Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

domingo, abril 10, 2022

TRAGÉDIA EM PETRÓPOLIS

PANORAMA DA REGIÃO: Petrópolis é um município localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do Rio de Janeiro, no Brasil, também conhecido como Cidade Imperial. Ocupa uma área de 795,798 km², sua população  é de 306.678 (ano 2020)  habitantes segundo a estimativa do IBGE.  Obs:  Em 1902 a cidade tinha 29.000 habitantes

GEOGRAFIA: Petrópolis situa-se a 68 km do Rio de Janeiro. A área central urbana de Petrópolis localiza-se no topo da Serra da Estrela, pertencente ao conjunto montanhoso da Serra dos Órgãos, subsetor da Serra do Mar. O município de Petrópolis apresenta relevo extremamente acidentado, com ocorrência de grandes desníveis. A partir do distrito de Itaipava o relevo vai diminuindo sua altitude.

O ambiente serrano, quase sempre úmido, permitiu que a vegetação local fosse caracterizada como sendo floresta de Mata Atlântica. Atualmente, tem havido a diminuição da vegetação remanescentes, e ainda o seu isolamento em “ilhas”, ocorrendo até mesmo o risco de extinção dessa vegetação natural.

CLIMA: O clima é o tropical de altitude, com verões úmidos e quentes e invernos secos e relativamente frios. O alto relevo, formado por montanhas de grandes altitudes, tem grande influência no clima do município. Dessa forma, massas de ar quente-úmidas são bloqueadas, concentradas e obrigadas a subir a grandes altitudes (maiores que 2000m). Neste momento, o contato dessas massas de ar com o ar frio dessas altitudes, ocasionam o desencadeamento das chuvas e tempestades constantes sobre a Serra do Mar. Essas chuvas, no período dos meses de verão, são muito concentradas e catastróficas em Petrópolis.

CENÁRIO: A pluviosidade significativa ao longo de todo o ano, com uma média anual de 1929 mm, associada ao relevo e à presença de rios cortando a região são fatores indicativos da ocorrência de inundações e deslizamentos.

Com o crescimento da população e a consequente necessidade de expansão da área urbana do núcleo da cidade, observa-se que ocorre uma intensa ocupação das denominadas “áreas mais problemáticas do que as planejadas pelo Major Köeler (grande parte do traçado do Centro Histórico, ou núcleo fundacional, foi planejado por Major Köeler em 1846 e é preservado até os dias atuais.). As áreas do topo de morros e do fundo de vales acabam sendo ocupadas, resultando em um maior desmatamento e trazendo, como consequência, dentre outras, o aumento dos processos de assoreamento dos rios da região. Estes dois fatores têm implicação direta no transbordamento de rios com inundações e risco para os habitantes ribeirinhos e, provocam ainda, um aumento dos deslizamentos de massa de morros da cidade, ocasionando o soterramento de regiões, algumas habitadas.

Observou-se que a expansão do restante da cidade, provocou a redução das áreas de vegetação, não restringindo-se, apenas aos vales ou em áreas propícias à construção. A ocupação dos morros ocorreu em, praticamente, toda a cidade, intensificando o desmatamento e a ocupação das margens dos rios, expondo os moradores a riscos frequentes. Com essa expansão territorial, alguns rios foram canalizados e, outros, mesmo que em seus cursos originais, foram afetados pela poluição. Fonte: Evolução urbana do centro histórico de Petrópolis, Revista de Morfologia Urbana  

TEMPESTADE: No dia 15 de fevereiro de 2022, uma tempestade inesperada fez cair três horas seguidas de chuvas. De acordo com o Cemaden, foram registrados 259,8 milímetros de chuva durante o dia todo, sendo 250 mm foram apenas entre 16h20 e 19h20. A média climatológica para fevereiro na cidade é de 185 milímetros. Foi a maior tempestade da história de Petrópolis, desde que se iniciaram as medições, em 1932. O recorde anterior havia ocorrido no dia 20 de agosto de 1952, quando choveu 168,2 mm em 24 horas.

FORMAÇÃO DO DESASTRE:  Precipitação elevada, topografia acidentada que potencializa a  chuva, falta de cobertura vegetal, ocupação desordenada da encosta, impermeabilização excessiva da cidade, as condições são ótimas para que o volume de chuva seja excessiva, com velocidade, com deslizamento/aluimento de terra e pedra.


De acordo com o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em drenagem urbana Matheus Martins, a topografia da cidade é propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanhas, afluente do Paraíba do Sul.

Quando chove com mais intensidade, a água desce rápido das encostas, atinge o rio com velocidade, desce o rio com mais velocidade e, quando chega próximo ao centro de Petrópolis, a declividade do rio diminui um pouco e a cheia acaba transbordando para as margens. Isso acontece mais ou menos frequentemente em Petrópolis

VÍTIMAS: Inicialmente a Defesa Civil confirma 78 mortas e 21 pessoas resgatadas, e também temos 372 pessoas desabrigadas ou desalojadas. São 89 áreas atingidas, com 26 deslizamentos. Mais de 180 moradores de áreas de risco estão sendo acolhidos", atualizou.

No mesmo dia, a unidade do Corpo de Bombeiros Militar na cidade já havia identificado pelo menos 18 mortos por causa dos eventos, número que aumentou para 94 no dia seguinte e para 181 no sétimo dia de buscas.

Em 18/02, o número de mortos em Petrópolis, na região serrana fluminense, subiu para 123, segundo dados divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro.

Em 22/02, segundo dados divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, já são 183 os mortos confirmados; 111 mulheres, 32 crianças e 40 homens.

Em 24/02, segundo dados divulgados; 208 mortos, sendo: 124 são mulheres, 84 homens. Do total, 40 são menores de idade. Até o momento, 191 foram identificados e 181 já foram  liberados para os procedimentos funerários.

Em 28/02, segundo dados divulgados; pelo menos 229 mortos, sendo ; 136 mulheres, 50 homens e 43 menores. Segundo a Polícia Civil, os peritos ainda atuam na análise de DNA de despojos recuperados nas áreas afetadas.

