Acidentes, Desastres, Segurança, Meio Ambiente, Riscos, Ciência e Tecnologia
segunda-feira, setembro 01, 2025
ESCALPELAMENTO: A TRAGÉDIA QUE SEGUE ASSOLANDO RIBEIRINHOS
Acidentes com barcos fizeram
centenas de vítimas no Pará nas últimas décadas, a maioria mulheres. Afetados
enfrentam dificuldade de acesso a tratamentos e estigmatização.
Por trás da adoção generalizada
de barcos como transporte pelas comunidades ribeirinhas na Amazônia, está um
acidente que marca toda uma vida. No Pará, centenas de pessoas foram vítimas
nas últimas décadas do chamado escalpelamento.
Por décadas, a ocorrência do
escalpelamento foi esquecida, e o amparo a quem sofreu os acidentes dependeu da
boa vontade de médicos que organizavam mutirões voluntários para realização de
cirurgias. Desde 2010, 28 de agosto passou a ser o Dia Nacional de Combate e
Prevenção ao Escalpelamento. Desde então, medidas para combater o problema, em
especial a fiscalização para que motores dos barcos não operem descobertos, são
apontadas como responsáveis por uma queda no número de casos.
Um estudo de janeiro de 2024
feito pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa)
contabilizou 483 ocorrências de escalpelamento no Pará entre os anos 1960 e
2022. O maior número de casos (22) foi registrado em 2009. Dentre as vítimas,
98% são mulheres, com uma predominância de 67% entre crianças e adolescentes de
2 a 18 anos de idade.
Em menor grau, Amapá e
Amazonas são outros estados afetados pelo problema. Com dificuldade na
notificação já que os registros não são obrigatórios, há ampla visão de que os
números são subnotificados.
"MUDA A NOSSA VIDA"
Raíza Oliveira, hoje com 23
anos, sofreu escalpelamento quando tinha apenas oito anos de idade. "A
partir do momento que sofremos o acidente, muda a nossa vida".Moradora
ribeirinha do interior do Pará, ela tem de se deslocar para Belém para realizar
os tratamentos na Santa Casa de Misericórdia. Cada trecho da viagem, feita às
vezes duas vezes por mês, dura quase um dia.
Além das cirurgias iniciais
de reconstrução plástica, as vítimas demandam amplo apoio psicológico e outros
acompanhamentos, como das funções neurológicas e auditivas, muitas vezes
comprometidas no acidente.
"A retomada da
autoestima é muito difícil, são sequelas por toda a vida. Há uma tentativa de
acolher as vítimas, mas é complicado haver uma reconstrução total. O impacto
nestas pessoas é muito significativo, afetando inclusive questões
emocionais", afirma Flávia Lemos, professora de Psicologia Social da
Universidade Federal do Pará (UFPA).
VÍTIMAS COMO CULPADAS
Uma queixa constante no meio
é um tipo de visão que tende a culpar as vítimas pelos acidentes. Especialistas
apontam que é constante a postura das populações locais que responsabiliza as
jovens por supostamente não se cuidarem. Neste sentido, o julgamento reduz o
impulso para que estas pessoas reivindiquem seus direitos e busquem novas
reparações.
"Nós começamos mais
tímidas, já que as pessoas falam que é nossa a responsabilidade pelo
acidente", conta Oliveira. Engajada no tema, a jovem observa que a
mobilização melhorou nos últimos anos, com muitas vítimas se articulando
através de redes sociais para trocar informações e fortalecer a causa em prol
de suas demandas.
"O conhecimento sobre os
acidentes melhorou, vemos isso como uma conscientização. Há dez, 15 anos, tudo
era mais difícil. Mesmo assim, ainda se culpa muito as vítimas, e há certo
preconceito com as ribeirinhas", conta.
Na visão de Lemos, o fato de
o escalpelamento normalmente ser causado por um cabelo grande e solto acaba
contribuindo para uma maior culpabilização das vítimas, uma vez que há visão de
que houve desleixo por parte das envolvidas.
ACOMPANHAMENTO CONSTANTE
Oliveira frequenta o Espaço
Acolher na Santa Casa de Belém, que virou uma grande referência estadual no
atendimento às vítimas de escalpelamento e no acompanhamento posterior aos
cuidados iniciais. Criado em 2006, o núcleo faz parte do Programa de
Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), uma iniciativa do
Pará para concentrar as vítimas e padronizar o atendimento.
Jureuda Guerra, psicóloga
hospitalar que atende no Acolher, lembra que, entre a década de 1960 e o começo
dos anos 2000 não havia protocolo de atendimento nos casos de escalpelamento.
Como resultado, vítimas deixavam por vezes de realizar exames importantes, como
ressonância magnética e tomografia craniana. Hoje, a partir do atendimento
inicial nas unidades mais próximas de saúde, há um encaminhamento à Santa Casa.
Por sua vez, em um estado em
que o tempo percorrido até a capital partindo de zonas ribeirinhas pode chegar
facilmente a dois dias, o deslocamento para seguir com os tratamentos é um
grande desafio. "Tenho casos de crianças que não vem há mais de três anos,
e seguem perdendo as consultas", conta Guerra.
Os pacientes dependem do chamado
TFD – Tratamento Fora de Domicílio, custeio para o deslocamento que é de
responsabilidade dos munícipios. No entanto, a psicóloga afirma que muitas
prefeituras não repassam os valores às vítimas e criam impedimentos para a
viagem à capital.
Mesmo depois de adultos, as
pacientes costumam seguir dependendo de acompanhantes para realizar os
deslocamentos, tornando a viagem mais complicada. Durante o trajeto, as vítimas
podem ter crises de encefaleia, que podem, por exemplo, ocasionar em desmaios
ou situações mais graves.
Sobre a viabilidade de
realizar tratamentos mais próximos às regiões ribeirinhas, Guerra é cética e
não crê que é uma alternativa, uma vez que as unidades locais não oferecem a
mesma estrutura presente na capital. Fonte: DW - quinta-feira, 28
de agosto de 2025
INCÊNDIO EM FÁBRICAS DO DISTRITO INDUSTRIAL EM MANAUS
Um incêndio de grandes
proporções atingiu, na tarde de terça-feira (5/08), a fábrica da Effa Motors,
no Distrito Industrial 2, Zona Leste de Manaus.
INÍCIO DO FOGO
Funcionários da fábrica, que
produz caminhões de pequeno porte, relataram que o fogo começou por volta de
12h. De acordo com eles, faíscas de solda teriam atingido um produto químico na
linha de produção, onde havia cerca de cem veículos.
"Começou a pegar fogo no
canto e já foi espalhando tudo. Aí todo mundo começou a correr
desesperado", disse um funcionário que preferiu não se identificar.
