de pelo menos 4 ou 5 bilhões de euros. Portanto, se
investirmos 2 bilhões de euros, ainda assim valerá a pena", disse ele.
Copenhague está em posição
—financeira e política— de investir nessa infraestrutura agora, em vez de lidar
com possíveis danos no futuro. A cidade se tornou um lugar na qual as outras
cidades buscam um exemplo para aprender sobre os benefícios de se criar uma
esponja urbana. Fonte: DW-05/03/2024
O IMPACTO DAS ENCHENTES EM CIDADES, CAMPOS E NA NATUREZA
Com o aquecimento global,
inundações são cada vez mais frequentes e podem devastar cidades e campos. Elas
são um fenômeno natural com um lado benéfico, mas cujo efeito destrutivo é
potencializado pela ação humana.
As imagens de casas e
plantações alagadas, cada vez mais frequentes, tornam difícil acreditar que
haja algo benéfico em enchentes. De fato, na União Europeia, entre os anos de
1980 e 2022, os maiores prejuízos, entre os eventos climáticos extremos, foram
causados por inundações. Ainda assim, as consequências delas para o meio
ambiente nem sempre são negativas.
Na verdade, muitos
ecossistemas dependem da elevação sazonal das águas para a ocorrência de
processos ecológicos naturais, como a distribuição de nutrientes pelo solo,
explica o diretor do Programa Global para a Água da União Internacional para
Conservação da Natureza, James Dalton.
"Os sistemas fluviais
são úteis para um suprimento constante no fluxo de nutrientes que enriquece os
ecossistemas mais abaixo no sistema fluvial, mas também flui para estuários e
deltas, que são as partes biologicamente mais produtivas do mundo. Precisamos
de enchentes, porque elas liberam sedimentos e nutrientes e também certas
espécies, que são extremamente importantes."
Ao recuar, as águas das
enchentes deixam para trás sedimentos e nutrientes que fornecem um fertilizante
rico e natural, melhorando a qualidade do solo e estimulando o crescimento
vegetal.
O solo fértil é, aliás, um
dos motivos por que muitas cidades surgiram e cresceram ao redor de rios. Além
de fornecer a tão necessária água e de ser um meio de transporte de
mercadorias, os rios, quando transbordam, também fornecem nutrientes que
enriquecem o solo para a agricultura.
ENCHENTES
Foto - Enchente em Encantado,
no Rio Grande do Sul, em novembro de 2023. Planícies aluviais são locais
potencialmente perigosos para a construção de casas
As enchentes também são úteis
para reabastecer os reservatórios de água subterrânea. Embora o processo ocorra
naturalmente em algumas regiões, na Califórnia, por exemplo, os órgãos
reguladores estão planejando desviar o excesso de águas das enchentes para
ajudar a reabastecer os reservatórios subterrâneos naturais e assim armazenar
água para os períodos de seca.
ENCHENTES DESTRUTIVAS
Mas, para além da ordem
natural das coisas, num mundo onde as temperaturas globais continuam subindo,
causando padrões pluviais mais intensos e chuvas muitas vezes imprevisíveis em
algumas regiões do mundo, os impactos não são tão benéficos.
"Estamos vendo as
enchentes se tornarem mais destrutivas, durarem mais e terem um impacto mais
rápido devido às mudanças nas chuvas", explica Dalton. "E isso está
tendo um impacto sobre a biodiversidade."
Um dos impactos mais óbvios
das enchentes sobre a vida selvagem é que algumas espécies não conseguem fugir
da elevação das águas com a rapidez necessária. Em 2012, por exemplo, centenas
de animais, incluindo rinocerontes-indianos, uma espécie ameaçada de extinção,
morreram quando o Parque Nacional de Kaziranga, na Índia, foi atingido por
graves inundações.
E mesmo quando os animais
conseguem escapar, as enchentes podem destruir seus habitats e locais de
reprodução. As plantas também podem ser afetadas pelas águas das enchentes
quando estas contêm pesticidas agrícolas, produtos químicos industriais ou
esgoto. Se os animais comem plantas contaminadas, ingerem toxinas e impurezas
que também entrarão na cadeia alimentar.
QUANDO A ENCHENTE CAUSA
EROSÃO
E nem sempre as enchentes são
benéficas para o solo. Correntezas fortes costumam deixar um rastro de
destruição, podendo levar consigo uma camada de 5 a 10 centímetros de espessura
de terra rica em nutrientes.
"Numa inundação, o solo
pode simplesmente ser levado embora, e nada sobra, a camada mais preciosa se
foi. Ele não pode ser reconstituído por humanos e é a base da produção de
alimentos", diz o consultor de agricultura sustentável Michael Berger, do
WWF da Alemanha.
A erosão do solo também
destrói habitats e paisagens. Na condição de habitat mais rico em espécies do
mundo, o solo é essencial para preservar a biodiversidade. De acordo com um
relatório publicado pela Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde da
Alemanha, a terra saudável pode armazenar mais dióxido de carbono do que as
florestas.
Além disso, a erosão do solo
também impede que a terra absorva água quando há grandes inundações, agravando
o problema. "Precisamos de solos saudáveis para nos adaptarmos à crise
climática. Eles podem armazenar até 3.750 toneladas de água por hectare e
liberá-la novamente conforme necessário", explica a diretora da Fundação
Heinrich Böll, Imme Scholz.
LIMITAR OS IMPACTOS
Mas há como limitar os impactos
das inundações, que costumam ser piores do que deveriam devido à presença de
construções no caminho das torrentes ou nas planícies de inundação.