DESABRIGADOS: A cidade já contabiliza 875 desabrigados, acolhidos em 13 escolas públicas sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social.

DESAPARECIDOS: Até o momento, há registro de 69 desaparecidos comunicados à Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).

Em 28/02; Ao menos 20 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo o portal de desaparecidos da Polícia Civil

AUXILIO DE EMERGÊNCIA: O prefeito da cidade anunciou um acordo com o governador do estado, para a garantia de um aluguel social no valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. O intuito do benefício é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas temporariamente.

ATENDIMENTO HOSPITALAR: A Marinha terminou de montar no domingo (20) um hospital de campanha no Sesi Petrópolis, na Rua Bingen. A unidade funciona das 8h às 18h, com 12 leitos de enfermaria e cinco estações de atendimento ambulatorial, aberto a pessoas que precisem de atendimento de baixa complexidade.

De acordo com o diretor do Centro de Medicina Operativa da Marinha, a unidade vai apoiar os hospitais da cidade. “Estamos aqui para apoiar a estrutura de saúde local, realizando atendimentos clínicos, laboratoriais, odontológicos, pediátricos, ortopédicos e pequenos procedimentos. Assim, deixamos os atendimentos de maior complexidade para os hospitais previamente estabelecidos”.

MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS: Cerca de 400 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos. A Polícia Civil do RJ também montou uma força-tarefa na cidade. São cerca de 200 policiais, peritos legistas e criminais, papiloscopistas, técnicos e auxiliares de necropsia, servidores de cartório e de diversas delegacias da Região Serrana.

As Forças Armadas disponibilizaram 5 caminhões, uma ambulância e colocou todo o efetivo do Exército à disposição da cidade. A Polícia Rodoviária Federal participa das operações com 34 agentes, 8 viaturas, uma aeronave, uma retroescavadeira, um caminhão caçamba e um prancha, uma ambulância e drones.  

 Para reforçar os trabalhos, mais de 150 militares de 15 estados e do Distrito Federal estão se somando ao contingente de mais de 500 da corporação fluminense

O apoio da Marinha à tragédia de Petrópolis começou na madrugada do dia 16, na desobstrução das vias com motosserras. Caminhões, retroescavadeiras e material para a instalação do hospital de campanha chegaram na manhã do dia 17.

O efetivo da força na cidade é de 60 viaturas e 300 militares, entre fuzileiros navais, médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA: A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (SES) enviou ontem quatro motolâncias do grupamento de motociclistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da capital para atuar nas ações de socorro em locais de difícil acesso em Petrópolis.

Segundo o governo do estado, os agentes atendem a demanda espontânea da população e alcançam locais onde outros veículos ainda não conseguem chegar, por causa da dificuldade de mobilidade e obstrução das vias após os deslizamentos de terra.

DECRETO DE CALAMIDADE PÚBLICA: A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas. Quem tiver parentes desaparecidos deve procurar a delegacia.

CIDADE SOB A LAMA: Na  quarta-feira (16/02), era possível ver o tamanho da devastação — embora, em muitos locais, fosse difícil distinguir o que era casa, o que era terra ou o que era rua.

Morros vieram abaixo, carregando pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da correnteza; vias importantes foram bloqueadas, dificultando o acesso aos desabrigados.

O Alto da Serra foi uma das localidades mais devastadas. A prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram atingidas pela barreira que caiu no Morro da Oficina. Outras regiões também foram atingidas, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.

Corpos também foram encontrados no Centro da cidade depois que o nível do rio desceu.

A situação é quase que de guerra. Carros pendurados em postes. Carros virados de cabeça para baixo. Muita lama e muita água ainda.

IMPACTOS ECONÔMICOS: Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Análises da Fecomércio e divulgada em 17 de fevereiro, mostrou que as fortes chuvas provocaram um prejuízo de mais de 78 milhões de reais no setor de bens, serviços e turismo do município.

Em 21 de fevereiro, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou os resultados de uma pesquisa sobre o impacto financeiro da tragédia. A perda estimada foi de 665 milhões de reais, o equivalente a 2% do PIB do município. Segundo o presidente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, as perdas superam 1 bilhão de reais, se incluídos os gastos com a reconstrução. Ainda segundo a instituição, as chuvas afetaram 65% das empresas da cidade, sendo que 85% ainda não haviam retomado as atividades.

LIMPEZA: A prefeitura de Petrópolis realiza na segunda-feira, 28/02, megaoperação para limpeza das ruas, com o apoio das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Serão mais de dois mil homens e mulheres atuando em diversos pontos da cidade, além de máquinas e caminhões, na primeira ação da Frente Nacional dos Prefeitos.

A Companhia de Limpeza Urbana da capital (Comlurb) enviou 15 caminhões basculantes de grande porte, dois menores, sete pás mecânicas e quatro caminhões pipa, além de duas vans equipadas com moto bomba e itens para remoção de galhos, caminhão de apoio e cinco vans de poda de árvore, com 50 motosserras.

No domingo, 20/02, o trabalho de limpeza contou com mais de mil pessoas, concentradas nas ruas do Centro Histórico, Bingen, Coronel Veiga e Washington Luiz. As equipes atuam também em regiões como Centro, Quitandinha, Alto da Serra, Chácara Flora e Corrêas. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, metade das cerca de 20 vias fundamentais para a mobilidade urbana do município atingidas após as chuvas já foram desobstruídas.

RETORNO AS ATIVIDADES

As empresas de ônibus de Petrópolis estão restabelecendo gradualmente a operação das linhas. No sábado, 19/02,  os ônibus permaneceram operando com redução de horários e de frota.

A prefeitura de Petrópolis pede que os moradores evitem sair de casa, para agilizar as ações de limpeza com menos pessoas circulando pela cidade.

BUSCAS ENCERRADAS

Os trabalhos de buscas continuam no bairro Chácara Flora, onde há registro de duas pessoas desaparecidas. Já as buscas no Morro da Oficina foram encerradas no domingo, 27/02.  O Corpo de Bombeiros informou que já encontrou todas as pessoas dadas como desaparecidas na localidade. Agora, além do trabalho na Chácara Flora, também há varredura pelos rios da cidade, onde três vítimas estão desaparecidas.