Os trabalhadores evacuaram o
prédio rapidamente após o início do incêndio.
PROPAGAÇÃO DO FOGO
"O incêndio está confinado na parte que
está queimada. Daí ele não passa mais. Só a parte mais ao sul que não foi
atingido. Mas todo o resto do galpão foi atingido. Agora, os do outro lado da
rua estão todos protegidos. Ele não tem como atingir outros galpões. Então nós
vamos trabalhar nesse confinamento e no controle futuro", informou o
coronel.
A principal dificuldade é
lidar com os materiais inflamáveis que faziam parte do dia a dia da fábrica:
plástico, pneu e materiais químicos são o que tornam esse o combate mais
perigoso e difícil de ser facilmente resolvido.
“Chegando aqui, identificamos
que se tratava de um material altamente inflamável, tóxico e de enorme
quantidade. Mas em nenhum momento a corporação deixou de empregar todos seus
esforços com recursos materiais e pessoal”, disse o coronel.
O calor intenso irradiado
pelas chamas causou deformações em estruturas metálicas, especialmente nos
telhados dos galpões.
“Há risco de colapso em
algumas partes, por isso estamos isolando as áreas e tomando todas as medidas
de segurança necessárias”, alertou Borges.
USO DE TECNOLOGIA
Desde o início do fogo até
agora já se passaram quase 24h, mesmo período no qual os agentes do CBMAM
trabalham para acabar com o sinistro. De acordo com o subcomandante, desde o
início a emprego de todo material técnico disponível para esse combate, entre
eles o uso de uma nova tecnologia que é a atuação de drones para alcançar
pontos críticos que apresentam risco para os bombeiros ou nível de alcance
limitado.
“Utilizamos uma tecnologia
inovadora que foi incorporada, o drone de combate ao incêndio, ele entregou o
resultado que desejávamos”, disse.
Além da novidade, outra
tecnologia, dessa vez mais usual, é a espuma sintética que também foi empregada.
O subcomandante explicou que a função dela é abafar e evitar a reignição do
fogo.
CORPO DE BOMBEIROS
O Corpo de Bombeiros Militar
do Amazonas (CBMAM) enviou seis viaturas para combater o incêndio. A equipe
segue trabalhando para conter as chamas e evitar que o fogo se espalhe para
empresas vizinhas.
Segundo o subcomandante do
Corpo de Bombeiros, coronel Borges, ainda não há uma confirmação oficial do que
causou o incêndio. 148 bombeiros foram encaminhados para o local e atuam no
combate às chamas que, segundo a corporação, deve seguir ao longo da madrugada.
Ao todo, cerca de 200militares e mais de 26 viaturas atuam na
ocorrência, entre elas: Auto Bomba Tanque, Auto Bomba Plataforma, Auto Bomba
Florestal, Auto Transporte de Ataque, Auto Rápido, Auto Transporte de Pessoal e
Unidade de Resgate.
VÍTIMAS
Inicialmente, o Corpo de
Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) informou que não houve feridos. Por volta
das 22h, o Complexo Hospitalar Sul emitiu uma nota informando que uma
funcionária deu entrada no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital
28 de Agosto.
A nota também informa que a
mulher foi socorrida e levada à unidade de saúde antes da chegada dos
bombeiros, motivo pelo qual não foi incluída na lista de feridos.
CONTROLE DO FOGO
Após mais de 21 horas de
combate intenso, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) confirmou na
manhã de quarta-feira (6) que o incêndio está controlado e confinado. Apesar
das chamas ainda não estarem completamente extintas, não há risco de propagação
para áreas de floresta, segundo o subcomandante da operação, Coronel Heliton Borges.
“O fogo está controlado. As chamas não estão
extintas, como é possível observar, mas não há risco de propagação. Em nenhum
momento houve avanço para a área de mata que fica na retaguarda dos galpões”,
afirmou o coronel.
DANOS MATERIAIS
O incêndio atingiu dois
galpões industriais, sendo que em um deles foi possível preservar parte da
estrutura. Incêndio atingiu os galpões
das fábricas da Effa Motors e Valfilm da Amazônia.
CARGA DE INCÊNDIO
Effa Motors
Dentro do galpão, havia
grande volume de materiais inflamáveis, como plásticos, solventes e colas.
Queimou material altamente
combustível, como um polipropileno, solvente, cola, muito material plástico e
isso potencializa o fogo e faz com que seja difícil", disse coronel Muniz.
"Incêndios, com essa carga de incêndio, seja, material que queima, ele tem
potencial para durar semanas".
Apesar da gravidade do caso,
o Corpo de Bombeiros informou que um terço do pavilhão foi preservado, além de
centenas de veículos, cuja quantidade exata ainda não informada. O calor
intenso também causou danos aos prédios vizinhos.
"Chegou ali a quebrar
todos os vidros das edificações do lado, mas não propagou também",
afirmou. Uma das principais preocupações também foi a floresta ao lado da área
atingida. "Durante o incêndio, quando ele está no seu pico, existem micro,
pequenas e médias explosões internas. E essas explosões podem projetar pontos
de ignição, ou seja, fagulhas de fogo, para a vegetação. E pegando em uma
vegetação seca, esse incêndio poderia se propagar e a tragédia aumentar",
esclareceu.
EXTINÇÃO DO FOGO
Foi extinto no início da
manhã de quinta-feira (7/08). A operação entrou em sua fase final de rescaldo
na manhã de quinta-feira (7), com o objetivo de retirar todo o entulho até o
fim do dia. “Estamos retirando o entulho e realizando o rescaldo para garantir
que não haja mais risco de reignição. Até o final do dia devemos concluir todo
o trabalho”, garantiu o comandante.
INTERRUPÇÃO DAS ATIVIDADES
A Effa Motors informou que
ainda não tem a real dimensão dos danos materiais causados, mas as autoridades
competentes já estiveram no local e seguem acompanhando os desdobramentos,
realizando todos os procedimentos necessários para garantir a segurança e
apurar as causas do ocorrido.
A Effa Motors declarou que
ainda não tem a real dimensão dos prejuízos, mas que as autoridades seguem no
local, acompanhando os desdobramentos e adotando medidas de segurança.
A Valfilm afirmou que segue
contabilizando os prejuízos causados e que não prevê riscos de desabastecimento
do mercado. Ressaltou também que está priorizando a saúde da funcionária
grávida, única vítima do incêndio, além do bem-estar de todos os colaboradores
afetados pelo incidente.
"Estamos fornecendo todo
o suporte necessário neste momento delicado. Com outros estoques na região
disponíveis e a área produtiva não impactada, nossas operações continuam
atendendo às demandas, mantendo nosso compromisso com a equipe", finaliza
a nota.