A falta de moradias a preços
acessíveis em cidades de todo o mundo resulta em cada vez mais construções,
autorizadas ou não, em planícies aluviais. Ou seja: residências estão sendo
erguidas em locais potencialmente perigosos.
"Reconstituir como os
rios funcionam, retornar à forma como deveriam estar serpenteando e se
conectando, direcioná-los às suas planícies aluviais, ligar as águas
subterrâneas às águas superficiais: tudo isso é importante porque essa é a rede
que permite o fluxo de água", observa Dalton.
A diversificação da
agricultura, deixando de lado os métodos industriais para passar a usar práticas
como a agrofloresta, que integra árvores à agricultura, também pode minimizar
os impactos das enchentes. "Isso pode diminuir a velocidade da água quando
houver uma inundação. E quanto mais lenta for a água, menor será a
erosão", explica Berger.
"Nós, como seres humanos
diante das mudanças climáticas, com todos os seus eventos de inundação ou seca,
deveríamos definitivamente optar por soluções baseadas na natureza em vez de
aplicar concreto por toda parte e acreditar que podemos resolver tudo com nossa
tecnologia", adverte o consultor da WWF. Fonte: Deutsche Welle - 09/01/2024
CICLONE ATINGE 115 CIDADES, DEIXA MORADORES ILHADOS E MORTOS EM SC
O ciclone que influencia o tempo em Santa Catarina desde segunda-feira (2/05/2022) provocou estragos em 115 municípios. Segundo o balanço divulgado pela Defesa Civil na tarde de quinta‑feira (5):
-44 mil pessoas foram
afetadas.
-Duas prisões também foram
inundadas pela chuva,
-Moradores ficaram ilhados e
-Três pessoas morreram
BALANÇO PARCIAL,
-Desalojados:
7.100;
-Desabrigados:
518;
-Região
Sul é a área mais afetada;
-Municípios
que decretaram Situação de Emergência (SE): Tubarão, Orleans, Forquilhinhas,
Urubici, Maracajá; Araranguá, São Joaquim; Lages e Laurentino;
-Número
de rodovias alagadas: 22;
-Número
de escolas estaduais com aulas suspensas: 154.
PRESÍDIOS
Com a inundação do presídio e
da penitenciária de Tubarão, 759 detentos foram transferidos para 14 unidades
prisionais. Segundo a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa
(SAP) "internos que tiveram lesões" por conta da ocorrência de
inundação "receberam atendimento de saúde".
Já adolescentes que estavam
no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) da cidade, que não
chegou a alagar, foram levados para São José, na Grande Florianópolis. As três
unidades ficam no bairro Bom Pastor, mas em terrenos diferentes.
MORTES
José Vieira Lima, de 60 anos,
e Nilson da Silva Lima, de 40 anos, foram encontrados mortos pelo Corpo de Bombeiros
Militar em São Joaquim, na Serra catarinense, dentro de um rio na tarde de
terça-feira (3). As vítimas estavam na localidade conhecida como São Paulo
Velho.
Os socorristas foram
acionados para resgate e busca dentro de um córrego no interior do município,
mas, segundo a Defesa Civil, o volume da chuva subiu o nível do rio e o veículo
foi localizado caído com as rodas viradas para cima na região.
Na quarta-feira (4), um homem
de 45 foi arrastado pela correnteza e morreu em Urubici, também na Serra.
MORADORES ILHADOS
Em Santo Amaro da Imperatriz,
na Grande Florianópolis, quatro agricultores passaram a noite ilhados na
comunidade Vargem do Braço, e foram resgatados na terça-feira. Já em Braço do
Norte, quatro crianças e duas professoras precisaram ser resgatadas em uma
creche manhã de terça-feira devido ao alagamento da rua que dá acesso à
unidade.
Treze alunos de uma escola de
Joinville, no Norte catarinense, também ficaram ilhados por causa da chuva e
precisaram ser resgatados pelos Bombeiros Voluntários no início da tarde de
quarta.
PORTOS FECHADOS
Com a Marinha a interrompeu o
canal de acesso aos portos de Itajaí e Navegantes, no Litoral Norte. Quatro
navios estavam atracados e aguardavam autorização para sair do local.
Uma das embarcações aguardava
autorização para manobrar no Porto de Itajaí. Outros dois, aguardavam no
Portonave. O quarto esperava no terminal Barra do Rio, em Itajaí. Cada dia com
a embarcação parada equivale a uma perda que varia entre US$ 30 mil e US$ 50
mil.
CIDADES EM SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA
O número de cidades de Santa
Catarina que decretaram situação de emergência chegou a 27 noe sábado (7). No
balanço da noite de sexta-feira (6), eram 22 municípios.
De acordo com dados da Defesa
Civil, divulgados no sábado, 7.100 pessoas seguiam desalojadas e 518
desabrigadas. Três pessoas morreram por conta do mau tempo.
Conforme a Defesa Civil, 44
mil pessoas foram afetadas em 121 municípios catarinenses. Duas prisões também
foram inundadas pela chuva e moradores ficaram ilhados.
Foi atualizado para 121 os
municípios que registraram ocorrências relacionadas às chuvas que atingiram o
Estado. Houve 03 óbitos, sendo (02) no município de São Joaquim e (01) no município
de Urubici todos relacionados à pessoas que tentaram passar por áreas inundadas
com veículos que foram arrastados pela correnteza.