Um grupo com 5 condutores e 5 cães chegaram da Argentina para auxiliar no trabalho. Ao todo, 58 cães farejadores atuaram na cidade.

POR QUE CHOVEU TANTO EM PETRÓPOLIS? FRENTE FRIA, UMIDADE E RELEVO EXPLICAM

A chegada de uma frente fria junto com um corredor de umidade, e ar abafado, são dois fatores que explicam as fortes chuvas que atingiram ontem Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

"Ela está relacionada com a chegada da frente fria até o litoral do Rio de Janeiro. É uma frente fria que passou pela costa de São Paulo bem rápido, mas, no Rio de Janeiro, ela conseguiu levar um pouco mais de chuva", diz Carine Gama, meteorologista da Climatempo. "Além disso, o ar, no interior do Brasil, estava bem abafado. A gente tinha um corredor de umidade voltado para o Sudeste brasileiro."

Carine Gama cita um outro motivo fator que influenciou no cenário: a orografia, que é o relevo acidentado, como acontece na região de Petrópolis. "Áreas de montanha têm condição para formação de nuvens de chuva forte de forma mais fácil porque o ar sobe por um lado e sai do outro."

A previsão do tempo indicava a chance de chuvas severas na região serrana, mas não há ferramenta, segundo as meteorologistas, que indiquem um volume tão intenso em um espaço tão curto de tempo.

Nenhum modelo meteorológico vai indicar 200 milímetros de chuva em três horas. Infelizmente, a gente não tem essa ferramenta em mãos"

Carine Gama, meteorologista da Climatempo

"O que a gente pode ver é monitorar o deslocamento, mas quando o radar mostra já é praticamente a nuvem já formada, precipitando", diz Marlene Leal, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Na terça, Petrópolis registrou em apenas três horas uma quantidade de chuva maior do que a média esperada para todo o mês de fevereiro. Ao menos 94 pessoas morreram no município.

Segundo o Cemadem (Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), foram registrados 250 milímetros de chuva em três horas em 15/02, em Petrópolis. No total das 24 horas de 15 de fevereiro, foram 260 milímetros.

"A média climatológica para o mês de fevereiro de Petrópolis é de 185 milímetros", diz Gama. "Esse volume foi maior do que toda a chuva prevista para o mês. Choveu fevereiro inteiro mais um terço de fevereiro."

Além da intensidade, outro fator é destacado por meteorologistas: a chuva foi concentrada em áreas de Petrópolis, o que pode ter evitado uma tragédia maior.

Foi uma nuvem de chuva totalmente localizada que provocou essa chuva extremamente excepcional. Não foi na cidade inteira, em toda a região serrana. Foi uma chuva totalmente pontual, totalmente localizada, Carine Gama, meteorologista da Climatempo

PETRÓPOLIS: UM MÊS APÓS TRAGÉDIA

Ao completar um mês da tragédia que tirou a vida de 233 pessoas e deixou quatro desaparecidos em Petrópolis, alguns problemas seguem sem solução. O maior deles é onde acomodar as centenas de pessoas que perderam suas casas ou tiveram que sair do imóvel, com risco de desabamento.

Segundo o último balanço da prefeitura, são 685 pessoas em abrigos, a maioria em igrejas e escolas. Outras estão provisoriamente em casas de parentes. A maioria espera a concessão do aluguel social para conseguir novo lugar para morar, mas o processo está muito lento.

Dados gerais

1) 60.000 toneladas de entulho retirado

2) 233 mortes

3) 4 desaparecidos

4) 200 milhões de prejuízos

HISTÓRICO DE ENCHENTES EM PETRÓPOLIS: Em veículos de comunicação da época, como o Mercantil e o Paraíba, são relatadas enchentes, ainda, em 1873, 1875 – vez que a Fábrica São Pedro de Alcântara foi afetada, 1882, 1895, 1897, 1902, 1903, 1904, 1906 e inúmeras delas na década de 1930. Posteriormente, marcaram a história local, ainda, os eventos de 1965, 1966, 1988 e 2011.

Fontes: Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 16/02/2022; UOL, em São Paulo-16/02/2022; g1 — Petrópolis 16/02/2022; Diário de Petrópolis - Quarta-feira, 16/02/2022; Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 22/02/2022; Por g1 — Petrópolis - 28/02/2022; Globo News – 15/03/2022; Wikipédia 03/04/2022





Comentário:

Esse um padrão de urbanismo que ainda predomina nas cidades, encaixar um rio num leito retificado, com as margens impermeabilizadas e muretas. Ao longo do rio ou córrego constrói avenidas e edificações. O rio perde toda sua característica natural, ficando engessado numa calha artificial Suas margens e regiões limítrofes são modificadas por construções, avenidas, de maneira desordenada. Quando há chuvas torrenciais o rio procura sua forma anterior, natural, para escoar a água ou manter a vazão do rio de modo continuo. Com esse engessamento do rio, acrescido pela vazão do rio virtual provocado pela impermeabilização do solo e desmatamento, ele forçosamente sairá de seu leito artificial construído pelo homem, para aliviar a pressão e volume de água existente nesse leito que não comporta esse volume de água.

A cidade vai crescendo, mais impermeabilização, mais água é direcionado ao rio, que mantém a mesma vazão anterior numa situação crescente de ocupação urbana, sem ao menos aumentar o leito do rio, que se torna inviável devido a ocupação de suas margens por infraestrutura urbana.

Esse tipo de desastre obedece a um padrão semelhante em todos os países.   

As principais causas de inundação seriam:

■A morfologia da cidade a região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e encostas íngremes.

■O clima: chove torrencialmente na época de verão

■Uso e ocupação do solo de maneira desordenada

■Não há mapeamento das áreas inundáveis quanto a:

1-Conhecimento da relação cota x risco de inundação

2- Definições dos riscos de inundação de cada superfície

3- Incorporação a Legislação Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco

4- Uso de Sistema de Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos.

5- Controle público da ocupação regular e irregular

■A prática legalizada da construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.

■O aumento da vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão, canalizar córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos córregos e rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.

Infelizmente a história de desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. Infelizmente, muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos que já aconteceram e repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para provocar desastres.

