Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Segurança, Meio Ambiente, Riscos, Ciência e Tecnologia

terça-feira, dezembro 02, 2025

ANVISA MANDA RECOLHER LAVA-ROUPAS LÍQUIDO DA YPÊ POR CONTAMINAÇÃO

 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou na quinta‑feira (27/11) o recolhimento de lotes de sabão líquido de lavar roupa da marca Ypê.

De acordo com a agência, a própria fabricante constatou a contaminação microbiológica nos produtos, a partir da presença da bactéria Pseudomonas aeruginosa nesses lotes.

>> OS LOTES A SEREM RECOLHIDOS SÃO:

Lava Roupas Líquido Tixan Ypê - versão Primavera (Lote 254031, 193021);

Lava Roupas Líquido Tixan Ypê - versão Maciez (Lote 097021);

Lava Roupas Líquido Tixan Ypê Express - versões “Combate Mau Odor” (Azul) (Lotes: 176011, 228011, 205011, 203011, 169011) e “Cuida das Roupas” (Rosa) - (Lotes: 181011, 170011, 220011);

Lava Roupas Líquido Ypê Power Act (Lotes: 228031, 190021, 223021).

Além do recolhimento, está suspensa a venda e distribuição dos lotes.

Anvisa determina recolhimento de sabão líquido da marca Ypê por contaminação por bactéria.

 Os consumidores que tiverem produtos dos lotes citados devem entrar em contato com o SAC da empresa - 0800 1300 544. Os consumidores irão receber um novo produto, informou a empresa.

Em comunicado, a marca Ypê informou que a bactéria foi encontrada a partir de testes feitos por um laboratório especializado independente.

A bactéria é comumente presente no ar e na água, com baixa probabilidade de causar danos às pessoas, conforme a nota.

"De forma isolado, o microorganismo pode causar ou agravar eventual quadro infeccioso em pessoas com sistema imunológico debilitado. E mesmo que este risco ainda seja minimizado pelas características normais de utilização de um lava-roupas (diluição em água, inexistência de contato prolongado com a pele), recolheremos os produtos do mercado", diz a empresa. Fonte: Agência Brasil-Publicado em 27/11/2025

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terça-feira, novembro 25, 2025

TORNADO ARRASA A CIDADE RIO BONITO DO IGUAÇU NO PARANÁ

LOCALIZAÇÃO 

Rio Bonito do Iguaçu é um município localizado na região Centro-Sul do estado do Paraná, a aproximadamente 400 quilômetros de Curitiba (capital do estado). O município, com  população estimada de cerca de 14 mil habitantes segundo dados do IBGE de 2020, encontra-se próximo à cidade de Laranjeiras do Sul, localizada a apenas 18 quilômetros de distância.

Registros mostram que as rajadas provocaram destelhamento de residências, além de quedas de árvores e postes.  A cidade está sem energia elétrica e quase 50% das estruturas da área urbana   foram deterioradas.

Estima-se que mais de 50% da zona urbana foi afetada por destelhamentos. Houve inúmeros colapsos estruturais  de edificações comerciais, de órgãos públicos e residências. A malhas viária foi comprometida e a rede elétrica foi danificada. Informou a Defesa Civil.

TORNADO

O tornado atingiu a cidade por volta das 17h30 de sexta‑feira (7/11). Segundo meteorologistas, o fenômeno foi causado por um ciclone extratopical que atinge o sul do país.

Rio Bonito do Iguaçu foi a cidade mais atingida, mas outros municípios da região, como Laranjeiras do Sul e Guarapuava também sentiram os efeitos do tornado. O tornado atingiu a cidade com temporal, vento forte e granizo, deixando um rastro de destruição.

A tempestade que atingiu a cidade foi causada por um tornado formado dentro de uma supercélula, segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná).

Na escala Fujita, que determina a intensidade dos tornados, a tempestade foi classificada inicialmente como um F2, quando são registrados ventos de 180 a 250 km/h. Horas depois, contudo, o Simepar alterou o diagnóstico, elevando o fenômeno para F3 (entre 250 e 330 km/h).

INFRAESTRUTURA

ENERGIA ELÉTRICA

Segundo a Copel, 280 postes e três torres de alta tensão da região foram derrubadas pelos ventos, deixando a cidade no escuro.

ESTRADAS

Diversas estradas e rodovias foram bloqueadas. As rodovias PRC-158, em Rio Bonito do Iguaçu, e PRC-466, em Guarapuava, tiveram o tráfego de veículos interrompidos  mas já estão liberadas. A desobstrução da PR-170, por outro lado, deve demorar cerca de 10 dias devido à intensidade dos estragos.

VÍTIMAS E RESGATE

Mortes – Ribeirão Bonito do Iguaçu (7); Guarapuava (1)

Feridos - o serviço médico e de socorro da região atendeu 835 pessoas. Mais de 30 pessoas  seguiam internadas, sendo quatro delas em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

DEFESA CIVIL

A Defesa Civil enviou para a cidade 2.600 telhas, 1.200 cestas básicas, 565 colchões, 270 kits higiene, 204 kits limpeza, 150 kits dormitório e 54 bobinas de lona.

Mais de mil pessoas ficaram desalojadas e ainda dependem de abrigos ou da ajuda de vizinhos e parentes.

Na cidade, escolas, postos de saúde e centros comunitários estão sendo usados como abrigos temporários.

MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS

Diversas corporações estaduais estão na região. Equipes dos bombeiros, da Polícia Militar, da Secretaria de Saúde e de outros órgãos prestam auxílio. Há suspeita de vítimas presas em escombros. Cães farejadores são usados nas buscas.

SAÚDE

Hospitais da região de Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Cascavel estão mobilizados para o atendimento às vítimas.

Em Laranjeiras do Sul, os atendimentos estão sendo realizados em duas unidades hospitalares, uma unidade de saúde e uma faculdade. Em um dos hospitais, 216 atendimentos foram realizados até o momento. Desse total, 51 foram transferidos para outras unidades, três passaram por cirurgia de ortopedia, uma por cirurgia geral e dois pacientes estão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado instável.

Em outro hospital, 100 atendimentos foram realizados, sendo que cinco deles cirúrgicos, cinco pessoas foram transferidas e duas crianças e cinco gestantes atendidas. Os demais casos são de pacientes clínicos estáveis. Na Unidade de Saúde foram 103 atendimentos e, na faculdade, 18 casos. Os pacientes que precisaram de transferências foram levados para o Hospital Universitário de Cascavel e o Hospital Regional de Guarapuava.