São contabilizados 7.100
desalojados e 518 desabrigados, num total de 44.000 pessoas afetadas, conforme
dados informados pelas Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil. Fontes: g1 SC e NSC TV
-05/05/2022, Defesa Civil de Santa Catarina - 12/05/2022
ENCHENTES ALAGAM CIDADES E MATAM AO MENOS 11 NA ITÁLIA
Governo local diz que choveu
em 36 horas o equivalente a seis meses e estima prejuízo em bilhões de euros.
Várias cidades estão inundadas nas províncias de Forlí-Cesena e Ravena.
Equipes de resgate continuam
trabalhando na quinta-feira (18/05) por causa das graves inundações que
devastaram localidades inteiras da região da Emilia-Romagna, no norte da
Itália, e causaram prejuízos de bilhões de euros, segundo estimativa do governo
local.
As autoridades locais
disseram que choveu em 36 horas o equivalente a seis meses. "Nunca se
tinha visto um fenômeno dessa magnitude no nosso país", declarou o
presidente regional, Stefano Bonaccini.
Ao menos 11 pessoas morreram,
segundo balanço desta quinta-feira. Entre elas estão pessoas que foram
arrastadas pelas águas. O número de vítimas pode aumentar. Autoridades
confirmaram que há 10 mil pessoas deslocadas.
Quarenta e duas cidades foram
inundadas pelas águas, e centenas de estradas e rodovias foram destruídas. Mais
de 20 rios transbordaram, e ocorreram mais de 280 deslizamentos de terra. As
áreas mais afetadas estão nas cidades de Faença e Forlí e na área de Ravena.
Os prejuízos chegam a vários
bilhões de euros, acrescentou Bonaccini. "Os danos foram muito maiores do
que aqueles que esperávamos, mas felizmente emitimos um alerta vermelho 24
horas antes, caso contrário teria sido uma tragédia ainda mais dramática",
disse o presidente regional.
"Os 30 milhões
disponibilizados pelo governo são bem-vindos e agradeço que os disponibilizem
de imediato, mas aqui estamos falando de bilhões de euros de prejuízos",
declarou Bonaccini à emissora de televisão pública italiana RAI.
"Foi como um novo
terremoto na véspera do catastrófico evento em Emilia-Romagna em 2012, cujo
aniversário está prestes a acontecer. Cerca de 40 municípios foram inundados,
estruturas destruídas, ferrovias interrompidas, estradas provinciais
praticamente demolidas, e uma ponte desabou", descreveu Bonaccini.
Nas províncias de
Forlí-Cesena e Ravena há cidades inteiras inundadas, situação que pode piorar
nas próximas horas, já que o nível de quase todos os rios ainda está acima do
limite de emergência.
As enchentes deixaram 34 mil
residências sem eletricidade, 100 mil pessoas com problemas em seus telefones
celulares e outras 10 mil com problemas nas linhas fixas. Fonte: Deutsche Welle - 18/05/2023
PANORAMA DA REGIÃO: Petrópolis
é um município localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do
Rio de Janeiro, no Brasil, também conhecido como Cidade Imperial. Ocupa uma
área de 795,798 km², sua população é de
306.678 (ano 2020) habitantes segundo a
estimativa do IBGE. Obs: Em 1902 a cidade tinha 29.000 habitantes
GEOGRAFIA: Petrópolis situa-se a 68 km
do Rio de Janeiro. A área central urbana de Petrópolis localiza-se no topo da
Serra da Estrela, pertencente ao conjunto montanhoso da Serra dos Órgãos,
subsetor da Serra do Mar. O município de Petrópolis apresenta relevo
extremamente acidentado, com ocorrência de grandes desníveis. A partir do
distrito de Itaipava o relevo vai diminuindo sua altitude.
O ambiente serrano, quase
sempre úmido, permitiu que a vegetação local fosse caracterizada como sendo
floresta de Mata Atlântica. Atualmente, tem havido a diminuição da vegetação
remanescentes, e ainda o seu isolamento em “ilhas”, ocorrendo até mesmo o risco
de extinção dessa vegetação natural.
CLIMA: O clima é o tropical
de altitude, com verões úmidos e quentes e invernos secos e relativamente
frios. O alto relevo, formado por montanhas de grandes altitudes, tem grande
influência no clima do município. Dessa forma, massas de ar quente-úmidas são
bloqueadas, concentradas e obrigadas a subir a grandes altitudes (maiores que
2000m). Neste momento, o contato dessas massas de ar com o ar frio dessas
altitudes, ocasionam o desencadeamento das chuvas e tempestades constantes sobre
a Serra do Mar. Essas chuvas, no período dos meses de verão, são muito
concentradas e catastróficas em Petrópolis.
CENÁRIO: A pluviosidade
significativa ao longo de todo o ano, com uma média anual de 1929 mm, associada
ao relevo e à presença de rios cortando a região são fatores indicativos da
ocorrência de inundações e deslizamentos.
Com o crescimento da
população e a consequente necessidade de expansão da área urbana do núcleo da
cidade, observa-se que ocorre uma intensa ocupação das denominadas “áreas mais
problemáticas do que as planejadas pelo Major Köeler (grande parte do traçado
do Centro Histórico, ou núcleo fundacional, foi planejado por Major Köeler em
1846 e é preservado até os dias atuais.). As áreas do topo de morros e do fundo
de vales acabam sendo ocupadas, resultando em um maior desmatamento e trazendo,
como consequência, dentre outras, o aumento dos processos de assoreamento dos
rios da região. Estes dois fatores têm implicação direta no transbordamento de
rios com inundações e risco para os habitantes ribeirinhos e, provocam ainda,
um aumento dos deslizamentos de massa de morros da cidade, ocasionando o
soterramento de regiões, algumas habitadas.