A Prefeitura de Manaus e
outros órgãos ambientais já tratam o caso como um desastre ambiental, diante da
queima de material contaminante e dos riscos à saúde pública e ao meio
ambiente.
Reconstrução
"Assim que receber o
laudo do corpo de bombeiros, a empresa deve reassumir a área para reconstrução
do local, do galpão, e também imediata remontagem da linha de produção.
O incêndio que atingiu os
galpões das fábricas da Effa Motors e Valfilm da Amazônia, no Distrito
Industrial 2, em Manaus, foi o maior já registrado na história da capital,
segundo o Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM). O fogo começou na terça (5) e
foi completamente extinto na manhã de quinta‑feira (7), após mais de 40 horas.
Fontes: g1 AM, Rede Amazônica
- 05/08/2025, g1 AM - 05/08/2025; g1 AM - 06/08/2025; A Crítica - 06/08/2025; g1
AM e Rede Amazônica — Manaus - 07/08/2025; g1 AM-07/08/2025; A Critica - 07/08/2025;
g1 AM-08/08/2025
INCÊNDIO DE GRANDE PROPORÇÃO ATINGIU INDÚSTRIA DE EMBALAGEM EM GUARULHOS
Um incêndio de
grande proporção atingiu na tarde de sábado (26/07) uma indústria de embalagens
no bairro Sadokim, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.A corporação foi avisada do
fogo por volta das 14h30. Por volta das 17h50, a Prefeitura de Guarulhos
afirmou que o fogo tinha sido controlado.
CORPO DE BOMBEIROS
De acordo com o Corpo de
Bombeiros, 12 viaturas com 31 homens foram enviadas até a empresa, que fica na
rua Atleca Fratuceli Lopes, 189.
Conforme os bombeiros, o
rescaldo começou pouco antes das 19h. O fogo se concentrou na parte de
armazenamento, do lado externo, não atingindo o galpão. Ainda não se sabe a
causa do incêndio.
Segundo a Defesa Civil
estadual, o fogo teve início em local de armazenamento de materiais e se
alastrou rapidamente, ampliando as proporções da ocorrência.
"Até o momento,
não há registro de vítimas. A ocorrência permanece em andamento, com equipe do
CGE [Centro de Gerenciamento de Emergência] acompanhando as atualizações",
afirma a Defesa Civil em nota.
AEROPORTO
A grande cortina de fumaça
fica na rota de decolagem de aviões do aeroporto de Guarulhos. Pilotos foram
alertados pela torre do controle do problema e orientados a fazerem curvas de
desvio.
Apesar da fumaça, a GRU
Airport, concessionária que administra o aeroporto internacional, diz que as
operações não foram afetadas e ocorrem normalmente. Fonte: Folha de São Paulo - 26.jul.2025
Um carregador de celular
pegou fogo dentro de um avião durante um voo que saiu de São Paulo com destino
a Amsterdã, na Holanda, nesta quarta-feira (6). A cena foi registrada por uma
jornalista brasileira nas redes sociais . Ninguém se feriu.
"Pensei realmente que eu
ia morrer. Era muita fumaça, um cheiro horroroso e a gente não sabia de onde
estava vindo o fogo", comentou Simone Malagoli, no vídeo.
Simone deixou Florianópolis
na noite desta terça-feira (5), embarcando para São Paulo. De lá, seguiu viagem
em um voo com destino a Amsterdã.
Vídeos registrados durante o
voo pela jornalista mostram o interior da aeronave tomado pela fumaça. Nas
imagens, passageiros aparecem cobrindo o rosto com travesseiros, enquanto
comissárias de bordo circulam com extintores e toalhas sobre a cabeça para se
proteger (assista acima).
A aeronave ainda sobrevoava o
oceano quando o carregador portátil, também conhecido como "power
bank", esquentou dentro de uma mochila e pegou fogo. Esse tipo de aparelho
armazena energia, não sendo necessárias tomadas para carregar a bateria de
celulares.
Segundo Simone, faltavam
aproximadamente quatro horas para chegarem ao destino final, e a maioria dos
passageiros dormia, incluindo o dono do carregador.
"De repente, ouço
barulho, uma correria, e olho para o lado e vejo muita fumaça no corredor, mas
muita fumaça mesmo. O pessoal começou a gritar: 'fogo, fogo, fogo! fire!', e o
pessoal começou a ficar apavorado, porque a gente achou que estava pegando fogo
na turbina, no motor, no porão", relatou.
A jornalista contou que
comissárias apagaram o fogo com extintores de incêndio. Fonte: g1 SC-06/08/2025
ACIDENTES COM PATINETES ELÉTRICOS DISPARAM NA ALEMANHA
O número de acidentes
envolvendo vítimas com patinetes elétricos na Alemanha chegou a 11.944 mil em
2024, um aumento de 26,7% em relação ao ano anterior e de 44% em comparação com
2023, segundo informações do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis).
Destes, 1,5 mil pessoas
ficaram gravemente feridas e 11,4 mil sofreram ferimentos leves. O número de
mortos também cresceu: foram 27 vítimas fatais em 2024, ante 22 no ano anterior
e 11 em 2022.
No país, as chamadas
e-scooters são cada vez mais comuns e podem ser alugadas facilmente via aplicativo
para circular nas principais cidades. O número de pessoas que possuem um
patinete próprio cresceu 37% em 2024.
A crescente popularidade do
meio de transporte vem gerando atritos no trânsito e também acidentes devido à
falta de experiência ao conduzir um patinete elétrico ou desatenção às normas.
JOVENS DE ATÉ 25 ANOS SÃO
QUASE METADE DAS VÍTIMAS
No último ano, quase um terço
dos acidentes e metade das mortes ocorreram sem envolvimento de outro veículo
ou pedestres, ou seja, o piloto se acidentou sozinho.
Nos sinistros com mais de um
veículo envolvido, os condutores dos patinetes foram considerados culpados em
quase metade das vezes – número que cresce nas colisões com bicicletas (73%) e
com pedestres (88%). Jovens de até 25 anos são quase metade das vítimas.
Apesar de ser proibido
conduzir um patinete elétrico com mais de uma pessoa, 4,7% dos envolvidos em
acidentes eram passageiros.
Os sinistros têm múltiplas
causas, sendo a principal delas o uso inadequado da via ou a condução em
calçadas, o que é irregular.
O consumo de álcool também
continua sendo um problema grave.
Em 2024, a polícia constatou
que 12,4% dos condutores de patinetes elétricos envolvidos em acidentes estavam
sob efeito de álcool.