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domingo, fevereiro 27, 2022

FORTES CHUVAS ATINGIRAM A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO E INTERIOR

Desde a noite de 28 de janeiro de 2022, fortes chuvas atingiram a Região Metropolitana de São Paulo durante cinco dias, causando dezenas de mortes. Vários pontos da cidade de Franco da Rocha alagaram, principalmente o centro e áreas próximas, com o desabamento de várias casas, devido a deslizamentos de terra. O tráfego de trens foi interrompido devido ao alagamento dos trilhos entre Francisco Morato e Perus. O tráfego de veículos entre o município e Jundiaí também foi prejudicado devido aos deslizamentos de terra e queda de árvores na SP-332, principal rodovia que liga as cidades

A SITUAÇÃO ATÉ O MOMENTO, SEGUNDO INFORMAÇÕES DA DEFESA CIVIL:

VÁRZEA PAULISTA - Cinco pessoas da mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por um desmoronamento. As vítimas são um casal, um bebê de um ano e duas crianças, uma de 10 e outra de 12 anos;

EMBU DAS ARTES - Três pessoas, também de uma mesma família, morreram após uma casa ser atingida por um deslizamento de terra na madrugada de domingo. As vítimas são a mãe e dois filhos — uma menina de quatro anos e um rapaz de 21 anos. Quatro pessoas conseguiram escapar.

FRANCO DA ROCHA - Quatro pessoas morreram, há ainda oito feridos e quatro desaparecidos;

FRANCISCO MORATO - Quatro pessoas morreram;

RIBEIRÃO PRETO - Uma pessoa morreu;

ARUJÁ - Uma pessoa morreu;

JAÚ - Uma pessoa morreu.

RESGATE EM FRANCO DA ROCHA E FRANCISCO MORATO

A Prefeitura de Franco da Rocha afirmou que as equipes estão mobilizadas no resgate de vítimas de um deslizamento de terra na Rua São Carlos, no Parque Paulista, que fica na divisa com Francisco Morato. Três pessoas morreram no local. Sete pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu no local.

Foto: Franco da Rocha
Equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros usaram botes para resgatar moradores na manhã de domingo (30), em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo. O Ribeirão Eusébio e o Rio Juquery transbordaram, deixando a área central da cidade alagada.

CAIEIRAS

Em Caieiras, na Grande SP, as chuvas deixaram casas e ruas completamente alagadas. Muita gente ficou ilhada, e o resgate está sendo feito por tratores da Prefeitura e caminhões.

Os pontos de alagamento ainda deixaram muita gente presa no trânsito, impossibilitados de transitar pelas ruas. O acesso a outras cidades também está impossibilitado. A cidade registrou ainda um deslizamento de terra, em que ninguém ficou ferido.

De acordo com o prefeito toda a área baixa da cidade está alagada. Ainda não há número de desabrigados ou desalojados pelas chuvas.

VÁRZEA PAULISTA

Uma equipe da Defesa Civil procura por quatro pessoas desaparecidas de uma família, na manhã deste domingo (30), no Jardim Promeca, em Várzea Paulista (SP). O corpo de um homem já foi retirado da casa pela equipe.

De acordo com o órgão, na cidade choveu 88 mm nas últimas 72h. O bairro mais prejudicado foi o Jardim Promeca, a região onde há desaparecidos.

Segundo a Defesa Civil, as buscas estão sendo realizadas no imóvel da família. Uma grande quantidade de terra de um morro desmoronou e atingiu um dos quartos do casal e das crianças.

As chuvas intensas em Várzea Paulista fizeram o Rio Jundiaí também invadir a Avenida Marginal.

BALANÇO DA DEFESA CIVIL - 31 DE JANEIRO

A Defesa Civil do Estado de São Paulo confirmou, 34 óbitos em razão das chuvas que atingiram diversas regiões do estado desde a última sexta-feira (28). Os transtornos provocados pelo mau tempo também deixaram cerca de 5.770 famílias desabrigadas ou desalojadas.

Entre as vítimas há um total de oito crianças. Além disso, há 14 feridos e 0 desaparecido. Ainda de acordo com a Defesa Civil, há ocorrências espalhadas por todo Estado relacionadas às chuvas, como alagamentos, queda de árvores, quedas de muros e deslizamentos de terra. No total, são 39 municípios afetados.

ITAPEVI – 1 óbito

ARUJÁ – 1 óbito

FRANCISCO MORATO – 4 óbitos

EMBU DAS ARTES – 3 óbitos

FRANCO DA ROCHA: 18 óbitos

VÁRZEA PAULISTA – 5 óbitos

JAÚ – 1 óbito

RIBEIRÃO PRETO – 1 óbito

A Defesa Civil já forneceu, até o momento, 1.012 cestas básicas, 1.316 kits de higiene/limpeza  e 1.154 kits dormitório.

RECURSOS LIBERADOS

O governado do estado anunciou a liberação de R$ 15 milhões para as cidades afetadas.

Os recursos anunciados serão destinados aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2 milhão), Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhão), na Região Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo Limpo Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão), Montemor (R$ 1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado.

HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS

Historicamente, Franco da Rocha já havia sido inundada por águas da chuva em 1987, 2011, 2015, 2016, 2018.

FRANCO DA ROCHA

É um município da região metropolitana de São Paulo. Compõe, juntamente com outros 39 municípios, a região no entorno da cidade de São Paulo, capital do Estado. Está a 27 quilômetros do centro da capital, 728 metros acima do nível do mar.

Com território de 132,775 km² Franco da Rocha faz divisa com os municípios de Cajamar, Caieiras, Mairiporã, Francisco Morato, Jundiaí e Campo Limpo Paulista. Junto com os quatro

primeiros municípios dessa lista integra a região hidrográfica denominada Bacia do Juquery, principal rio que cruza a região; a bacia ainda é composta pelo Reservatório Juquery, Ribeirão Euzébio, Ribeirão Borda da Mata, Ribeirão Itaim, Tanque Velho, Cristais, Santa Inês, Córrego

da Colônia e Córrego da 3ª Colônia.

