8,2 MILHÕES DE PESSOAS VIVEM EM ÁREAS COM RISCO DE ENCHENTE OU DESLIZAMENTOS DE TERRA
O país tinha cerca de 8,2
milhões de pessoas vivendo em áreas com risco de enchente ou deslizamentos de
terra em 2010. É o que mostra estudo inédito feito pelo IBGE e pelo Cemaden
(Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), divulgado.
O IBGE cruzou os dados do
Censo com o das áreas de risco monitoradas pelo Cemaden para quantificar a
população brasileira nessas regiões. Ao todo, 871 municípios brasileiros tinham
cidadãos vivendo nessas condições. A ideia é atualizar os dados no Censo de
2020.
Segundo o coordenador da área
de Geografia do IBGE, Cláudio Stenner, apesar de os dados serem de oito anos
atrás, as características gerais do território persistem e os resultados
poderão ser utilizados para o desenvolvimento de políticas públicas futuras
para essas regiões.
Um mapa interativo com os
locais de risco será divulgado na página do IBGE. A pesquisa identificou 8.309
bairros, ou polígonos, no termo técnico, com casas em áreas com risco de
desastres provocados pelas chuvas.
Um dado que preocupa, segundo
Stenner, é que 9,2% dos brasileiros que vivem em áreas de risco de desastres
naturais são crianças menores de 5 anos de idade. Já os idosos com mais de 60
anos respondem por 8,5% da população nessas condições. O técnico lembra que
esses grupos costumam ser os mais vulneráveis durante desastres naturais.
"É importante saber a
característica de cada local, até para a criação de políticas públicas
adequadas. Evacuar uma população de crianças ou idosos requer um planejamento
maior do que em locais com características diferentes", disse.
REGIÕES DE RISCOS
§ Sudeste é a região com maior contingente de moradores em áreas de
risco, com 4,2 milhões de pessoas,
§Nordeste (2,9 milhões),
§Sul (703 mil),
§Norte (340 mil) e
§Centro-oeste (7,6 mil).
Na ranking das 20 cidades com
as maiores populações em área de risco, as capitais de Bahia, São Paulo, Rio e
Minas Gerais ocupam as quatro primeiras posições, respectivamente. Na capital
baiana, quase metade da população (45,5% ou 1,2 milhão de pessoas) se encontra
em regiões com riscos de desabamentos ou enchentes.
Em São Paulo, a segunda
colocada, a população [e de 674 mil pessoas, com 6% da população nessas
condições. Já no Rio, o contingente de 444 mil representa 7% do total da
cidade. Em Belo Horizonte, os 389 mil respondem por 16,4% do total da população
da capital mineira.
Stenner explica que em geral
as populações que vivem em áreas de risco têm renda mais baixa e menor acesso a
serviços públicos básicos como água encanada, rede coletora de esgoto e coleta
de lixo. Isso não significa, no entanto, que não existam pessoas de padrão de
vida mais elevado que vivam em locais de risco.
Essa questão ficou evidente
durante a tragédia da região serrana do Rio, em janeiro de 2011, quando cerca
de mil pessoas morreram nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova
Friburgo. Tanto moradores de casebres humildes nas encostas quanto moradores de
condomínios de alto padrão tiveram suas casas devastadas pela avalanche de
barro e pedras que desceu nas encostas.
Ainda que o Sudeste seja o
que numericamente tem maior contingente de pessoas nessa situação.
REGIÃO NORTE
Análise regional mostra que
as pessoas em condição mais fragilizada estão no Norte do país. Lá, a população
menor de 5 anos em área de risco representa 13% do total, enquanto no Sudeste,
o percentual é de 9%.
Do total de casas em áreas de
risco no Norte, 26% não têm água encanada, enquanto no Sudeste esse percentual
é de 4,5%. A diferença se mantém, por exemplo, quando analisada a presença da
rede de esgoto no comparativo regional. No Norte, 70% das casas em área de
risco não têm esgotamento sanitário, enquanto no Sudeste o percentual é de
17,7%.
Stenner explica que a falta
de serviços básicos pode ser um elemento que agrave ou precipite desastres
naturais. A destinação incorreta do esgoto pode infiltrar o solo e deixar o
local mais suscetível a deslizamentos, por exemplo. O acúmulo de lixo em
encostas também pode estar relacionado ao aumento do risco de quedas de
barreiras.
"A vida em áreas de
risco está ligada quase sempre à precarização socioeconômica que um grupo de
indivíduos é submetido. No processo geral de urbanização do país, sobrou para
as classes menos favorecidas viver em encostas, em locais distantes dos grandes
centros. Conseguimos agora mapear onde estão essas pessoas para que sejam
definidas políticas públicas para esses locais", disse Stenner.
Os desastres naturais são
também uma das maiores causas de deslocamentos de pessoas dentro de seus
próprios países no mundo, superando guerras, civis, conflitos violentos e
epidemias de doenças.
Segundo estudo do Centro de Monitoramento
de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês), somente em 2017 foram
registrados 30,6 milhões de novos deslocamentos internos no mundo. Desse total,
18,8 milhões tiveram que deixar suas casas por causa de desastres naturais.
No Brasil, o número de
pessoas nessa situação em 2017 foi de 71 mil pessoas, cinco vezes o registrado
um ano antes. Fonte: Folha de São Paulo - 28.jun.2018
Comentário:
Áreas de risco são regiões
onde é recomendada a não construção de casas ou instalações, pois são muito
expostas a desastres naturais, como desabamentos e inundações. Essas regiões
vem crescendo constantemente nos últimos anos, principalmente devido à própria
ação humana.
Dentre os processos naturais
mais comuns no Brasil estão os escorregamentos, as enchentes, as erosões e as
secas, e destes o escorregamento é aquele que mais preocupa pelo número de
vítimas fatais que gerou nas últimas décadas. Não há porém, nenhuma perspectiva
de que essa situação se modifique, a curto prazo, uma vez que devido à
crescente desigualdade sócio-econômica associada ao desemprego, à falta de
moradia, à deseducação, etc., a ocupação de encostas sem os cuidados
necessários tende a aumentar, levando a um conseqüente aumento do número de
acidentes dessa natureza.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DE
INUNDAÇÃO:
■ A morfologia da cidade a
região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de
vale, e encostas íngremes.
■ O clima: chove
torrencialmente na época do inverno
■ Uso e ocupação do solo de
maneira desordenada
■ Não há mapeamento das áreas
inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação
cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de
inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação
Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Falta de uso de Sistema de
Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos
urbanos. Os riscos devem ser avaliados por meio de perspectivas técnicas
capazes de antecipar possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente. O uso
de um Sistema de Informações Geográficas contribuiria nas atividades de
prevenção e preparação para riscos, possibilitando a diminuição dos desastres,
e, em caso de ocorrências, tendo um caráter logístico, determinando como uma
população atingida por tais eventos poderia ser evacuada e protegida. Seria a
ferramenta ideal para que as autoridades públicas possam efetuar o
gerenciamento do desastre a fim de alocar os recursos necessários para
minimizar os efeitos do desastre.
5- Controle público da
ocupação regular e irregular
■ a prática legalizada da
construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o
ecossistema.
■ O aumento da
vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda
não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. Em conseqüência disso
há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, desmatamento,
etc
Infelizmente a historia de
desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de
poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com
os erros dos que nos antecederam.
Marcadores: deslizamento, enchente, inundação, Meio Ambiente
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