Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia
quarta-feira, junho 26, 2024
SUÍÇA ATINGIDA POR ENCHENTES DEVASTADORAS
Partes da Suíça, incluindo o
cantão dos Grisões e o resort de Zermatt, foram atingidas por enormes
inundações no fim de semana, que deixaram edifícios e estradas destruídas.Duas pessoas continuam desaparecidas e
uma vítima fatal
Uma forte tempestade na noite
de sexta-feira, provocou transbordamento de vários rios do cantão oriental,
causando avalanche de rochas e lama no município de Misox.
O serviço meteorológico do governo
disse que 124 mm de chuva caíram no vale de Misox , no cantão dos Grisões na sexta-feira (21). Deste total, 63 mm caíram
em um período de uma hora.
Região do desastre
“Não foi o nível
de chuva, mas a concentração de chuva em um período de tempo tão curto que
causou os problemas”, disse um porta-voz serviço meteorológico. “Essa
concentração de chuva ocorre apenas uma vez a cada 30 anos”, acrescentou.
A estância turística de
Zermatt, no cantão vizinho de Valais, também foi afetada e está isolada do
resto do país.
Deslizamento de lama e
escombros destruiu uma parte do eixo norte sul da autoestrada A13. O trecho
colapsado entre Thusis (GR) e Bellinzona (TI), é uma via importante para o
tráfego de passageiros e comercial, uma vez que liga a Suíça à Itália.
De acordo com a polícia do
cantão dos Grisões este trecho permanecerá fora de serviço “durante meses”,
incluindo o movimentado período das férias de verão. Fonte: The Local Switzerland - Published: 24 Jun, 2024
PANORAMA DA REGIÃO: Petrópolis
é um município localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do
Rio de Janeiro, no Brasil, também conhecido como Cidade Imperial. Ocupa uma
área de 795,798 km², sua população é de
306.678 (ano 2020) habitantes segundo a
estimativa do IBGE. Obs: Em 1902 a cidade tinha 29.000 habitantes
GEOGRAFIA: Petrópolis situa-se a 68 km
do Rio de Janeiro. A área central urbana de Petrópolis localiza-se no topo da
Serra da Estrela, pertencente ao conjunto montanhoso da Serra dos Órgãos,
subsetor da Serra do Mar. O município de Petrópolis apresenta relevo
extremamente acidentado, com ocorrência de grandes desníveis. A partir do
distrito de Itaipava o relevo vai diminuindo sua altitude.
O ambiente serrano, quase
sempre úmido, permitiu que a vegetação local fosse caracterizada como sendo
floresta de Mata Atlântica. Atualmente, tem havido a diminuição da vegetação
remanescentes, e ainda o seu isolamento em “ilhas”, ocorrendo até mesmo o risco
de extinção dessa vegetação natural.
CLIMA: O clima é o tropical
de altitude, com verões úmidos e quentes e invernos secos e relativamente
frios. O alto relevo, formado por montanhas de grandes altitudes, tem grande
influência no clima do município. Dessa forma, massas de ar quente-úmidas são
bloqueadas, concentradas e obrigadas a subir a grandes altitudes (maiores que
2000m). Neste momento, o contato dessas massas de ar com o ar frio dessas
altitudes, ocasionam o desencadeamento das chuvas e tempestades constantes sobre
a Serra do Mar. Essas chuvas, no período dos meses de verão, são muito
concentradas e catastróficas em Petrópolis.
CENÁRIO: A pluviosidade
significativa ao longo de todo o ano, com uma média anual de 1929 mm, associada
ao relevo e à presença de rios cortando a região são fatores indicativos da
ocorrência de inundações e deslizamentos.
Com o crescimento da
população e a consequente necessidade de expansão da área urbana do núcleo da
cidade, observa-se que ocorre uma intensa ocupação das denominadas “áreas mais
problemáticas do que as planejadas pelo Major Köeler (grande parte do traçado
do Centro Histórico, ou núcleo fundacional, foi planejado por Major Köeler em
1846 e é preservado até os dias atuais.). As áreas do topo de morros e do fundo
de vales acabam sendo ocupadas, resultando em um maior desmatamento e trazendo,
como consequência, dentre outras, o aumento dos processos de assoreamento dos
rios da região. Estes dois fatores têm implicação direta no transbordamento de
rios com inundações e risco para os habitantes ribeirinhos e, provocam ainda,
um aumento dos deslizamentos de massa de morros da cidade, ocasionando o
soterramento de regiões, algumas habitadas.
Observou-se que a expansão do
restante da cidade, provocou a redução das áreas de vegetação, não
restringindo-se, apenas aos vales ou em áreas propícias à construção. A
ocupação dos morros ocorreu em, praticamente, toda a cidade, intensificando o
desmatamento e a ocupação das margens dos rios, expondo os moradores a riscos
frequentes. Com essa expansão territorial, alguns rios foram canalizados e, outros,
mesmo que em seus cursos originais, foram afetados pela poluição. Fonte: Evolução
urbana do centro histórico de Petrópolis, Revista de Morfologia Urbana
TEMPESTADE: No dia 15 de
fevereiro de 2022, uma tempestade inesperada fez cair três horas seguidas de
chuvas. De acordo com o Cemaden, foram registrados 259,8 milímetros de chuva
durante o dia todo, sendo 250 mm foram apenas entre 16h20 e 19h20. A média
climatológica para fevereiro na cidade é de 185 milímetros. Foi a maior
tempestade da história de Petrópolis, desde que se iniciaram as medições, em
1932. O recorde anterior havia ocorrido no dia 20 de agosto de 1952, quando
choveu 168,2 mm em 24 horas.
FORMAÇÃO DO DESASTRE: Precipitação elevada, topografia
acidentada que potencializa a chuva, falta de cobertura vegetal, ocupação
desordenada da encosta, impermeabilização excessiva da cidade, as condições são
ótimas para que o volume de chuva seja excessiva, com velocidade, com
deslizamento/aluimento de terra e pedra.
De acordo com o professor da
Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
especialista em drenagem urbana Matheus Martins, a topografia da cidade é
propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e
é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanhas, afluente do Paraíba do
Sul.
Quando chove com mais
intensidade, a água desce rápido das encostas, atinge o rio com velocidade,
desce o rio com mais velocidade e, quando chega próximo ao centro de
Petrópolis, a declividade do rio diminui um pouco e a cheia acaba transbordando
para as margens. Isso acontece mais ou menos frequentemente em Petrópolis
VÍTIMAS: Inicialmente a Defesa
Civil confirma 78 mortas e 21 pessoas resgatadas, e também temos 372 pessoas
desabrigadas ou desalojadas. São 89 áreas atingidas, com 26 deslizamentos. Mais
de 180 moradores de áreas de risco estão sendo acolhidos", atualizou.
