Temporal deixa mortos no Rio de Janeiro
O município do Rio de Janeiro está em estado de crise desde
as 20h55 de segunda-feira, 08 de abril. As áreas mais afetadas foram as zonas
sul e oeste. O temporal alagou ruas, derrubou árvores, destruiu carros e
inundou túneis por toda a cidade.
De acordo com dados do Alerta Rio, o sistema de
monitoramento meteorológico da prefeitura do Rio, o volume de chuva acumulado
em apenas quatro hora na noite dessa segunda foi até 70% maior do que o
esperado para todo o mês de abril em alguns pontos dessas regiões.
Na zona oeste, a estação medidora da Barrinha registrou 212
milímetros de chuva entre as 18h e as 22h. No mesmo período, na zona sul,
choveu 168 milímetros em Copacabana, 164 na Rocinha e 149 no Jardim Botânico.
As sirenes de alerta para risco de deslizamento de terra
foram acionadas em 21 das 103 comunidades monitoradas pela Defesa Civil
Municipal. Mas, segundo moradores, o alarme não chegou a ser acionado no Morro
da Babilônia porque estava faltando energia na comunidade no momento do
temporal.
A chuva também provocou o desabamento de mais um trecho da
Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer. Desta vez, a parte que caiu fica
próxima do bairro de São Conrado. O desabamento ocorreu por volta das 22h,
quando a via já estava fechada.
VITIMAS FATAIS
Dez pessoas morreram entre a noite de segunda-feira e a
tarde desta terça-feira
DESALOJADOS E DESABRIGADOS
O temporal deixou ainda ao menos 1.204 desalojados, 220
desabrigados e seis feridos no estado, segundo balanço do governo do Rio.
RESUMO
■Suspensas as aulas nas escolas públicas
■Mortes aconteceram no Morro da Babilônia, no Leme, na
Gávea, em Santa Cruz e em Botafogo
■59 sirenes foram acionadas em 36 das 103 comunidades que
possuem o sistema de alerta
■Vias importantes interditadas: Avenida Niemeyer, Alto da
Boa Vista, Avenida Visconde de Albuquerque, mergulhão Billy Blanco e Avenida
Engenheiro Souza Filho
ÍNDICE DE PRECIPITAÇÃO
Onde mais choveu das 22h30 de segunda (8) às 10h30 de terça
(9):
■Barra/Barrinha: 295,4 mm
■Rocinha: 294,8 mm
■Alto da Boa Vista: 287,0 mm
■Jardim Botânico: 285,2 mm
■Copacabana: 269,2 mm
DEFESA CIVIL MUNICIPAL
A Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil recebeu 1.025
chamados desde as 17h de segunda-feira, 8, até as 18h20 desta quarta-feira, 10.
Foram foram realizadas 128 interdições de imóveis em decorrência das chuvas.
Entre os pedidos de atendimento, estão vistorias em área de deslizamento de
encosta e barranco, desabamento de estrutura e ameaça de desabamento.
SIRENES
Ao todo, 59 sirenes soaram em 36 das 103 comunidades de alto
risco geológico monitoradas pelo sistema de alertas sonoros da cidade para
chuvas fortes nos últimos dias. Não houve acionamentos nesta quarta-feira. As
sirenes são acionadas pela Defesa Civil municipal após monitoramento e
avaliação dos índices críticos de chuva por meteorologistas do Sistema Alerta
Rio, lotados no Centro de Operações Rio (COR).
AÇÃO ESPECIAL DA SEOP REMOVEU 158 VEÍCULOS ARRASTADOS PELAS
CHUVAS
Desde a madrugada desta terça-feira (9), a Coordenadoria de
Fiscalização e Reboques (Cfer), vinculada à Secretaria Municipal de Ordem
Pública (Seop), montou operação especial para auxiliar na retirada de
automóveis que ficaram atolados em pontos da cidade por conta das fortes
chuvas. Ao todo, 158 foram removidos e realocados em pontos seguros para
liberação das vias.
ANÁLISE
"Chuvas intensas são esperadas, mas não nesta época do
ano", reforça a geógrafa Ana Luiza Coelho Netto.
Coordenadora do Laboratório de Geo-hidroecologia e Gestão de
Riscos (Geoheco) da UFRJ, Ana Luiza acompanha os padrões dos regimes de chuva
no país e afirma que as alterações têm ocorrido "numa velocidade
surpreendente" do século 20 para cá, "acompanhando a velocidade das
intervenções humanas" e gerando impactos exacerbados pela histórica falta
de políticas públicas para lidar com o problema.
"A cidade vem acumulando um descaso na mesma magnitude
do caos que se instalou hoje com a chuva", disse a especialista, enquanto
se espantava com a quantidade de terra, blocos de cimento e pedras que rolavam
pela rua onde vive Jardim Botânico. "Moro aqui há muitos anos e não lembro
de ter visto um caos tão grande quanto este", afirma.
Ela lembrou sua infância no Rio, quando via as ruas do
bairro de Botafogo completamente alagadas e pedia abrigo a vizinhos para
esperar a água baixar.
"Até parece que isso é novidade, que a grande culpada é
a chuva. Não é. É falta de política pública integrada para a cidade", diz
a geógrafa.
"Isso não significa apenas fazer controle de enchente.
É ter políticas de moradia, de transporte, de planejamento urbano, de tudo.
Estamos falando de uma metrópole. Essa cidade concentra milhões de pessoas, e
ninguém está seguro. Nas encostas tem deslizamento. Nas baixadas, enchentes. A
gente acumula esse problema historicamente. A gente prefere ignorar a natureza
dessa cidade, e o resultado é esse. Agora as chuvas intensas estão se tornando
cada vez mais frequentes, esse caos será mais frequente, e não estamos
preparados, disse Ana Luiza. Fontes: UOL Noticias - 09/04/201; G1 RJ - 09/04/2019
Marcadores: alagamento, desastre, deslizamento, inundação
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