Em comparação, a taxa era de
7,8% entre ciclistas. A tolerância ao álcool para pilotar um patinete é zero
para menores de 21 anos e recém-habilitados.
Apesar de conduzir uma
scooter com duas pessoas ser proibido, parte dos acidentes acontece com
passageiros.
CONSUMO DE ÁLCOOL É PRINCIPAL
CAUSA DE ACIDENTES GRAVES
Um estudo da Universidade
Técnica de Munique, publicado em maio deste ano, indica que 62% das vítimas
graves com patinetes elétricos tinham álcool no sangue no momento do acidente.
78% eram homens, e mais da metade dos sinistros ocorreram durante a noite.
"Um bom ponto de partida
seria uma educação direcionada sobre os riscos de lesões graves na cabeça,
especialmente para grupos de alto risco", defendeu o coautor do estudo,
Michael Zyskowski, em nota publicada pela universidade.
E-scooters são autorizadas na
Alemanha desde 2019. Para conduzir, é necessário possuir seguro e ter mais de
14 anos. Carteira de motorista ou uso de capacete não são obrigatórios.
Para Zyskowski, o regulamento
poderia ser mais restritivo. "Para melhorar a segurança rodoviária, seria
razoável limitar a disponibilidade de patinetes [para aluguel] à noite e em
áreas de alto risco, além de reduzir a velocidade máxima em determinados
horários", afirma o pesquisador.
Segundo ele, o foco deve ser
dificultar o uso desses veículos sob efeito de álcool, como por meio de testes
de reação ao alugar o patinete pelo celular.
"Também devemos explorar
a possibilidade de leis obrigatórias sobre o uso de capacete, como as
recentemente introduzidas na Itália", disse ele.
Apesar do aumento acentuado,
os patinetes elétricos ainda representavam uma parcela relativamente pequena
dos acidentes rodoviários totais. Dos 290.701 acidentes de trânsito com vítimas
em 2024, apenas 4,1% envolveram uma scooter elétrica. Fonte: DW - 04/08/20254 de agosto de
2025
EMPRESA QUE NÃO TREINOU EMPREGADO TEM CULPA EXCLUSIVA EM ACIDENTE DE TRABALHO
A ausência de treinamento
prévio faz com que a presunção de culpa por um acidente de trabalho recaia
exclusivamente sobre a empresa, ainda que o trabalhador possa ter cometido ato
inseguro. Com esse entendimento, a Justiça do Trabalho de SC negou o recurso de
uma madeireira de Palma Sola (SC) em ação proposta por um empregado que perdeu
três dedos da mão esquerda num acidente ocorrido em 2018.
O acidente aconteceu enquanto
o trabalhador e outros três empregados usavam uma prensa de chapas de
compensado. Ao tentar acomodar uma das chapas com as mãos, no interior da
máquina, o empregado teve três dedos esmagados. A empresa alegou que o
equipamento não apresentava problemas e atribuiu o acidente a um erro do
próprio empregado, argumentando que o movimento não fazia parte dos
procedimentos de operação da máquina.
Ao analisar o caso, o juiz
Alessandro Friedrich Saucedo (VT de São Miguel do Oeste) condenou a empresa a
pagar um total de R$ 48 mil ao trabalhador, valor que inclui indenização por
dano moral e pensão mensal pela perda parcial da capacidade laborativa. Para o
magistrado, o alto grau de risco da atividade atrai a responsabilidade do
acidente para a madeireira, que não conseguiu demonstrar a culpa exclusiva do
trabalhador.
“Entendo que a
responsabilidade do empregador é objetiva, pois a atividade desenvolvida pelo
autor expôs a riscos excessivos, além daqueles aceitáveis a que estão expostas
todas as pessoas”, apontou o juiz, destacando que uma das testemunhas confirmou
ser necessário, às vezes, ajustar as chapas manualmente. “Não é possível
constatar qualquer conduta da vítima que configurasse ato inseguro durante seus
afazeres”, concluiu o magistrado.
FALTA DE TREINAMENTO
A empresa recorreu e o caso
voltou a ser julgado, desta vez na 5ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho
da 12ª Região (TRT-SC), que também não aceitou o argumento de causa exclusiva
do empregado. Na visão do colegiado, o fato de o trabalhador ter recebido
apenas um treinamento geral — e não uma capacitação específica para operar a
máquina que o vitimou — impede que ele seja responsabilizado pelo
acidente.
“Para que ao empregado seja
imputada a prática de ato inseguro, é necessária a comprovação de que este
detinha plena ciência quanto à correta operação do equipamento, mas
negligenciou as normas procedimentais”, afirmou a desembargadora-relatora Ligia
Maria Teixeira Gouvêa. ”Julgo que a culpabilidade recai exclusivamente sobre o
empregador, por não ter demonstrado o treinamento do trabalhador para executar
de forma segura a sua função.”
Não houve recurso da decisão.
Fonte; Secretaria de
Comunicação Social - TRT/SC - 17/03/2020
QUEIMADAS ATINGIRAM 30 MILHÕES DE HECTARES NO PAÍS EM 2024
A primeira edição do
Relatório Anual do Fogo do MapBiomas mostra que quase metade de toda a área queimada
no Brasil desde 1985 foi na última década
Um quarto (24%) do território
nacional, equivalente à soma das áreas do Pará e do Mato Grosso, queimou pelo
menos uma vez entre 1985 e 2024.
Nas últimas quatro décadas,
206 milhões de hectares foram afetados pelo fogo com intensidades diferentes em
cada um dos seis biomas do País. Ao lado da Amazônia, que bateu recorde de
incêndios florestais em 2024, e da Mata Atlântica, que teve a maior área
afetada por fogo nas últimas quatro décadas, o Pantanal é destaque: teve 62% de
seu territórioqueimado pelo menos uma
vez no período mapeado pelo MapBiomas Fogo.
Os dados também ressaltam
a extensão da área queimada em 2024, quando 30 milhões de hectares foram
afetados – uma área 62% acima da média histórica de 18,5 milhões de hectares
por ano.
Os dados, obtidos a partir do
mapeamento de cicatriz de fogo com imagens de satélite, traçam o mais completo
retrato da ação do fogo em todo o território brasileiro e expõem alguns padrões
da ocorrência das queimadas e dos incêndios. Além de apresentar a alta
concentração do fogo em poucos meses do ano – o período de agosto a outubro
responde por 72% da área queimada no Brasil, com um terço (33%) ocorrendo em
setembro – o relatório aponta os biomas, estados, municípios e áreas protegidas
com maior área queimada. No caso dos biomas, o relatório mostra ainda os que
apresentaram maior recorrência do fogo. Em nível nacional, 64% da área afetada
pelo fogo em todo o país queimou mais de uma vez entre 1985 e 2024.