No mesmo dia, a unidade do
Corpo de Bombeiros Militar na cidade já havia identificado pelo menos 18 mortos
por causa dos eventos, número que aumentou para 94 no dia seguinte e para 181
no sétimo dia de buscas.
Em 18/02, o número de mortos
em Petrópolis, na região serrana fluminense, subiu para 123, segundo dados
divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro.
Em 22/02, segundo dados
divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, já são 183 os mortos
confirmados; 111 mulheres, 32 crianças e 40 homens.
Em 24/02, segundo dados
divulgados; 208 mortos, sendo: 124 são mulheres, 84 homens. Do total, 40 são
menores de idade. Até o momento, 191 foram identificados e 181 já foram liberados para os procedimentos funerários.
Em 28/02, segundo dados
divulgados; pelo menos 229 mortos, sendo ; 136 mulheres, 50 homens e 43
menores. Segundo a Polícia Civil, os peritos ainda atuam na análise de DNA de
despojos recuperados nas áreas afetadas.
DESABRIGADOS: A cidade já
contabiliza 875 desabrigados, acolhidos em 13 escolas públicas sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social.
DESAPARECIDOS: Até o momento,
há registro de 69 desaparecidos comunicados à Delegacia de Descoberta de
Paradeiros (DDPA).
Em 28/02; Ao menos 20 pessoas
ainda estão desaparecidas, segundo o portal de desaparecidos da Polícia Civil
AUXILIO DE EMERGÊNCIA: O prefeito da cidade anunciou
um acordo com o governador do estado, para a garantia de um aluguel social no
valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. O
intuito do benefício é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas
temporariamente.
ATENDIMENTO HOSPITALAR: A
Marinha terminou de montar no domingo (20) um hospital de campanha no Sesi
Petrópolis, na Rua Bingen. A unidade funciona das 8h às 18h, com 12 leitos de
enfermaria e cinco estações de atendimento ambulatorial, aberto a pessoas que
precisem de atendimento de baixa complexidade.
De acordo com o diretor do
Centro de Medicina Operativa da Marinha, a unidade vai apoiar os hospitais da
cidade. “Estamos aqui para apoiar a estrutura de saúde local, realizando atendimentos
clínicos, laboratoriais, odontológicos, pediátricos, ortopédicos e pequenos
procedimentos. Assim, deixamos os atendimentos de maior complexidade para os
hospitais previamente estabelecidos”.
MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS: Cerca
de 400 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos. A Polícia Civil do RJ
também montou uma força-tarefa na cidade. São cerca de 200 policiais, peritos
legistas e criminais, papiloscopistas, técnicos e auxiliares de necropsia,
servidores de cartório e de diversas delegacias da Região Serrana.
As Forças Armadas
disponibilizaram 5 caminhões, uma ambulância e colocou todo o efetivo do
Exército à disposição da cidade. A Polícia Rodoviária Federal participa das
operações com 34 agentes, 8 viaturas, uma aeronave, uma retroescavadeira, um
caminhão caçamba e um prancha, uma ambulância e drones.
Para reforçar os trabalhos, mais de 150
militares de 15 estados e do Distrito Federal estão se somando ao contingente
de mais de 500 da corporação fluminense
O apoio da Marinha à tragédia
de Petrópolis começou na madrugada do dia 16, na desobstrução das vias com
motosserras. Caminhões, retroescavadeiras e material para a instalação do
hospital de campanha chegaram na manhã do dia 17.
O efetivo da força na cidade
é de 60 viaturas e 300 militares, entre fuzileiros navais, médicos, enfermeiros
e farmacêuticos.
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA: A
Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (SES) enviou ontem quatro motolâncias do
grupamento de motociclistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)
da capital para atuar nas ações de socorro em locais de difícil acesso em
Petrópolis.
Segundo o governo do estado,
os agentes atendem a demanda espontânea da população e alcançam locais onde
outros veículos ainda não conseguem chegar, por causa da dificuldade de
mobilidade e obstrução das vias após os deslizamentos de terra.
DECRETO DE CALAMIDADE
PÚBLICA: A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as
equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas. Quem
tiver parentes desaparecidos deve procurar a delegacia.
CIDADE SOB A LAMA: Na quarta-feira (16/02), era possível ver o
tamanho da devastação — embora, em muitos locais, fosse difícil distinguir o
que era casa, o que era terra ou o que era rua.
Morros vieram abaixo, carregando
pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da
correnteza; vias importantes foram bloqueadas, dificultando o acesso aos
desabrigados.
O Alto da Serra foi uma das
localidades mais devastadas. A prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram
atingidas pela barreira que caiu no Morro da Oficina. Outras regiões também foram
atingidas, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila
Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.
Corpos também foram
encontrados no Centro da cidade depois que o nível do rio desceu.
A situação é quase que de
guerra. Carros pendurados em postes. Carros virados de cabeça para baixo. Muita
lama e muita água ainda.
IMPACTOS ECONÔMICOS: Uma
pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Análises da Fecomércio e
divulgada em 17 de fevereiro, mostrou que as fortes chuvas provocaram um
prejuízo de mais de 78 milhões de reais no setor de bens, serviços e turismo do
município.
Em 21 de fevereiro, a
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou os
resultados de uma pesquisa sobre o impacto financeiro da tragédia. A perda estimada
foi de 665 milhões de reais, o equivalente a 2% do PIB do município. Segundo o
presidente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, as perdas superam 1
bilhão de reais, se incluídos os gastos com a reconstrução. Ainda segundo a
instituição, as chuvas afetaram 65% das empresas da cidade, sendo que 85% ainda
não haviam retomado as atividades.
LIMPEZA: A prefeitura de
Petrópolis realiza na segunda-feira, 28/02, megaoperação para limpeza das ruas,
com o apoio das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Serão mais de dois mil
homens e mulheres atuando em diversos pontos da cidade, além de máquinas e
caminhões, na primeira ação da Frente Nacional dos Prefeitos.
A Companhia de Limpeza Urbana
da capital (Comlurb) enviou 15 caminhões basculantes de grande porte, dois
menores, sete pás mecânicas e quatro caminhões pipa, além de duas vans
equipadas com moto bomba e itens para remoção de galhos, caminhão de apoio e
cinco vans de poda de árvore, com 50 motosserras.
