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domingo, abril 10, 2022

TRAGÉDIA EM PETRÓPOLIS

PANORAMA DA REGIÃO: Petrópolis é um município localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no estado do Rio de Janeiro, no Brasil, também conhecido como Cidade Imperial. Ocupa uma área de 795,798 km², sua população  é de 306.678 (ano 2020)  habitantes segundo a estimativa do IBGE.  Obs:  Em 1902 a cidade tinha 29.000 habitantes

GEOGRAFIA: Petrópolis situa-se a 68 km do Rio de Janeiro. A área central urbana de Petrópolis localiza-se no topo da Serra da Estrela, pertencente ao conjunto montanhoso da Serra dos Órgãos, subsetor da Serra do Mar. O município de Petrópolis apresenta relevo extremamente acidentado, com ocorrência de grandes desníveis. A partir do distrito de Itaipava o relevo vai diminuindo sua altitude.

O ambiente serrano, quase sempre úmido, permitiu que a vegetação local fosse caracterizada como sendo floresta de Mata Atlântica. Atualmente, tem havido a diminuição da vegetação remanescentes, e ainda o seu isolamento em “ilhas”, ocorrendo até mesmo o risco de extinção dessa vegetação natural.

CLIMA: O clima é o tropical de altitude, com verões úmidos e quentes e invernos secos e relativamente frios. O alto relevo, formado por montanhas de grandes altitudes, tem grande influência no clima do município. Dessa forma, massas de ar quente-úmidas são bloqueadas, concentradas e obrigadas a subir a grandes altitudes (maiores que 2000m). Neste momento, o contato dessas massas de ar com o ar frio dessas altitudes, ocasionam o desencadeamento das chuvas e tempestades constantes sobre a Serra do Mar. Essas chuvas, no período dos meses de verão, são muito concentradas e catastróficas em Petrópolis.

CENÁRIO: A pluviosidade significativa ao longo de todo o ano, com uma média anual de 1929 mm, associada ao relevo e à presença de rios cortando a região são fatores indicativos da ocorrência de inundações e deslizamentos.

Com o crescimento da população e a consequente necessidade de expansão da área urbana do núcleo da cidade, observa-se que ocorre uma intensa ocupação das denominadas “áreas mais problemáticas do que as planejadas pelo Major Köeler (grande parte do traçado do Centro Histórico, ou núcleo fundacional, foi planejado por Major Köeler em 1846 e é preservado até os dias atuais.). As áreas do topo de morros e do fundo de vales acabam sendo ocupadas, resultando em um maior desmatamento e trazendo, como consequência, dentre outras, o aumento dos processos de assoreamento dos rios da região. Estes dois fatores têm implicação direta no transbordamento de rios com inundações e risco para os habitantes ribeirinhos e, provocam ainda, um aumento dos deslizamentos de massa de morros da cidade, ocasionando o soterramento de regiões, algumas habitadas.

Observou-se que a expansão do restante da cidade, provocou a redução das áreas de vegetação, não restringindo-se, apenas aos vales ou em áreas propícias à construção. A ocupação dos morros ocorreu em, praticamente, toda a cidade, intensificando o desmatamento e a ocupação das margens dos rios, expondo os moradores a riscos frequentes. Com essa expansão territorial, alguns rios foram canalizados e, outros, mesmo que em seus cursos originais, foram afetados pela poluição. Fonte: Evolução urbana do centro histórico de Petrópolis, Revista de Morfologia Urbana  

TEMPESTADE: No dia 15 de fevereiro de 2022, uma tempestade inesperada fez cair três horas seguidas de chuvas. De acordo com o Cemaden, foram registrados 259,8 milímetros de chuva durante o dia todo, sendo 250 mm foram apenas entre 16h20 e 19h20. A média climatológica para fevereiro na cidade é de 185 milímetros. Foi a maior tempestade da história de Petrópolis, desde que se iniciaram as medições, em 1932. O recorde anterior havia ocorrido no dia 20 de agosto de 1952, quando choveu 168,2 mm em 24 horas.

FORMAÇÃO DO DESASTRE:  Precipitação elevada, topografia acidentada que potencializa a  chuva, falta de cobertura vegetal, ocupação desordenada da encosta, impermeabilização excessiva da cidade, as condições são ótimas para que o volume de chuva seja excessiva, com velocidade, com deslizamento/aluimento de terra e pedra.


De acordo com o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em drenagem urbana Matheus Martins, a topografia da cidade é propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanhas, afluente do Paraíba do Sul.