Mais de 30 ambulâncias da 5ª e 7ª Regionais de Saúde estão disponíveis para atendimento, com mais de 100 profissionais de saúde e voluntários envolvidos. Os Pronto Atendimentos de Nova Laranjeiras, Cantagalo e Saudade do Iguaçu também foram disponibilizados para receber as vítimas.

O Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) foi acionado e enviou 1.000 unidades de soro 500 ml e 1.000 unidades de ringer (outro tipo de soro) para apoio aos hospitais de Laranjeiras do Sul. Municípios da região do desastre também estão doando medicamentos e insumos para as unidades que estão recebendo os pacientes.

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) também está enviando cerca de 10 mil unidades de 17 tipos de materiais diferentes, incluindo ataduras, seringas, compressas, agulhas, entre outros insumos, que auxiliarão os hospitais nos atendimentos das vítimas.

TESTEMUNHAS DO EVENTO

·      A dona de casa Kelly, que viu sua casa desabar diante dos olhos. "Tudo aconteceu muito rápido. O céu escureceu, começou a ventar e derrubou a janela. Só deu tempo de pegar um colchão pra colocar em cima da minha família pra proteger. Mesmo assim, duas tias ficaram feridas. Da casa não sobrou nada", contou ainda em choque.

·      Vendaval durou de 30 a 40 segundos e "detonou tudo", disse Adilson Camilo, morador de Rio Bonito do Iguaçu."Começou a voar tudo. Voaram telhas, parede. Tudo o que você imaginar", contou. Corremos para o banheiro e o banheiro voou, começou a rachar. Corremos para o quarto de visitas e começou a desabar. Corremos para o nosso quarto, nos abraçamos a pedimos a Deus: 'Deus, ajuda a gente, por favor', disse Adilson Camilo.

·      Na quadra ao lado, Eliandro Felan, dono de uma conveniência, também não sabe como será o futuro. O telhado do estabelecimento foi arrancado pelo vento, a fachada voou longe e o ar‑condicionado despencou sobre um cliente que estava no local e precisou ser levado ao hospital. "Agora, na verdade, vai ser tudo do zero. Vamos ver como será, como virão as ajudas e ver como vai ficar", afirma.

·      Roseli Pereira de Souza é dona de uma panificadora, conta que, no momento em que o tornado atingiu a cidade, estavam trabalhando. O vento destruiu o estabelecimento, mas os cinco funcionários e os clientes que estavam no local não se feriram. "A gente ainda não parou pra pensar como será daqui para frente. Primeiro estamos vendo os estragos, ver o que dá para aproveitar." Ela não sabe estimar os prejuízos, mas diz que a destruição foi total.

·      A técnica de enfermagem aposentada Glaci Tereza Merlak, 63, estava em casa com o marido, Vilmar, quando o tornado iniciou. Eles conversavam sobre a possibilidade de temporal quando foram surpreendidos pelo vento forte. O marido tentou segurar uma porta de vidro, que acabou estourando e o jogou contra uma geladeira, arrastada por vários metros. Ferida, ela procurou ajuda dos vizinhos. "Tentamos abrir a porta para pedir socorro, mas não havia a quem, porque todos estavam na mesma situação", relata.

·      A aposentada Tereza Bittu, 88, conta que um fogão salvou sua vida. A parede da casa desabou em sua direção, mas um fogão que estava em um local mais elevado da residência serviu como proteção. Socorrida por um vizinho, com apoio de policiais, ela foi levada para um hospital de Laranjeiras. O olho roxo e marcas pelo corpo mostram o impacto de objetos contra ela. "Eu acho que escapei foi pelo amor de Deus", afirma. A aposentada está na casa de uma filha em Laranjeiras do Sul.

LIMPEZA DA CIDADE

O coordenador da Defesa Civil do estado, afirmou que a cidade deve estar limpa em dois ou três dias, com a retirada de entulhos e escombros.  

PREJUÍZOS

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) estimou que os prejuízos já ultrapassariam 114,5 milhões.

RECONSTRUÇÃO

Cerca de 40% dos imóveis da cidade precisarão ser totalmente reconstruídos, aponta relatório preliminar Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) e da Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná).

Os outros imóveis atingidos, 60%, ainda teriam condições de passar apenas por reformas, sem necessidade de demolição.

Segundo a concessionária de energia, Copel, cerca de 200 profissionais estão na cidade para restabelecimento de energia elétrica. Fontes: Correio do Povo-08/11/2025; Folha de São Paulo - 8.nov.2025; BBC News Brasil - 8 novembro 2025; UOL- 08/11/2025; UOL- 09/11/2025; Folha de São Paulo - 9.nov.2025; Folha de São Paulo - 10.nov.2025; Folha de São Paulo - 11.nov.2025



ATUALIZAÇÕES DAS INFORMAÇOES – 26/11/2025

·      Tornado em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava, Paraná, foi classificado como F4 com ventos de até 418 km/h, conforme laudo do Simepar.

·      Onze cidades foram atingidas; Turvo teve ventos F2. Inicialmente, ventos foram estimados em F2, mas elevou-se para F3 antes de confirmar F4.

·      Destruição em 90% de Rio Bonito do Iguaçu deixou mais de mil desalojados e sete mortos, incluindo um caso de morte por estresse pós-traumático.

O laudo técnico elevou para categoria F4 os ventos em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava. Nova avaliação foi divulgada hoje pelo Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná).

O que aconteceu

Um tornado de categoria F4 na escala Fujita, tem ventos estimados entre 332 km/h e 418 km/h. Simepar concluiu nesta semana o laudo técnico que detalha a trajetória e a classificação dos três tornados que atingiram 11 cidades do Paraná naquela data.

Ventos que atingiram cidade de Turvo foram mantidos na categoria F2. Neste caso, a velocidade do vento é estimada entre 180 km/h e 253 km/h.

Onze municípios foram atingidos: Rio Bonito do Iguaçu, Turvo, Guarapuava, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Porto Barreiro, Laranjeiras do Sul, Virmond, Cantagalo e Candói.

Inicialmente, o Simepar estimou ventos de 250 km/h (F2), mas dias depois elevaram para 330 km/h (F3). A escala Fujita, sistema usado para classificar tornados, vai até o nível F5.

Escala de tornados:

F0 > ventos entre 65 km/h e 116 km/h;

F1 > ventos entre 116 km/h e 180 km/h;

F2 > ventos entre 180 km/h e 253 km/h;

F3 > ventos entre 253 km/h e 332 km/h;

F4 > ventos entre 332 km/h e 418 km/h;

F5 > ventos entre 418 km/h e 511 km/h.

