Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia
quarta-feira, novembro 13, 2024
PESQUISA QUESTIONA BENEFÍCIO DAS MESAS PARA TRABALHAR DE PÉ
Pelo menos no que diz
respeito a doenças circulatórias, ficar muito tempo em pé não é melhor do que
passar longos períodos sentado, concluem cientistas.
Ficar sentado por muito tempo
não é bom, e por isso muitas pessoas estão recorrendo às mesas para trabalhar
de pé, seja no home office, seja no escritório.
No entanto, um estudo recente
conduzido por cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, descobriu
que, pelo menos no que diz respeito a doenças circulatórias, ficar muito tempo
em pé não é melhor do que ficar muito tempo sentado.
Os autores do estudo
coletaram dados de mais de 83 mil adultos do Reino Unido ao longo de sete anos
e, em alguns casos, oito anos. Os participantes do estudo usaram dispositivos
em seus pulsos para registrar seus movimentos e não tinham nenhuma doença
cardíaca no início do estudo.
EFEITOS NEGATIVOS DE FICAR
MUITO TEMPO DE PÉ
"No geral, nossos
resultados indicam que aumentar o tempo em pé não reduz o risco de doenças
cardiovasculares graves", escrevem os autores do estudo. Em outras
palavras: ficar em pé no trabalho não serve para compensar um estilo de vida
sedentário.
Pelo contrário, ficar muito
tempo em pé pode até mesmo ter vários efeitos negativos: mais de duas horas por
dia aumenta o risco de quedas repentinas na pressão arterial, varizes,
insuficiência venosa crônica e trombose venosa.
Portanto, de acordo com o
estudo, "as estratégias que aconselham a simples substituição da posição
sentada prolongada pela posição em pé, por exemplo com o uso de mesas para
trabalhar em pé nos escritórios, podem não atingir seu objetivo."
ENTÃO SENTAR É MELHOR DO QUE
FICAR EM PÉ?
Mas quem fica sentado por
mais de dez horas por dia corre os mesmos riscos. Além disso, ficar sentado por
muito tempo aumenta o risco de doenças cardiovasculares graves, principalmente
doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e AVC.
Um dos autores do estudo, o
cientista Matthew Ahmadi, da Universidade de Sydney, já havia publicado, com
outros cientistas, um outro estudo sobre ficar sentado em meados deste ano.
Num estudo com mais de 73 mil
adultos, os pesquisadores investigaram até que ponto o comportamento sedentário
afeta o risco de se morrer de uma doença cardiovascular. Eles chegaram à
conclusão de que pessoas que ficam muito tempo sentadas correm um risco maior.
BOM MESMO É SE EXERCITAR
A equipe também queria saber
quanta atividade física é necessária para reduzir esse risco. Mais
especificamente, os pesquisadores determinaram as seguintes fórmulas:
Quem tem um trabalho
sedentário, mas diariamente pratica;
·uma atividade
física vigorosa por pelo menos seis minutos,
·ou uma atividade
física intensa por pelo menos 30 minutos,
·ou uma hora de
atividade física moderada,
·ou então pelo menos
uma atividade física leve por mais de uma hora e meia,
reduz o seu risco de morte por doença cardiovascular.
Pessoas que passam um tempo
muito longo sentadas, ou seja, mais de 11 horas por dia, precisam se exercitar
ainda mais intensamente.
Portanto, ir a pé ou de
bicicleta para o trabalho é muito melhor do que ter uma mesa para trabalhar de
pé no escritório. E uma caminhada no intervalo do almoço também ajuda a manter
a saúde física. Fonte: Deutsche Welle – 28/10/2024
BRASIL REGISTRA SEIS MILHÕES DE ACIDENTES DE TRABALHO DE 2012 A 2022
O Dia Nacional em Memória às
Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho é lembrado no domingo (28). Por este
motivo, o mês de abril é lembrado como Abril Verde, em uma campanha do
Ministério Público do Trabalho (MPT), com o lema Adoecimento também é acidente
do trabalho – conhecer para prevenir.
A coordenadora nacional do
MPT para Saúde dos Trabalhadores, Cirlene Zimmermann, explica que a iniciativa
pretende explicar à sociedade a importância de comunicar o acidente do trabalho
à Previdência Social:
"Em termos
previdenciários, trabalhistas e fiscais, tanto as doenças relacionadas ao
trabalho quanto os acidentes típicos, traumáticos, eles são considerados
acidentes do trabalho"
A coordenadora destaca que as
doenças de trabalho mais comuns são;
·As lesões ósseas
musculares e
·Lesão por esforço
repetitivo, como tendinites e bursites.
TRANSTORNOS MENTAIS
RELACIONADOS AO TRABALHO
Cirlene lembra ainda dos
transtornos mentais relacionados ao trabalho. "Nós temos depressões,
ansiedades relacionadas ao trabalho. Nós temos situações de estresses pós
traumático. Por exemplo, um trabalhador pode ser esmagado por uma máquina, pode
ser atropelado no ambiente de trabalho. E os colegas que estão naquele
ambiente, visualizando aquela cena, muitas vezes ficam expostos também aos impactos
psicológicos desta situação. Isso muitas vezes causa o estresse pós traumático
e pode vir a se tornar uma doença com afastamento de outros
trabalhadores."
OUTROS FATORES
·Como assédios
moral,
·Sexual e
·Eleitoral,
·Além de jornadas
diárias exaustivas, podem levar à doença mental.
Mas é comum que o próprio
empregado resista a admitir o problema, por preconceito social ou
constrangimento.
"Tem alguns setores
específicos que foram estudados como, por exemplo, o setor de frigoríficos. Em
um período de cinco anos foram concedidos cerca de 3,2 mil benefícios pelo INSS
para trabalhadores reconhecidamente vítimas de adoecimento mental relacionado
ao trabalho. No entanto, em apenas dois casos as empresas reconheceram que
aquele adoecimento teve relação com o trabalho."
NOTIFICAÇÃO AO INSS
Por outro lado, as empresas
quase não notificam o INSS sobre as doenças mentais relacionadas ao trabalho,
segundo a coordenadora do MPT.
Quando o acidente de trabalho
não é comunicado ao INSS, o empregado fica sem auxílio‑doença, e a sociedade é
prejudicada.
"As políticas públicas
de saúde do trabalhador somente conseguem ser definidas e implementadas a
partir de dados. Se a notificação das doenças e dos acidentes não acontece,
esses dados são precários e as políticas públicas ou não são implementadas ou
são implementadas de forma ineficiente."
