TORNADO ARRASA A CIDADE RIO BONITO DO IGUAÇU NO PARANÁ
LOCALIZAÇÃO
Rio Bonito do Iguaçu é um município localizado na região Centro-Sul do estado do Paraná, a aproximadamente 400 quilômetros de Curitiba (capital do estado). O município, com população estimada de cerca de 14 mil habitantes segundo dados do IBGE de 2020, encontra-se próximo à cidade de Laranjeiras do Sul, localizada a apenas 18 quilômetros de distância.
Registros mostram que as
rajadas provocaram destelhamento de residências, além de quedas de árvores e
postes. A cidade está sem energia elétrica
e quase 50% das estruturas da área urbana foram deterioradas.
Estima-se que mais de 50% da
zona urbana foi afetada por destelhamentos. Houve inúmeros colapsos
estruturais de edificações comerciais,
de órgãos públicos e residências. A malhas viária foi comprometida e a rede
elétrica foi danificada. Informou a Defesa Civil.
Rio Bonito do Iguaçu foi a
cidade mais atingida, mas outros municípios da região, como Laranjeiras do Sul
e Guarapuava também sentiram os efeitos do tornado. O tornado atingiu a cidade
com temporal, vento forte e granizo, deixando um rastro de destruição.
A tempestade que atingiu a
cidade foi causada por um tornado formado dentro de uma supercélula, segundo o
Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná).
Na escala Fujita, que determina
a intensidade dos tornados, a tempestade foi classificada inicialmente como um
F2, quando são registrados ventos de 180 a 250 km/h. Horas depois, contudo, o
Simepar alterou o diagnóstico, elevando o fenômeno para F3 (entre 250 e 330
km/h).
INFRAESTRUTURA
ENERGIA ELÉTRICA
Segundo a Copel, 280 postes e
três torres de alta tensão da região foram derrubadas pelos ventos, deixando a
cidade no escuro.
ESTRADAS
Diversas estradas e rodovias
foram bloqueadas. As rodovias PRC-158, em Rio Bonito do Iguaçu, e PRC-466, em
Guarapuava, tiveram o tráfego de veículos interrompidos mas já estão liberadas. A desobstrução da
PR-170, por outro lado, deve demorar cerca de 10 dias devido à intensidade dos
estragos.
VÍTIMAS E RESGATE
Mortes – Ribeirão Bonito do
Iguaçu (7); Guarapuava (1)
Feridos - o serviço médico e
de socorro da região atendeu 835 pessoas. Mais de 30 pessoas seguiam internadas, sendo quatro delas em UTI
(Unidade de Terapia Intensiva).
Mais de mil pessoas ficaram desalojadas e ainda dependem de abrigos ou da ajuda de vizinhos e parentes.
Na cidade, escolas, postos de saúde e centros comunitários estão sendo usados como abrigos temporários.
MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS
Diversas corporações estaduais
estão na região. Equipes dos bombeiros, da Polícia Militar, da Secretaria de
Saúde e de outros órgãos prestam auxílio. Há suspeita de vítimas presas em
escombros. Cães farejadores são usados nas buscas.
SAÚDE
Hospitais da região de
Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Cascavel estão mobilizados para o atendimento
às vítimas.
Em Laranjeiras do Sul, os
atendimentos estão sendo realizados em duas unidades hospitalares, uma unidade
de saúde e uma faculdade. Em um dos hospitais, 216 atendimentos foram realizados
até o momento. Desse total, 51 foram transferidos para outras unidades, três
passaram por cirurgia de ortopedia, uma por cirurgia geral e dois pacientes
estão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado instável.
Em outro hospital, 100
atendimentos foram realizados, sendo que cinco deles cirúrgicos, cinco pessoas
foram transferidas e duas crianças e cinco gestantes atendidas. Os demais casos
são de pacientes clínicos estáveis. Na Unidade de Saúde foram 103 atendimentos
e, na faculdade, 18 casos. Os pacientes que precisaram de transferências foram
levados para o Hospital Universitário de Cascavel e o Hospital Regional de
Guarapuava.
Mais de 30 ambulâncias da 5ª
e 7ª Regionais de Saúde estão disponíveis para atendimento, com mais de 100
profissionais de saúde e voluntários envolvidos. Os Pronto Atendimentos de Nova
Laranjeiras, Cantagalo e Saudade do Iguaçu também foram disponibilizados para
receber as vítimas.
O Centro de Medicamentos do
Paraná (Cemepar) foi acionado e enviou 1.000 unidades de soro 500 ml e 1.000
unidades de ringer (outro tipo de soro) para apoio aos hospitais de Laranjeiras
do Sul. Municípios da região do desastre também estão doando medicamentos e
insumos para as unidades que estão recebendo os pacientes.
A Secretaria Estadual da Saúde
(Sesa) também está enviando cerca de 10 mil unidades de 17 tipos de materiais
diferentes, incluindo ataduras, seringas, compressas, agulhas, entre outros
insumos, que auxiliarão os hospitais nos atendimentos das vítimas.
TESTEMUNHAS DO EVENTO
·
A dona de casa
Kelly, que viu sua casa desabar diante dos olhos. "Tudo aconteceu muito rápido.
O céu escureceu, começou a ventar e derrubou a janela. Só deu tempo de pegar um
colchão pra colocar em cima da minha família pra proteger. Mesmo assim, duas
tias ficaram feridas. Da casa não sobrou nada", contou ainda em choque.