Observou-se que a expansão do
restante da cidade, provocou a redução das áreas de vegetação, não
restringindo-se, apenas aos vales ou em áreas propícias à construção. A
ocupação dos morros ocorreu em, praticamente, toda a cidade, intensificando o
desmatamento e a ocupação das margens dos rios, expondo os moradores a riscos
frequentes. Com essa expansão territorial, alguns rios foram canalizados e, outros,
mesmo que em seus cursos originais, foram afetados pela poluição. Fonte: Evolução
urbana do centro histórico de Petrópolis, Revista de Morfologia Urbana
TEMPESTADE: No dia 15 de
fevereiro de 2022, uma tempestade inesperada fez cair três horas seguidas de
chuvas. De acordo com o Cemaden, foram registrados 259,8 milímetros de chuva
durante o dia todo, sendo 250 mm foram apenas entre 16h20 e 19h20. A média
climatológica para fevereiro na cidade é de 185 milímetros. Foi a maior
tempestade da história de Petrópolis, desde que se iniciaram as medições, em
1932. O recorde anterior havia ocorrido no dia 20 de agosto de 1952, quando
choveu 168,2 mm em 24 horas.
FORMAÇÃO DO DESASTRE: Precipitação elevada, topografia
acidentada que potencializa a chuva, falta de cobertura vegetal, ocupação
desordenada da encosta, impermeabilização excessiva da cidade, as condições são
ótimas para que o volume de chuva seja excessiva, com velocidade, com
deslizamento/aluimento de terra e pedra.
De acordo com o professor da
Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
especialista em drenagem urbana Matheus Martins, a topografia da cidade é
propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e
é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanhas, afluente do Paraíba do
Sul.
Quando chove com mais
intensidade, a água desce rápido das encostas, atinge o rio com velocidade,
desce o rio com mais velocidade e, quando chega próximo ao centro de
Petrópolis, a declividade do rio diminui um pouco e a cheia acaba transbordando
para as margens. Isso acontece mais ou menos frequentemente em Petrópolis
VÍTIMAS: Inicialmente a Defesa
Civil confirma 78 mortas e 21 pessoas resgatadas, e também temos 372 pessoas
desabrigadas ou desalojadas. São 89 áreas atingidas, com 26 deslizamentos. Mais
de 180 moradores de áreas de risco estão sendo acolhidos", atualizou.
No mesmo dia, a unidade do
Corpo de Bombeiros Militar na cidade já havia identificado pelo menos 18 mortos
por causa dos eventos, número que aumentou para 94 no dia seguinte e para 181
no sétimo dia de buscas.
Em 18/02, o número de mortos
em Petrópolis, na região serrana fluminense, subiu para 123, segundo dados
divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro.
Em 22/02, segundo dados
divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, já são 183 os mortos
confirmados; 111 mulheres, 32 crianças e 40 homens.
Em 24/02, segundo dados
divulgados; 208 mortos, sendo: 124 são mulheres, 84 homens. Do total, 40 são
menores de idade. Até o momento, 191 foram identificados e 181 já foram liberados para os procedimentos funerários.
Em 28/02, segundo dados
divulgados; pelo menos 229 mortos, sendo ; 136 mulheres, 50 homens e 43
menores. Segundo a Polícia Civil, os peritos ainda atuam na análise de DNA de
despojos recuperados nas áreas afetadas.
DESABRIGADOS: A cidade já
contabiliza 875 desabrigados, acolhidos em 13 escolas públicas sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social.
DESAPARECIDOS: Até o momento,
há registro de 69 desaparecidos comunicados à Delegacia de Descoberta de
Paradeiros (DDPA).
Em 28/02; Ao menos 20 pessoas
ainda estão desaparecidas, segundo o portal de desaparecidos da Polícia Civil
AUXILIO DE EMERGÊNCIA: O prefeito da cidade anunciou
um acordo com o governador do estado, para a garantia de um aluguel social no
valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. O
intuito do benefício é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas
temporariamente.
ATENDIMENTO HOSPITALAR: A
Marinha terminou de montar no domingo (20) um hospital de campanha no Sesi
Petrópolis, na Rua Bingen. A unidade funciona das 8h às 18h, com 12 leitos de
enfermaria e cinco estações de atendimento ambulatorial, aberto a pessoas que
precisem de atendimento de baixa complexidade.
De acordo com o diretor do
Centro de Medicina Operativa da Marinha, a unidade vai apoiar os hospitais da
cidade. “Estamos aqui para apoiar a estrutura de saúde local, realizando atendimentos
clínicos, laboratoriais, odontológicos, pediátricos, ortopédicos e pequenos
procedimentos. Assim, deixamos os atendimentos de maior complexidade para os
hospitais previamente estabelecidos”.
MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS: Cerca
de 400 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos. A Polícia Civil do RJ
também montou uma força-tarefa na cidade. São cerca de 200 policiais, peritos
legistas e criminais, papiloscopistas, técnicos e auxiliares de necropsia,
servidores de cartório e de diversas delegacias da Região Serrana.
As Forças Armadas
disponibilizaram 5 caminhões, uma ambulância e colocou todo o efetivo do
Exército à disposição da cidade. A Polícia Rodoviária Federal participa das
operações com 34 agentes, 8 viaturas, uma aeronave, uma retroescavadeira, um
caminhão caçamba e um prancha, uma ambulância e drones.