Para promover a saúde no
ambiente de trabalho, a empresa precisa ouvir os empregados e atuar. Não apenas
para protegê-los dos riscos.
"Muitas vezes as
empresas priorizam o simples fornecimento de um EPI, de um equipamento de proteção
individual. Por exemplo: para um risco de ruído, uma máquina que faz um grande
ruído, e se fornece um protetor auricular. No entanto, a prioridade sempre deve
ser por medidas que eliminem ou neutralizem ao máximo aquele risco. No caso
específico da máquina, o enclausuramento da máquina poderia reduzir o ruído
para níveis toleráveis."
Segundo o INSS, de 2012 a
2022 foram comunicados mais de 6 milhões de acidentes de trabalho, resultando
em mais de 2 milhões de afastamentos e 25 mil mortes.
No mesmo período, os gastos
com auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios
acidente de trabalho chegaram a R$ 136 bilhões. Fonte: Agencia Brasil - Publicado em 28/04/2024
CERCA DE 15% DOS TRABALHADORES NO MUNDO TÊM TRANSTORNOS MENTAIS
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) alertou que cerca de 15% dos trabalhadores adultos no mundo
apresentam algum tipo de transtorno mental. A entidade, junto à Organização
Internacional do Trabalho (OIT), cobra ações concretas para abordar questões
relacionadas à saúde mental e o mercado de trabalho.
A estimativa de ambas as
organizações é que diagnósticos de depressão e ansiedade custam à economia
global algo em torno de US$ 1 trilhão anualmente.
“Diretrizes globais da OMS
sobre saúde mental no trabalho recomendam ações para enfrentar riscos como
cargas de trabalho pesadas, comportamentos negativos e outros fatores que geram
estresse no trabalho”, destacou a agência especializada em saúde.
Pela primeira vez, a OMS
recomenda, por exemplo, treinamento gerencial para que se desenvolva a
capacidade de prevenir ambientes de trabalho estressantes, além de habilitar
gestores para responder a casos de trabalhadores com dificuldades no âmbito da
saúde mental.
“O bullying e a violência
psicológica [também conhecida como mobbing] são as principais queixas de
assédio em local de trabalho com impacto negativo na saúde mental. Entretanto,
discutir ou dar visibilidade à saúde mental permanece um tabu em ambientes de
trabalho de todo o mundo”, alerta a instituição. Fonte: Agência Brasil – 28/09/2022
INCA LISTA AGENTES CANCERÍGENOS RELACIONADOS AO TRABALHO
O Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) listou em uma publicação os agentes
cancerígenos relacionados ao trabalho. O objetivo é ajudar os profissionais de
saúde a identificar os principais agentes químicos, físicos e biológicos
presentes no ambiente geral e ocupacional, que contribuem para o
desenvolvimento de câncer.
A epidemiologista Ubirani
Otero, chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Inca, disse à
Agência Brasil que os principais cânceres relacionados ao trabalho são os de
pulmão, bexiga e, mais recentemente, linfomas e de pele não melanoma. São 38
partes do corpo que podem desenvolver o câncer, o dobro do número elencado no
livro Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho,
organizado pelo Inca, em 2012.
Entre as 38 áreas mapeadas, a
epidemiologista Ubirani Otero citou ainda o câncer de pulmão relacionado à
exposição ao amianto, câncer de ovário, laringe, faringe, de glândulas
salivares, de fígado. Segundo a epidemiologista, a prevenção aos cânceres
relacionados ao ambiente do trabalho começa pela divulgação “ao máximo” das
informações e orientações para os trabalhadores sobre onde estão esses agentes
que oferecem maior risco para a saúde. “Esses produtos poderiam ser
substituídos por outros que oferecem menor risco à saúde”, destacou a médica.
CUSTOS : Por várias razões,
entretanto, entre elas o custo menor, as empresas acabam buscando produtos que
já foram proibidos em outros países. “Isso acontece, por exemplo, com agentes
químicos que já são obsoletos em outros países e nós, aqui, ainda estamos
convivendo com eles”. A solução é informar à sociedade, ao trabalhador e aos
empregadores e estabelecer medidas protetivas de saúde para reduzir essa
exposição.
O Inca vem alertando para
esse problema há alguns anos e participa de fóruns e audiências públicas,
divulgando informações. Segundo a epidemiologista, esses são fatores de risco
evitáveis, principalmente no que se refere aos agentes químicos.
No ano passado, o Inca
revelou resultados relacionados ao benzeno, que é um solvente utilizado na
gasolina e que afeta, em especial, trabalhadores de postos de combustíveis. A epidemiologista
Ubirani Otero disse que por meio de medidas simples por parte dos empregadores,
essa exposição dos trabalhadores ao benzeno pode ser bem reduzida. “O nosso
papel é informar e dar suporte à vigilância de saúde em estados e municípios,
dizendo onde estão esses agentes, quais os riscos a essas exposições, quais os
efeitos à saúde, além da questão regulatória”.
CONTAMINAÇÃO: Ela alertou que alguns pacientes detectados com
câncer de pulmão, por exemplo, podem ter sido contaminados por agentes
cancerígenos ao longo da vida de trabalho e, por falta de notificação, muitas
vezes, essa relação só é descoberta depois que eles se aposentam. Daí a
necessidade de recuperar o histórico ocupacional porque muitos cânceres não se
revelam imediatamente. É o caso do amianto. “É um tipo de câncer que leva mais
tempo para surgir, em torno de 40 a 50 anos, e é preciso acionar a empresa onde
ele trabalhou por muitos anos na construção civil, na fabricação de telhas ou
caixas d'água. Isso aparece no histórico ocupacional”.
No último dia 27 de abril, o
Inca firmou acordo com o Ministério Público do Trabalho para o desenvolvimento
de ações, estudos e projetos conjuntos em prol do meio ambiente e da saúde dos
trabalhadores.
A epidemiologista ressaltou que o acordo tem por meta planejar e
executar um projeto nacional de vigilância do câncer relacionado ao trabalho e
ao ambiente. “Nesse acordo, a gente pretende intensificar as orientações para
os profissionais de saúde, para peritos do INSS, os próprios procuradores da
República, ajudando a identificarem os agentes cancerígenos, os tipos de câncer
atrelados a esses agentes, para que a gente possa estabelecer medidas,
começando pela melhoria da notificação desses casos”.