·
Vendaval durou de
30 a 40 segundos e "detonou tudo", disse Adilson Camilo, morador de
Rio Bonito do Iguaçu."Começou a voar tudo. Voaram telhas, parede. Tudo o
que você imaginar", contou. Corremos para o banheiro e o banheiro voou,
começou a rachar. Corremos para o quarto de visitas e começou a desabar.
Corremos para o nosso quarto, nos abraçamos a pedimos a Deus: 'Deus, ajuda a
gente, por favor', disse Adilson Camilo.
·
Na quadra ao lado,
Eliandro Felan, dono de uma conveniência, também não sabe como será o futuro. O
telhado do estabelecimento foi arrancado pelo vento, a fachada voou longe e o
ar‑condicionado despencou sobre um cliente que estava no local e precisou ser
levado ao hospital. "Agora, na verdade, vai ser tudo do zero. Vamos ver
como será, como virão as ajudas e ver como vai ficar", afirma.
·
Roseli Pereira de
Souza é dona de uma panificadora, conta que, no momento em que o tornado
atingiu a cidade, estavam trabalhando. O vento destruiu o estabelecimento, mas
os cinco funcionários e os clientes que estavam no local não se feriram. "A
gente ainda não parou pra pensar como será daqui para frente. Primeiro estamos
vendo os estragos, ver o que dá para aproveitar." Ela não sabe estimar os
prejuízos, mas diz que a destruição foi total.
·
A técnica de
enfermagem aposentada Glaci Tereza Merlak, 63, estava em casa com o marido,
Vilmar, quando o tornado iniciou. Eles conversavam sobre a possibilidade de
temporal quando foram surpreendidos pelo vento forte. O marido tentou segurar
uma porta de vidro, que acabou estourando e o jogou contra uma geladeira,
arrastada por vários metros. Ferida, ela procurou ajuda dos vizinhos.
"Tentamos abrir a porta para pedir socorro, mas não havia a quem, porque
todos estavam na mesma situação", relata.
·
A aposentada
Tereza Bittu, 88, conta que um fogão salvou sua vida. A parede da casa desabou
em sua direção, mas um fogão que estava em um local mais elevado da residência
serviu como proteção. Socorrida por um vizinho, com apoio de policiais, ela foi
levada para um hospital de Laranjeiras. O olho roxo e marcas pelo corpo mostram
o impacto de objetos contra ela. "Eu acho que escapei foi pelo amor de
Deus", afirma. A aposentada está na casa de uma filha em Laranjeiras do
Sul.
LIMPEZA DA CIDADE
O coordenador da Defesa Civil
do estado, afirmou que a cidade deve estar limpa em dois ou três dias, com a retirada
de entulhos e escombros.
PREJUÍZOS
A Confederação Nacional de Municípios
(CNM) estimou que os prejuízos já ultrapassariam 114,5 milhões.
RECONSTRUÇÃO
Cerca de 40% dos imóveis da
cidade precisarão ser totalmente reconstruídos, aponta relatório preliminar Crea
(Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) e da Cohapar (Companhia
de Habitação do Paraná).
Os outros imóveis atingidos,
60%, ainda teriam condições de passar apenas por reformas, sem necessidade de
demolição.
Segundo a concessionária de
energia, Copel, cerca de 200 profissionais estão na cidade para restabelecimento
de energia elétrica. Fontes: Correio do
Povo-08/11/2025; Folha de São Paulo - 8.nov.2025; BBC News Brasil - 8 novembro
2025; UOL- 08/11/2025; UOL- 09/11/2025; Folha de São Paulo - 9.nov.2025; Folha
de São Paulo - 10.nov.2025; Folha de São Paulo - 11.nov.2025
ATUALIZAÇÕES DAS
INFORMAÇOES – 26/11/2025
· Tornado em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava, Paraná,
foi classificado como F4 com ventos de até 418 km/h, conforme laudo do Simepar.
· Onze cidades foram atingidas; Turvo teve ventos F2.
Inicialmente, ventos foram estimados em F2, mas elevou-se para F3 antes de
confirmar F4.
· Destruição em 90% de Rio Bonito do Iguaçu deixou mais
de mil desalojados e sete mortos, incluindo um caso de morte por estresse
pós-traumático.
O laudo técnico elevou para
categoria F4 os ventos em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava. Nova avaliação foi
divulgada hoje pelo Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do
Paraná).
O que aconteceu
Um tornado de categoria F4 na
escala Fujita, tem ventos estimados entre 332 km/h e 418 km/h. Simepar concluiu
nesta semana o laudo técnico que detalha a trajetória e a classificação dos
três tornados que atingiram 11 cidades do Paraná naquela data.
Ventos que atingiram cidade de Turvo foram mantidos na categoria F2. Neste caso, a velocidade do vento é estimada entre 180 km/h e 253 km/h.
Onze municípios foram
atingidos: Rio Bonito do Iguaçu, Turvo, Guarapuava, Quedas do Iguaçu, Espigão
Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Porto Barreiro, Laranjeiras do Sul, Virmond,
Cantagalo e Candói.
Inicialmente, o Simepar
estimou ventos de 250 km/h (F2), mas dias depois elevaram para 330 km/h (F3). A
escala Fujita, sistema usado para classificar tornados, vai até o nível F5.
Escala de tornados:
F0 > ventos entre 65 km/h
e 116 km/h;
F1 > ventos entre 116 km/h
e 180 km/h;
F2 > ventos entre 180 km/h
e 253 km/h;
F3 > ventos entre 253 km/h
e 332 km/h;
F4 > ventos entre 332 km/h
e 418 km/h;
F5 > ventos entre 418 km/h
e 511 km/h.
Fonte: UOL, em São Paulo - 26/11/2025

