Segundo o IBGE (2016) a população de Franco da Rocha é de 147.650 habitantes, sendo desses 67.462 homens e 64.142 de mulheres. Abaixo um gráfico com a distribuição por faixa etária no município:

A população ocupa predominantemente a área urbana, sendo que 92,1% da população encontra‑se na cidade, enquanto que 7,9% da população de Franco da Rocha encontra-se em área rural.

Fontes: Por g1 SP — São Paulo - 30/01/2022, g1 SP e TV Globo - São Paulo - 31/01/2022   e Defesa Civil do Estado de São Paulo



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quinta-feira, abril 30, 2020

8,2 MILHÕES DE PESSOAS VIVEM EM ÁREAS COM RISCO DE ENCHENTE OU DESLIZAMENTOS DE TERRA

O país tinha cerca de 8,2 milhões de pessoas vivendo em áreas com risco de enchente ou deslizamentos de terra em 2010. É o que mostra estudo inédito feito pelo IBGE e pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), divulgado.

O IBGE cruzou os dados do Censo com o das áreas de risco monitoradas pelo Cemaden para quantificar a população brasileira nessas regiões. Ao todo, 871 municípios brasileiros tinham cidadãos vivendo nessas condições. A ideia é atualizar os dados no Censo de 2020.
Segundo o coordenador da área de Geografia do IBGE, Cláudio Stenner, apesar de os dados serem de oito anos atrás, as características gerais do território persistem e os resultados poderão ser utilizados para o desenvolvimento de políticas públicas futuras para essas regiões.

Um mapa interativo com os locais de risco será divulgado na página do IBGE. A pesquisa identificou 8.309 bairros, ou polígonos, no termo técnico, com casas em áreas com risco de desastres provocados pelas chuvas.
Um dado que preocupa, segundo Stenner, é que 9,2% dos brasileiros que vivem em áreas de risco de desastres naturais são crianças menores de 5 anos de idade. Já os idosos com mais de 60 anos respondem por 8,5% da população nessas condições. O técnico lembra que esses grupos costumam ser os mais vulneráveis durante desastres naturais.

"É importante saber a característica de cada local, até para a criação de políticas públicas adequadas. Evacuar uma população de crianças ou idosos requer um planejamento maior do que em locais com características diferentes", disse.

REGIÕES  DE RISCOS
§ Sudeste é a região com maior contingente de moradores em áreas de risco, com 4,2 milhões de pessoas,
§Nordeste (2,9 milhões),
§Sul (703 mil),
§Norte (340 mil) e
§Centro-oeste (7,6 mil).

Na ranking das 20 cidades com as maiores populações em área de risco, as capitais de Bahia, São Paulo, Rio e Minas Gerais ocupam as quatro primeiras posições, respectivamente. Na capital baiana, quase metade da população (45,5% ou 1,2 milhão de pessoas) se encontra em regiões com riscos de desabamentos ou enchentes.
Em São Paulo, a segunda colocada, a população [e de 674 mil pessoas, com 6% da população nessas condições. Já no Rio, o contingente de 444 mil representa 7% do total da cidade. Em Belo Horizonte, os 389 mil respondem por 16,4% do total da população da capital mineira.

Stenner explica que em geral as populações que vivem em áreas de risco têm renda mais baixa e menor acesso a serviços públicos básicos como água encanada, rede coletora de esgoto e coleta de lixo. Isso não significa, no entanto, que não existam pessoas de padrão de vida mais elevado que vivam em locais de risco.

Essa questão ficou evidente durante a tragédia da região serrana do Rio, em janeiro de 2011, quando cerca de mil pessoas morreram nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Tanto moradores de casebres humildes nas encostas quanto moradores de condomínios de alto padrão tiveram suas casas devastadas pela avalanche de barro e pedras que desceu nas encostas.

Ainda que o Sudeste seja o que numericamente tem maior contingente de pessoas nessa situação.

REGIÃO NORTE
Análise regional mostra que as pessoas em condição mais fragilizada estão no Norte do país. Lá, a população menor de 5 anos em área de risco representa 13% do total, enquanto no Sudeste, o percentual é de 9%.
Do total de casas em áreas de risco no Norte, 26% não têm água encanada, enquanto no Sudeste esse percentual é de 4,5%. A diferença se mantém, por exemplo, quando analisada a presença da rede de esgoto no comparativo regional. No Norte, 70% das casas em área de risco não têm esgotamento sanitário, enquanto no Sudeste o percentual é de 17,7%.

Stenner explica que a falta de serviços básicos pode ser um elemento que agrave ou precipite desastres naturais. A destinação incorreta do esgoto pode infiltrar o solo e deixar o local mais suscetível a deslizamentos, por exemplo. O acúmulo de lixo em encostas também pode estar relacionado ao aumento do risco de quedas de barreiras.

"A vida em áreas de risco está ligada quase sempre à precarização socioeconômica que um grupo de indivíduos é submetido. No processo geral de urbanização do país, sobrou para as classes menos favorecidas viver em encostas, em locais distantes dos grandes centros. Conseguimos agora mapear onde estão essas pessoas para que sejam definidas políticas públicas para esses locais", disse Stenner.
Os desastres naturais são também uma das maiores causas de deslocamentos de pessoas dentro de seus próprios países no mundo, superando guerras, civis, conflitos violentos e epidemias de doenças.

Segundo estudo do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês), somente em 2017 foram registrados 30,6 milhões de novos deslocamentos internos no mundo. Desse total, 18,8 milhões tiveram que deixar suas casas por causa de desastres naturais.
No Brasil, o número de pessoas nessa situação em 2017 foi de 71 mil pessoas, cinco vezes o registrado um ano antes. Fonte: Folha de São Paulo - 28.jun.2018



Comentário:
Áreas de risco são regiões onde é recomendada a não construção de casas ou instalações, pois são muito expostas a desastres naturais, como desabamentos e inundações. Essas regiões vem crescendo constantemente nos últimos anos, principalmente devido à própria ação humana.  
Dentre os processos naturais mais comuns no Brasil estão os escorregamentos, as enchentes, as erosões e as secas, e destes o escorregamento é aquele que mais preocupa pelo número de vítimas fatais que gerou nas últimas décadas. Não há porém, nenhuma perspectiva de que essa situação se modifique, a curto prazo, uma vez que devido à crescente desigualdade sócio-econômica associada ao desemprego, à falta de moradia, à deseducação, etc., a ocupação de encostas sem os cuidados necessários tende a aumentar, levando a um conseqüente aumento do número de acidentes dessa natureza.