Fonte: UOL, em São Paulo - 26/11/2025 

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terça-feira, novembro 18, 2025

POR QUE OS TRENS NÃO TÊM CINTO DE SEGURANÇA?


Aviões têm. Carros também. Por que não trens? A resposta não é tão óbvia: uma mistura de design, física e um pouco de economia.

Os trens de fato não são o meio de transporte mais comum no Brasil. Mas se você já viajou pela ferrovia Vitória-Minas, a Estrada de Ferro Carajás ou mesmo em um trem europeu, deve ter notado uma característica particular: não há cintos de segurança.

Os carros têm, os ônibus e os aviões também, mas nos trens eles não são obrigatórios nem comuns. No Brasil, o cinto de segurança é obrigatório apenas nos assentos reservados para pessoa portadora de deficiência. A razão, segundo especialistas, não é a falta de preocupação com a segurança, mas sim uma combinação de fatores técnicos, práticos e econômicos.

Para começar, os acidentes ferroviários são extremamente raros. Dados da Comissão Europeia de 2019 indicam que o risco de morte para um passageiro de trem na União Europeia é de apenas 0,09 mortes por bilhão de quilômetros percorridos, cerca de 28 vezes menor do que no transporte por automóvel. Diante dessa baixa taxa de acidentes, equipar todos os trens com cintos seria um gasto difícil de justificar, conforme o IFL Science.

Mas a explicação vai além dos custos. Os trens são projetados de forma muito diferente dos carros: os passageiros podem viajar em pé, caminhar entre os vagões ou trocar de assento. Essa variedade de posições torna impossível garantir o uso do cinto no momento de um acidente. Neste cenário, os passageiros que circulam livremente podem se tornar projéteis humanos, colocando os demais em risco.

Um relatório de segurança ferroviária explica que a maior parte das lesões em acidentes de trem ocorre devido ao impacto dos passageiros contra os assentos. No entanto, nos trens, eles são projetados para absorver o choque e limitar o movimento corporal, reduzindo a gravidade das lesões. Nesse contexto, os cintos de segurança não trariam uma melhoria significativa e, em alguns casos, poderiam até piorar os resultados.

POUCO PRÁTICO

Pesquisadores também testaram a instalação de cintos de segurança de três pontos, semelhantes aos usados em automóveis. Os resultados foram mistos: os passageiros que os usavam sofriam menos lesões e os que não os utilizavam saíam mais prejudicados ao colidir com assentos mais rígidos. Entretanto, chegou-se a detectar um aumento de lesões cervicais em mulheres de baixa estatura e adolescentes.

Além disso, o cinto de segurança de três pontos não pode ser facilmente adaptado aos assentos existentes dos trens, o que exigiria a substituição de toda a infraestrutura interna dos vagões.

Assim, instalar cintos de segurança em trens também seria pouco prático. Como explicou o jornal americano The New York Times, a opção mais simples e econômica — o cinto de dois pontos usado em aviões — não protegeria adequadamente os passageiros em trens, que se movem lateralmente, além de para frente e para trás.

Em teoria, se todos os passageiros permanecessem sentados e com os cintos afivelados durante toda a viagem, os cintos poderiam melhorar a segurança. Mas isso quebraria a essência da experiência de viajar de trem, em que os passageiros valorizam a liberdade de se movimentar, levantar-se ou ir até o vagão restaurante.

"Isso tem sido considerado por muitos anos”, explicou em 2017 Steven R. Ditmeyer, ex-diretor de pesquisa e desenvolvimento da Administração Federal Ferroviária dos Estados Unidos, ao site Global News. "Em nenhum lugar do mundo se usam cintos de segurança em trens. As pessoas gostam de viajar de trem justamente pela liberdade de se levantar e caminhar, e os funcionários não querem ter que obrigar os passageiros a usar cintos.”

Portanto, ao menos por enquanto, a resposta parece clara: os cintos de segurança não são necessários nos trens, não porque não sejam importantes, mas porque o design, a segurança estrutural e a baixa taxa de acidentes fazem com que viajar sem eles continue sendo uma das formas mais seguras de locomoção. Fonte: DW - 19 de outubro de 2025 

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quinta-feira, novembro 13, 2025

O QUE SÃO ILHAS DE CALOR URBANAS?

 Fenômeno pode elevar as temperaturas das cidades de 10 a 15 °C, expondo moradores a riscos associados ao calor extremo.

"Ilhas de calor urbanas" são áreas metropolitanas que ficam significativamente mais quentes do que seus entornos rurais devido à concentração de edifícios, áreas pavimentadas e atividades humanas, como a condução de veículos poluentes.

Como resultado, as ondas de calor se intensificam nas áreas urbanas, que já abrigam metade da população mundial. A estimativa é que esse número chegue a quase 70% até 2050. Tal efeito, conhecido como "ilha de calor urbana" pode elevar as temperaturas em 10 a 15 °C, expondo os moradores da região aos riscos associados ao calor extremo.

O QUE CAUSA AS ILHAS DE CALOR URBANAS?

As áreas rurais geralmente são cobertas por grama, plantações ou florestas, o que ajuda a resfriar o ar. O concreto escuro e o asfalto da cidade, por outro lado, absorvem o calor.

























As plantas funcionam como um ar-condicionado natural, captando água do solo através de suas raízes e liberando-a no ar na forma de vapor. Superfícies impermeáveis, duras e escuras, como calçadas, estacionamentos e ruas asfaltadas, não permitem a penetração da água e, portanto, não proporcionam esse efeito de resfriamento.

Prédios altos e ruas estreitas podem aquecer o ar que fica preso entre eles. Esses "cânions urbanos" podem bloquear o fluxo natural de vento que, de outra forma, ajudaria a resfriar a área. A poluição causada por automóveis ou pela queima de combustíveis fósseis pode atuar como uma pequena camada de efeito estufa sobre uma cidade, retendo o ar quente.

Ilhas de calor costumam se formar ao longo do dia, à medida que calçadas e telhados emitem mais calor solar – atingindo o pico entre três e cinco horas após o pôr do sol. Do nascer do sol até o final da tarde, essas superfícies são expostas à intensa radiação solar e absorvem calor através de inúmeras camadas. Esse calor armazenado é então liberado lentamente após o pôr do sol.

ONDE SEU EFEITO É MAIS INTENSO?