FATORES OCUPACIONAIS : A
maior parte dos casos de câncer diagnosticados em todo o mundo apresenta uma
relação direta com fatores de riscos ambientais, incluindo o ambiente
ocupacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% do
total de casos de câncer podem ser atribuídos ao ambiente como um todo, e não
só ao ambiente do trabalho. A mais recente estimativa mundial aponta que, em
2018, ocorreram 18 milhões de novos casos de câncer.
O câncer não é causado apenas
por questões genéticas ou hereditárias, afirmou a epidemiologista. “Isso não é
verdade”. De forma geral, os cânceres atribuídos a fatores ocupacionais variam
de 5% a 8%, embora existam determinados tipos de câncer em que a relação pode
ser bem maior. É o caso do câncer de pulmão, que fica em torno de 20% a 21%. O
Inca destaca que cerca de 20% dos casos desse tipo de neoplasia em homens
poderiam ser evitados caso não houvesse exposição ocupacional a um grande
número de agentes presentes nos ambientes de trabalho, entre os quais amianto,
metais, sílica, radônio, produtos da exaustão de motores a diesel.
De acordo com o Inca, os
fatores de risco ambientais envolvem, além dos agentes químicos, físicos e
biológicos, os hábitos de consumo e comportamento e o ambiente social, que
incluem alimentação, uso de medicamentos, tabagismo, consumo de álcool,
sedentarismo e obesidade.
NOVOS CASOS: Para este ano, o
Inca estima 625 mil novos casos de câncer no Brasil. “É um número absurdo”,
disse a epidemiologista Ubirani Otero. Ele destacou que do total de óbitos
relacionados a trabalho no mundo, o câncer representa 32%. “É mais importante
do que acidentes do trabalho e violência na população ativa”.
Estatística da OMS mostra
que, considerando somente as doenças não transmissíveis relacionadas ao
trabalho, o câncer foi responsável por mais da metade dos óbitos registrados em
2018, alcançando 53%. Só perdeu para as doenças respiratórias. “Agora, quando a
gente fala de incapacidade na população economicamente ativa, o câncer gerou em
2018 mais de 10 milhões de incapacidades”, informou a médica do Inca.
Dados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) apontam que a cada ano, no mundo, acontecem 666
mil mortes de cânceres associados ao trabalho. Esse dado representa o dobro das
mortes relacionadas aos acidentes laborais. O diagnóstico e a mortalidade por
câncer associado ao trabalho têm aumentado em razão do crescimento da
expectativa de vida e da redução gradual de outras causas de morte, como as
doenças transmissíveis e acidentes em geral. Fonte: Agência Brasil - Rio
de Janeiro - Publicado em 02/05/2021 - 15:22
LIVRO SOBRE O ASSUNTO: Ambiente,
Trabalho e Câncer: Aspectos Epidemiológicos, Toxicológicos e Regulatórios
O objetivo deste livro é subsidiar
com informações com informações técnico-científicas relacionadas a agentes
cancerígenos químicos, físicos e biológicos presentes nos diversos ambientes,
profissionais de saúde dos diferentes níveis de atenção e vínculos;
profissionais de outras áreas do conhecimento interessados no tema; estudantes
do ensino médio à pós-graduação, para o reconhecimento dos casos de câncer que
podem ter ocorrido em decorrência da exposição ambiental e no ambiente de
trabalho a um dos agentes abordados na publicação.
Apresentamos o Exoesqueleto MATE (Muscular Aiding Tech
Exoskeleton), da Comau, uma estrutura
baseada em molas e projetada ergonomicamente que facilita os movimentos
repetitivos e alivia o esforço graças a um suporte postural leve, respirável e
eficaz.
Desenvolvido em colaboração com a ÖSSUR, uma empresa
islandesa líder em ortopedia não‑invasiva, e a IUVO, uma empresa spin-off do
Italian BioRobotics Institute especializada em tecnologias portáteis, o exoesqueleto
é totalmente capaz de replicar movimentos dinâmicos do ombro e envolvendo o
corpo como uma segunda pele. Ele garante maior conforto para o trabalhador e
aumenta a qualidade e a eficiência do trabalho proporcionando consistente
assistência ao movimento durante tarefas manuais e repetitivas.
Ele vem em dois tamanhos, um pequeno/médio e um
extra-grande, além de possuir cinco diferentes partes que podem ser ajustadas
para melhor encaixar no corpo, tornando seu uso mais confortável e adaptável.
O uso dele ajuda a melhorar a produtividade por diminuir
a carga de trabalho e, consequentemente, o cansaço do trabalhador. Com a
diminuição das chances de o esforço provocar lesões, uma vez que o exoesqueleto
mantém o corpo na postura correta para levantar o peso, os funcionários ficam
mais protegidos e seguros.
CARACTERÍSTICAS
■Projetado em estreita colaboração com trabalhadores de
fábrica envolvidos em atividades manuais
■Estrutura postural naturalmente confortável e respirável
■Estrutura compacta
■Mecanismo passivo baseado em molas
BENEFÍCIOS
■Reduz fadiga muscular
■Melhora a postura e conforto
■Segue os movimentos fisiológicos sem resistência ou
desalinhamento
Samsung assina acordo de indenização a vítimas de câncer
A Samsung se desculpou publicamente por doenças e mortes de
trabalhadores e assinou, na sexta‑feira (23/11), um acordo para compensar
funcionários que desenvolveram câncer em suas fábricas. A empresa sul-coreana
do setor de eletrônicos admitiu lapsos de segurança nas linhas de produção.
ACORDO COBRE 16 TIPOS DE CÂNCER E OUTRAS DOENÇAS,
O acordo cobre 16 tipos de câncer e outras doenças, como
esclerose múltipla e abortos espontâneos. Também foram incluídas condições
congênitas que afetam filhos dos trabalhadores. A Samsung terá de desembolsar
uma indenização de até 150 milhões de wons (cerca de 130 mil dólares) por caso.
"Não levamos a sério todas essas doenças e não
resolvemos rapidamente a questão", afirmou o copresidente da companhia,
Kim Ki-nam, em um ato de desculpa pública do qual participou junto a
representantes dos afetados. "Falhamos em gerenciar adequadamente os
riscos à saúde em nossas fábricas de semicondutores e LCD", lamentou Kim.
"Queridos colegas e suas famílias sofreram por um longo tempo, mas a
Samsung Electronics não enfrentou este tema antes."