Para reforçar os trabalhos, mais de 150
militares de 15 estados e do Distrito Federal estão se somando ao contingente
de mais de 500 da corporação fluminense
O apoio da Marinha à tragédia
de Petrópolis começou na madrugada do dia 16, na desobstrução das vias com
motosserras. Caminhões, retroescavadeiras e material para a instalação do
hospital de campanha chegaram na manhã do dia 17.
O efetivo da força na cidade
é de 60 viaturas e 300 militares, entre fuzileiros navais, médicos, enfermeiros
e farmacêuticos.
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA: A
Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (SES) enviou ontem quatro motolâncias do
grupamento de motociclistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)
da capital para atuar nas ações de socorro em locais de difícil acesso em
Petrópolis.
Segundo o governo do estado,
os agentes atendem a demanda espontânea da população e alcançam locais onde
outros veículos ainda não conseguem chegar, por causa da dificuldade de
mobilidade e obstrução das vias após os deslizamentos de terra.
DECRETO DE CALAMIDADE
PÚBLICA: A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as
equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas. Quem
tiver parentes desaparecidos deve procurar a delegacia.
CIDADE SOB A LAMA: Na quarta-feira (16/02), era possível ver o
tamanho da devastação — embora, em muitos locais, fosse difícil distinguir o
que era casa, o que era terra ou o que era rua.
Morros vieram abaixo, carregando
pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da
correnteza; vias importantes foram bloqueadas, dificultando o acesso aos
desabrigados.
O Alto da Serra foi uma das
localidades mais devastadas. A prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram
atingidas pela barreira que caiu no Morro da Oficina. Outras regiões também foram
atingidas, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila
Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.
Corpos também foram
encontrados no Centro da cidade depois que o nível do rio desceu.
A situação é quase que de
guerra. Carros pendurados em postes. Carros virados de cabeça para baixo. Muita
lama e muita água ainda.
IMPACTOS ECONÔMICOS: Uma
pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Análises da Fecomércio e
divulgada em 17 de fevereiro, mostrou que as fortes chuvas provocaram um
prejuízo de mais de 78 milhões de reais no setor de bens, serviços e turismo do
município.
Em 21 de fevereiro, a
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou os
resultados de uma pesquisa sobre o impacto financeiro da tragédia. A perda estimada
foi de 665 milhões de reais, o equivalente a 2% do PIB do município. Segundo o
presidente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, as perdas superam 1
bilhão de reais, se incluídos os gastos com a reconstrução. Ainda segundo a
instituição, as chuvas afetaram 65% das empresas da cidade, sendo que 85% ainda
não haviam retomado as atividades.
LIMPEZA: A prefeitura de
Petrópolis realiza na segunda-feira, 28/02, megaoperação para limpeza das ruas,
com o apoio das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Serão mais de dois mil
homens e mulheres atuando em diversos pontos da cidade, além de máquinas e
caminhões, na primeira ação da Frente Nacional dos Prefeitos.
A Companhia de Limpeza Urbana
da capital (Comlurb) enviou 15 caminhões basculantes de grande porte, dois
menores, sete pás mecânicas e quatro caminhões pipa, além de duas vans
equipadas com moto bomba e itens para remoção de galhos, caminhão de apoio e
cinco vans de poda de árvore, com 50 motosserras.
No domingo, 20/02, o trabalho
de limpeza contou com mais de mil pessoas, concentradas nas ruas do Centro
Histórico, Bingen, Coronel Veiga e Washington Luiz. As equipes atuam também em
regiões como Centro, Quitandinha, Alto da Serra, Chácara Flora e Corrêas. De
acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, metade das cerca de 20 vias
fundamentais para a mobilidade urbana do município atingidas após as chuvas já
foram desobstruídas.
RETORNO AS ATIVIDADES
As empresas de ônibus de
Petrópolis estão restabelecendo gradualmente a operação das linhas. No sábado, 19/02, os ônibus permaneceram operando com redução
de horários e de frota.
A prefeitura de Petrópolis
pede que os moradores evitem sair de casa, para agilizar as ações de limpeza
com menos pessoas circulando pela cidade.
BUSCAS ENCERRADAS
Os trabalhos de buscas
continuam no bairro Chácara Flora, onde há registro de duas pessoas desaparecidas.
Já as buscas no Morro da Oficina foram encerradas no domingo, 27/02. O Corpo de Bombeiros informou que já
encontrou todas as pessoas dadas como desaparecidas na localidade. Agora, além
do trabalho na Chácara Flora, também há varredura pelos rios da cidade, onde
três vítimas estão desaparecidas.
Um grupo com 5 condutores e 5
cães chegaram da Argentina para auxiliar no trabalho. Ao todo, 58 cães
farejadores atuaram na cidade.
POR QUE CHOVEU TANTO EM
PETRÓPOLIS? FRENTE FRIA, UMIDADE E RELEVO EXPLICAM
A chegada de uma frente fria
junto com um corredor de umidade, e ar abafado, são dois fatores que explicam
as fortes chuvas que atingiram ontem Petrópolis, na região serrana do Rio de
Janeiro.
"Ela está relacionada
com a chegada da frente fria até o litoral do Rio de Janeiro. É uma frente fria
que passou pela costa de São Paulo bem rápido, mas, no Rio de Janeiro, ela
conseguiu levar um pouco mais de chuva", diz Carine Gama, meteorologista
da Climatempo. "Além disso, o ar, no interior do Brasil, estava bem
abafado. A gente tinha um corredor de umidade voltado para o Sudeste
brasileiro."
Carine Gama cita um outro
motivo fator que influenciou no cenário: a orografia, que é o relevo
acidentado, como acontece na região de Petrópolis. "Áreas de montanha têm
condição para formação de nuvens de chuva forte de forma mais fácil porque o ar
sobe por um lado e sai do outro."
