CHUVA ALAGA RUAS E PROVOCA CAOS NO TRANSPORTE EM SÃO PAULO
A partir de 9 de fevereiro de
2020, chuvas torrenciais começaram a assolar São Paulo e suas regiões, na
madrugada do dia seguinte, um forte temporal assolou a Grande São Paulo e o
Litoral, e isso deixou as localidades afetadas em caos e em situação de
emergência para deslizamentos de terra e transbordamento de rios, a maioria das
aulas em escolas e trabalhos foram suspensos no dia 10 de fevereiro, várias
cidades paulistas enfrentaram caos total e a Grande São Paulo teve um recorde
de chuva com 140,8 milímetros de chuva no dia, fazendo isso o segundo dia mais
chuvoso desde o início das medições e a maior chuva desde 21 de Dezembro de
1988
Segundo dados dos Bombeiros
divulgados às 8h45, a Grande São Paulo tinha;
§320 acionamentos para enchentes,
§47 acionamentos para quedas de árvores e 36 para desabamentos e
desmoronamentos.
VIAS INTERROMPIDAS
Trechos de vias importantes
como as marginais Pinheiros e Tietê ficaram alagados e foram interditados. Por
volta das 9h30, eram 56 pontos de alagamentos, sendo 51 intransitáveis, de
acordo com a última atualização do CGE (Centro de Gerenciamento de
Emergências).
As marginais registraram
pontos de alagamento na altura das pontes das Bandeiras, Jaguaré, Ari Torres,
Cidade Jardim, Limão, Piqueri e Casa Verde. A pista local da marginal Pinheiros
na altura da ponte Engenheiro Roberto Rossi Zuccolo, no sentido Castelo Branco,
na zona sul, foi interditada. Veja no site do CGE os pontos de alagamento na
cidade.
Também houve registro de trechos
alagados nas avenidas Roberto Marinho, Santo Amaro, Marquês de São Vicente, 9
de Julho e no túnel Paulo Autran. Os bairros do Butantã, Ipiranga, Jaçanã,
Tremembé e Perus estão em estado de alerta.
Às 7h30, a cidade tinha 78
pontos de alagamento, 68 deles intransitáveis. Trechos de vias importantes como
as marginais Pinheiros e Tietê e a avenida Roberto Marinho ficaram alagados e
foram interditados.
Na marginal Pinheiros também
teve interdições com trechos totalmente alagados e veículos parcialmente
cobertos pela água. Bombeiros trabalham na região para resgatar possíveis
vítimas. Na região da Barra Funda, prédios residenciais ficaram ilhados.
ILHADOS
Na Barra Funda, na zona
oeste, condôminos ficaram ilhados em prédios e assistiram, sem poder sair de
casa, a resgates em botes e à subida do nível da água, que entrou na garagem de
alguns dos edifícios.
No estádio do Morumbi, a água
invadiu toda a área social, inclusive a piscina.
FIQUEM EM CASA
"Pedimos para as pessoas
fiquem em casa, não é o momento para deslocamentos", afirmou também o
secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido
TRANSPORTE
Na linha 9-esmeralda a
circulação está interrompida entre as estações Osasco e Santo Amaro. A
circulação entre as estações Grajaú está sendo realizada normalmente.
Todas as linhas do metrô
operam normalmente.
Os aeroportos ficaram
abertos, mas muitos passageiros e tripulantes não conseguiram chegar a tempo de
viajar.
28 voos haviam sido
cancelados em Cumbica, e 40 tinham atrasado. Já Congonhas registrou 23 atrasos
e 9 cancelamentos.
SITUAÇÃO NAS RODOVIAS
§Na rodovia dos Imigrantes, o tráfego está congestionado do km 63 ao km
65, no sentido litoral. No sentido São Paulo, há filas do km 70 ao km 65 devido
a um alagamento e do km 20 ao km 14 por excessivo de veículos.