Quando chove com mais intensidade, a água desce rápido das encostas, atinge o rio com velocidade, desce o rio com mais velocidade e, quando chega próximo ao centro de Petrópolis, a declividade do rio diminui um pouco e a cheia acaba transbordando para as margens. Isso acontece mais ou menos frequentemente em Petrópolis

VÍTIMAS: Inicialmente a Defesa Civil confirma 78 mortas e 21 pessoas resgatadas, e também temos 372 pessoas desabrigadas ou desalojadas. São 89 áreas atingidas, com 26 deslizamentos. Mais de 180 moradores de áreas de risco estão sendo acolhidos", atualizou.

No mesmo dia, a unidade do Corpo de Bombeiros Militar na cidade já havia identificado pelo menos 18 mortos por causa dos eventos, número que aumentou para 94 no dia seguinte e para 181 no sétimo dia de buscas.

Em 18/02, o número de mortos em Petrópolis, na região serrana fluminense, subiu para 123, segundo dados divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro.

Em 22/02, segundo dados divulgados pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, já são 183 os mortos confirmados; 111 mulheres, 32 crianças e 40 homens.

Em 24/02, segundo dados divulgados; 208 mortos, sendo: 124 são mulheres, 84 homens. Do total, 40 são menores de idade. Até o momento, 191 foram identificados e 181 já foram  liberados para os procedimentos funerários.

Em 28/02, segundo dados divulgados; pelo menos 229 mortos, sendo ; 136 mulheres, 50 homens e 43 menores. Segundo a Polícia Civil, os peritos ainda atuam na análise de DNA de despojos recuperados nas áreas afetadas.

DESABRIGADOS: A cidade já contabiliza 875 desabrigados, acolhidos em 13 escolas públicas sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social.

DESAPARECIDOS: Até o momento, há registro de 69 desaparecidos comunicados à Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).

Em 28/02; Ao menos 20 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo o portal de desaparecidos da Polícia Civil

AUXILIO DE EMERGÊNCIA: O prefeito da cidade anunciou um acordo com o governador do estado, para a garantia de um aluguel social no valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. O intuito do benefício é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas temporariamente.

ATENDIMENTO HOSPITALAR: A Marinha terminou de montar no domingo (20) um hospital de campanha no Sesi Petrópolis, na Rua Bingen. A unidade funciona das 8h às 18h, com 12 leitos de enfermaria e cinco estações de atendimento ambulatorial, aberto a pessoas que precisem de atendimento de baixa complexidade.

De acordo com o diretor do Centro de Medicina Operativa da Marinha, a unidade vai apoiar os hospitais da cidade. “Estamos aqui para apoiar a estrutura de saúde local, realizando atendimentos clínicos, laboratoriais, odontológicos, pediátricos, ortopédicos e pequenos procedimentos. Assim, deixamos os atendimentos de maior complexidade para os hospitais previamente estabelecidos”.

MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS: Cerca de 400 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos. A Polícia Civil do RJ também montou uma força-tarefa na cidade. São cerca de 200 policiais, peritos legistas e criminais, papiloscopistas, técnicos e auxiliares de necropsia, servidores de cartório e de diversas delegacias da Região Serrana.

As Forças Armadas disponibilizaram 5 caminhões, uma ambulância e colocou todo o efetivo do Exército à disposição da cidade. A Polícia Rodoviária Federal participa das operações com 34 agentes, 8 viaturas, uma aeronave, uma retroescavadeira, um caminhão caçamba e um prancha, uma ambulância e drones.  

 Para reforçar os trabalhos, mais de 150 militares de 15 estados e do Distrito Federal estão se somando ao contingente de mais de 500 da corporação fluminense

O apoio da Marinha à tragédia de Petrópolis começou na madrugada do dia 16, na desobstrução das vias com motosserras. Caminhões, retroescavadeiras e material para a instalação do hospital de campanha chegaram na manhã do dia 17.

O efetivo da força na cidade é de 60 viaturas e 300 militares, entre fuzileiros navais, médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA: A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro (SES) enviou ontem quatro motolâncias do grupamento de motociclistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da capital para atuar nas ações de socorro em locais de difícil acesso em Petrópolis.

Segundo o governo do estado, os agentes atendem a demanda espontânea da população e alcançam locais onde outros veículos ainda não conseguem chegar, por causa da dificuldade de mobilidade e obstrução das vias após os deslizamentos de terra.

DECRETO DE CALAMIDADE PÚBLICA: A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas. Quem tiver parentes desaparecidos deve procurar a delegacia.

CIDADE SOB A LAMA: Na  quarta-feira (16/02), era possível ver o tamanho da devastação — embora, em muitos locais, fosse difícil distinguir o que era casa, o que era terra ou o que era rua.

Morros vieram abaixo, carregando pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da correnteza; vias importantes foram bloqueadas, dificultando o acesso aos desabrigados.