O Cerrado é o bioma com
maior recorrência do fogo: 3,7 milhões de hectares queimaram mais de 16 vezes
em 40 anos.
Outro dado do relatório é o
tamanho das cicatrizes deixadas pelo fogo no território. Em média, entre 1985 e
2024, a maior proporção (27%) correspondia a áreas queimadas entre 10 e 250
hectares. Em 2024, porém, quase um terço (29%) da área total queimada foi em
mega eventos de fogo com mais de 100 mil hectares afetados. Os dados também
mostram que 43% de toda a área queimada no Brasil desde 1985 teve sua última
ocorrência de fogo nos últimos 10 anos (2014 a 2023).
Entre 1985 e 2024, 69,5% da
área queimada no Brasil ocorreu em vegetação nativa (514 milhões de hectares),
porém no ano de 2024 esse percentual subiu para 72,7% (21,8 milhões de
hectares). Houve mudança também no tipo de vegetação nativa mais afetada: historicamente,
a maior área de vegetação nativa queimada era de formação savânica, com uma
média anual de6,3 milhões de hectares;
em 2024, predominou a formação florestal, com 7,7 milhões de hectares –
extensão 287% superior àmédia
histórica.
Os biomas com maior proporção
de vegetação nativa afetada pelo fogo entre 1985 e 2024 foram Caatinga,
Cerrado, Pampa e Pantanal, todos com mais de 80% da extensão afetada. Na
Amazônia e Mata Atlântica, o fogo ocorreu principalmente em áreas antrópicas
(mais de 55%). No caso de Amazônia, pastagens respondem por 53,2% da área
queimada no período; na Mata Atlântica, 28,9% da extensão queimada eram de
pastagem e 11,4% de agricultura.
PANTANAL LIDERA EM ÁREAS
MAIORES QUE 100 MIL HECTARES QUEIMADOS
Entre os seis biomas brasileiros,
o Pantanal foi o mais afetado pelo fogo nos últimos 40 anos, proporcionalmente.
A quase totalidade (93%) dos incêndios ocorreu em vegetação nativa,
especialmente em formações campestres e campos alagados (71%). As pastagens
representaram 4% das áreas atingidas por fogo. O bioma mostra também uma grande
recorrência do fogo: três em cada quatro hectares (72%) queimaram duas vezes ou
mais nas últimas quatro décadas. As cicatrizes deixadas costumam ser mais
extensas do que em outros biomas: é no Pantanal que se encontra a maior
prevalência de extensões queimadas superiores a 100 mil hectares (19,6%).Áreas com cicatrizes de queimada entre 500 e
10 mil hectares também se destacam (29,5%) e estão distribuídas por diferentes
regiões do bioma. No ano passado, houve um aumento de 157% da área queimada no
Pantanal na comparação com a média histórica do período avaliado pelo MapBiomas
Fogo.
“Os dados históricos mostram
a dinâmica do fogo no Pantanal, que se relaciona com a presença da vegetação
natural e com os períodos de seca. Em 2024, o bioma queimou na região do
entorno do Rio Paraguai, região que passa por maiores períodos de seca desde a
última grande cheia em 2018”, explica Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento
do bioma Pantanal no MapBiomas. No Pantanal, Corumbá foi o município com maior
área queimada acumulada entre 1985 e 2024, com mais de 3,8 milhões de hectares.
MATA ATLÂNTICA BATE RECORDE
EM 2024
No caso da Mata Atlântica, o
ano de 2024 representou um recorde. Os 1,2 milhão de hectares afetados pelo
fogo no ano passado, que ficaram 261% acima da média histórica para o bioma, de
338,4 mil hectares por ano, são a maior extensão de área queimada em um único
ano desde 1985.No ano passado, São
Paulo concentrou 4 dos 10 municípios com maior proporção de área queimada no
Brasil, todos no entorno do município de Ribeirão Preto, uma região predominantemente
agrícola.
Entre 1985 e 2024, 8,3
milhões de hectares foram queimados pelo menos uma vez, o que corresponde a 7%
do bioma nos últimos 40 anos. A maior parte (60%) das cicatrizes mapeadas
ocorreu em área antrópica, sendo a pastagem a classe com maior ocorrência (3,9
milhões de hectares). Entre os tipos de cobertura natural, as formações
campestres lideram, com 2,2 milhões de hectares queimados no período analisado.
As áreas queimadas menores que 250 hectares são predominantes (80,7%). Quase
três em cada quatro hectares afetados pelo fogo na Mata Atlântica (72%) entre
1985 e 2024 queimaram somente uma vez nos últimos 40 anos.
“As áreas naturais na Mata
Atlântica são especialmente vulneráveis ao fogo, que não faz parte da dinâmica
ecológica desse bioma. Quando ocorrem, os incêndios acabam trazendo grandes
impactos aos escassos remanescentes florestais dentro do bioma. Além dos
prejuízos ambientais — como a degradação dos serviços ecossistêmicos
relacionados ao clima, à água e ao solo — são evidentes os danos econômicos e,
principalmente, os para a saúde e qualidade de vida da população”, aponta
Natalia Crusco, da equipe da Mata Atlântica do MapBiomas.
RECORDE DE ÁREA QUEIMADA NA
AMAZÔNIA EM 2024
Em 2024, a Amazônia registrou
a maior área queimada de toda a série histórica iniciada em 1985 e foi, de
longe, o bioma que mais queimou no país. O bioma apresentou aproximadamente
15,6 milhões de hectares queimados, um valor 117% superior à sua média
histórica. Essa área correspondeu a 52% de toda área nacional afetada pelo fogo
em 2024, tornando a Amazônia como o principal epicentro do fogo no Brasil no
ano passado.
Além do recorde em extensão,
2024 também marcouuma mudança em termos
qualitativos: pela primeira vez na série histórica, a vegetação florestal
tornou-se a classe de cobertura e uso da terra mais afetada pelo fogo na
Amazônia. Foram 6,7 milhões de hectares de florestasafetados pelo fogo (equivalente a 43% da área
queimada no bioma), superando os 5,2 milhões de hectares de pastagem queimados
(33,7%). Historicamente, as pastagens sempre haviam sido a classe mais atingida
pelo fogo no bioma.
“O fogo não é um elemento
natural da dinâmica ecológica das florestas amazônicas. As áreas queimadas que
marcaram o bioma em 2024 são resultado da ação humana, especialmente em um
cenário agravado por dois anos consecutivos de seca severa. A combinação entre
vegetação altamente inflamável, baixa umidade e o uso do fogocriou as condições perfeitas para a
propagação do mesmo em larga escala, levando a um recorde histórico de área
queimada na região.” afirma Felipe Martenexen, coordenador de mapeamento do
bioma Amazônia do MapBiomas.