§A rodovia Castello Branco tráfego lento no sentido capital em Osasco na
pista marginal entre os km 22 e 13. Há pontos de alagamento.
§A rodovia Padre Manoel da Nóbrega está com tráfego parado, do km 275 ao
km 276, sentido Praia Grande, devido a um alagamento. O motorista que quiser
chegar à cidade, segundo a Ecovias, deve acessar a rodovia dos Imigrantes.
§A rodovia Ayrton Senna tem lentidão em direção a São Paulo do km 19 ao
11 por conta de um alagamento. Há congestionamento também entre os km 25 e 23
da rodovia. Este ponto de lentidão, no entanto, segundo a Ecopistas, não tem
relação com os alagamentos.
§Na Régis Bittencourt, o fluxo é lento na pista sentido São Paulo entre
o km 286 (Itapecerica da Serra) e o km 281 (Embu das Artes), devido ao alto
número de veículos no trecho.
§Na Fernão Dias, o trânsito continua lento no sentido São Paulo, entre o
km 87 e o km 90, em Guarulhos. O motivo é o alto número de veículos no trecho.
§A Anchieta tem pontos de lentidão na chegada a São Paulo do km 13 ao km
10 e do km 21 ao km 17.
§Na Dutra, a pista sentido São Paulo registra tráfego lento na pista
expressa entre os km 223 e 231. Na marginal, o trânsito vai do km 218 ao km
231.
§Na Bandeirantes, o alagamento nas marginais Pinheiros e Tietê causou
congestionamento na chegada a São Paulo (km 20 ao km 13).
§O sentido capital da Anhanguera está com tráfego congestionado em São
Paulo do km 16 ao km 11, reflexo dos alagamentos nas marginais Pinheiros e
Tietê.
CEAGESP PARALISA ATIVIDADES
A Ceagesp (Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) informou que não vai operar devido
às fortes chuvas que causaram alagamentos em diversos pontos da região. A
segunda-feira, porém, é o dia da semana em que há o maior fluxo de mercadorias
na Ceagesp –é, para a maioria dos feirantes, o dia de abastecimento para a
semana. Transitam aproximadamente 16 mil caminhões, transportando algo em torno
de 14 mil toneladas de produtos. Perdas e danos ainda não foram contabilizados.
BALANÇO DA CHUVA EM SP
§De acordo com a gestão Covas, 44 escolas municipais tiveram as aulas
canceladas por causa das chuvas e outras 41 unidades básicas de saúde (UBSs)
deixaram de funcionar nessa segunda-feira, em virtude de alagamentos. Os
exames, aulas e consultas serão remarcados, sem prejuízos para a população,
segundo o prefeito.
§Pelo menos 115 ônibus urbanos deixaram de circular na cidade durante a
manhã, segundo o prefeito.
§A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo afirma que as aulas
foram suspensas em 37 das 5,1 mil unidades de toda a rede, em função das fortes
chuvas.
§De acordo com a pasta, nas regiões em que os estudantes não conseguiram
chegar até a escola, o conteúdo será reposto.
•Foram registrados 160 pontos
de alagamento em São Paulo durante as chuvas, segundo o Centro de Gerenciamento
de Emergências (CGE).
•Desses pontos de alagamento:
97 com vias intransitáveis e 63 com vias transitáveis.
•O rodízio de veículos foi
suspenso já na segunda-feira e permanece suspenso nesta terça-feira.
•Na manhã de terça-feira, 40
escolas em todo o estado permanecem sem aulas, segundo o Governo de São Paulo.
•O Rio Pinheiros atingiu seu
maior nível em 15 anos.
•Durante todo o dia, o Corpo
de Bombeiros atendeu 10.371 ligações, para 2.345 ocorrências. São elas: 1.043 de
enchentes 163 desabamentos ou desmoronamentos, 170 quedas de árvores.