A previsão do tempo indicava
a chance de chuvas severas na região serrana, mas não há ferramenta, segundo as
meteorologistas, que indiquem um volume tão intenso em um espaço tão curto de
tempo.
Nenhum modelo meteorológico
vai indicar 200 milímetros de chuva em três horas. Infelizmente, a gente não
tem essa ferramenta em mãos"
Carine Gama, meteorologista
da Climatempo
"O que a gente pode ver
é monitorar o deslocamento, mas quando o radar mostra já é praticamente a nuvem
já formada, precipitando", diz Marlene Leal, meteorologista do Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia).
Na terça, Petrópolis
registrou em apenas três horas uma quantidade de chuva maior do que a média
esperada para todo o mês de fevereiro. Ao menos 94 pessoas morreram no
município.
Segundo o Cemadem (Centro
Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), foram registrados
250 milímetros de chuva em três horas em 15/02, em Petrópolis. No total das 24
horas de 15 de fevereiro, foram 260 milímetros.
"A média climatológica
para o mês de fevereiro de Petrópolis é de 185 milímetros", diz Gama.
"Esse volume foi maior do que toda a chuva prevista para o mês. Choveu
fevereiro inteiro mais um terço de fevereiro."
Além da intensidade, outro
fator é destacado por meteorologistas: a chuva foi concentrada em áreas de
Petrópolis, o que pode ter evitado uma tragédia maior.
Foi uma nuvem de chuva
totalmente localizada que provocou essa chuva extremamente excepcional. Não foi
na cidade inteira, em toda a região serrana. Foi uma chuva totalmente pontual,
totalmente localizada, Carine Gama, meteorologista da Climatempo
PETRÓPOLIS: UM MÊS APÓS
TRAGÉDIA
Ao completar um mês da
tragédia que tirou a vida de 233 pessoas e deixou quatro desaparecidos em
Petrópolis, alguns problemas seguem sem solução. O maior deles é onde acomodar
as centenas de pessoas que perderam suas casas ou tiveram que sair do imóvel,
com risco de desabamento.
Segundo o último balanço da
prefeitura, são 685 pessoas em abrigos, a maioria em igrejas e escolas. Outras
estão provisoriamente em casas de parentes. A maioria espera a concessão do
aluguel social para conseguir novo lugar para morar, mas o processo está muito
lento.
Dados gerais
1) 60.000 toneladas
de entulho retirado
2) 233 mortes
3) 4
desaparecidos
4) 200 milhões de
prejuízos
HISTÓRICO DE
ENCHENTES EM PETRÓPOLIS:Em
veículos de comunicação da época, como o Mercantil e o Paraíba, são relatadas
enchentes, ainda, em 1873, 1875 – vez que a Fábrica São Pedro de Alcântara foi
afetada, 1882, 1895, 1897, 1902, 1903, 1904, 1906 e inúmeras delas na década de
1930. Posteriormente, marcaram a história local, ainda, os eventos de 1965,
1966, 1988 e 2011.
Fontes: Agência Brasil - Rio
de Janeiro - Publicado em 16/02/2022; UOL, em São Paulo-16/02/2022; g1 —
Petrópolis 16/02/2022; Diário de Petrópolis - Quarta-feira, 16/02/2022; Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 22/02/2022; Por g1 — Petrópolis -
28/02/2022; Globo News – 15/03/2022; Wikipédia 03/04/2022
Comentário:
Esse um padrão de urbanismo
que ainda predomina nas cidades, encaixar um rio num leito retificado, com as
margens impermeabilizadas e muretas. Ao longo do rio ou córrego constrói
avenidas e edificações. O rio perde toda sua característica natural, ficando
engessado numa calha artificial Suas margens e regiões limítrofes são
modificadas por construções, avenidas, de maneira desordenada. Quando há chuvas
torrenciais o rio procura sua forma anterior, natural, para escoar a água ou
manter a vazão do rio de modo continuo. Com esse engessamento do rio, acrescido
pela vazão do rio virtual provocado pela impermeabilização do solo e
desmatamento, ele forçosamente sairá de seu leito artificial construído pelo
homem, para aliviar a pressão e volume de água existente nesse leito que não
comporta esse volume de água.
A cidade vai crescendo, mais
impermeabilização, mais água é direcionado ao rio, que mantém a mesma vazão
anterior numa situação crescente de ocupação urbana, sem ao menos aumentar o
leito do rio, que se torna inviável devido a ocupação de suas margens por
infraestrutura urbana.
Esse tipo de desastre obedece
a um padrão semelhante em todos os países.
As principais causas de
inundação seriam:
■A morfologia da cidade a
região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de
vale, e encostas íngremes.
■O clima: chove
torrencialmente na época de verão
■Uso e ocupação do solo de
maneira desordenada
■Não há mapeamento das áreas
inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação
cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de
inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação
Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Uso de Sistema de
Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos
urbanos.
5- Controle público da
ocupação regular e irregular
■A prática legalizada da
construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o
ecossistema.
■O aumento da
vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda
não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão,
canalizar córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos
córregos e rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo,
principalmente construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.
Infelizmente a história de
desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de
poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas
mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam.
Infelizmente, muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos
que já aconteceram e repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias
leis para provocar desastres.