Cidades maiores tendem a armazenar mais calor do que as menores. Os centros urbanos de Londres e Paris costumam ser cerca de 4 °C mais quentes do que seus arredores rurais à noite. O efeito de ilha de calor é ainda agravado pelo aumento das temperaturas globais.

O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, com cerca de 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais. Sob as políticas atuais, a previsão é que esse aumento chegue a 2,7 °C até o final do século. O prognóstico se explica pelo atual volume de queima de combustíveis fósseis que aquecem o planeta e liberam gases de efeito estufa na atmosfera.

Essas mesmas ilhas de calor, aliás, podem estar agravando ainda mais as mudanças climáticas, pois impulsionam a demanda por ar-condicionado, que, por sua vez, em muitas regiões são movidos com energia gerada pela queima de combustíveis fósseis.

COMO RESFRIAR AS CIDADES?

Soluções para minimizar esse efeito incluem tornar as cidades mais verdes, adicionando aos centros urbanos árvores, arbustos e outras vegetações mais resistentes à seca, além de fontes e lagos, telhados verdes ou "frios" que absorvem e transferem menos calor do sol para os edifícios.

Esses telhados frios refletem mais luz solar do que uma superfície convencional e, portanto, aquecem menos. Telhados brancos permanecem mais frescos e podem refletir cerca de 60 a 90% da luz solar, mas outras superfícies refletoras também são uma opção.

Cidades como Nova York, por exemplo, começaram a pintar os telhados de branco em 2009 para ajudar a conter o efeito ilha de calor. Telhados mais frios também podem reduzir as temperaturas internas dos edifícios em até 30% e diminuir a poluição do ar e as emissões de gases de efeito estufa, reduzindo a demanda por energia para resfriar prédios.

No nível do solo, alguns países optam por borrifar água nas calçadas para resfriá-las. No Japão, essa prática tradicional centenária é conhecida como "uchimizu".

Outros preferem misturar espaços residenciais, comerciais e recreativos ou instalar "pavimentos frios" que usam materiais permeáveis ​​para refletir mais a radiação solar e aumentar a evaporação da água.

Megacidades como Los Angeles e Tóquio já pavimentaram suas ruas com cores mais frias. Um estudo em um dos bairros mais quentes de Los Angeles confirmou que um revestimento reflexivo é capaz de reduzir o efeito de ilha de calor.

A prefeitura de Tóquio já instalou cerca de 200 quilômetros dessas calçadas, priorizando áreas no centro da cidade. Até 2030, a capital japonesa pretende cobrir 245 quilômetros de vias metropolitanas.

A pequena cidade-estado asiática de Singapura, por sua vez, tornou-se uma das cidades mais verdes do mundo. Com mais de 40% de cobertura verde, ela conta com espaços destinado a reservas naturais e parques, jardins e vegetação.

Até 2030, a cidade planeja que cada cidadão tenha acesso a um parque a uma distância de dez minutos a pé. Singapura também limita rigorosamente o número de carros em suas ruas por meio de um caro sistema de licitação, com uma cota máxima para o número de veículos que podem ser registrados. Fonte: DW - 22/09/2025

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sexta-feira, novembro 07, 2025

TUFÃO KALMAEGI DEIXA UM RASTRO DE DESTRUIÇÃO NAS FILIPINAS

 Em 2 de novembro de 2025, o ciclone tropical Kalmaegi  tocou o solo na Filipinas como uma tempestade tropical e rapidamente se intensificou para um tufão enquanto se deslocava para oeste através das Visayas. O ciclone tropical atingiu a costa diversas vezes – primeiro em Silago, Leyte do Sul, seguido por Borbon, Cebu, Sagay City, Negros Ocidental, Iloilo City e El Nido, Palawan – trazendo chuvas torrenciais, ventos destrutivos e inundações generalizadas em grande parte do país. O tufão saiu da Filipinas em 6 de novembro de 2025, mantendo sua força como tufão.

ATÉ 7 DE NOVEMBRO, ESTIMA-SE QUE;

 2,4 milhões de pessoas (680.431 famílias) foram afetadas em oito regiões. Destas, 302.008 pessoas (83.139 famílias) estão atualmente em 2.936 centros de evacuação, enquanto 75.325 pessoas (22.184 famílias) estão temporariamente abrigadas com parentes ou amigos.

MORTES E FERIDOS

O Conselho Nacional de Redução e Gestão de Riscos de Desastres (NDRRMC) registrou 153 mortes, 135 feridos e 86 desaparecidos, principalmente nas Regiões 6 (Visayas Ocidental), 7 (Visayas Central) e 8 (Visayas Oriental), devido a graves inundações e deslizamentos de terra.

IMPACTO E ÁREAS AFETADAS

As chuvas fortes a intensas causaram inundações em pelo menos 41 municípios e deslizamentos de terra em várias províncias. Mais de 12.600 casas foram danificadas (487 totalmente e 12.190 parcialmente).

As províncias de Cebu, Ilhas Dinagat, Leyte e Surigao del Norte estão entre as mais afetadas. Cebu registrou 111 mortes e mais de 87.000 famílias desabrigadas ainda em locais de evacuação após inundações urbanas generalizadas.

Nas Ilhas Dinagat, aproximadamente 36% da população foi deslocada, com danos significativos à infraestrutura e interrupções no fornecimento de água, saneamento e higiene Leyte e Biliran sofreram extensas inundações, contaminação da água e consequentes alertas de saúde devido ao saneamento precário e à água parada.

DANOS A INFRAESTRUTURA

Estimativas preliminares indicam danos à infraestrutura, perdas agrícolas afetando mais de 600 agricultores e pescadores e mais de 460 hectares de terras cultiváveis.

AS INSTALAÇÕES EDUCACIONAIS TAMBÉM SOFRERAM GRANDES DANOS.

Em cinco regiões, cerca de 1,9 milhão de alunos e 79 mil funcionários da educação foram afetados, com 3.478 escolas públicas relatando suspensão de aulas. Pelo menos 412 escolas em sete regiões foram convertidas em centros de evacuação, abrigando temporariamente famílias desabrigadas.

Uma avaliação rápida dos danos identificou 1.975 salas de aula com danos leves, 737 com danos graves e 548 totalmente destruídas.  

INTERRUPÇÕES NOS SERVIÇOS ESSENCIAIS

A tempestade causou graves interrupções nos serviços essenciais, deixando muitas áreas sem energia elétrica, água e comunicações, enquanto os centros de evacuação superlotados e os ambientes contaminados pelas enchentes continuam a aumentar os riscos à saúde e à segurança das populações afetadas.