•Foram suspensas 943 partidas
do Terminal Rodoviário Tietê e 411 partidas do Terminal Rodoviário Barra Funda.
MORTOS
4 mortes.
§Em São Bernardo do Campo, um homem de 33 anos, foi levado por enxurrada.
Seu corpo foi encontrado no piscinão de São Bernardo.
§Na região de Botucatu, uma cratera se abriu no meio da Rodovia Marechal
Rondon, arrastando para dentro dela um caminhão que trafegava pela via. De
acordo com a Defesa Civil, o corpo do motorista foi encontrado às margens de um
córrego em local de difícil acesso.
§Outro carro, com duas pessoas, também foi arrastado pela correnteza.
Dois corpos foram encontrados no local na manhã de terça-feira. O Corpo de
Bombeiros ainda não identificou as vítimas.
DESABRIGADOS
Segundo a Defesa Civil, pelo
menos 516 pessoas em todo o estado ficaram desalojadas por causa da chuva.
Outras 142 estão desabrigadas (ou seja, precisam de abrigo fornecido pelo
governo).
CIDADES MAIS AFETADAS:
Itaquaquecetuba: 100
desalojados 28 desabrigados
Pirapora do Bom Jesus: 120
desalojados
Botucatu: 80 desabrigados e
27 desalojados
Peruíbe: 06 desabrigados e
100 desalojados
Três cidades decretaram
situação de emergência: Botucatu, Laranjal Paulista e Taboão da Serra.
PREJUÍZO
Segundo a Fecomercio, o
cálculo sobre o prejuízo causado pelas chuvas leva em conta setores sensíveis à
compra por impulso: supermercados, farmácias, vestuário, lojas de artigos
esportivos, de livros e revistas etc.
Segundo os cálculos da
Fecomercio, o prejuízo no local deve chegar a cerca de R$ 21 milhões.
A Federação do Comércio de
Bens, Serviços, Turismo de São Paulo (Fecomercio) calculou em R$ 110 milhões o
prejuízo do comércio.
A Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), principal local de comércio de frutas,
legumas e verduras em São Paulo, também teve seus trabalhos interrompdios por
causa de alagamentos
CEAGESP PERDEU 7.000 TONELADAS DE ALIMENTOS
Prejuízo estimado chega a R$
20 milhões e os alimentos atingidos pela
enchente serão levados a um aterro sanitário e destruídos
PREJUIZOS DOS PERMISSIONÁRIOS
Esse volume responde por
cerca de 70% da movimentação diária do centro (que fica entre 10 mil e 11 mil
toneladas) e representa R$ 20 milhões em prejuízos aos permissionários —os
comerciantes que atuam no local.
DIA PARADO
Estimativa é de uma perda
extra entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões.
PRODUTOS ATINGIDOS
Os produtos mais atingidos
foram frutas, legumes e verduras.
Pescados e produtos de
floricultura não tiveram prejuízos.
DESABASTECIMENTO
A expectativa é que não haja
risco de desabastecimento. Estamos avaliando, mas acreditamos que não há esse
risco porque a enchente aconteceu de domingo para segunda, o que significa que
os estoques estavam baixos porque ainda não tínhamos recebido a mercadoria,
disse o presidente da Ceagesp, Johnni Hunter Nogueira
A Ceagesp não garante, no
entanto, que as perdas não sejam repassadas pelos permissionários aos preços
dos produtos.
Segundo o chefe da seção de
controle de qualidade hortigranjeira da Ceagesp, Gabriel Vicente Bitencourt, é
possível que haja um aumento no preço dos alimentos no curto prazo.
"Esses preços podem
durar por um ou dois dias, mas como existe uma quantidade de produtos também
represados no campo, a tendência é de redução dos preços depois de um
tempo", disse.
Segundo o presidente da
Ceagesp, 60% dos alimentos distribuídos pela companhia ficam na Grande São
Paulo. Os 40% restantes vão para o interior de São Paulo, para outros estados e
até mesmo para outros países.