FORTES CHUVAS ATINGIRAM A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO E INTERIOR
Desde a noite de 28 de
janeiro de 2022, fortes chuvas atingiram a Região Metropolitana de São Paulo
durante cinco dias, causando dezenas de mortes. Vários pontos da cidade de
Franco da Rocha alagaram, principalmente o centro e áreas próximas, com o
desabamento de várias casas, devido a deslizamentos de terra. O tráfego de
trens foi interrompido devido ao alagamento dos trilhos entre Francisco Morato
e Perus. O tráfego de veículos entre o município e Jundiaí também foi
prejudicado devido aos deslizamentos de terra e queda de árvores na SP-332,
principal rodovia que liga as cidades
A SITUAÇÃO ATÉ O MOMENTO,
SEGUNDO INFORMAÇÕES DA DEFESA CIVIL:
VÁRZEA PAULISTA - Cinco
pessoas da mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por
um desmoronamento. As vítimas são um casal, um bebê de um ano e duas crianças,
uma de 10 e outra de 12 anos;
EMBU DAS ARTES - Três
pessoas, também de uma mesma família, morreram após uma casa ser atingida por
um deslizamento de terra na madrugada de domingo. As vítimas são a mãe e dois
filhos — uma menina de quatro anos e um rapaz de 21 anos. Quatro pessoas
conseguiram escapar.
FRANCO DA ROCHA - Quatro
pessoas morreram, há ainda oito feridos e quatro desaparecidos;
FRANCISCO MORATO - Quatro
pessoas morreram;
RIBEIRÃO PRETO - Uma pessoa
morreu;
ARUJÁ - Uma pessoa morreu;
JAÚ - Uma pessoa morreu.
RESGATE EM FRANCO DA ROCHA E
FRANCISCO MORATO
A Prefeitura de Franco da
Rocha afirmou que as equipes estão mobilizadas no resgate de vítimas de um
deslizamento de terra na Rua São Carlos, no Parque Paulista, que fica na divisa
com Francisco Morato. Três pessoas morreram no local. Sete pessoas foram
resgatadas com vida, mas uma morreu no local.
Foto: Franco da Rocha
Equipes da Defesa Civil e do
Corpo de Bombeiros usaram botes para resgatar moradores na manhã de domingo
(30), em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo. O Ribeirão
Eusébio e o Rio Juquery transbordaram, deixando a área central da cidade
alagada.
CAIEIRAS
Em Caieiras, na Grande SP, as
chuvas deixaram casas e ruas completamente alagadas. Muita gente ficou ilhada,
e o resgate está sendo feito por tratores da Prefeitura e caminhões.
Os pontos de alagamento ainda
deixaram muita gente presa no trânsito, impossibilitados de transitar pelas
ruas. O acesso a outras cidades também está impossibilitado. A cidade registrou
ainda um deslizamento de terra, em que ninguém ficou ferido.
De acordo com o prefeito toda
a área baixa da cidade está alagada. Ainda não há número de desabrigados ou
desalojados pelas chuvas.
VÁRZEA PAULISTA
Uma equipe da Defesa Civil
procura por quatro pessoas desaparecidas de uma família, na manhã deste domingo
(30), no Jardim Promeca, em Várzea Paulista (SP). O corpo de um homem já foi
retirado da casa pela equipe.
De acordo com o órgão, na
cidade choveu 88 mm nas últimas 72h. O bairro mais prejudicado foi o Jardim
Promeca, a região onde há desaparecidos.
Segundo a Defesa Civil, as
buscas estão sendo realizadas no imóvel da família. Uma grande quantidade de
terra de um morro desmoronou e atingiu um dos quartos do casal e das crianças.
As chuvas intensas em Várzea
Paulista fizeram o Rio Jundiaí também invadir a Avenida Marginal.
BALANÇO DA DEFESA CIVIL - 31
DE JANEIRO
A Defesa Civil do Estado de
São Paulo confirmou, 34 óbitos em razão das chuvas que atingiram diversas
regiões do estado desde a última sexta-feira (28). Os transtornos provocados
pelo mau tempo também deixaram cerca de 5.770 famílias desabrigadas ou desalojadas.
Entre as vítimas há um total
de oito crianças. Além disso, há 14 feridos e 0 desaparecido. Ainda de acordo
com a Defesa Civil, há ocorrências espalhadas por todo Estado relacionadas às
chuvas, como alagamentos, queda de árvores, quedas de muros e deslizamentos de
terra. No total, são 39 municípios afetados.
ITAPEVI – 1 óbito
ARUJÁ – 1 óbito
FRANCISCO MORATO – 4 óbitos
EMBU DAS ARTES – 3 óbitos
FRANCO DA ROCHA: 18 óbitos
VÁRZEA PAULISTA – 5 óbitos
JAÚ – 1 óbito
RIBEIRÃO PRETO – 1 óbito
A Defesa Civil já forneceu,
até o momento, 1.012 cestas básicas, 1.316 kits de higiene/limpezae 1.154 kits dormitório.
RECURSOS LIBERADOS
O governado do estado anunciou
a liberação de R$ 15 milhões para as cidades afetadas.
Os recursos anunciados serão
destinados aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2
milhão), Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhão), na
Região Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo Limpo
Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão), Montemor (R$
1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado.
HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS
Historicamente, Franco da
Rocha já havia sido inundada por águas da chuva em 1987, 2011, 2015, 2016, 2018.
FRANCO DA ROCHA
É um município da região
metropolitana de São Paulo. Compõe, juntamente com outros 39 municípios, a
região no entorno da cidade de São Paulo, capital do Estado. Está a 27
quilômetros do centro da capital, 728 metros acima do nível do mar.