 O Kalmaegi atingiu as Filipinas em um momento de fragilidade. O país lida com uma sucessão de desastres naturais nos últimos meses, entre eles, terremotos e tempestades. Em setembro, o supertufão Ragasa atingiu o norte de Luzon, provocando rajadas de ventos, chuvas torrenciais e a suspensão de atividades governamentais e escolares.


SITUAÇÃO NO VIETNÃ

Pelo menos cinco pessoas morreram no Vietnã depois que o tufão Kalmaegi atingiu regiões costeiras com ventos destrutivos e chuvas intensas, disseram autoridades nesta sexta-feira (7), após a passagem da tempestade pelas Filipinas.

 O tufão tocou o solo na noite de quinta-feira na costa central vietnamita —já devastada pela tempestade e de onde milhares de pessoas haviam fugido—, arrancando árvores, danificando casas e provocando blecautes, antes de enfraquecer ao avançar para o interior.

DANOS MATERIAIS

As autoridades locais ainda avaliavam os danos na manhã de sexta-feira, mas o governo informou que pelo menos cinco pessoas morreram e 57 casas foram destruídas em Gia Lai e na região vizinha de Dak Lak.

No país, cerca de 2.800 residências sofreram danos, e 11 embarcações afundaram, segundo as autoridades.

A empresa estatal de energia elétrica informou que 1,6 milhão de pessoas ficaram sem eletricidade quando o tufão atingiu a costa central, mas um terço do serviço foi restabelecido até a manhã de sexta-feira.

O governo mobilizou 268 mil soldados para operações de busca e resgate e emitiu alertas sobre possíveis inundações que poderiam afetar as chamadas Terras Altas Centrais —principal região produtora de café do país—, embora comerciantes tenham relatado que as plantações permaneceram intactas.

O tufão perdeu força ao avançar pelo interior, mas ainda são previstas chuvas fortes para grande parte da costa central, segundo o serviço meteorológico nacional.

O fenômeno atingiu o Vietnã enquanto o país se recuperava de uma semana de inundações e chuvas recordes que já haviam deixado 47 mortos.

O país asiático está localizado em uma das regiões tropicais mais ativas do planeta em termos de ciclones e registra, em média, dez tufões ou grandes tempestades por ano. O Kalmaegi, porém, foi o 13º de 2025, refletindo uma temporada mais intensa que o habitual. 

Fontes: OCHA  Posted 7 Nov 2025; Folha de São Paulo - 7.nov.2025 

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quarta-feira, novembro 05, 2025

FURACÃO MELISSA CAUSA DESTRUÇÃO NO CARIBE


O furacão Melissa atingiu o solo da Jamaica nesta terça-feira (28) como um fenômeno de categoria máxima, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA. Mais cedo, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou que espera uma situação catastrófica no país caribenho, em decorrência das rajadas de vento superiores a 300 quilômetros por hora, sendo a pior tempestade a atingir a ilha neste século. A costa da cidade de New Hope, a oeste do país, foi a primeira região atingida pelos ventos.

Ondas de até quatro metros de altura são esperadas, com precipitação que deve ultrapassar 700 mm, cerca do dobro da quantidade normalmente esperada durante toda a estação chuvosa. "Isso significa que haverá inundações repentinas e deslizamentos de terra catastróficos".

A maioria dos jamaicanos ficou sem acesso à internet, e os principais aeroportos foram fechados, dificultando o trabalho das autoridades para avaliar a dimensão dos danos. O governo afirmou que o país é uma "zona de desastre" e que os moradores devem permanecer protegidos devido ao risco de inundações e deslizamentos de terra.

Fotos e vídeos compartilhados nas redes sociais mostravam estradas e carros destruídos, além de árvores e destroços de telhados arrancados pelos ventos. O aeroporto de Montego Bay ficou com áreas de espera alagadas, vidros quebrados e tetos desabados.

Os locais, importantes pontos turístico do país, foram severamente atingidos. Resorts foram parcialmente destruídos, assim como o aeroporto.

O furacão Melissa atingiu Cuba na madrugada de quarta-feira (29), com ventos chegando a 195 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês), após deixar um rastro de destruição na Jamaica.

Segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), o Melissa tornou-se o furacão mais forte a atingir o solo na costa do Atlântico em 90 anos.

Situação

Jamaica

As autoridades relataram 19 mortes, 96 feridos, confirmados, inundações generalizadas e danos significativos à infraestrutura,  05 hospitais afetados, deixando mais de 460.000 pessoas sem energia elétrica.

Haiti

No Haiti, o número de mortos relatados 23, e muitos ainda estão desaparecidos após chuvas torrenciais e inundações de rios, particularmente em Petit-Goâve.

República Dominicana,

Na República Dominicana, o furacão causou inundações e deslizamentos de terra que colocaram vidas em risco, afetando mais de 60.000 pessoas.

Foram registrados 13 estabelecimentos de saúde afetados por falhas elétricas, limitações de acesso e inundações em outras províncias.

32 sistemas de abastecimento de água potável fora de operação em nível nacional, por altos níveis de turbidez da água..

Cuba

Em Cuba, mais de 60.000 casas foram total ou parcialmente destruídas, enquanto milhares continuam sendo evacuadas devido ao alto risco de novas inundações e deslizamentos de terra.

Foram relatados danos em mais de 40.000 hectares de plantações, principalmente de banana. Mais de 40% da produção de hortaliças foi danificada, limitando a disponibilidade e o acesso a alimentos.

Pelo menos 287 instituições de saúde foram afetadas, com danos em telhados e estruturas internas, além da perda de equipamentos médicos essenciais.

Quase 600 centros educacionais (dos 2.729 localizados nos 29 municípios mais afetados) sofreram danos na infraestrutura.

Mais de 700 mil crianças em todo o Caribe, foram afetadas pelo furacão, segundo a UNICEF. Fonte - OCHA  Publicado1 de novembro de 2025; Cuba, Hurricane Melissa - Flash Update No. 4 November 2, 2025 

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segunda-feira, novembro 03, 2025

COMO LIDAR COM ONDAS DE CALOR CADA VEZ MAIS FREQUENTES?

Temperaturas extremamente altas comprometem a saúde, desestabilizam a sociedade e paralisam infraestruturas. O mundo conseguirá se adaptar a essa tendência?

Pessoas em todo o mundo estão enfrentando temperaturas escaldantes causadas pelas mudanças climáticas.

No Brasil, o inverno nem terminou, e a sexta onda de calor do ano deve atingir nos próximos dias o Centro-Oeste, Nordeste e Norte, além de áreas do Sudeste e do Sul, como o interior de São Paulo e de Minas Gerais e o norte do Paraná.