PERMISSIONÁRIOS E
CAMINHONEIROS
Os caminhoneiros que chegavam
à Ceagesp na madrugada de domingo foram surpreendidos com as enchentes do
local.
A estimativa da Ceagesp é de
que ao menos 250 caminhões precisarão de guincho.
Segundo o caminhoneiro
autônomo Vanderlei de Freitas Matos, 50, que chegou à Ceagesp no sábado à
tarde, o prejuízo chega a R$ 40 mil.
"Só do veículo, que foi
perdido, já vão embora R$ 40 mil. A água chegava no meio da porta do caminhão.
Ainda vou precisar descarregar para ver se alguma coisa presta. Isso sem contar
os dias parados e não saber quando vou chegar em casa", disse o
caminhoneiro, que mora em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Edmilson Coutinho Júnior, 38,
caminhoneiro autônomo que chegou na madrugada de domingo, diz que grande parte
do problema foi a falta de orientação por parte da Ceagesp. "Quando eu
cheguei, já estava enchendo de água, mas não tinha mais para onde ir. O jeito
foi estacionar o caminhão e passar a madrugada vendo a água subir", afirma
Coutinho Junior.
LIMPEZA
A Ceagesp afirmou que
estendeu o contrato com a companhia de limpeza da qual é cliente para que tudo
esteja pronto para funcionar até quarta-feira (12).
O presidente da companhia
também afirmou que contratou serviços de guincho para fazer a retirada dos
caminhões o mais rápido possível.
CEAGESP RETORNAR ÀS ATIVIDADES
A Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) deve retornar às atividades na tarde
de quarta-feira, 12
CINCO DIAS APÓS CHUVAS,
BAIRRO VILA ITAIM PERMANECE ALAGADO NA ZONA LESTE DE SP
Região, localizada na região
da Várzea do Rio Tietê, sofre com enchentes mesmo depois de governo do estado
entregar obra de R$ 117 milhões.
O bairro fica na região da
Várzea do Rio Tietê e há anos os moradores sofrem com as constantes enchentes.
Fontes: G1 SP‑ 10 de
fevereiro de 2020; Folha de São Paulo - 10.fev.2020; UOL‑10/02/2020 e G1‑14/02/2020
Comentário:
De acordo com o Mapa
Hidrográfico do Município de São Paulo, levantamento da prefeitura, há 287
rios, riachos e córregos na cidade. Especialistas, como o geógrafo Luiz de
Campos Júnior, do projeto Rios e Ruas, acreditam que o número é subestimado –
se forem considerados todos os afluentes menores, a malha fluvial paulistana
dobraria em quantidade.
São Paulo ocupou essas áreas
sem nenhum controle. A retificação tornou esses rios com capacidade de captação
muito menor do que seu leito original, avalia o arquiteto e urbanista Gilberto
Belleza, professor do Mackenzie.
"Prevê-se que o volume
de chuvas em tempestades irá aumentar significativamente nos próximos anos em
decorrência do contínuo aumento da impermeabilização e consequente aumento da
temperatura da área urbana, as mudanças climáticas e a eliminação da
vegetação", diagnostica. "São Paulo cresceu e foi planejada de costas
para os rios. Sempre foram vistos como destino do esgoto, não tratado em sua
maior parte."
Essa tentativa humana de
controlar a natureza esbarra ainda uma outra questão. As águas dos rios, no leito natural, correm mais
lentamente devido aos obstáculos naturais que encontram nas margens e no
próprio fundo. Correm sobre terra e matas ciliares. Já aquelas que correm em
peças tubulares de concreto, o fazem muito mais rapidamente. As enchentes são
resultado dessa aceleração do encontro com os grandes rios lembra a arquiteta e
urbanista Regina Meyer, professora da USP.
Marcadores: alagamento, inundação
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