VITIMAS AFETADAS
De acordo com estimativas de grupos que defendem as vítimas,
cerca de 240 pessoas sofreram de doenças relacionadas ao trabalho após terem
sido empregadas em linhas de produção de semicondutores e telas de cristal
líquido.
O caso está relacionado a funcionários que trabalharam em
fábricas nas cidades sul-coreanas de Suwon, Hwaseong e Pyeongtaek, assim como
em Xian, na China, a partir de 1984.
O escândalo veio à tona em 2007, quando o pai de uma
ex-funcionária da empresa se recusou a assinar um acordo sobre a morte de sua
filha de 23 anos, que morreu de leucemia. Em seguida, começaram a surgir outros
casos que afetaram antigos trabalhadores de fábricas de microprocessadores e
telas da Samsung.
Hwang Sang-gi, o pai de Hwang Yu-mi, disse estar satisfeito
por ter cumprido a promessa feita à filha de provar que a Samsung era a culpada
pela morte dela.
"Nenhum pedido de desculpas seria suficiente
considerando a decepção e a humilhação que sentimos nos últimos 11 anos, a dor
do sofrimento de doenças ocupacionais, a dor de perder entes queridos",
disse Hwang, após assinar formalmente o acordo.
Hwang, que é motorista de táxi, iniciou o grupo Banolim para
fazer campanha por trabalhadores afetados depois de tomar conhecimento do caso
de um trabalhador de 30 anos da mesma linha de produção de sua filha, que
também morreu de leucemia.
"A compensação por danos industriais é importante, mas
o mais importante é a prevenção", disse Hwang, cuja história familiar foi
transformada em filme em 2013.
SEGREDO INDUSTRIAL
Pouco se sabe sobre a possível conexão entre os processos de
produção e as doenças que os funcionários desenvolveram. Sob alegação de
segredo comercial, a Samsung se recusou a revelar os produtos químicos
específicos e as quantidades usadas, embora tenha havido movimentos em direção
a uma maior transparência. Em 2016, a Samsung concordou com a criação de um
comitê externo que supervisionaria a segurança nas fábricas.Fonte: Deutsche Welle-23.11.2018
Os afastamentos motivados por acidentes de trabalho
causaram, em seis anos, um impacto previdenciário de R$ 248,1 milhões em toda a
região de Ribeirão Preto (SP), aponta um levantamento feito pelo G1 com base em
dados do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Restaurantes, produção de açúcar e hospitais estão entre os
que alavancaram concessão de 28,5 mil auxílios por afastamentos, segundo
Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho.
Os números disponibilizados pelo Observatório Digital de
Segurança e Saúde do Trabalho contabilizam registros entre 2012 e 2017 e
referem-se à concessão de 28.550 auxílios-doença decorrentes de lesões
funcionais de empregados com carteira assinada em 66 cidades.
Superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de 25 cidades da
região, o montante total gasto pela União é quase equivalente, por exemplo, ao
que Colômbia (SP), município de 6,2 mil habitantes no nordeste paulista,
movimenta por ano em sua economia.
O valor também representa quase nove vezes mais do que
Taquaral (SP) gera em riquezas.
As cidades mais populosas da região – Ribeirão, Franca (SP),
Barretos (SP) e Sertãozinho (SP) – concentram a maior parte das ocorrências,
sobretudo relacionadas a fraturas nas mãos, mas são acompanhadas por municípios
menores, como Guaíra (SP).
Restaurantes, atendimento hospitalar e produção de açúcar,
etanol e calçados estão entre os que mais contribuíram para esses casos.
IMPACTO PREVIDENCIÁRIO DOS ACIDENTES DE TRABALHO
Os maiores resultados registrados entre 2012 e 2017 na
região de Ribeirão Preto
Fonte: Observatório Digital de Saúde e Segurança do
Trabalho/MPT
Para a procuradora regional do Trabalho Regina Duarte da
Silva, os números resultam do descumprimento das normas reguladoras de
segurança nas empresas, que repercutem na falta de treinamentos adequados e de
equipamentos de proteção individual, além de jornadas excessivas.
"O acidente muitas vezes nem mereceria esse nome de
acidente, que é um fato inesperado. Às vezes é plenamente evitável se fossem
tomadas as medidas de segurança", analisa.
AFASTAMENTOS NO TRABALHO
Ribeirão Preto lidera a lista com indenizações da ordem de
R$ 54,2 milhões referentes a 6.643 afastamentos, sobretudo ocorridos em
restaurantes e redes de serviço, além de atendimentos hospitalares. As fraturas
nas mãos e nas pernas são as mais comuns.
"Em restaurantes e bares, a parte do corpo mais
utilizada são os membros superiores, as mãos, inclusive ele [funcionário] tem
contato com perfuro-cortantes, com faca, espeto. Não havendo cuidados
necessários são esses os órgãos que serão mais atingidos", afirma Regina.
Em seguida aparece Franca (SP), com despesas de R$ 29,2
milhões referentes 4.359 ocorrências que levaram o funcionário a deixar
temporariamente suas funções, sobretudo na indústria calçadista, que concentra
20% dos casos, em situações geralmente ligadas a fraturas nas mãos, pernas,
braços e ombros.
AS LESÕES MAIS COMUNS
Em Barretos (SP), as 1.785 ocorrências levaram a um impacto
de R$ 26,8 milhões, principalmente em função de fraturas nos punhos e nas mãos
e problemas de coluna cervical sofridas por pessoas que atuam no atendimento
hospitalar (13,18%) e na fabricação de produtos de carne (10%).
A produção de açúcar bruto e a fabricação de equipamentos
industriais foram alguns dos segmentos que mais levaram às 1.823 ausências de
trabalhadores, que geraram gastos de R$ 12,4 milhões, também em função de
fraturas e ferimentos de punho, mão, além de pernas e antebraço.
Na sequência, destaca-se Guaíra, município de 40 mil habitantes
onde os 653 casos registrados pelo observatório geraram um impacto
previdenciário de R$ 11 milhões.
A fabricação de etanol, com 18% dos casos registrados, e a
moagem e fabricação de produtos de origem vegetal – com 16% - foram os
segmentos que mais concentraram afastamentos entre 2012 e 2017 na cidade.
Os números levantados pelo Observatório Digital, segundo a
procuradora, poderiam ser ainda maiores, já que não são contabilizados os
trabalhadores informais.
"Houve uma redução drástica no número de postos de
trabalho. Quando esse número começou a cair passou a ser trabalho informal e o
trabalho informal não é computado nesses índices. Então os acidentes são muito
grandes, continuam ocorrendo, mas na informalidade."
PREVENÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Segundo a procuradora, a redução desses afastamentos passa
por programas de prevenção de acidentes e de avaliações médicas das empresas,
mas também depende do combate a práticas como a sobrejornada, recorrente na
recessão econômica.
"A sobrejornada é um fator importantíssimo para a
ocorrência de acidentes, porque toda vez que a gente trabalha cansado a gente
está mais desatento, menos propício a observar as regras de segurança."
O Ministério Público do Trabalho realiza fiscalizações nos
municípios, mas a demanda é extensa, diz Regina. “A gente não consegue. Acaba
que a gente fica trabalhando muito na tutela reparatória, que é depois que o
acidente aconteceu, e muito pouco na tutela preventiva.” Fonte: G1-29/03/2018
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (29) proibir
uso do amianto do tipo crisotila, material usado na fabricação de telhas e
caixas d’água. A decisão dos ministros foi tomada para resolver problemas que surgiram
após a decisão da Corte que declarou a inconstitucionalidade de um artigo da
Lei Federal 9.055/1995, que permitiu o uso controlado do material.
Com a decisão, tomada por 7 votos a 2, não poderá ocorrer a extração, a
industrialização e a comercialização do produto em nenhum estado do país.
Durante o julgamento não foi discutido
como a decisão será cumprida pelas mineradoras, apesar do pedido feito por um
dos advogados do caso, que solicitou a concessão de prazo para efetivar a
demissão de trabalhadores do setor e suspensão da comercialização.
Em agosto, ao começar a julgar o caso, cinco ministros
votaram pela derrubada da lei nacional, porém, seriam necessários seis votos
para que a norma fosse considerada inconstitucional. Dessa forma, o resultado
do julgamento provocou um vácuo jurídico e o uso do amianto ficaria proibido
nos estados onde a substância já foi vetada, como em São Paulo, Rio de Janeiro
e Rio Grande do Sul, mas permitida onde não há lei específica sobre o caso,
como em Goiás, por exemplo, onde está localizada uma das principais minas de
amianto, em Minaçu.
As ações julgadas pela Corte foram propostas pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) há dez anos ao
Supremo e pedem a manutenção do uso do material. A confederação sustenta que o
município de São Paulo não poderia legislar sobre a proibição do amianto por
tratar-se de matéria de competência privativa da União. Segundo a defesa da
entidade, os trabalhadores não têm contato com o pó do amianto.
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e
outras entidades que defendem o banimento do amianto, apesar dos benefícios da
substância para a economia nacional – geração de empregos, exportação,
barateamento de materiais de construção -, estudos comprovam que a substância é
cancerígena e causa danos ao meio ambiente. Fonte: Agência Brasil - 29/11/2017
Doença ocupacional: Bombeiros enfrentando o câncer
Numa
tarde radiante da Nova Inglaterra, em julho passado, o bombeiro de Boston Glenn
Preston e seu filho de oito anos, Jake, contavam piadas no carro a caminho de
Fenway Park para assistir como todos os anos, pai e filho juntos, ao jogo dos
Red Sox. Quando subiram à autoestrada, o telefone de Preston começou a tocar.
Ao ver um número desconhecido na identificação de chamadas ele se preparou para
as más noticias.
Dois
dias antes, os médicos do Centro Médico Dana Faber em Boston tinham feito uma
biopsia duma massa do tamanho duma laranja extraída do peito de Preston. Para
não preocupar sua família, ele não tinha falado da biopsia com a esposa nem com
seus quatro filhos pequenos. Durante semanas ele se esforçou de esconder a
respiração superficial e o cansaço extremo quase constante. Ele não tinha
mencionado as dores no peito ou como às vezes, quando espirrava, sentia como se
lhe tivessem atirado um arpão no peito, caindo de joelhos.
Ele
respondeu à chamada. O médico disse a Preston que tinha câncer, que estava em
estado avançado, e que ele precisava ir imediatamente ao hospital. “Esta bem,
esta bem, olha agora estou a caminho de Fenway então talvez ponhamos a conversa
em dia mais tarde,” ele disse, fazendo crer a Jake que estava falando com um
velho amigo. Apesar de o médico tê-lo desaconselhado fortemente, Preston
manteve o carro rumo ao estádio. Ele e Jake ficaram durante todo o jogo e logo
foram comer uma pizza.
Uns dias
mais tarde, Preston deu entrada no hospital. Os médicos lhe disseram que tinha
um linfoma não-Hodgkin avançado, mas ele não queria falar de suas chances de
sobrevivência; ele não queria saber. Com imagens de seus filhos na cabeça, ele
estava indignado, mas não surpreendido.
“Desde o
ano 2000 estive numa brigada muito ativa, ia aos incêndios e saia dos edifícios
todo preto, com um aspecto terrível,” disse‑me e Preston pouco tempo atrás. “Eu
pensava que ia ter câncer – faz parte do trabalho. Só não pensava que seria
agora.”
SOPA
TÓXICA DE PRODUTOS QUÍMICOS CARCINÓGENOS
Com seu
diagnóstico, Preston ingressa na lista cada vez mais longa de bombeiros de
Boston doentes, envenenados ao longo de sua carreira por uma sopa tóxica de
produtos químicos carcinógenos absorvidos pelos seus pulmões, olhos, nariz e
pele. Em média, um bombeiro de Boston recebe um diagnóstico de câncer a cada
três semanas, de acordo com os dados registrados pelo corpo de Bombeiros de
Boston. Durante as últimas décadas a idade dos diagnósticos baixou de forma
contínua dos 60 aos 50 anos de idade e agora, cada vez mais aos 40 anos.
Preston tinha 39 anos quando recebeu o diagnóstico.
Essa
mesma realidade se verifica em todos os Corpos de Bombeiros do país. Os
bombeiros estão morrendo a um ritmo alarmante por causa de diferentes tipos de
câncer, incluindo câncer do cólon, dos pulmões, melanomas, mesotelioma,
próstata, reto, estômago, linfoma não-Hodgkin entre outros, os quais foram
demonstrados em estudos que afetam os bombeiros em maior proporção que o resto
da população.
DOENÇA
ESTÁ MATANDO MUITOS BOMBEIROS.
Embora
seja difícil conseguir números exatos, a doença está matando muitos bombeiros.