No domingo, 20/02, o trabalho
de limpeza contou com mais de mil pessoas, concentradas nas ruas do Centro
Histórico, Bingen, Coronel Veiga e Washington Luiz. As equipes atuam também em
regiões como Centro, Quitandinha, Alto da Serra, Chácara Flora e Corrêas. De
acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, metade das cerca de 20 vias
fundamentais para a mobilidade urbana do município atingidas após as chuvas já
foram desobstruídas.
RETORNO AS ATIVIDADES
As empresas de ônibus de
Petrópolis estão restabelecendo gradualmente a operação das linhas. No sábado, 19/02, os ônibus permaneceram operando com redução
de horários e de frota.
A prefeitura de Petrópolis
pede que os moradores evitem sair de casa, para agilizar as ações de limpeza
com menos pessoas circulando pela cidade.
BUSCAS ENCERRADAS
Os trabalhos de buscas
continuam no bairro Chácara Flora, onde há registro de duas pessoas desaparecidas.
Já as buscas no Morro da Oficina foram encerradas no domingo, 27/02. O Corpo de Bombeiros informou que já
encontrou todas as pessoas dadas como desaparecidas na localidade. Agora, além
do trabalho na Chácara Flora, também há varredura pelos rios da cidade, onde
três vítimas estão desaparecidas.
Um grupo com 5 condutores e 5
cães chegaram da Argentina para auxiliar no trabalho. Ao todo, 58 cães
farejadores atuaram na cidade.
POR QUE CHOVEU TANTO EM
PETRÓPOLIS? FRENTE FRIA, UMIDADE E RELEVO EXPLICAM
A chegada de uma frente fria
junto com um corredor de umidade, e ar abafado, são dois fatores que explicam
as fortes chuvas que atingiram ontem Petrópolis, na região serrana do Rio de
Janeiro.
"Ela está relacionada
com a chegada da frente fria até o litoral do Rio de Janeiro. É uma frente fria
que passou pela costa de São Paulo bem rápido, mas, no Rio de Janeiro, ela
conseguiu levar um pouco mais de chuva", diz Carine Gama, meteorologista
da Climatempo. "Além disso, o ar, no interior do Brasil, estava bem
abafado. A gente tinha um corredor de umidade voltado para o Sudeste
brasileiro."
Carine Gama cita um outro
motivo fator que influenciou no cenário: a orografia, que é o relevo
acidentado, como acontece na região de Petrópolis. "Áreas de montanha têm
condição para formação de nuvens de chuva forte de forma mais fácil porque o ar
sobe por um lado e sai do outro."
A previsão do tempo indicava
a chance de chuvas severas na região serrana, mas não há ferramenta, segundo as
meteorologistas, que indiquem um volume tão intenso em um espaço tão curto de
tempo.
Nenhum modelo meteorológico
vai indicar 200 milímetros de chuva em três horas. Infelizmente, a gente não
tem essa ferramenta em mãos"
Carine Gama, meteorologista
da Climatempo
"O que a gente pode ver
é monitorar o deslocamento, mas quando o radar mostra já é praticamente a nuvem
já formada, precipitando", diz Marlene Leal, meteorologista do Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia).
Na terça, Petrópolis
registrou em apenas três horas uma quantidade de chuva maior do que a média
esperada para todo o mês de fevereiro. Ao menos 94 pessoas morreram no
município.
Segundo o Cemadem (Centro
Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), foram registrados
250 milímetros de chuva em três horas em 15/02, em Petrópolis. No total das 24
horas de 15 de fevereiro, foram 260 milímetros.
"A média climatológica
para o mês de fevereiro de Petrópolis é de 185 milímetros", diz Gama.
"Esse volume foi maior do que toda a chuva prevista para o mês. Choveu
fevereiro inteiro mais um terço de fevereiro."
Além da intensidade, outro
fator é destacado por meteorologistas: a chuva foi concentrada em áreas de
Petrópolis, o que pode ter evitado uma tragédia maior.
Foi uma nuvem de chuva
totalmente localizada que provocou essa chuva extremamente excepcional. Não foi
na cidade inteira, em toda a região serrana. Foi uma chuva totalmente pontual,
totalmente localizada, Carine Gama, meteorologista da Climatempo
PETRÓPOLIS: UM MÊS APÓS
TRAGÉDIA
Ao completar um mês da
tragédia que tirou a vida de 233 pessoas e deixou quatro desaparecidos em
Petrópolis, alguns problemas seguem sem solução. O maior deles é onde acomodar
as centenas de pessoas que perderam suas casas ou tiveram que sair do imóvel,
com risco de desabamento.
Segundo o último balanço da
prefeitura, são 685 pessoas em abrigos, a maioria em igrejas e escolas. Outras
estão provisoriamente em casas de parentes. A maioria espera a concessão do
aluguel social para conseguir novo lugar para morar, mas o processo está muito
lento.
Dados gerais
1) 60.000 toneladas
de entulho retirado
2) 233 mortes
3) 4
desaparecidos
4) 200 milhões de
prejuízos
HISTÓRICO DE
ENCHENTES EM PETRÓPOLIS:Em
veículos de comunicação da época, como o Mercantil e o Paraíba, são relatadas
enchentes, ainda, em 1873, 1875 – vez que a Fábrica São Pedro de Alcântara foi
afetada, 1882, 1895, 1897, 1902, 1903, 1904, 1906 e inúmeras delas na década de
1930. Posteriormente, marcaram a história local, ainda, os eventos de 1965,
1966, 1988 e 2011.
Fontes: Agência Brasil - Rio
de Janeiro - Publicado em 16/02/2022; UOL, em São Paulo-16/02/2022; g1 —
Petrópolis 16/02/2022; Diário de Petrópolis - Quarta-feira, 16/02/2022; Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 22/02/2022; Por g1 — Petrópolis -
28/02/2022; Globo News – 15/03/2022; Wikipédia 03/04/2022
Comentário:
Esse um padrão de urbanismo
que ainda predomina nas cidades, encaixar um rio num leito retificado, com as
margens impermeabilizadas e muretas. Ao longo do rio ou córrego constrói
avenidas e edificações. O rio perde toda sua característica natural, ficando
engessado numa calha artificial Suas margens e regiões limítrofes são
modificadas por construções, avenidas, de maneira desordenada. Quando há chuvas
torrenciais o rio procura sua forma anterior, natural, para escoar a água ou
manter a vazão do rio de modo continuo. Com esse engessamento do rio, acrescido
pela vazão do rio virtual provocado pela impermeabilização do solo e
desmatamento, ele forçosamente sairá de seu leito artificial construído pelo
homem, para aliviar a pressão e volume de água existente nesse leito que não
comporta esse volume de água.