No verão europeu deste ano, as mudanças climáticas fizeram triplicar o número de mortes decorrentes do calor, segundo uma análise publicada nesta semana por pesquisadores do Imperial College e da Escola de Higiene e Medicina Tropical, ambas situadas em Londres. Das 24,4 mil mortes causadas por calor neste ano no continente, 68% provavelmente (16,5 mil) não teriam ocorrido se ondas de calor extremo não estivessem cada vez mais frequentes, apontam os especialistas.

IMPACTO NAS PESSOAS E NAS SOCIEDADES

As ondas de calor são o tipo de clima extremo mais mortal em todo o mundo, com centenas de milhares de pessoas morrendo todo ano por causas relacionadas ao calor. Entre os mais vulneráveis estão pessoas com mais de 65 anos, mulheres grávidas, crianças e pessoas com doenças crônicas ou pré-existentes.

As primeiras ondas de calor no início da estação são particularmente mortais, pois as pessoas geralmente estão menos preparadas e seus corpos ainda não se acostumaram às temperaturas mais altas.

Existem três riscos físicos principais associados às ondas de calor: desidratação, superaquecimento, e exaustão por calor e insolação.

O calor intenso não afeta apenas o corpo, mas também perturba a sociedade como a conhecemos. A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência) afirma que uma em cada cinco crianças —cerca de 500 milhões no total — vive em áreas que têm pelo menos o dobro de dias extremamente quentes por ano em comparação com seis décadas atrás. Muitos não têm infraestrutura, como ar-condicionado, para ajudar a lidar com o calor.

Em maio, o Paquistão passou por uma onda de calor em todo o país, com temperaturas chegando a 45 °C na província mais populosa do país, Punjab. Várias outras reduziram o horário escolar ou anteciparam as férias de verão. Ondas de calor também interromperam as aulas no Sudão do Sul e nas Filipinas este ano.

Da mesma forma, o calor extremo afeta o horário de trabalho das pessoas. Alguns países nas regiões mais quentes do mundo tradicionalmente fazem uma pausa depois do almoço para a sesta. Agora, outros em locais normalmente mais frios também estão discutindo como gerenciar o horário de trabalho quando as temperaturas sobem demais.

Infraestruturas como estradas, ferrovias e pontes são afetadas pelo calor excessivo. Superfícies de estradas de asfalto padrão, que não são feitas para climas quentes, tendem a formar sulcos e podem literalmente derreter, enquanto trilhos ferroviários podem entortar e pontes podem se expandir e deformar.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO CENTRO DO PROBLEMA

Dando continuidade a uma tendência, 2024 foi o ano mais quente já registrado. Com base em dados internacionais, a Organização Mundial Meteorológica (OMM) informou recentemente que todos os anos da última década estão entre os dez mais quentes já registrados.

"Não tivemos apenas um ou dois anos com temperaturas recordes, mas uma série completa de dez anos. Isso foi acompanhado por condições climáticas devastadoras e extremas, aumento do nível do mar e derretimento do gelo, tudo impulsionado por níveis recordes de gases de efeito estufa devido às atividades humanas", afirmou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

As mudanças climáticas causadas pelo homem aumentaram a frequência e a intensidade das ondas de calor desde a década de 1950. Cada fração de grau de aquecimento é importante e fará com que elas se tornem ainda mais fortes e ocorram com mais frequência.

O carvão, o petróleo e o gás são, de longe, os principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Quando esses combustíveis fósseis são queimados para alimentar motores de combustão, gerar eletricidade, fabricar plásticos e aquecer casas, eles liberam gases de efeito estufa. Esses gases agem como um cobertor, abafando a atmosfera da Terra, retendo o calor do sol e contribuindo para o aumento das ondas de calor.

O calor extremo também pode levar a um risco maior de outros tipos de desastres, como secas e incêndios florestais, que tiveram recorde de destruição em 2024.

O QUE FAZER?

Especialistas em saúde aconselham as pessoas a ficarem longe do calor sempre que possível, evitar atividades extenuantes e beber bastante líquido, exceto álcool e cafeína.

As casas podem ser protegidas até certo ponto com persianas ou cortinas fechadas. O ideal é fechar as janelas durante as horas mais quentes, e abri-las para ventilar a casa nas horas mais frescas.

Usar roupas de cores claras que refletem o calor e a luz solar pode ajudar, assim como ventiladores elétricos, se a temperatura ambiente estiver abaixo de 35 °C.

Estratégias de longo prazo para tornar o calor mais suportável incluem tornar as cidades mais resilientes às mudanças climáticas, com espaços verdes e plantio de árvores ao longo das ruas. Isso não só fornece sombra, mas também reduz o calor retido no concreto.

De modo geral, especialistas afirmam que impulsionar a transição para a energia verde através da utilização de fontes renováveis é fundamental no desafio global de reduzir as temperaturas.

Em 2024, 40% da eletricidade mundial foi gerada a partir de energias renováveis. A energia solar foi o principal impulsionador dessa tendência, de acordo com um relatório do think tank global de energia Ember. Fonte: DW-quinta-feira, 18 de setembro de 2025

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quarta-feira, outubro 22, 2025

CAMARÕES RADIOATIVOS: EUA DETECTAM CÉSIO EM PRODUTO IMPORTADO DA INDONÉSIA

O governo indonésio reforçou os controles em uma zona industrial na ilha de Java, onde uma fonte de contaminação radioativa foi recentemente detectada, afetando um carregamento de camarões exportados para os Estados Unidos, informou o porta-voz.

A administração de saúde dos EUA anunciou em agosto que havia recolhido pacotes de camarão congelado importados da Indonésia após descobrir que estavam contaminados com o isótopo radioativo césio 137.

Após o início de uma investigação, descobriu-se que a fonte de contaminação estava em uma área industrial em Cikande, 60 km a oeste de Jacarta.

Pelo menos 22 instalações naquela área estão contaminadas, disse Bara Hasibuan, porta-voz da célula de crise criada pelo governo.

"Estamos reforçando as restrições de circulação na área e continuamos as buscas para inspecionar a instalação onde a contaminação pode ter ocorrido", explicou.

Funcionários da área e moradores próximos foram examinados por médicos e nove pessoas testaram positivo para césio 137, de acordo com Bara Hasibuan.