Sessenta por cento das mortes em serviço dos bombeiros entre 2002 e 2016
estavam relacionadas com o câncer, de acordo com a Associação Internacional dos
Bombeiros (IAFF, da sigla em inglês), que consegue os dados pelos relatórios do
sindicato local. Isso representa 1053 bombeiros que morreram durante aquele
período. Já que não existem registros definitivos, esse número é quase
seguramente apenas uma fração do total.
A falta
de dados confiáveis sobre as mortes de bombeiros causadas pelo câncer ilustra
até que ponto a questão não recebeu a devida atenção. Durante décadas, o câncer
que afeta os bombeiros foi discutido murmurando e sussurrando, considerado por
muitos como o preço a pagar para um trabalho perigoso, mas necessário. Mas
enquanto o número de mortes aumenta e a pesquisa revela mais dados sobre a
extensão do problema e suas causas, a preocupação silenciosa deixa lugar à
tomada de consciência e à mobilização total.
O câncer que afeta os bombeiros: estatística e fatos
Três estudos fundamentais sobre câncer entre os bombeiros realizados na ultima década mostraram níveis elevados
de certos tipos de câncer, comparados com a população em geral.
Em pelo menos dois desses estudos,
observou‑se um aumento significativo dos riscos num ou mais grupos de idade
estudados ou entre todos os bombeiros para os seguintes cânceres:
Cólon
Câncer
de pele não‑Melanoma
Pulmões
Próstata
Melanoma
Retal
Mesotelioma
Linfoma
não-Hodgkin
Melanoma
múltiplo
Estômago
Fonte: IAFF, Estudos “Cancer risk among firefighters: A review and
meta analyses of 32 studies” 2006.
■ 61% - mortes de bombeiros em serviço entre 2002 e
2016 causadas por câncer ocupacional, de acordo com a IAFF,
■ 190 - número de bombeiros de Boston que morreram de câncer
ocupacional desde 1990.
■ 1053 -
número de mortes de bombeiros em serviço registradas entre 2002 a 2016 de acordo
com a IAFF
■ 3
semanas de intervalo de tempo médio entre novos diagnósticos de câncer entre os
bombeiros do Corpo de Bombeiros de Boston
CULTURA
DA SAÚDE E SEGURANÇA NO CORPO DE BOMBEIROS DE BOSTON
“Lançamos
uma ofensiva geral, assegurando que fazemos todo o possível para proteger
nossos membros - eles nem sempre pensam nisso, só fazem seu trabalho, mas
devemos garantir que tenham consciência e treinamento,” disse Pat Morrison,
adjunto do Presidente geral para saúde, segurança e medicina da IAFF.
Não
podemos perder mais tempo disse Morrison. “A realidade é que o câncer é agora a
causa principal de morte de nossos membros e é provavelmente a questão mais
importante que estamos tentando resolver hoje”, ele disse. “É uma epidemia. A
tendência cresce e cresce.”
Em
nenhum lugar o esforço para combater o câncer foi tão agressivo – e de alguma
forma, tão improvável – como em Boston, onde o líder da ofensiva foi o Inspetor
de Incêndio Joseph Finn.
Ajudado
por um apoio financeiro de milhões de dólares da cidade e pelo trabalho
comprometido do presidente do sindicato Rich Paris, em apenas dois anos o corpo
de Bombeiros de Boston passou duma situação onde mal reconhecia o câncer como
um problema a ser considerado como um dos líderes mais avançados no país no
âmbito da saúde e bem-estar dos bombeiros.
Dirigida
por Finn, a abordagem de Boston para reduzir as mortes por câncer tem sido
multifacetada, mas todo aponta para o mesmo fim: limitar a exposição a produtos
químicos que causam câncer. “Metemos na cabeça de cada bombeiro, ‘não inale
fumaça’” me disse Finn. “Pense na fumaça como se fosse radioativa – cada vez
que você inala fumaça desnecessariamente está abreviando sua vida.”
À
diferença de outras mortes que se decidem num instante trágico, o câncer é
muitas vezes um assassino lento que floresce depois de anos de exposição aos
carcinógenos. Mas parece que o período de latência é cada vez mais breve, em
parte porque os bombeiros estão expostos hoje a mais elementos carcinógenos do
que nunca.
MATERIAIS
EM COMBUSTÃO DESCONHECIDOS
Cinquenta
anos atrás, a maior parte dos materiais queimados numa construção típica
incluía algodão, madeira e outros tecidos e produtos naturais – a inalação dos
produtos da combustão não era ideal, mas não era muito pior que uma fogueira de
acampamento, disse Finn. Hoje, quase todos os incêndios estruturais se parecem
mais com um evento HAZMAT – há muitos materiais
em combustão e ninguém pode saber ao certo que toxinas estão liberando.
O
conteúdo das casas modernas é uma miscelânea de plásticos, goma e equipamento
eletrônico, madeira, mobília e tecidos misturados com químicos retardantes de
chamas. Quando esses materiais queimam, os produtos da combustão incluem uma
variedade de substâncias com nomes agressivos – acrilonitrila, arsênico,
benzeno, hidrocarbonetos policíclicos, cádmio, clorofenol, cromo, monóxido de
carbono, dioxinas, óxido de etileno, formaldeído, orto‑toluidina, bifenilos
policlorados e cloreto de vinila, entre outros – confirmadas ou amplamente
consideradas como carcinógenas.
CONTAMINAÇÃO
Os
produtos químicos se introduzem no corpo humano através do nariz, dos ouvidos,
dos pulmões e da pele desprovidos de proteção. Eles se pegam como velcro a
qualquer coisa que tocam como a roupa de proteção, as luvas, as mangueiras e os
capacetes que podem liberar vapores perigosos durante dias, semanas e meses
após um incêndio. O equipamento sujo contamina o interior dos caminhões, das
cozinhas, dos armários e das camas.
Estudos
recentes que analisaram o conteúdo das bolsas dos aspiradores provenientes das
estações de bombeiros na Califórnia encontraram numerosos produtos químicos
retardantes de chamas espalhados nos alojamentos. Em algumas estações de
bombeiros, não é raro ver manchas de óleo flutuando na água da máquina de fazer
gelo depois dum corte de corrente.
Com a
contaminação onipresente, a proteção dos bombeiros contra o ataque mortal dos
produtos químicos é um desafio imenso e quatro anos atrás teria sido difícil
encontrar alguém acreditando que o Corpo de Bombeiros de Boston assumiria essa
tarefa tão difícil.