A cidade vai crescendo, mais
impermeabilização, mais água é direcionado ao rio, que mantém a mesma vazão
anterior numa situação crescente de ocupação urbana, sem ao menos aumentar o
leito do rio, que se torna inviável devido a ocupação de suas margens por
infraestrutura urbana.
Esse tipo de desastre obedece
a um padrão semelhante em todos os países.
As principais causas de
inundação seriam:
■A morfologia da cidade a
região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de
vale, e encostas íngremes.
■O clima: chove
torrencialmente na época de verão
■Uso e ocupação do solo de
maneira desordenada
■Não há mapeamento das áreas
inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação
cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de
inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação
Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Uso de Sistema de
Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos
urbanos.
5- Controle público da
ocupação regular e irregular
■A prática legalizada da
construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o
ecossistema.
■O aumento da
vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda
não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão,
canalizar córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos
córregos e rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo,
principalmente construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.
Infelizmente a história de
desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de
poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas
mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam.
Infelizmente, muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos
que já aconteceram e repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias
leis para provocar desastres.
FORTES CHUVAS ATINGIRAM A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO E INTERIOR
Desde a noite de 28 de
janeiro de 2022, fortes chuvas atingiram a Região Metropolitana de São Paulo
durante cinco dias, causando dezenas de mortes. Vários pontos da cidade de
Franco da Rocha alagaram, principalmente o centro e áreas próximas, com o
desabamento de várias casas, devido a deslizamentos de terra. O tráfego de
trens foi interrompido devido ao alagamento dos trilhos entre Francisco Morato
e Perus. O tráfego de veículos entre o município e Jundiaí também foi
prejudicado devido aos deslizamentos de terra e queda de árvores na SP-332,
principal rodovia que liga as cidades
A SITUAÇÃO ATÉ O MOMENTO,
SEGUNDO INFORMAÇÕES DA DEFESA CIVIL:
VÁRZEA PAULISTA - Cinco
pessoas da mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por
um desmoronamento. As vítimas são um casal, um bebê de um ano e duas crianças,
uma de 10 e outra de 12 anos;
EMBU DAS ARTES - Três
pessoas, também de uma mesma família, morreram após uma casa ser atingida por
um deslizamento de terra na madrugada de domingo. As vítimas são a mãe e dois
filhos — uma menina de quatro anos e um rapaz de 21 anos. Quatro pessoas
conseguiram escapar.
FRANCO DA ROCHA - Quatro
pessoas morreram, há ainda oito feridos e quatro desaparecidos;
FRANCISCO MORATO - Quatro
pessoas morreram;
RIBEIRÃO PRETO - Uma pessoa
morreu;
ARUJÁ - Uma pessoa morreu;
JAÚ - Uma pessoa morreu.
RESGATE EM FRANCO DA ROCHA E
FRANCISCO MORATO
A Prefeitura de Franco da
Rocha afirmou que as equipes estão mobilizadas no resgate de vítimas de um
deslizamento de terra na Rua São Carlos, no Parque Paulista, que fica na divisa
com Francisco Morato. Três pessoas morreram no local. Sete pessoas foram
resgatadas com vida, mas uma morreu no local.
Foto: Franco da Rocha
Equipes da Defesa Civil e do
Corpo de Bombeiros usaram botes para resgatar moradores na manhã de domingo
(30), em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo. O Ribeirão
Eusébio e o Rio Juquery transbordaram, deixando a área central da cidade
alagada.
CAIEIRAS
Em Caieiras, na Grande SP, as
chuvas deixaram casas e ruas completamente alagadas. Muita gente ficou ilhada,
e o resgate está sendo feito por tratores da Prefeitura e caminhões.
Os pontos de alagamento ainda
deixaram muita gente presa no trânsito, impossibilitados de transitar pelas
ruas. O acesso a outras cidades também está impossibilitado. A cidade registrou
ainda um deslizamento de terra, em que ninguém ficou ferido.
De acordo com o prefeito toda
a área baixa da cidade está alagada. Ainda não há número de desabrigados ou
desalojados pelas chuvas.
VÁRZEA PAULISTA
Uma equipe da Defesa Civil
procura por quatro pessoas desaparecidas de uma família, na manhã deste domingo
(30), no Jardim Promeca, em Várzea Paulista (SP). O corpo de um homem já foi
retirado da casa pela equipe.
De acordo com o órgão, na
cidade choveu 88 mm nas últimas 72h. O bairro mais prejudicado foi o Jardim
Promeca, a região onde há desaparecidos.
Segundo a Defesa Civil, as
buscas estão sendo realizadas no imóvel da família. Uma grande quantidade de
terra de um morro desmoronou e atingiu um dos quartos do casal e das crianças.
As chuvas intensas em Várzea
Paulista fizeram o Rio Jundiaí também invadir a Avenida Marginal.
BALANÇO DA DEFESA CIVIL - 31
DE JANEIRO
A Defesa Civil do Estado de
São Paulo confirmou, 34 óbitos em razão das chuvas que atingiram diversas
regiões do estado desde a última sexta-feira (28). Os transtornos provocados
pelo mau tempo também deixaram cerca de 5.770 famílias desabrigadas ou desalojadas.
Entre as vítimas há um total
de oito crianças. Além disso, há 14 feridos e 0 desaparecido. Ainda de acordo
com a Defesa Civil, há ocorrências espalhadas por todo Estado relacionadas às
chuvas, como alagamentos, queda de árvores, quedas de muros e deslizamentos de
terra. No total, são 39 municípios afetados.
ITAPEVI – 1 óbito
ARUJÁ – 1 óbito
FRANCISCO MORATO – 4 óbitos
EMBU DAS ARTES – 3 óbitos
FRANCO DA ROCHA: 18 óbitos
VÁRZEA PAULISTA – 5 óbitos
JAÚ – 1 óbito
RIBEIRÃO PRETO – 1 óbito
A Defesa Civil já forneceu,
até o momento, 1.012 cestas básicas, 1.316 kits de higiene/limpezae 1.154 kits dormitório.
RECURSOS LIBERADOS
O governado do estado anunciou
a liberação de R$ 15 milhões para as cidades afetadas.
Os recursos anunciados serão
destinados aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2
milhão), Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhão), na
Região Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo Limpo
Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão), Montemor (R$
1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado.
HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS
Historicamente, Franco da
Rocha já havia sido inundada por águas da chuva em 1987, 2011, 2015, 2016, 2018.
FRANCO DA ROCHA
É um município da região
metropolitana de São Paulo. Compõe, juntamente com outros 39 municípios, a
região no entorno da cidade de São Paulo, capital do Estado. Está a 27
quilômetros do centro da capital, 728 metros acima do nível do mar.
Com território de 132,775 km²
Franco da Rocha faz divisa com os municípios de Cajamar, Caieiras, Mairiporã,
Francisco Morato, Jundiaí e Campo Limpo Paulista. Junto com os quatro
primeiros municípios dessa
lista integra a região hidrográfica denominada Bacia do Juquery, principal rio
que cruza a região; a bacia ainda é composta pelo Reservatório Juquery,
Ribeirão Euzébio, Ribeirão Borda da Mata, Ribeirão Itaim, Tanque Velho,
Cristais, Santa Inês, Córrego
da Colônia e Córrego da 3ª Colônia.
Segundo o IBGE (2016) a
população de Franco da Rocha é de 147.650 habitantes, sendo desses 67.462
homens e 64.142 de mulheres. Abaixo um gráfico com a distribuição por faixa etária
no município:
A população ocupa
predominantemente a área urbana, sendo que 92,1% da população encontra‑se na
cidade, enquanto que 7,9% da população de Franco da Rocha encontra-se em área
rural.
Fontes: Por g1 SP — São Paulo
- 30/01/2022, g1 SP e TV Globo - São Paulo - 31/01/2022 e
Defesa Civil do Estado de São Paulo
8,2 MILHÕES DE PESSOAS VIVEM EM ÁREAS COM RISCO DE ENCHENTE OU DESLIZAMENTOS DE TERRA
O país tinha cerca de 8,2
milhões de pessoas vivendo em áreas com risco de enchente ou deslizamentos de
terra em 2010. É o que mostra estudo inédito feito pelo IBGE e pelo Cemaden
(Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), divulgado.
O IBGE cruzou os dados do
Censo com o das áreas de risco monitoradas pelo Cemaden para quantificar a
população brasileira nessas regiões. Ao todo, 871 municípios brasileiros tinham
cidadãos vivendo nessas condições. A ideia é atualizar os dados no Censo de
2020.
Segundo o coordenador da área
de Geografia do IBGE, Cláudio Stenner, apesar de os dados serem de oito anos
atrás, as características gerais do território persistem e os resultados
poderão ser utilizados para o desenvolvimento de políticas públicas futuras
para essas regiões.
Um mapa interativo com os
locais de risco será divulgado na página do IBGE. A pesquisa identificou 8.309
bairros, ou polígonos, no termo técnico, com casas em áreas com risco de
desastres provocados pelas chuvas.
Um dado que preocupa, segundo
Stenner, é que 9,2% dos brasileiros que vivem em áreas de risco de desastres
naturais são crianças menores de 5 anos de idade. Já os idosos com mais de 60
anos respondem por 8,5% da população nessas condições. O técnico lembra que
esses grupos costumam ser os mais vulneráveis durante desastres naturais.
"É importante saber a
característica de cada local, até para a criação de políticas públicas
adequadas. Evacuar uma população de crianças ou idosos requer um planejamento
maior do que em locais com características diferentes", disse.
REGIÕES DE RISCOS
§ Sudeste é a região com maior contingente de moradores em áreas de
risco, com 4,2 milhões de pessoas,
§Nordeste (2,9 milhões),
§Sul (703 mil),
§Norte (340 mil) e
§Centro-oeste (7,6 mil).
Na ranking das 20 cidades com
as maiores populações em área de risco, as capitais de Bahia, São Paulo, Rio e
Minas Gerais ocupam as quatro primeiras posições, respectivamente. Na capital
baiana, quase metade da população (45,5% ou 1,2 milhão de pessoas) se encontra
em regiões com riscos de desabamentos ou enchentes.
Em São Paulo, a segunda
colocada, a população [e de 674 mil pessoas, com 6% da população nessas
condições. Já no Rio, o contingente de 444 mil representa 7% do total da
cidade. Em Belo Horizonte, os 389 mil respondem por 16,4% do total da população
da capital mineira.
Stenner explica que em geral
as populações que vivem em áreas de risco têm renda mais baixa e menor acesso a
serviços públicos básicos como água encanada, rede coletora de esgoto e coleta
de lixo. Isso não significa, no entanto, que não existam pessoas de padrão de
vida mais elevado que vivam em locais de risco.
Essa questão ficou evidente
durante a tragédia da região serrana do Rio, em janeiro de 2011, quando cerca
de mil pessoas morreram nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova
Friburgo. Tanto moradores de casebres humildes nas encostas quanto moradores de
condomínios de alto padrão tiveram suas casas devastadas pela avalanche de
barro e pedras que desceu nas encostas.
Ainda que o Sudeste seja o
que numericamente tem maior contingente de pessoas nessa situação.
REGIÃO NORTE
Análise regional mostra que
as pessoas em condição mais fragilizada estão no Norte do país. Lá, a população
menor de 5 anos em área de risco representa 13% do total, enquanto no Sudeste,
o percentual é de 9%.
Do total de casas em áreas de
risco no Norte, 26% não têm água encanada, enquanto no Sudeste esse percentual
é de 4,5%. A diferença se mantém, por exemplo, quando analisada a presença da
rede de esgoto no comparativo regional. No Norte, 70% das casas em área de
risco não têm esgotamento sanitário, enquanto no Sudeste o percentual é de
17,7%.
Stenner explica que a falta
de serviços básicos pode ser um elemento que agrave ou precipite desastres
naturais. A destinação incorreta do esgoto pode infiltrar o solo e deixar o
local mais suscetível a deslizamentos, por exemplo. O acúmulo de lixo em
encostas também pode estar relacionado ao aumento do risco de quedas de
barreiras.
"A vida em áreas de
risco está ligada quase sempre à precarização socioeconômica que um grupo de
indivíduos é submetido. No processo geral de urbanização do país, sobrou para
as classes menos favorecidas viver em encostas, em locais distantes dos grandes
centros. Conseguimos agora mapear onde estão essas pessoas para que sejam
definidas políticas públicas para esses locais", disse Stenner.
Os desastres naturais são
também uma das maiores causas de deslocamentos de pessoas dentro de seus
próprios países no mundo, superando guerras, civis, conflitos violentos e
epidemias de doenças.