O Alto da Serra foi uma das localidades mais devastadas. A prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram atingidas pela barreira que caiu no Morro da Oficina. Outras regiões também foram atingidas, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.

Corpos também foram encontrados no Centro da cidade depois que o nível do rio desceu.

A situação é quase que de guerra. Carros pendurados em postes. Carros virados de cabeça para baixo. Muita lama e muita água ainda.

IMPACTOS ECONÔMICOS: Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Análises da Fecomércio e divulgada em 17 de fevereiro, mostrou que as fortes chuvas provocaram um prejuízo de mais de 78 milhões de reais no setor de bens, serviços e turismo do município.

Em 21 de fevereiro, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou os resultados de uma pesquisa sobre o impacto financeiro da tragédia. A perda estimada foi de 665 milhões de reais, o equivalente a 2% do PIB do município. Segundo o presidente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, as perdas superam 1 bilhão de reais, se incluídos os gastos com a reconstrução. Ainda segundo a instituição, as chuvas afetaram 65% das empresas da cidade, sendo que 85% ainda não haviam retomado as atividades.

LIMPEZA: A prefeitura de Petrópolis realiza na segunda-feira, 28/02, megaoperação para limpeza das ruas, com o apoio das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Serão mais de dois mil homens e mulheres atuando em diversos pontos da cidade, além de máquinas e caminhões, na primeira ação da Frente Nacional dos Prefeitos.

A Companhia de Limpeza Urbana da capital (Comlurb) enviou 15 caminhões basculantes de grande porte, dois menores, sete pás mecânicas e quatro caminhões pipa, além de duas vans equipadas com moto bomba e itens para remoção de galhos, caminhão de apoio e cinco vans de poda de árvore, com 50 motosserras.

No domingo, 20/02, o trabalho de limpeza contou com mais de mil pessoas, concentradas nas ruas do Centro Histórico, Bingen, Coronel Veiga e Washington Luiz. As equipes atuam também em regiões como Centro, Quitandinha, Alto da Serra, Chácara Flora e Corrêas. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, metade das cerca de 20 vias fundamentais para a mobilidade urbana do município atingidas após as chuvas já foram desobstruídas.

RETORNO AS ATIVIDADES

As empresas de ônibus de Petrópolis estão restabelecendo gradualmente a operação das linhas. No sábado, 19/02,  os ônibus permaneceram operando com redução de horários e de frota.

A prefeitura de Petrópolis pede que os moradores evitem sair de casa, para agilizar as ações de limpeza com menos pessoas circulando pela cidade.

BUSCAS ENCERRADAS

Os trabalhos de buscas continuam no bairro Chácara Flora, onde há registro de duas pessoas desaparecidas. Já as buscas no Morro da Oficina foram encerradas no domingo, 27/02.  O Corpo de Bombeiros informou que já encontrou todas as pessoas dadas como desaparecidas na localidade. Agora, além do trabalho na Chácara Flora, também há varredura pelos rios da cidade, onde três vítimas estão desaparecidas.

Um grupo com 5 condutores e 5 cães chegaram da Argentina para auxiliar no trabalho. Ao todo, 58 cães farejadores atuaram na cidade.

POR QUE CHOVEU TANTO EM PETRÓPOLIS? FRENTE FRIA, UMIDADE E RELEVO EXPLICAM

A chegada de uma frente fria junto com um corredor de umidade, e ar abafado, são dois fatores que explicam as fortes chuvas que atingiram ontem Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

"Ela está relacionada com a chegada da frente fria até o litoral do Rio de Janeiro. É uma frente fria que passou pela costa de São Paulo bem rápido, mas, no Rio de Janeiro, ela conseguiu levar um pouco mais de chuva", diz Carine Gama, meteorologista da Climatempo. "Além disso, o ar, no interior do Brasil, estava bem abafado. A gente tinha um corredor de umidade voltado para o Sudeste brasileiro."

Carine Gama cita um outro motivo fator que influenciou no cenário: a orografia, que é o relevo acidentado, como acontece na região de Petrópolis. "Áreas de montanha têm condição para formação de nuvens de chuva forte de forma mais fácil porque o ar sobe por um lado e sai do outro."

A previsão do tempo indicava a chance de chuvas severas na região serrana, mas não há ferramenta, segundo as meteorologistas, que indiquem um volume tão intenso em um espaço tão curto de tempo.

Nenhum modelo meteorológico vai indicar 200 milímetros de chuva em três horas. Infelizmente, a gente não tem essa ferramenta em mãos"

Carine Gama, meteorologista da Climatempo

"O que a gente pode ver é monitorar o deslocamento, mas quando o radar mostra já é praticamente a nuvem já formada, precipitando", diz Marlene Leal, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Na terça, Petrópolis registrou em apenas três horas uma quantidade de chuva maior do que a média esperada para todo o mês de fevereiro. Ao menos 94 pessoas morreram no município.