AS PRINCIPAIS CAUSAS DE INUNDAÇÃO:
■ A morfologia da cidade a região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e encostas íngremes.
■ O clima: chove torrencialmente na época do inverno
■ Uso e ocupação do solo de maneira desordenada
■ Não há mapeamento das áreas inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Falta de uso de Sistema de Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos. Os riscos devem ser avaliados por meio de perspectivas técnicas capazes de antecipar possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente. O uso de um Sistema de Informações Geográficas contribuiria nas atividades de prevenção e preparação para riscos, possibilitando a diminuição dos desastres, e, em caso de ocorrências, tendo um caráter logístico, determinando como uma população atingida por tais eventos poderia ser evacuada e protegida. Seria a ferramenta ideal para que as autoridades públicas possam efetuar o gerenciamento do desastre a fim de alocar os recursos necessários para minimizar os efeitos do desastre.
5- Controle público da ocupação regular e irregular
■ a prática legalizada da construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.
■ O aumento da vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, desmatamento, etc
Infelizmente a historia de desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. 

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quarta-feira, abril 17, 2019

Temporal deixa mortos no Rio de Janeiro

O município do Rio de Janeiro está em estado de crise desde as 20h55 de segunda-feira, 08 de abril. As áreas mais afetadas foram as zonas sul e oeste. O temporal alagou ruas, derrubou árvores, destruiu carros e inundou túneis por toda a cidade.

De acordo com dados do Alerta Rio, o sistema de monitoramento meteorológico da prefeitura do Rio, o volume de chuva acumulado em apenas quatro hora na noite dessa segunda foi até 70% maior do que o esperado para todo o mês de abril em alguns pontos dessas regiões.

Na zona oeste, a estação medidora da Barrinha registrou 212 milímetros de chuva entre as 18h e as 22h. No mesmo período, na zona sul, choveu 168 milímetros em Copacabana, 164 na Rocinha e 149 no Jardim Botânico.

As sirenes de alerta para risco de deslizamento de terra foram acionadas em 21 das 103 comunidades monitoradas pela Defesa Civil Municipal. Mas, segundo moradores, o alarme não chegou a ser acionado no Morro da Babilônia porque estava faltando energia na comunidade no momento do temporal.

A chuva também provocou o desabamento de mais um trecho da Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer. Desta vez, a parte que caiu fica próxima do bairro de São Conrado. O desabamento ocorreu por volta das 22h, quando a via já estava fechada.

VITIMAS FATAIS
Dez pessoas morreram entre a noite de segunda-feira e a tarde desta terça-feira

DESALOJADOS E DESABRIGADOS
O temporal deixou ainda ao menos 1.204 desalojados, 220 desabrigados e seis feridos no estado, segundo balanço do governo do Rio.

RESUMO
■Suspensas as aulas nas escolas públicas
■Mortes aconteceram no Morro da Babilônia, no Leme, na Gávea, em Santa Cruz e em Botafogo
■59 sirenes foram acionadas em 36 das 103 comunidades que possuem o sistema de alerta
■Vias importantes interditadas: Avenida Niemeyer, Alto da Boa Vista, Avenida Visconde de Albuquerque, mergulhão Billy Blanco e Avenida Engenheiro Souza Filho

ÍNDICE DE PRECIPITAÇÃO
Onde mais choveu das 22h30 de segunda (8) às 10h30 de terça (9):
■Barra/Barrinha: 295,4 mm
■Rocinha: 294,8 mm
■Alto da Boa Vista: 287,0 mm
■Jardim Botânico: 285,2 mm
■Copacabana: 269,2 mm

DEFESA CIVIL MUNICIPAL
A Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil recebeu 1.025 chamados desde as 17h de segunda-feira, 8, até as 18h20 desta quarta-feira, 10. Foram foram realizadas 128 interdições de imóveis em decorrência das chuvas. Entre os pedidos de atendimento, estão vistorias em área de deslizamento de encosta e barranco, desabamento de estrutura e ameaça de desabamento.  

SIRENES
Ao todo, 59 sirenes soaram em 36 das 103 comunidades de alto risco geológico monitoradas pelo sistema de alertas sonoros da cidade para chuvas fortes nos últimos dias. Não houve acionamentos nesta quarta-feira. As sirenes são acionadas pela Defesa Civil municipal após monitoramento e avaliação dos índices críticos de chuva por meteorologistas do Sistema Alerta Rio, lotados no Centro de Operações Rio (COR).

AÇÃO ESPECIAL DA SEOP REMOVEU 158 VEÍCULOS ARRASTADOS PELAS CHUVAS
Desde a madrugada desta terça-feira (9), a Coordenadoria de Fiscalização e Reboques (Cfer), vinculada à Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), montou operação especial para auxiliar na retirada de automóveis que ficaram atolados em pontos da cidade por conta das fortes chuvas. Ao todo, 158 foram removidos e realocados em pontos seguros para liberação das vias.