Segundo estudo do Centro de Monitoramento
de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês), somente em 2017 foram
registrados 30,6 milhões de novos deslocamentos internos no mundo. Desse total,
18,8 milhões tiveram que deixar suas casas por causa de desastres naturais.
No Brasil, o número de
pessoas nessa situação em 2017 foi de 71 mil pessoas, cinco vezes o registrado
um ano antes. Fonte: Folha de São Paulo - 28.jun.2018
Comentário:
Áreas de risco são regiões
onde é recomendada a não construção de casas ou instalações, pois são muito
expostas a desastres naturais, como desabamentos e inundações. Essas regiões
vem crescendo constantemente nos últimos anos, principalmente devido à própria
ação humana.
Dentre os processos naturais
mais comuns no Brasil estão os escorregamentos, as enchentes, as erosões e as
secas, e destes o escorregamento é aquele que mais preocupa pelo número de
vítimas fatais que gerou nas últimas décadas. Não há porém, nenhuma perspectiva
de que essa situação se modifique, a curto prazo, uma vez que devido à
crescente desigualdade sócio-econômica associada ao desemprego, à falta de
moradia, à deseducação, etc., a ocupação de encostas sem os cuidados
necessários tende a aumentar, levando a um conseqüente aumento do número de
acidentes dessa natureza.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DE
INUNDAÇÃO:
■ A morfologia da cidade a
região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de
vale, e encostas íngremes.
■ O clima: chove
torrencialmente na época do inverno
■ Uso e ocupação do solo de
maneira desordenada
■ Não há mapeamento das áreas
inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação
cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de
inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação
Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Falta de uso de Sistema de
Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos
urbanos. Os riscos devem ser avaliados por meio de perspectivas técnicas
capazes de antecipar possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente. O uso
de um Sistema de Informações Geográficas contribuiria nas atividades de
prevenção e preparação para riscos, possibilitando a diminuição dos desastres,
e, em caso de ocorrências, tendo um caráter logístico, determinando como uma
população atingida por tais eventos poderia ser evacuada e protegida. Seria a
ferramenta ideal para que as autoridades públicas possam efetuar o
gerenciamento do desastre a fim de alocar os recursos necessários para
minimizar os efeitos do desastre.
5- Controle público da
ocupação regular e irregular
■ a prática legalizada da
construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o
ecossistema.
■ O aumento da
vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda
não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. Em conseqüência disso
há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, desmatamento,
etc
Infelizmente a historia de
desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de
poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com
os erros dos que nos antecederam.
O município do Rio de Janeiro está em estado de crise desde
as 20h55 de segunda-feira, 08 de abril. As áreas mais afetadas foram as zonas
sul e oeste. O temporal alagou ruas, derrubou árvores, destruiu carros e
inundou túneis por toda a cidade.
De acordo com dados do Alerta Rio, o sistema de
monitoramento meteorológico da prefeitura do Rio, o volume de chuva acumulado
em apenas quatro hora na noite dessa segunda foi até 70% maior do que o
esperado para todo o mês de abril em alguns pontos dessas regiões.
Na zona oeste, a estação medidora da Barrinha registrou 212
milímetros de chuva entre as 18h e as 22h. No mesmo período, na zona sul,
choveu 168 milímetros em Copacabana, 164 na Rocinha e 149 no Jardim Botânico.
As sirenes de alerta para risco de deslizamento de terra
foram acionadas em 21 das 103 comunidades monitoradas pela Defesa Civil
Municipal. Mas, segundo moradores, o alarme não chegou a ser acionado no Morro
da Babilônia porque estava faltando energia na comunidade no momento do
temporal.
A chuva também provocou o desabamento de mais um trecho da
Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer. Desta vez, a parte que caiu fica
próxima do bairro de São Conrado. O desabamento ocorreu por volta das 22h,
quando a via já estava fechada.
VITIMAS FATAIS
Dez pessoas morreram entre a noite de segunda-feira e a
tarde desta terça-feira
DESALOJADOS E DESABRIGADOS
O temporal deixou ainda ao menos 1.204 desalojados, 220
desabrigados e seis feridos no estado, segundo balanço do governo do Rio.
RESUMO
■Suspensas as aulas nas escolas públicas
■Mortes aconteceram no Morro da Babilônia, no Leme, na
Gávea, em Santa Cruz e em Botafogo
■59 sirenes foram acionadas em 36 das 103 comunidades que
possuem o sistema de alerta
■Vias importantes interditadas: Avenida Niemeyer, Alto da
Boa Vista, Avenida Visconde de Albuquerque, mergulhão Billy Blanco e Avenida
Engenheiro Souza Filho
ÍNDICE DE PRECIPITAÇÃO
Onde mais choveu das 22h30 de segunda (8) às 10h30 de terça
(9):
■Barra/Barrinha: 295,4 mm
■Rocinha: 294,8 mm
■Alto da Boa Vista: 287,0 mm
■Jardim Botânico: 285,2 mm
■Copacabana: 269,2 mm
DEFESA CIVIL MUNICIPAL
A Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil recebeu 1.025
chamados desde as 17h de segunda-feira, 8, até as 18h20 desta quarta-feira, 10.
Foram foram realizadas 128 interdições de imóveis em decorrência das chuvas.
Entre os pedidos de atendimento, estão vistorias em área de deslizamento de
encosta e barranco, desabamento de estrutura e ameaça de desabamento.
SIRENES
Ao todo, 59 sirenes soaram em 36 das 103 comunidades de alto
risco geológico monitoradas pelo sistema de alertas sonoros da cidade para
chuvas fortes nos últimos dias. Não houve acionamentos nesta quarta-feira. As
sirenes são acionadas pela Defesa Civil municipal após monitoramento e
avaliação dos índices críticos de chuva por meteorologistas do Sistema Alerta
Rio, lotados no Centro de Operações Rio (COR).
AÇÃO ESPECIAL DA SEOP REMOVEU 158 VEÍCULOS ARRASTADOS PELAS
CHUVAS
Desde a madrugada desta terça-feira (9), a Coordenadoria de
Fiscalização e Reboques (Cfer), vinculada à Secretaria Municipal de Ordem
Pública (Seop), montou operação especial para auxiliar na retirada de
automóveis que ficaram atolados em pontos da cidade por conta das fortes
chuvas. Ao todo, 158 foram removidos e realocados em pontos seguros para
liberação das vias.
ANÁLISE
"Chuvas intensas são esperadas, mas não nesta época do
ano", reforça a geógrafa Ana Luiza Coelho Netto.