AMAZÔNIA E CERRADO CONCENTRAM
86% DA ÁREA QUEIMADA NO BRASIL
O Cerrado também se destaca
pela extensão afetada pelo fogo. Juntos, Cerrado e Amazônia,responderam por 86% da área queimada pelo
menos uma vez no Brasil entre 1985 e 2024: foram 89,5 milhões de hectares no
Cerrado e 87,5 milhões de hectares na Amazônia. Embora a área queimada nos dois
biomas seja semelhante, há uma grande diferença em termos proporcionais, uma
vez que a área total da Amazônia é quase o dobro do Cerrado. Por isso, na
Amazônia, a área queimada pelo menos uma vez nos últimos 40 anos corresponde a
21% do bioma; no Cerrado, esse percentual é de 45%.
É também na Amazônia e no
Cerrado que se encontram os três estados brasileiros líderes em área queimada:
Mato Grosso, Pará e Maranhão. Juntos, eles concentram 47% da área queimada em
todo o Brasil entre 1985 e 2024.Entre
os 15 municípios brasileiros que mais queimaram – e que, juntos, respondem por 10%
de toda a área afetada pelo fogo no Brasil nos últimos 40 anos – sete estão no
Cerrado e seis na Amazônia.
No Cerrado, a área
queimada, de 10,6 milhões de hectares em 2024, equivale a 35% do total queimado
no país no ano passado e representa um crescimento de 10% em relação à média
histórica de 9,6 milhões de hectares por ano.
“Historicamente, o Cerrado
evoluiu com a presença de fogo natural, geralmente provocado por raios durante
o início da estação chuvosa. No entanto, o que temos observado é um aumento
expressivo dos incêndios no período de seca, impulsionado principalmente por
atividades humanas e agravado pelas mudanças climáticas. Um dado especialmente
preocupante é o avanço do fogo sobre as formações florestais no Cerrado, que em
2024 atingiram a maior extensão queimada dos últimos sete anos — uma mudança na
dinâmica do fogo que ameaça de forma crescente a biodiversidade e a resiliência
desse bioma” comenta Vera Arruda pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do
MapBiomas Fogo.
CAATINGA E PAMPA: QUEIMADAS
ABAIXO DA MÉDIA EM 2024
Na Caatinga, a extensão
queimada, de 11,15 milhões de hectares queimados entre 1985 a 2024, representou
13% do bioma. Cerca de 38% da área queimada no bioma foi afetada pelo fogo mais
de uma vez ao longo dos últimos 40 anos. A prevalência foi de áreas menores que
250 hectares (53%). As formações savânicas são o tipo de vegetação mais afetado
pelo fogo (79%) na Caatinga, e representam 95% da vegetação nativa. Em 2024,
houve uma redução da área queimada de 16% com404 mil hectares queimadosa
respeito da média histórica de 480 mil hectares.
“Apesar de o fogo não ser um
elemento natural predominante na dinâmica ecológica da Caatinga, sua
recorrência em determinadas regiões chama a atenção. As formações savânicas têm
sido as mais impactadas, o que reforça a importância do monitoramento. A queda
observada em 2024, com valores abaixo da média nos últimos 10 anos da série
histórica, é positiva, mas não garante uma tendência de redução a longo prazo.”aponta Soltan Galano da equipe Caatinga do
MapBiomas.
PAMPA
O Pampa, por sua vez, tem a
menor área queimada – tanto em extensão (495 mil hectares), como
proporcionalmente em relação ao total do bioma (3%). Apesar de um leve aumento
em relação a 2023, os valores permaneceram abaixo da média anual, de 15,3 mil
hectares. O ano com maior área queimada dentro do período analisado foi 2022,
com 36,2 mil hectares.
As áreas queimadas no Pampa
são predominantemente pequenas, com cerca de 93% das cicatrizes de fogo
atingindo menos de 250 hectares. A maior parte dos incêndios (95%) ocorre em
áreas naturais, predominando nas formações campestres. A silvicultura foi o
tipo de uso antrópico com maior extensão de área queimada (19,6 mil hectares).
“A proporção de área queimada
no Pampa costuma ser baixa. Em 2024 os valores ficaram abaixo da média
histórica, especialmente por contado
fenômeno El Niño. No sul do Brasil,ele
se manifesta com volumes expressivos de chuva, como as observadas no primeiro
semestre — que incluíramas enchentes de
maio. Embora o fogo ocorra em menor escala no bioma, muitas áreas naturais
estão sujeitas a incêndios catastróficos nos períodos mais secos, como as áreas
pantanosas e os campos com grande acúmulo de biomassa, que resultam em danos
ambientais expressivos”, afirma Eduardo Vélez, coordenador de mapeamento do
bioma Pampa do MapBiomas.
Na avaliação dos
pesquisadores, os dados traçam o mais completo retrato da ação do fogo em todo
o território nacional e expõem alguns padrões da ocorrência das queimadas e dos
incêndios.
“O relatório permite apoiar o
planejamento de medidas preventivas e direcionar de forma mais eficaz os
esforços de combate aos incêndios”, conclui Ane Alencar, diretora de Ciências
do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo. Fonte: MapBiomas - 24 de
junho de 2025
Estudo encontra agrotóxicos
em amostras recolhidas em cidades paulistas. Exposição crônica mesmo a baixas
doses dessas substâncias pode causar danos à saúde.
A água da chuva se tornou uma
fonte alternativa de água potável devido à escassez causada pelas mudanças
climáticas e ao crescimento populacional. No entanto, os Centros de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC) não recomendam o uso dessa água para beber, cozinhar
ou tomar banho sem tratamento prévio e enfatizam que a análise dela é
importante já que pode detectar contaminantes.
E foi justamente isso que um
grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fez. Eles
coletaram amostras de água da chuva entre agosto de 2019 e setembro de 2021 em
três cidades paulistas: Campinas, Brotas e a capital São Paulo. Eles
descobriram que essa água pode ser uma fonte de contaminação por agrotóxicos.
Segundo a pesquisa, cujo
resultado foi divulgado na revista científica Chemosphere no final de abril, 14
tipos de agrotóxicos foram identificados nessas amostras.
"Nós já sabíamos que uma
quantidade de agrotóxico é encontrada nas águas dos rios, mas na água da chuva
foi a primeira vez que foi estudado no Brasil. Isso mostra que essas partículas
de agrotóxicos estão presentes no ar", explica Cassiana Montagner,
pesquisadora do Instituto de Química da Unicamp, coordenadora do Laboratório de
Química Ambiental.