Com território de 132,775 km²
Franco da Rocha faz divisa com os municípios de Cajamar, Caieiras, Mairiporã,
Francisco Morato, Jundiaí e Campo Limpo Paulista. Junto com os quatro
primeiros municípios dessa
lista integra a região hidrográfica denominada Bacia do Juquery, principal rio
que cruza a região; a bacia ainda é composta pelo Reservatório Juquery,
Ribeirão Euzébio, Ribeirão Borda da Mata, Ribeirão Itaim, Tanque Velho,
Cristais, Santa Inês, Córrego
da Colônia e Córrego da 3ª Colônia.
Segundo o IBGE (2016) a
população de Franco da Rocha é de 147.650 habitantes, sendo desses 67.462
homens e 64.142 de mulheres. Abaixo um gráfico com a distribuição por faixa etária
no município:
A população ocupa
predominantemente a área urbana, sendo que 92,1% da população encontra‑se na
cidade, enquanto que 7,9% da população de Franco da Rocha encontra-se em área
rural.
Fontes: Por g1 SP — São Paulo
- 30/01/2022, g1 SP e TV Globo - São Paulo - 31/01/2022 e
Defesa Civil do Estado de São Paulo
As fortes chuvas que há semanas atingem MG
continuam afetando a população e causando prejuízos. Rios transbordando,
alagamento, inundações se espalham por várias regiões do estado. Os números de
desabrigados e desalojados não param de aumentar. Desde o início da estação chuvosa, que este ano começou em outubro, um mês
antes que o habitual.
Início da chuva – 01/10/2021
Danos humanos; (acumulado de 01out/2021 até 16/01/2022)
Mortos - 25
Desabrigados- 7.336
Desalojados - 47.911
Município em emergência – 374, dos 845
municípios
Fonte:
Defesa Civil Estadual de Minas Gerais
ESTAÇÃO CHUVOSA EM MINAS GERAIS
A estação chuvosa em Minas Gerais, assim
como, em toda a Região Sudeste, ocorre entre os meses de outubro a março, porém
as primeiras pancadas de chuva, normalmente ocorrem na segunda quinzena de setembro,
evidenciando o declínio da estação seca. Historicamente, no decorrer do mês de
outubro, as pancadas de chuvas se tornam mais frequentes, estabelecendo na segunda
quinzena do mês o início do período chuvoso no Centro-Sul e Oeste mineiro.
O aumento na frequência das chuvas se
propaga gradativamente para o Centro-Norte e Leste, de forma que no início de
novembro, todo o Estado já se encontra com a estação chuvosa estabelecida. O
trimestre novembro a janeiro é frequentemente o mais chuvoso do ano. Normalmente,
as chuvas deste trimestre é que favorecem para a recuperação dos reservatórios
hídricos na Região Sudeste.
O transporte de umidade da Amazônia para o
Brasil Central e Sudeste se estabelece entre a primavera e o verão, favorecendo
a ocorrência diurna de pancadas de chuva, assim como, a configuração da Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). A ZCAS decorre da conexão deste canal de
umidade com um sistema frontal que permanece estacionário sob o oceano, nas
imediações do litoral da Região Sudeste, configurando uma banda de nebulosidade
que se estende da Amazônia, passando pelas regiões brasileiras mencionadas, se
estendendo para o Atlântico Sul. As regiões sob este sistema apresentam chuva
praticamente contínua por dias consecutivos. Por outo lado, períodos
consecutivos de dias sem chuva durante a estação chuvosa, denominados
veranicos, são comuns principalmente em fevereiro. Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet - 5º Distrito de
Meteorologia / Minas Gerais / Belo Horizonte
AS INUNDAÇÕES SÃO FENÔMENOS NATURAIS
As inundações são fenômenos naturais que
possuem como causas mais comuns eventos de pluviosidade intensa e de pouca duração
ou períodos de chuvas contínuas.
Todavia, apesar de naturais, as inundações
têm tido sua frequência e magnitude alteradas pelas modificações do uso e
ocupação do solo, bem como suas consequências têm sido mais impactantes em
termos socioeconômicos, devido, principalmente, à ocupação de áreas marginais
inundáveis (planícies fluviais) nas zonas urbanas.
A urbanização ao longo das planícies
fluviais é um processo histórico, fruto das facilidades geradas para a
implantação de atividades agrícolas e para a utilização dos cursos fluviais
como meio de transporte. Como resultado, desde cerca de quatro mil anos a humanidade
convive com os riscos associados à localização de suas atividades e moradias no
entorno de corpos hídricos. Estes riscos, muitas vezes, se refletem em
significativas perdas humanas e materiais em diferentes áreas do mundo. Fonte: Joana Maria Drumond Cajazeiro,
geógrafa
Comentário: As principais causas de inundação seriam:
■ A morfologia da cidade a região tem
relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e
encostas íngremes.
■ O clima: chove torrencialmente na época
de verão
■ Uso e ocupação do solo de maneira
desordenada
■ Não há mapeamento das áreas inundáveis
quanto a:
1-Conhecimento da relação cota x risco de
inundação
2- Definições dos riscos de inundação de
cada superfície
3- Incorporação a Legislação Municipal de
uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Uso de Sistema de Informações Geográficas
na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos.
5- Controle público da ocupação regular e
irregular
■ a prática legalizada da construção
ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.
■ O aumento da vulnerabilidade é
atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as
limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão, canalizar
córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos córregos e
rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente
construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.
Infelizmente a historia de desastre
natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as
lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. Infelizmente,
muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos que já
aconteceram , imagine a cegueira diante dos fatos portadores de futuro que repetirão
os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para provocar desastres.