Coordenadora do Laboratório de Geo-hidroecologia e Gestão de
Riscos (Geoheco) da UFRJ, Ana Luiza acompanha os padrões dos regimes de chuva
no país e afirma que as alterações têm ocorrido "numa velocidade
surpreendente" do século 20 para cá, "acompanhando a velocidade das
intervenções humanas" e gerando impactos exacerbados pela histórica falta
de políticas públicas para lidar com o problema.
"A cidade vem acumulando um descaso na mesma magnitude
do caos que se instalou hoje com a chuva", disse a especialista, enquanto
se espantava com a quantidade de terra, blocos de cimento e pedras que rolavam
pela rua onde vive Jardim Botânico. "Moro aqui há muitos anos e não lembro
de ter visto um caos tão grande quanto este", afirma.
Ela lembrou sua infância no Rio, quando via as ruas do
bairro de Botafogo completamente alagadas e pedia abrigo a vizinhos para
esperar a água baixar.
"Até parece que isso é novidade, que a grande culpada é
a chuva. Não é. É falta de política pública integrada para a cidade", diz
a geógrafa.
"Isso não significa apenas fazer controle de enchente.
É ter políticas de moradia, de transporte, de planejamento urbano, de tudo.
Estamos falando de uma metrópole. Essa cidade concentra milhões de pessoas, e
ninguém está seguro. Nas encostas tem deslizamento. Nas baixadas, enchentes. A
gente acumula esse problema historicamente. A gente prefere ignorar a natureza
dessa cidade, e o resultado é esse. Agora as chuvas intensas estão se tornando
cada vez mais frequentes, esse caos será mais frequente, e não estamos
preparados, disse Ana Luiza. Fontes: UOL Noticias - 09/04/201; G1 RJ - 09/04/2019
Lembrança:Em 1966, enxurrada matou 200 pessoas no Rio de Janeiro
Rio entrou em colapso com mais de mil desabamentos:
bombeiros e hospitais não conseguiram dar conta da demanda. Na Praça da
Bandeira, carros flutuaram nas águas
A enxurrada de 10 de janeiro de 1966, foi "o maior temporal de todos os tempos", matou cerca de 200
pessoas, provocou mais de mil desabamentos em vários bairros e deixou mais de
30 mil desalojados. A cidade ficou em estado de calamidade pública. As chuvas
torrenciais pararam o Rio e levaram ao colapso os sistemas de atendimento à
população. Sem poder dar conta de todos os chamados, o Corpo de Bombeiros pedia
que as pessoas ligassem para a corporação apenas nos casos mais graves. Com
ambulâncias danificadas pela chuva, muitos hospitais não conseguiam socorrer os
feridos, que chegavam em caminhões ou no colo das pessoas.
Canais como o do Mangue e rios transbordaram, alagando ruas
e avenidas. Em alguns lugares, a água chegou a um metro de altura. A Praça da
Bandeira ficou completamente inundada e o Túnel Santa Bárbara, intransitável. O
sistema de transporte também entrou em colapso. Trens e ônibus pararam de
circular. Os táxis sumiram das ruas. Houve alagamentos em várias partes da
cidade. Devido à queda de barreiras, as principais rodovias de acesso ao Rio
foram interditadas, deixando a cidade praticamente isolada.
A cidade ainda não havia se recuperado do trauma de janeiro
de 1966 quando, em 18 de fevereiro de 1967, sofreu um outro temporal arrasador.
As chuvas causaram a morte de 116 pessoas. O caso mais grave aconteceu em
Laranjeiras. Uma pedra rolou da encosta e provocou o desabamento de três
prédios na Rua General Glicério.
Nas últimas décadas, outros dois temporais traumatizaram os
cariocas: o de 1988 e o 1996. Em 19 de fevereiro de 1988, uma chuva torrencial
parou a cidade e provocou 273 mortes no estado, sendo 78 no município do Rio. O
caso mais grave aconteceu em Santa Teresa, onde toneladas de pedra e terra
rolaram sobre a Clínica Santa Genoveva, soterrando cerca de 40 pessoas, entre
pacientes e funcionários. As principais vias da cidade ficaram alagadas e os
engarrafamentos se estenderam madrugada a dentro. Na Avenida Radial Oeste, no
Maracanã, a força das águas arrastou dezenas de carros. Houve desabamentos no
Rio e na Região Serrana.
Outro violento temporal atingiu a cidade em 13 de fevereiro
de 1996, matando 53 pessoas e deixando cerca de 2.000 desabrigadas. As regiões
mais atingidas foram Jacarepaguá e Barra da Tijuca. Fonte: O Globo - Publicado: 09/07/13
Comentário:
Os temporais acompanham o cotidiano carioca desde que a
cidade nasceu.
Até o século XIX, o Rio de Janeiro teve um crescimento
demográfico lento. Era uma cidade pequena, em comparação com a enorme malha
urbana que vemos hoje. Na verdade, na metade do século passado a cidade
começava na Praça XV e acabava na Praça da República. E essa era, portanto, a
área afetada pelos temporais.
A posição estratégica do Rio de Janeiro, na entrada da Baía
de Guanabara foi fundamental na decisão portuguesa de fundar a cidade e de aqui
manter o seu posto avançado de controle colonial. Mas o sítio sempre foi problemático,
pela quebra abrupta de gradiente entre a encosta e a baixada situada ao nível
do mar, e pela grande quantidade de brejos, pântanos e lagoas.
Por isso, a conquista propriamente dita foi um processo
longo e penoso. O espaço da cidade do Rio de Janeiro teve que ser conquistado
pelo homem através de dessecamentos e aterros, durante mais de 300 anos, até o
século XIX.
Para termos uma noção mais precisa do que era esta terra
primitiva, devemos lembrar que a cidade originalmente estendia-se entre o morro
de São Bento, o antigo morro do Castelo – onde está hoje a esplanada do Castelo
–, o morro de Santo Antonio e o morro da Conceição.
Em volta, quase que só havia água. Para dar um exemplo,
basta lembrar que toda a área da Lapa, onde está hoje o Hospital da Cruz
Vermelha, era um grande pântano –o Pantanal de Pedro Dias. Havia também
diversas lagoas no que é hoje a área central.
Com que foram feitos os aterros? Com entulho e lixo, os
grandes formadores do solo carioca. Foram os dejetos da própria cidade os viabilizadores
de sua expansão sobre o brejo, sobre as lagoas e sobre o mar.
Além, é claro, da construção de inúmeras valas, que
contribuíram para o enxugamento do solo e que, até o final do século XIX,
seriam praticamente a única rede de drenagem urbana do Rio de Janeiro.