ANÁLISE
"Chuvas intensas são esperadas, mas não nesta época do ano", reforça a geógrafa Ana Luiza Coelho Netto.
Coordenadora do Laboratório de Geo-hidroecologia e Gestão de Riscos (Geoheco) da UFRJ, Ana Luiza acompanha os padrões dos regimes de chuva no país e afirma que as alterações têm ocorrido "numa velocidade surpreendente" do século 20 para cá, "acompanhando a velocidade das intervenções humanas" e gerando impactos exacerbados pela histórica falta de políticas públicas para lidar com o problema.
"A cidade vem acumulando um descaso na mesma magnitude do caos que se instalou hoje com a chuva", disse a especialista, enquanto se espantava com a quantidade de terra, blocos de cimento e pedras que rolavam pela rua onde vive Jardim Botânico. "Moro aqui há muitos anos e não lembro de ter visto um caos tão grande quanto este", afirma.
Ela lembrou sua infância no Rio, quando via as ruas do bairro de Botafogo completamente alagadas e pedia abrigo a vizinhos para esperar a água baixar.
"Até parece que isso é novidade, que a grande culpada é a chuva. Não é. É falta de política pública integrada para a cidade", diz a geógrafa.
"Isso não significa apenas fazer controle de enchente. É ter políticas de moradia, de transporte, de planejamento urbano, de tudo. Estamos falando de uma metrópole. Essa cidade concentra milhões de pessoas, e ninguém está seguro. Nas encostas tem deslizamento. Nas baixadas, enchentes. A gente acumula esse problema historicamente. A gente prefere ignorar a natureza dessa cidade, e o resultado é esse. Agora as chuvas intensas estão se tornando cada vez mais frequentes, esse caos será mais frequente, e não estamos preparados, disse  Ana Luiza. Fontes: UOL Noticias - 09/04/201; G1 RJ - 09/04/2019 


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quinta-feira, abril 11, 2019

Lembrança:Em 1966, enxurrada matou 200 pessoas no Rio de Janeiro

Rio entrou em colapso com mais de mil desabamentos: bombeiros e hospitais não conseguiram dar conta da demanda. Na Praça da Bandeira, carros flutuaram nas águas

A enxurrada de 10 de janeiro de 1966, foi "o maior temporal de todos os tempos", matou cerca de 200 pessoas, provocou mais de mil desabamentos em vários bairros e deixou mais de 30 mil desalojados. A cidade ficou em estado de calamidade pública. As chuvas torrenciais pararam o Rio e levaram ao colapso os sistemas de atendimento à população. Sem poder dar conta de todos os chamados, o Corpo de Bombeiros pedia que as pessoas ligassem para a corporação apenas nos casos mais graves. Com ambulâncias danificadas pela chuva, muitos hospitais não conseguiam socorrer os feridos, que chegavam em caminhões ou no colo das pessoas.

Canais como o do Mangue e rios transbordaram, alagando ruas e avenidas. Em alguns lugares, a água chegou a um metro de altura. A Praça da Bandeira ficou completamente inundada e o Túnel Santa Bárbara, intransitável. O sistema de transporte também entrou em colapso. Trens e ônibus pararam de circular. Os táxis sumiram das ruas. Houve alagamentos em várias partes da cidade. Devido à queda de barreiras, as principais rodovias de acesso ao Rio foram interditadas, deixando a cidade praticamente isolada.

A cidade ainda não havia se recuperado do trauma de janeiro de 1966 quando, em 18 de fevereiro de 1967, sofreu um outro temporal arrasador. As chuvas causaram a morte de 116 pessoas. O caso mais grave aconteceu em Laranjeiras. Uma pedra rolou da encosta e provocou o desabamento de três prédios na Rua General Glicério.

Nas últimas décadas, outros dois temporais traumatizaram os cariocas: o de 1988 e o 1996. Em 19 de fevereiro de 1988, uma chuva torrencial parou a cidade e provocou 273 mortes no estado, sendo 78 no município do Rio. O caso mais grave aconteceu em Santa Teresa, onde toneladas de pedra e terra rolaram sobre a Clínica Santa Genoveva, soterrando cerca de 40 pessoas, entre pacientes e funcionários. As principais vias da cidade ficaram alagadas e os engarrafamentos se estenderam madrugada a dentro. Na Avenida Radial Oeste, no Maracanã, a força das águas arrastou dezenas de carros. Houve desabamentos no Rio e na Região Serrana.
Outro violento temporal atingiu a cidade em 13 de fevereiro de 1996, matando 53 pessoas e deixando cerca de 2.000 desabrigadas. As regiões mais atingidas foram Jacarepaguá e Barra da Tijuca. Fonte: O Globo - Publicado: 09/07/13 

Comentário:
Os temporais acompanham o cotidiano carioca desde que a cidade nasceu.
Até o século XIX, o Rio de Janeiro teve um crescimento demográfico lento. Era uma cidade pequena, em comparação com a enorme malha urbana que vemos hoje. Na verdade, na metade do século passado a cidade começava na Praça XV e acabava na Praça da República. E essa era, portanto, a área afetada pelos temporais.

A posição estratégica do Rio de Janeiro, na entrada da Baía de Guanabara foi fundamental na decisão portuguesa de fundar a cidade e de aqui manter o seu posto avançado de controle colonial. Mas o sítio sempre foi problemático, pela quebra abrupta de gradiente entre a encosta e a baixada situada ao nível do mar, e pela grande quantidade de brejos, pântanos e lagoas.

Por isso, a conquista propriamente dita foi um processo longo e penoso. O espaço da cidade do Rio de Janeiro teve que ser conquistado pelo homem através de dessecamentos e aterros, durante mais de 300 anos, até o século XIX.

Para termos uma noção mais precisa do que era esta terra primitiva, devemos lembrar que a cidade originalmente estendia-se entre o morro de São Bento, o antigo morro do Castelo – onde está hoje a esplanada do Castelo –, o morro de Santo Antonio e o morro da Conceição.

Em volta, quase que só havia água. Para dar um exemplo, basta lembrar que toda a área da Lapa, onde está hoje o Hospital da Cruz Vermelha, era um grande pântano –o Pantanal de Pedro Dias. Havia também diversas lagoas no que é hoje a área central.

Com que foram feitos os aterros? Com entulho e lixo, os grandes formadores do solo carioca. Foram os dejetos da própria cidade os viabilizadores de sua expansão sobre o brejo, sobre as lagoas e sobre o mar.

Além, é claro, da construção de inúmeras valas, que contribuíram para o enxugamento do solo e que, até o final do século XIX, seriam praticamente a única rede de drenagem urbana do Rio de Janeiro.

A cidade vai ocupar então áreas mal aterradas e mal niveladas, e não é de surpreender que, depois, sejam justamente essas as áreas mais afetadas pelas inundações.