Os agrotóxicos podem chegar
aos rios de várias maneiras, como através do escoamento superficial da água da
chuva que carrega os produtos químicos, do manejo inadequado do solo ou do
vazamento ou derramamentos acidentais.
OS AGROTÓXICOS ENCONTRADOS
O herbicida atrazina, usado
em larga escala pelo agronegócio no país, foi detectado em todas as amostras de
água da chuva coletadas nas três cidades que integram o estudo e o fungicida
carbendazim, que tem seu uso proibido no Brasil, foi encontrado em 88% do
material coletado. Em Brotas ele foi o agrotóxico encontrado em maior
quantidade. O herbicida tebuthiuron foi detectado pela primeira vez em água de
chuva, estando presente em 75% das amostras.
Em 2022, a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso do carbendazim, dando o prazo de
doze meses para que os agricultores se adequassem à nova regra. A substância
pode causar mutações genéticas, diminuir a fertilidade e prejudicar o feto.
As concentrações dos
agrotóxicos encontradas nas amostras não ultrapassaram os limites permitidos
para a água potável no Brasil. Porém, algumas das substâncias detectadas não
têm padrões de segurança estabelecidos, ou seja, não há indicadores de
concentração segura.
Além disso, segundo os
pesquisadores, a exposição crônica mesmo a baixas doses dessas substâncias pode
causar danos à saúde humana a longo prazo. "Ninguém bebe ou tem contato
com essa água da chuva todos os dias, então o risco não é direto. Mas esse
estudo acende um alerta. Por exemplo, alguns desses produtos têm relação com
doenças crônicas como infertilidade, doenças neurológicas, respiratórias e
podem causar câncer", acrescenta Montagner.
PRESENTES NA ATMOSFERA
Com relação ao reuso, a
pesquisadora afirma que não há problemas em usar essa água da chuva para lavar
os quintais, por exemplo.
Outro ponto importante,
segundo o estudo, é que ao encontrar essas partículas de agrotóxicos na água da
chuva, isso mostra que essas substâncias estão presentes na atmosfera, ou seja,
também pode estar presente no ar que respiramos.
A pesquisa apontou também que
Campinas foi a cidade que apresentou a maior concentração de agrotóxicos, com
701 microgramas por metro quadrado. O município tem quase metade do território
ocupado por lavouras – o maior território de plantio entre as cidades
analisadas no estudo.
Em Brotas, onde os plantios
ocupam 30% da cidade, ficou em segundo lugar com a média de 680 microgramas por
metro quadrado. Já em São Paulo, que possui apenas 7% do seu território
agrícola, os índices chegaram a 223.
COMO OS AGROTÓXICOS VÃO PARAR
NA ÁGUA DA CHUVA
Parte dos agrotóxicos
aplicados nas lavouras se dissipa na atmosfera e pequenas partículas podem se
condensar nas gotículas de água que formam a chuva. Com a precipitação, o
produto retorna ao solo e pode alcançar locais mais distantes das plantações.
Isso acontece porque fatores como vento, temperatura e umidade influenciam na
sua distribuição.
O que ocorre com os
agrotóxicos é semelhante ao que ocorre com a chuva ácida. Esse tipo de chuva é
caracterizado pelos níveis elevados de ácidos sulfúrico e nítrico, formados
pela reação de dióxido de enxofre (SO₂) e óxidos de nitrogênio (NOₓ) com a
umidade da atmosfera. Esses poluentes são liberados principalmente pela queima
de combustíveis fósseis.
A diferença é que a
quantidade de micropartículas de agrotóxicos encontradas na água da chuva,
ainda estão em uma quantidade pequena, quando comparada à chuva ácida. "Eu
não diria que é uma nova vertente da chuva ácida, mas sim, mais um poluente que
estamos encontrando na água da chuva", diz Montagner. Fonte: DW - 24/05/2025
Animais da Baviera foram
afetados pelo desastre nuclear de Chernobyl em 1986. Desde então, várias
espécies se recuperaram. Mas níveis de radioatividade permaneceram elevados em
javalis. Cientistas explicam o porquê.
O acidente nuclear de
Chernobyl, em 1986, na antiga União Soviética, teve um grande impacto negativo
na fauna e na flora da Europa Central. Nos anos seguintes ao desastre, o
consumo de cogumelos e de carne de animais silvestres foi desencorajado devido
à contaminação radioativa, especialmente no sul da Alemanha.
Nos últimos anos, a
contaminação em veados e corças selvagens diminuiu. Mas a radiação em javalis
permaneceu elevada, em contraste com outros animais. Isso ficou conhecido como o
"paradoxo do javali". Agora, um grupo de pesquisadores acredita ter
encontrado a razão da persistência dessa contaminação. Os resultados foram
divulgados nesta quarta-feira (30/08) na revista Environmental Science &
Technology.
Os pesquisadores estudaram
especificamente 48 javalis (Sus scrofa) abatidos no estado alemão da Baviera
entre 2019 e 2021, a cerca de 1.300 quilômetros de distância da antiga usina de
Chernobyl. Eles encontraram uma exposição desproporcional ao isótopo radioativo
césio-137 entre 370 e 15.000 becqueréis por quilograma, ou 25 vezes mais do que
o limite legal de 600 becqueréis permitido pela União Europeia (UE). E nem toda
essa contaminação tem origem no acidente de Chernobyl.
CHERNOBYL NÃO É A ÚNICA CAUSA
Estudos anteriores calcularam
que cerca de 10% do césio radioativo presente nos javalis da Baviera remontava
a testes de armas nucleares na década de 1950 e 1960. Os outros 90% seriam
resultado do desastre de Chernobyl.
No entanto, a nova análise
revelou que a maior quantidade de césio-137 detectada nos javalis estudados foi
liberada durante os testes de armas nucleares que antecederam a catástrofe de
Chernobyl. Especificamente, até 68% do césio presente nos javalis veio de
antigos testes de armas nucleares - uma proporção surpreendentemente elevada.
"Mesmo que Chernobyl não
tivesse acontecido, algumas amostras excederiam o limite", explica o
cientista Georg Steinhauser, radioecologista da Universidade Técnica de Viena e
coautor do estudo.
Até hoje, mesmo 60 anos
depois do auge, as consequências ambientais e para a saúde dos testes de armas
nucleares têm sido pouco estudadas.