A cidade vai ocupar então áreas mal aterradas e mal
niveladas, e não é de surpreender que, depois, sejam justamente essas as áreas
mais afetadas pelas inundações.
O mais antigo registro histórico sobre grandes inundações no
Rio de Janeiro é de setembro de 1711. Um registro de abril de 1756 indica que
choveu durante três dias ininterruptos. O temor e o susto se apoderaram de tal
modo do ânimo dos habitantes, que já na primeira noite muita gente abandonou as
casas e se refugiou nas igrejas. As águas cresceram de tal maneira que
inundaram a Rua dos Ourives, atual rua Miguel Couto, e entraram pelas casas
adentro, por não
caberem pelas valas. Todo o campo parecia um lagamar.
“AS ÁGUAS DO MONTE”
Mas a grande inundação no passado do Rio de Janeiro foi a
que ficou conhecida como “as águas do monte”, acontecida quando o príncipe
regente já estava na cidade, em fevereiro de 1811. Foram sete dias
ininterruptos de chuva, que causaram grandes prejuízos materiais e de vidas
humanas. O príncipe regente ordenou então a elaboração de um relatório. Seria o
primeiro
de uma longa série que, no futuro, se seguiria a cada grande
temporal. Datado de 4 de julho de 1811, o trabalho assinado pelo
tenente-general e engenheiro dos reais exércitos João Manoel da Silva explicava
a D. João VI as causas das “águas do monte” (infelizmente, o original desse
relatório se perdeu, mas ele foi publicado em 1894 no Jornal do Commercio). As
conclusões do tenente-general não são diferentes das de hoje.
A topografia da cidade, dizia ele em seu relatório,
apresenta mudanças abruptas de gradiente – de encostas íngremes para terrenos
planos ao nível do mar, o que contribui para o escorrimento
rápido das águas pelas vertentes e para o seu represamento
igualmente rápido na baixada. A vala mestra do sistema de drenagem (que ficava
no eixo da atual rua Uruguaiana, então chamada Rua da Vala) está praticamente
ao nível do mar e não dá vazão às águas que para aí se dirigem; além do mais – prosseguia
o relatório – está sempre coberta de imundícies, porque a população
joga tudo nas valas.
Apesar das recomendações contidas no relatório de 1811, nada
foi feito durante os 40 anos seguintes. Os
problemas políticos e econômicos da Regência e do Primeiro Reinado
avolumaram-se e deixaram em segundo plano as enchentes na cidade. Quem faz
pesquisa histórica nos arquivos encontra com freqüência abaixo-assinados e
petições de moradores reclamando soluções para o problema das inundações nesta
ou naquela área.
A segunda metade do século XIX torna-se-ia um período
fundamental na história da relação do sítio urbano com os temporais, porque de
um lado temos a grande expansão da malha urbana – através da introdução dos
sistemas de transporte coletivo por carros ou por trens – e, de outro, uma
enorme migração para a cidade, que vai levar ao crescimento acelerado da
população urbana.
Mas, no século XX, a situação vai se agravar bastante,
devido à enorme expansão da malha urbana em direção à periferia. No início do
século, o crescimento demográfico acelerado não foi acompanhado pela desconcentração
do emprego. Isso significava um alto custo de moradia para as populações
pobres, que se amontoavam em cortiços instalados no centro da cidade. Com o
combate aos cortiços no final do século XIX, mais a remodelação da cidade
comandada pelo prefeito Pereira Passos na virada do século, começou então o
processo de favelização da cidade.
É importante notar que até o século XIX, a encosta não era
valorizada; nela quase não havia construções, porque a encosta oferece
problemas de engenharia civil muito importantes e porque havia outras áreas
para ocupar. É só no final do século XIX, com a crescente ocupação de Santa
Teresa e, principalmente no século XX, que as encostas vão passar a ser
importantes áreas de concentração populacional.
AGRAVAMENTO SUBSTANCIAL DAS INUNDAÇÕES URBANAS.
■Altas densidades demográficas em certos bairros;
■Verticalização; aumento considerável da pavimentação, que
impermeabiliza o solo;
■Crescimento descontrolado das favelas, levando a uma nova
fase de destruição da cobertura vegetal dos morros;
■Retificação e canalização ineficiente de rios urbanos, o que
aumenta a rapidez do fluxo das águas;
■E pouco ou nenhum investimento na melhoria da drenagem
urbana levaram, então, ao agravamento substancial das inundações urbanas.
Como vimos, o problema das inundações no Rio de Janeiro é
antigo. E, pelo visto, as soluções também. A vontade política é o que parece
ser, na realidade, a grande chave. Quando ela existiu, como aconteceu no
passado para o combate às epidemias, os resultados vieram.
Estamos novamente num momento como esse. A relação entre o
sítio e os temporais na cidade parece
bem clara. A engenharia oferece os recursos técnicos. De um lado, está o
problema, com suas causas naturais e sociais; de outro, as soluções – que podem
ser encontradas e aplicadas. Basta que exista vontade política.
Fonte: A Cidade e os Temporais: uma relação antiga, Maurício
de Almeida Abreu Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Tormentas Cariocas, Seminário
Prevenção e Controle dos Efeitos dos Temporais no Rio de Janeiro, 1997
Deslizamento de terra atinge e derruba prédios na China
O deslizamento da encosta de uma montanha com 4.500 m3 de
terra atingiu dois edifícios em uma rua em Congjiang County, sudoeste da
província de Guizhou, China, na
terça-feira de manhã, 8 de manhã, sem causar vítimas.
O deslizamento foi gravado por uma câmera de vigilância da
rua. Vários moradores notaram o
deslizamento de terra com os edifícios inclinando.
"Estávamos apanhando lenha quando pedras começaram a
cair. Meu marido disse que era um deslizamento de terra, e então eu vi as
árvores estavam se mexendo", disse um morador.
Os moradores começaram a acenar para os motoristas, tentando
parar o tráfego diante dos edifícios. "Os
motoristas não perceberam o deslizamento de terra e ainda os carros trafegavam pelo local. Gritamos para parar todos os
carros. É perigoso aqui. Eles pararam a tempo",
disse uma senhora.
Em seguida, o deslizamento de terra atingiu os edifícios e desabaram. Segundo as autoridades locais, a montanha estava instável
com perigo de desastre geológico. Os moradores foram realocados para outro
local. A chuva contínua na região deve ter agravado a instabilidade da montanha.
A polícia bloqueou a área e especialistas estavam monitorando
a atividade da montanha.