USO DO
APARELHO DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMA
Durante
anos, Boston Fire tinha a fama nacional bem merecida de ser teimoso, da velha
escola e indevidamente resistente à mudança, muitas vezes a custa de seus
membros. Em muitas companhias, o uso do aparelho de respiração autônoma (SCBA
da sigla em inglês) era opcional ou mesmo considerado como uma demonstração de
fraqueza. A liderança não parecia dar valor à proteção individual, e o machismo
dominante em tantos corpos de bombeiros, onde os devoradores de fumaça cobertos
de fuligem eram considerados como os mais intrépidos e formidáveis de todos os
bombeiros, era desenfreado nas estações de bombeiros de Boston.
“Tantas vezes quando participava de operações
de rescaldo (depois dum incêndio), eu via caras sem mascaras vomitando pela
janela por causa da fumaça, “contou o tenente Marty Fernandes, de 55 anos, que
tem amigos que morreram de câncer. “Eu sempre usava a mascara porque não me
sentia bem respirando aquela fumaça. Mas eu ouvia ‘Alo! Porque você está usando
a máscara?’ De fato existe um pressão dos colegas.”
“Eu
usava a máscara apenas quando pensava que era necessário,” disse Preston.
“Esperava até que não aguentava mais a fumaça, até tossir, sufocar e cuspir.
Nós fazíamos assim. Eu queria conservar o ar no caso de precisá-lo mais tarde,
ou guardá-lo para uma vítima que poderia precisá-lo no interior do edifício.”
Os
bombeiros diziam também que o equipamento de proteção praticamente não era
lavado, porque cada pessoa só tinha um conjunto bom e a empresa contratada para
a limpeza levava semanas para devolvê-lo, deixando os bombeiros com a escolha
entre um equipamento sujo ou nenhum equipamento. Dizia-se que os casacos
imundos largavam nuvens de pó preto que envolviam a estação, disse Preston. Ele
uma vez tentou lavar seu casaco coberto de fuligem numa lavanderia automática. Colocou-o
numa máquina e deixou-o e quando voltou para buscá-lo todo o local cheirava
como se estivesse em chamas.
Na raiz
de muitos desses problemas havia relações conflituosas entre os bombeiros de
Boston, a direção do Corpo de Bombeiros e a Prefeitura. Os choques relacionados com o financiamento,
junto com a falta de confiança, produziam um mau funcionamento generalizado. O
equipamento e os veículos de combate a incêndio eram velhos e num estado de
falta de manutenção, os freios dos caminhões falhavam e ficavam avariados
durante meses. Ao longo dos anos os investimentos na infraestrutura do corpo de
bombeiros foram escassos. É de notar que a estação de bombeiros típica de
Boston tem agora 76 anos. Com o corpo de bombeiros que estava meramente
tentando sobreviver, o câncer não estava na lista das prioridades.
EQUIPAMENTO
DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Em
Boston, o corpo de bombeiros adotou uma abordagem holística da batalha contra o
câncer, tentando limitar a exposição de seus membros de diferentes formas. “Não
existe uma solução milagrosa – é o efeito cumulativo da aplicação de uma série
de melhores práticas”, disse Finn.
Para
reduzir a exposição ao equipamento sujo, cada bombeiro de Boston foi equipado
de dois conjuntos de proteção individual para garantir que tivessem sempre um
conjunto limpo no início de cada turno. Com a ajuda de doações privadas, foram
instaladas máquinas de lavar industriais e varais para secar a roupa em quase
todas as 34 estações de bombeiros da cidade para remover a fuligem mortal
quando o equipamento volta do incêndio. A cidade está gastando milhões numa
limpeza industrial em cada estação de bombeiros, removendo décadas de fuligem,
resíduos do escape de diesel, benzeno e uma série de outros contaminantes dos
pisos, tetos, paredes e tapetes. Novas estações estão sendo planejadas e outras
foram renovadas para melhor separar os estacionamentos das áreas de alojamento.
Para
limitar a exposição no local do incêndio, a cidade gastou 4,5 milhões de
dólares para equipar os 1500 bombeiros de Boston com tanques de ar SCBA que têm
45 minutos de ar, um aumento de 50 por cento, para diminuir a probabilidade que
eles retirem suas máscaras para conservar o ar. O capuz de proteção usado
debaixo do capacete e da máscara para cobrir a cara e o pescoço, antes
desconhecido em Boston, é agora obrigatório. Além disso, foram comprados 23
novos veículos de combate a incêndio equipados com tanques de espuma de 30
galões, de forma que as equipes possam apagar incêndios de carros e contêineres
de lixo com a espuma desde uma distância segura para limitar sua exposição à
fumaça mortal.
A tática
de combate a incêndio também mudou aumentando a alternância das equipes,
limitando a exposição potencial de cada bombeiro. Os comandantes do incidente
agora realizam o monitoramento das condições do ar e é frequente ouvir pela
radio a contagem dos particulados e as instruções dadas a todos os bombeiros
para que fiquem com as máscaras colocadas. Um bombeiro sem máscara ou sem capuz
já não é tratado como um herói e não cumprir a ordem de usar o ar tem
consequências.
“Agora
todos aqui estão usando uma máscara e um capuz, e é nossa responsabilidade
fazer que isso aconteça,” disse Fernandes. “Se eu for visto por alguém sem o
capuz, vou ouvir falar nisso sempre. Joe Finn não está para brincadeiras.”
Finn
observa logo que todo o equipamento e os melhores procedimentos do mundo não significam
nada sem a adesão do pessoal e que as mudanças culturais necessárias para
atingir o objetivo requereram muito esforço e persistência.
DIVISÃO
DE SEGURANÇA, SAÚDE E BEM-ESTAR NO CORPO DE BOMBEIROS,
Uma das
primeiras ações de Finn como Inspetor de Incêndio foi criar uma Divisão de
Segurança, Saúde e Bem-estar no Corpo de Bombeiros, que formulou uma estratégia
dirigida ao esforço contra o câncer. Uma das primeiras tarefas da divisão foi
contratar uma equipe para produzir um vídeo cujos protagonistas são os
bombeiros de Boston vitimas do câncer, viúvas e famílias chorando e imagens
comovedoras dos bombeiros que Boston perdeu.
A ideia
do vídeo, lançado no início de 2015, era “pregar um susto terrível às pessoas,
e fazer-lhes ver que não se trata de nenhuma brincadeira,” disse Finn.