O porta-voz afirmou que o governo indonésio imporá restrições à importação de sucata suspeita de ter causado a contaminação. Fonte: UOL - 08/10/2025

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quinta-feira, outubro 16, 2025

TEMPESTADE ARRASA FÁBRICA DE MOTORES DA TOYOTA EM PORTO FELIZ (SP)

Um forte temporal atingiu Porto Feliz (SP), a 130 km da capital paulista, na tarde segunda feira (22/9), causando grandes estragos e atingindo em cheio a fábrica de motores da Toyota. A ventania arrancou quase todo o telhado do galpão, entortou estruturas metálicas e chegou a capotar um carro no pátio da unidade.

A tempestade fez parte de uma frente fria que avançou pelo interior paulista e causou estragos em várias cidades, como Itu, Salto, Tietê e Sorocaba. Em Porto Feliz, as rajadas chegaram a 90 km/h, segundo a Defesa Civil, mas, pela dimensão dos danos, é provável que os ventos tenham superado os 100 km/h, de acordo com o site MetSul Meteorologia.

DANOS MATERIAIS

Imagens gravadas por funcionários da Toyota mostram a força da ventania, arrancando telhados inteiros, entortando colunas de ferro e espalhando destroços por toda a área externa da fábrica.

A estrutura do telhado foi parar do lado de fora da empresa e em áreas que ficam a até seis quilômetros de distância. Ao  menos sete veículos que estavam estacionados na fábrica ficaram destruídos. Um deles foi encontrado capotado. A guarita também foi levada com a força do vento.

ESTADO DE EMERGÊNCIA

Diante da situação, a Prefeitura de Porto Feliz decretou estado de emergência. A cidade também registrou quedas de árvores, falta de energia elétrica e destelhamento de residências.

VÍTIMAS

De acordo com o Corpo de Bombeiros, dez pessoas ficaram levemente feridas. Todas estavam conscientes e foram levadas para atendimento em veículos da própria empresa. Não houve registro de vítimas graves, mas o local continua interditado para vistoria da Defesa Civil.


INTERRUPÇÃO

A Toyota do Brasil informou que interrompeu a produção na fábrica, que ficará fechada por tempo indeterminado.

Como a Toyota não trabalha com estoque de produtos, um comunicado foi emitido para os funcionários da planta de Sorocaba informando que alguns setores terão as atividades paralisadas nos três turnos devido à interrupção da produção em Porto Feliz.

Segundo a Toyota, a tempestade causou estragos consideráveis na fábrica de motores. Imagens divulgadas por funcionários mostram o local alagado, com o teto da estrutura arrancado pelos fortes ventos.

A fábrica afirmou que o incidente afetou a produção em Sorocaba e Indaiatuba, onde será fabricado o Yaris Cross e também são produzidos outros modelos da marca, como Corolla e Corolla Cross, além do Yaris comercializado para exportação. Ao todo são cerca de 6.700 funcionários nas três fábricas.

As três fábricas estão paradas, sem previsão de retorno. Neste ano será quase impossível retomar as atividades. Mais de 90% da fábrica de Porto Feliz ficaram destruídos.

TOYOTTA

Inaugurado em maio de 2016, o complexo da Toyota em Porto Feliz foi o primeiro da marca a produzir motores na América Latina. Instalado às margens da Rodovia Marechal Rondon, o local recebeu um investimento inicial de R$ 580 milhões e emprega cerca de 700 pessoas.

A fábrica é responsável por processos de fundição, usinagem e montagem de powertrain, tendo produzido motores para Etios e Yaris. Atualmente, fornece os conjuntos que equipam os modelos Corolla e Corolla Cross fabricados em Sorocaba. A capacidade instalada é de 108 mil unidades por ano, com tecnologia considerada entre as mais avançadas do grupo no mundo.

A unidade emprega cerca de 700 pessoas e produz mais de 100 mil motores por ano, incluindo variantes híbridas flex.

MICROEXPLOSÃO: O QUE É O FENÔMENO CLIMÁTICO QUE DESTRUIU FÁBRICA DA TOYOTA

Depois de dias e de diversas análises, satélites e imagens da área atingida, a Defesa Civil de São Paulo constatou que a destruição da fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz (SP) foi causada pela chamada 'microexplosão atmosférica'. Mas no que consiste esse evento climático?

O meteorologista Franco Vilela, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) faz um breve resumo. "É quando uma camada de ar, no interior de uma nuvem de tempestade, sofre um intenso e rápido resfriamento e praticamente despenca de altitudes elevadas, acelerando em direção ao solo, onde chega à superfície como ventos muito intensos".

O nome vem do inglês microbursts ou downburts, que na tradução por aqui também pode ser chamada de 'rajadas descendentes'. O meteorologista da Defesa Civil de São Paulo, Ernesto Alvin Grammelsbacher, detalha que a microexplosão é o colapso de uma corrente de ar dentro de uma tempestade.

A formação ocorre dentro de uma nuvem de tempestade (cumulonimbus) já madura. Fortes correntes de ar ascendentes dentro da nuvem sustentam gotas de chuva e granizo. Às vezes, ar seco do ambiente entra na nuvem e provoca a evaporação das gotas de chuva. A evaporação é um processo que "rouba" calor, resfriando o ar ao redor muito rapidamente.

O ar frio, por sua vez, é mais denso e pesado que o ar quente. Então essa "bolha" de ar frio e pesado despenca em direção ao solo em alta velocidade, formando uma corrente descendente (conhecida como downdraft). Ao atingir o solo, essa coluna de ar não tem para onde ir a não ser para os lados. Ela se espalha violentamente em todas as direções, como a água de um balão que estoura no chão, gerando ventos horizontais devastadores.

Grammelsbacher completa ainda dizendo que a destruição pode ser "linha reta ou em formato de estrela". Objetos são empurrados e derrubados em uma direção, a partir de um ponto central.

A explicação vai ao encontro do relato e dos estudos feito pelo órgão, onde a cidade foi atingida por fortes ventos, com rajadas de até 99 km/h, segundo a Defesa Civil. A força do vendaval destruiu o telhado da unidade fabril, que fica às margens da Rodovia Marechal Rondon. Pedaços da estrutura foram encontrados a mais de 6 km de distância.

O meteorologista detalha que esse fenômeno é "muitas vezes invisível e associado a uma cortina de chuva intensa ou poeira que se espalha rapidamente no solo". Já a duração é curta, de 5 a 15 minutos, mas pode impactar uma área de até 4 km de diâmetro.

Grammelsbacher faz outro adendo. "São ventos horizontais extremamente fortes e súbitos, especialmente perigosos para a aviação durante pousos e decolagens", alerta.