Segundo o Cemadem (Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), foram registrados 250 milímetros de chuva em três horas em 15/02, em Petrópolis. No total das 24 horas de 15 de fevereiro, foram 260 milímetros.

"A média climatológica para o mês de fevereiro de Petrópolis é de 185 milímetros", diz Gama. "Esse volume foi maior do que toda a chuva prevista para o mês. Choveu fevereiro inteiro mais um terço de fevereiro."

Além da intensidade, outro fator é destacado por meteorologistas: a chuva foi concentrada em áreas de Petrópolis, o que pode ter evitado uma tragédia maior.

Foi uma nuvem de chuva totalmente localizada que provocou essa chuva extremamente excepcional. Não foi na cidade inteira, em toda a região serrana. Foi uma chuva totalmente pontual, totalmente localizada, Carine Gama, meteorologista da Climatempo

PETRÓPOLIS: UM MÊS APÓS TRAGÉDIA

Ao completar um mês da tragédia que tirou a vida de 233 pessoas e deixou quatro desaparecidos em Petrópolis, alguns problemas seguem sem solução. O maior deles é onde acomodar as centenas de pessoas que perderam suas casas ou tiveram que sair do imóvel, com risco de desabamento.

Segundo o último balanço da prefeitura, são 685 pessoas em abrigos, a maioria em igrejas e escolas. Outras estão provisoriamente em casas de parentes. A maioria espera a concessão do aluguel social para conseguir novo lugar para morar, mas o processo está muito lento.

Dados gerais

1) 60.000 toneladas de entulho retirado

2) 233 mortes

3) 4 desaparecidos

4) 200 milhões de prejuízos

HISTÓRICO DE ENCHENTES EM PETRÓPOLIS: Em veículos de comunicação da época, como o Mercantil e o Paraíba, são relatadas enchentes, ainda, em 1873, 1875 – vez que a Fábrica São Pedro de Alcântara foi afetada, 1882, 1895, 1897, 1902, 1903, 1904, 1906 e inúmeras delas na década de 1930. Posteriormente, marcaram a história local, ainda, os eventos de 1965, 1966, 1988 e 2011.

Fontes: Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 16/02/2022; UOL, em São Paulo-16/02/2022; g1 — Petrópolis 16/02/2022; Diário de Petrópolis - Quarta-feira, 16/02/2022; Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 22/02/2022; Por g1 — Petrópolis - 28/02/2022; Globo News – 15/03/2022; Wikipédia 03/04/2022





Comentário:

Esse um padrão de urbanismo que ainda predomina nas cidades, encaixar um rio num leito retificado, com as margens impermeabilizadas e muretas. Ao longo do rio ou córrego constrói avenidas e edificações. O rio perde toda sua característica natural, ficando engessado numa calha artificial Suas margens e regiões limítrofes são modificadas por construções, avenidas, de maneira desordenada. Quando há chuvas torrenciais o rio procura sua forma anterior, natural, para escoar a água ou manter a vazão do rio de modo continuo. Com esse engessamento do rio, acrescido pela vazão do rio virtual provocado pela impermeabilização do solo e desmatamento, ele forçosamente sairá de seu leito artificial construído pelo homem, para aliviar a pressão e volume de água existente nesse leito que não comporta esse volume de água.

A cidade vai crescendo, mais impermeabilização, mais água é direcionado ao rio, que mantém a mesma vazão anterior numa situação crescente de ocupação urbana, sem ao menos aumentar o leito do rio, que se torna inviável devido a ocupação de suas margens por infraestrutura urbana.

Esse tipo de desastre obedece a um padrão semelhante em todos os países.   

As principais causas de inundação seriam:

■A morfologia da cidade a região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e encostas íngremes.

■O clima: chove torrencialmente na época de verão

■Uso e ocupação do solo de maneira desordenada

■Não há mapeamento das áreas inundáveis quanto a:

1-Conhecimento da relação cota x risco de inundação

2- Definições dos riscos de inundação de cada superfície

3- Incorporação a Legislação Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco

4- Uso de Sistema de Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos.

5- Controle público da ocupação regular e irregular

■A prática legalizada da construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.

■O aumento da vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como padrão, canalizar córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das margens dos córregos e rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, aumentando ainda mais a impermeabilização do solo.

Infelizmente a história de desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. Infelizmente, muita gente não consegue enxergar nem tirar proveito dos fatos que já aconteceram e repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para provocar desastres.

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posted by ACCA@5:41 PM