“Independentemente de quanta autoridade você use para impor as coisas, a
questão do câncer se reduz a responsabilidade pessoal mais do que qualquer
outra coisa. Se você entrando num
edifício em chamas pensa que é legal ser o cara que sai sujo e coberto de
fuligem, você deve pensar, ‘o que estou fazendo á minha família? Que
consequências tem para mim e para as pessoas que ficarão atrás quando eu
morrer? Esta é uma mensagem que precisamos manter sempre ativa”. Às vezes a
realidade fala por si só.
“Foi
exatamente ao contrario – eles entendem. Eles sabem do que estamos falando.
Eles enterraram demasiados amigos e viram o sofrimento humano das crianças e
das viúvas,” disse Finn. “O desafio é a nova geração – eles querem se afirmar e
se comportam como si estivessem aqui desde 1965. São os oficiais das companhias
que devem tomar posição e garantir que os bombeiros mais novos sigam as
melhores práticas. Fazendo seu trabalho de líderes eles vão salvar as vidas
desses jovens.” Fonte: NFPA Journal Latinoamericano – Set/2017
Revisão científica expõe novas ocupações que podem provocar doenças pulmonares
Trabalhar no processo de produção das pipocas
industrializadas, aquelas que devoramos com tanto gosto no cinema ou no sofá de
casa diante de um filme qualquer, acarreta um grave risco à saúde. Tanto é que
essa profissão foi incluída numa recente revisão, publicada pela revista
científica The Lancet, sobre novas vias de exposição a elementos que geram
doenças pulmonares vinculadas ao trabalho. Também os empregados que trabalham
nos processos de fracking (uma técnica de exploração de gás e petróleo também
conhecida como fraturamento hídrico) ou fabricando telas de cristal líquido
correm o risco de sofrer de doenças respiratórias.
Mais de 10 centros de pesquisas de vários países
participaram dessa revisão científica focada nas doenças respiratórias de causa
ocupacional. Dois milhões de trabalhadores morrem por ano devido a acidentes ou
doenças no âmbito profissional. A terceira doença mais recorrente é de caráter
respiratório. “Queremos conscientizar que há ocupações que, embora afetem pouca
gente, têm muita relevância no conjunto, porque prejudicam a saúde”, diz o
médico Xavier Muñoz, do serviço de Pneumologia do Hospital Vall d’Hebron, de
Barcelona, o único centro espanhol que participou da pesquisa.
PIPOCA E O DIACETIL
Antes de ter início o cerimonioso ritual de comer um balde
de pipocas em frente ao filme da vez, o petisco passa por um processamento
industrial para lhe dar um sabor específico e facilitar sua conservação. Nesse
processo, algumas fábricas empregam um condimento, o diacetil, para conferir um
sabor mais amanteigado às pipocas. Para quem come, esse aditivo não acarreta
nenhum risco à saúde, mas no ambiente industrial, onde é aplicado a altas
temperaturas, “o diacetil se evapora, é inalado e pode afetar os brônquios”. O
estudo cita um caso relatado no ano 2000 com oito trabalhadores de uma fábrica
de Missouri (EUA) diagnosticados com bronquiolite obliterante (uma infecção nas
sub-ramificações dos brônquios). Também foram detectados casos similares em
fábricas que produzem uma mistura seca de panificação e em fábricas de
chocolates, batatas fritas e bolachas.
FRACKING,
Mas a questão dos operários das fábricas de pipocas não é o
único caso novo exposto pelos pneumologistas nesta revisão. A política técnica
do fracking, que consiste em aflorar gás e petróleo do subsolo após destruir a
rocha-mãe com o uso de água e produtos químicos a alta pressão, também está
causando doenças em alguns trabalhadores. “É especialmente perigoso para os
trabalhadores e para pessoas que estão perto de onde se pratica esta técnica,
porque, com os ventos, sobe uma poeira com sílica e elementos orgânicos que
podem provocar silicose, câncer, asma…”, aponta o pneumologista Muñoz.
DESBOTAR TECIDO DE JEANS
Desbotar tecidos para fabricar jeans também é outra prática
mais arriscada do que parece. Os especialistas afirmam que algumas fábricas usam
um jato de areia que deixa partículas voláteis inaláveis. Foram identificados
casos de silicose severa e deterioração na função pulmonar com exposições
breves a estas partículas. O sistema de desbotamento (sandblasting, em inglês)
é proibido em muitas companhias, mas ainda utilizado em fábricas da China,
Bangladesh e Paquistão, onde, segundo o estudo, não há sinais de que será
proibido tão cedo.
TELAS DE CRISTAL LÍQUIDO,
Na fabricação de telas de cristal líquido, usadas em
inúmeros aparelhos eletrônicos, os trabalhadores estão expostos ao óxido de
índio, um componente que em 2003 foi associado pela primeira vez a um caso de
doença pulmonar intersticial (quando o tecido pulmonar se inflama e é
danificado). “Também a produção do mármore artificial, um sucedâneo do mármore,
leva sílica. Isso é perigoso para o trabalhador quando o molda, mas não para o
usuário que depois o tiver na sua casa”, acrescenta o médico.
AMIANTO
Os pesquisadores também avaliaram o impacto sanitário de
velhos conhecidos, como o amianto, um material usado durante boa parte do
século XX como material de construção para cobrir edifícios e montar tubulações
e telhados. Embora desde os anos 1940 os seus riscos à saúde fossem conhecidos,
só em 2005 a União Europeia vetou totalmente o seu emprego, mas o mesmo ainda
não acontece no Brasil. Os especialistas quiseram reiterar seu caráter nocivo
porque, apesar de ter caído em desuso, as enfermidades vinculadas à exposição
ao amianto – asbestose (um tipo de fibrose pulmonar), câncer de pulmão e
mesoteliomas (tumores de pleura originados causados pelo amianto) – têm um
período de latência de até 30 anos. “O pior está por vir. Daqui até 2035
veremos mais casos do que nunca de doenças causadas pelo amianto”, adverte
Muñoz.
O pneumologista afirma que essa revisão precisa servir para
“colocar o problema sobre a mesa”. “É para que fiquemos todos ligados.
MORTES POR DOENÇA PULMONAR
Cerca de 500.000
pessoas morrem no mundo por doença pulmonar contraída no trabalho. Não se pode
baixar a guarda, especialmente os médicos, porque, como há poucos casos, custa
relacionar que uma doença surja por causa de algum elemento vinculado ao
trabalho. E se complica muito mais quando são agentes desconhecidos, que não
vinculamos a essa doença”, afirma o médico. Fonte: El País - Barcelona 28 mar
2017