O mais antigo registro histórico sobre grandes inundações no Rio de Janeiro é de setembro de 1711. Um registro de abril de 1756 indica que choveu durante três dias ininterruptos. O temor e o susto se apoderaram de tal modo do ânimo dos habitantes, que já na primeira noite muita gente abandonou as casas e se refugiou nas igrejas. As águas cresceram de tal maneira que inundaram a Rua dos Ourives, atual rua Miguel Couto, e entraram pelas casas adentro, por não
caberem pelas valas. Todo o campo parecia um lagamar.

“AS ÁGUAS DO MONTE”
Mas a grande inundação no passado do Rio de Janeiro foi a que ficou conhecida como “as águas do monte”, acontecida quando o príncipe regente já estava na cidade, em fevereiro de 1811. Foram sete dias ininterruptos de chuva, que causaram grandes prejuízos materiais e de vidas humanas. O príncipe regente ordenou então a elaboração de um relatório. Seria o primeiro
de uma longa série que, no futuro, se seguiria a cada grande temporal. Datado de 4 de julho de 1811, o trabalho assinado pelo tenente-general e engenheiro dos reais exércitos João Manoel da Silva explicava a D. João VI as causas das “águas do monte” (infelizmente, o original desse relatório se perdeu, mas ele foi publicado em 1894 no Jornal do Commercio). As conclusões do tenente-general não são diferentes das de hoje.

A topografia da cidade, dizia ele em seu relatório, apresenta mudanças abruptas de gradiente – de encostas íngremes para terrenos planos ao nível do mar, o que contribui para o escorrimento
rápido das águas pelas vertentes e para o seu represamento igualmente rápido na baixada. A vala mestra do sistema de drenagem (que ficava no eixo da atual rua Uruguaiana, então chamada Rua da Vala) está praticamente ao nível do mar e não dá vazão às águas que para aí se dirigem; além do mais – prosseguia o relatório – está sempre coberta de imundícies, porque a população
joga tudo nas valas.

Apesar das recomendações contidas no relatório de 1811, nada foi feito durante os 40 anos seguintes.  Os problemas políticos e econômicos da Regência e do Primeiro Reinado avolumaram-se e deixaram em segundo plano as enchentes na cidade. Quem faz pesquisa histórica nos arquivos encontra com freqüência abaixo-assinados e petições de moradores reclamando soluções para o problema das inundações nesta ou naquela área.

A segunda metade do século XIX torna-se-ia um período fundamental na história da relação do sítio urbano com os temporais, porque de um lado temos a grande expansão da malha urbana – através da introdução dos sistemas de transporte coletivo por carros ou por trens – e, de outro, uma enorme migração para a cidade, que vai levar ao crescimento acelerado da população urbana.

Mas, no século XX, a situação vai se agravar bastante, devido à enorme expansão da malha urbana em direção à periferia. No início do século, o crescimento demográfico acelerado não foi acompanhado pela desconcentração do emprego. Isso significava um alto custo de moradia para as populações pobres, que se amontoavam em cortiços instalados no centro da cidade. Com o combate aos cortiços no final do século XIX, mais a remodelação da cidade comandada pelo prefeito Pereira Passos na virada do século, começou então o processo de favelização da cidade.

É importante notar que até o século XIX, a encosta não era valorizada; nela quase não havia construções, porque a encosta oferece problemas de engenharia civil muito importantes e porque havia outras áreas para ocupar. É só no final do século XIX, com a crescente ocupação de Santa Teresa e, principalmente no século XX, que as encostas vão passar a ser importantes áreas de concentração populacional.

AGRAVAMENTO SUBSTANCIAL DAS INUNDAÇÕES URBANAS.
■Altas densidades demográficas em certos bairros;
■Verticalização; aumento considerável da pavimentação, que impermeabiliza o solo;
■Crescimento descontrolado das favelas, levando a uma nova fase de destruição da cobertura vegetal dos morros;
■Retificação e canalização ineficiente de rios urbanos, o que aumenta a rapidez do fluxo das águas;
■E pouco ou nenhum investimento na melhoria da drenagem urbana levaram, então, ao agravamento substancial das inundações urbanas.

Como vimos, o problema das inundações no Rio de Janeiro é antigo. E, pelo visto, as soluções também. A vontade política é o que parece ser, na realidade, a grande chave. Quando ela existiu, como aconteceu no passado para o combate às epidemias, os resultados vieram.

Estamos novamente num momento como esse. A relação entre o sítio  e os temporais na cidade parece bem clara. A engenharia oferece os recursos técnicos. De um lado, está o problema, com suas causas naturais e sociais; de outro, as soluções – que podem ser encontradas e aplicadas. Basta que exista vontade política.

Fonte: A Cidade e os Temporais: uma relação antiga, Maurício de Almeida Abreu Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Tormentas Cariocas, Seminário Prevenção e Controle dos Efeitos dos Temporais no Rio de Janeiro, 1997

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sexta-feira, dezembro 11, 2015

Deslizamento de terra atinge e derruba prédios na China

O deslizamento da encosta de uma montanha com 4.500 m3 de terra atingiu dois edifícios em uma rua em Congjiang County, sudoeste da província de Guizhou, China,  na terça-feira de manhã, 8 de manhã, sem causar vítimas.
O deslizamento foi gravado por uma câmera de vigilância da rua. Vários moradores  notaram o deslizamento de terra com  os edifícios inclinando.
"Estávamos apanhando lenha quando pedras começaram a cair. Meu marido disse que era um deslizamento de terra, e então eu vi as árvores estavam se mexendo", disse um morador.
Os moradores começaram a acenar para os motoristas, tentando  parar o tráfego diante dos edifícios. "Os motoristas não perceberam o deslizamento de terra e ainda os carros trafegavam  pelo local. Gritamos para parar todos os carros. É perigoso aqui.  Eles pararam a tempo", disse uma senhora.

Em seguida, o deslizamento de terra atingiu os edifícios e desabaram. Segundo as autoridades locais, a montanha estava instável com perigo de desastre geológico. Os moradores foram realocados para outro local. A chuva contínua na região deve ter agravado  a instabilidade da montanha.
A polícia bloqueou a área e especialistas estavam monitorando a atividade da montanha.

Fonte:@ZR; CCTV News - 08 dezembro de 2015

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