UM TIPO DE TRUFA PODE ESTAR
POR TRÁS DA CONTAMINAÇÃO
O cientista sugere que um
tipo de cogumelo, conhecido como trufa de veado (da família Elaphomyces) pode ser
o responsável por essa radioatividade "tardia" nos javalis. Como o
césio é absorvido lentamente pelo solo, pode levar bastante tempo até que
chegue aos fungos locais, que depois são consumidos pelos javalis, que têm uma
preferência alimentar por cogumelos e trufas.
"Isso explica por que o
césio 'velho' é encontrado desproporcionalmente em javalis", aponta
Steinhauser.
"As trufas de veado, que
podem ser encontradas a profundidades de 20 a 40 centímetros, só agora estão
absorvendo o césio liberado em Chernobyl. O césio dos antigos testes de armas
nucleares, por outro lado, já chegou lá há algum tempo."
Assim, também não se espera
que a contaminação da carne de javali diminua significativamente nos próximos
anos, porque só agora parte do césio de Chernobyl está sendo incorporado nas
trufas.
"O nosso trabalho mostra
quão complicadas podem ser as interrelações nos ecossistemas naturais",
diz Steinhauser. "Mas também mostra precisamente que as respostas a tais
enigmas podem ser encontradas se as medições forem suficientemente
precisas."
O LEGADO DOS TESTES NUCLEARES
Os Estados Unidos e a União
Soviética realizaram mais de 900 testes nucleares nas décadas de 1950 e 1960,
durante a Guerra Fria - destes, mais de 400 foram feitos na superfície,
liberando radiação na atmosfera.
O césio-137 tem meia-vida
física (tempo necessário para que metade dos átomos presentes em uma amostra
radioativa desintegre-se) de cerca de 30 anos, o que significa que 25% da
radioatividade liberada pelos testes ainda permanece. Enquanto isso, o material
liberado pela usina de Chernobyl ainda apresenta cerca de 42%.
MEDIÇÃO DA RADIOATIVIDADE
ANTES DO CONSUMO
O Departamento Federal de
Proteção Radiológica da Alemanha (BfS, na sigla em alemão) aponta que muitos
cogumelos, especialmente na Baviera, ainda estão contaminados com césio
radioativo.
Em certos cogumelos, foram
medidos mais de 4.000 becqueréis de césio-137 por quilograma de massa durante
testes dos anos de 2019 a 2021. No entanto, a origem do material radioativo não
foi investigada nesses testes.
Segundo o Centro Alemão de
Pesquisa do Câncer (DKFZ, na sigla em alemão), o césio-137 pode se acumular no
tecido ósseo e danificar o material genético. A longo prazo, isso pode provocar
câncer nos ossos e leucemia. Portanto, tanto os caçadores quanto os coletores
de cogumelos devem medir os níveis de radiação antes de consumirem fungos e
carne de animais silvestres.
A carne de javali, por muito
tempo, foi considerada uma iguaria na região. Mas, nas últimas décadas, o consumo
vem diminuindo, destaca Steinhauser.
Segundo ele, isso também traz
impactos ecológicos: sem um grande consumo, a caça a javalis pode diminuir,
aumentando a possibilidade de que as populações desse animal cresçam de forma
incontrolável, ameaçando as florestas da Baviera, uma vez que muitos javalis podem
causar danos à vegetação e às fazendas próximas. DW - 01/09/2023
MORTES DE OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SP AUMENTAM
Acidentes no setor no
estado subiram de 10.725 para 11.987 no mesmo período, segundo dados de
Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) na plataforma do governo federal
eSocial.
Número de
acidentes com mortes no setor da construção civil aumentou de 52, em 2023, para
57, em 2024, em São Paulo, o equivalente a 10%.
·Dados são de Comunicação de Acidentes de Trabalho
(CAT) na plataforma do governo federal eSocial.
·Atividades com mais acidentes e, consequentemente,
mortes são construção de edifícios, incorporação de empreendimentos
imobiliários e serviços de engenharia.
O número de operários
do setor da construção civil no estado de São Paulo que morreram no trabalho
aumentou nos últimos anos. Em 2023, foram registrados 10.725 acidentes, que
ocasionaram 52 mortes. Em 2024, as ocorrências saltaram para 11.987, com 57
óbitos.
Em 2025, só nos
quatro primeiros meses, já são 4.010 acidentes com 15 mortes. Os dados são de
Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) na plataforma do governo federal eSocial,
registro oficial de acidente ou doença ocupacional ocorrido com um trabalhador
feito pelo empregador.
O documento apresenta
dados de CATs no setor da construção civil no estado de São Paulo com base nos
CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) mais comuns do setor.
As atividades com
mais acidentes e, consequentemente, mortes são construção de edifícios,
incorporação de empreendimentos imobiliários e serviços de engenharia.
·Construção de edifícios: 2.301 acidentes e 8 mortes
em 2023; em 2024, foram 2.590 acidentes e 12 óbitos.
·Incorporação de empreendimentos imobiliários: 2.196
acidentes e 9 mortes em 2023; em 2024, foram 2.573 acidentes e 10 óbitos.
·Serviços de engenharia: 916 acidentes e 3 mortes em
2023; em 2024, foram 998 acidentes e 7 óbitos.
Na segunda-feira
(19), três operários morreram após a queda de um elevador de carga na obra de
um condomínio residencial Reserva Raposo, na Zona Oeste de São Paulo.
AUMENTO DE 14% NOS
ACIDENTES EM 2025
Os números de
acidentes, no entanto, podem ser maiores, segundo a coordenadora-geral de
fiscalização em segurança e saúde no trabalho no Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) Viviane de Jesus Forte.
Em uma reunião ao
vivo transmitida online em 28 de abril, no dia da Campanha Nacional de
Prevenção de Acidentes do Trabalho, ela chamou atenção para a subnotificação e
falta de padronização nos procedimentos de registro de acidentes.
"O setor de
construção civil se destaca na geração de ocorrências de acidentes
fatais", disse ela, na ocasião.
Diferentemente do
eSocial, onde o registro é feito pelo empregador, os dados de acidentes
trabalhistas fornecidos pela Secretaria da Saúde do estado são registrados no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
Ou seja, esses dados são cadastrados e notificados pelos municípios, cabendo a
eles também a investigação destes casos.
Dados da pasta da
Saúde de São Paulo também mostram o aumento nos acidentes de trabalho em
atividades da construção civil em 2025.
O estado registrou um
aumento de 13,9% nos acidentes de trabalho em atividades da construção civil
até março de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Até março deste ano,
377 casos foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan), do Ministério da Saúde. O número equivale a mais de quatro acidentes
por dia. Em todo o ano passado, foram 1.390 casos de acidentes de trabalho no
setor.
Dados de CATs no setor da construção civil no estado de São
Paulo com base nos CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) mais
comuns do setor. Fonte: g1 SP — São Paulo - 20/05/2025