 Não era tornado?

A informação inicial era que a região da fábrica de Porto Feliz (SP) tivesse sido atingida por um tornado. "Embora ambos sejam fenômenos meteorológicos são classificados com tempestade severa e capazes de causar grande destruição, a microexplosão atmosférica e o tornado são fundamentalmente diferentes em sua formação, estrutura e no tipo de dano que provocam", explica o meteorologista da Defesa Civil.

A principal diferença, de forma resumida, está na direção do vento. A microcroexplosão é "uma corrente de ar descendente extremamente forte que se choca contra o solo e se espalha em todas as direções. Os ventos são em linha reta e para fora (divergentes)". Já o tornado "é uma coluna de ar em rotação violenta que se estende de uma nuvem de tempestade até o solo. Os ventos são rotacionais e para dentro/cima (convergentes).

Grammelsbacher ensina ainda que o movimento do vento de um tornado é ascendente e rotacional - ou seja, para cima e em círculo. A aparência visual é de funil visível saindo da base das nuvens e estendendo-se até o chão. O tornados geralmente deixam um "rastro de destruição caótico e convergente, com objetos torcidos, arrancados e arremessados em múltiplas direções".

O que aconteceu

Segundo a Toyota, a chuva de segunda-feira  (25/09) causou estragos consideráveis na fábrica de motores em Porto Feliz. Imagens divulgadas por funcionários mostram o local alagado, com o teto da estrutura arrancado pelos fortes ventos.

A marca afirmou que o incidente em Porto Feliz afetou a produção da Toyota em Sorocaba e Indaiatuba, onde será fabricado o Yaris Cross e também são produzidos outros modelos da marca, como Corolla e Corolla Cross, além do Yaris comercializado para exportação. Ao todo são cerca de 6.700 funcionários nas três fábricas.

A Toyota informa, ainda, que, "em uma primeira análise, a retomada da planta de motores deverá levar meses" e "está buscando alternativas de fornecimento de motores junto a unidades [da empresa] em outros países, com o objetivo de retomar a produção de veículos nas plantas de Sorocaba e Indaiatuba".

O lançamento do Yaris Cross estava programado para o fim de outubro. A Toyota afirma que uma nova data será comunicada em breve.

Devido aos estragos, a fábrica de Porto Feliz foi isolada para vistoria da Defesa Civil. A montadora informou que não há prazo para retomada das atividades.

A unidade emprega cerca de 700 pessoas e produz mais de 100 mil motores por ano, incluindo variantes híbridas flex.

TOYOTA VÊ DESAFIOS PARA RECONSTRUIR FÁBRICA

A fábrica de motores da marca japonesa no interior de São Paulo foi inaugurada em 2016 ao custo de R$ 580 milhões e com capacidade para produzir 170 mil motores por ano. À época, produzia os propulsores 1.3 e 1.5 aspirados para o compacto Etios, vendido no Brasil e Argentina, além de Peru e Uruguai - depois usada na gama do Yaris, descontinuado no Brasil e que seguia sendo produzido em Sorocaba para exportação.

Anos depois, Porto Feliz recebeu outro aporte, dessa vez de R$ 600 milhões, para a produção do 2.0 Dynamic Force aspirado e bicombustível que atualmente equipa a linha Corolla - esse motor será importado de outras fábricas da Toyota para a produção das versões convencionais a partir de janeiro do ano que vem.

RETORNO AS ATIVIDADES

A Toyota retomará gradualmente a produção no Brasil após a tempestade destruir sua fábrica de motores, afetando significativamente a estrutura.

A reconstrução da fábrica está prevista para 2026, e o seguro cobrirá os custos das obras, incluindo recuperação de danos materiais e maquinário afetado.

Desafios incluem reposição de maquinário importado, que pode atrasar devido à necessidade de encomenda e transporte internacional

QUANTO VAI CUSTAR RECONSTRUÇÃO?

Por fim, Orlandini diz que é difícil estimar o prejuízo e os valores para reconstruir a planta destruída. O montante de mais de R$ 1 bilhão gasto na construção e expansão há dez anos, hoje custaria ao menos o dobro para construir novamente, de acordo com as correções monetárias vigentes. Fontes: UOL 26/09/2025; UOL 07/10/2025  

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terça-feira, outubro 14, 2025

WINDSCALE: O POUCO CONHECIDO ACIDENTE NUCLEAR NA INGLATERRA

Com Chernobyl, Fukushima e Three Mile Island, trata-se de um dos piores desastres nucleares da história, embora você talvez nunca tenha ouvido falar dele.

O incêndio que atingiu a usina nuclear de Windscale (hoje conhecida como Sellafield), no noroeste da Inglaterra, em 10 de outubro de 1957, continua sendo o pior acidente nuclear já ocorrido no Reino Unido, um desastre cujo impacto o governo da época tentou minimizar.

Durante anos, no entanto, acreditou-se que o vazamento radioativo poderia ter sido responsável por 240 casos de câncer, algo que estudos subsequentes agora questionam.

Mas o número e as consequências desse acidente poderiam ter sido muito maiores, e o norte da Inglaterra poderia ter se tornado um deserto nuclear se não fosse pela "loucura" de um ganhador do Prêmio Nobel.

Apesar disso, o incêndio de Windscale foi classificado como nível 5 (em uma escala de 1 a 7) na Escala Internacional de Eventos Nucleares, determinada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em 10 de outubro de 1957, um incêndio descontrolado devastou, durante três dias, um dos reatores da usina nuclear de Windscale, construída no auge da corrida armamentista nuclear.

A construção havia sido planejada dez anos antes, durante a Guerra Fria e em consonância com a política do governo britânico de fabricar armas atômicas de forma independente no Reino Unido na década de 1940.

A Windscale foi projetada para fabricar plutônio para armas e consistia em dois reatores, também conhecidos como "pilhas" ou torres.

O processo foi surpreendentemente rápido. Do início da construção em 1947 até o Reino Unido conseguir realizar seu primeiro teste nuclear, conhecido como "Operação Furacão", em 3 de outubro de 1952, na Austrália, usando plutônio da Windscale, apenas cinco anos se passaram.

Essa velocidade teve suas consequências, alertam os especialistas, e a mais grave delas foi o acidente de 1957.

COMO O INCÊNDIO COMEÇOU

Os eventos que levaram ao acidente ocorreram dois dias antes, em 8 de outubro, durante uma liberação rotineira de energia armazenada no moderador de grafite, resultante da operação normal do Reator 1, de acordo com o relatório preparado na época pela Comissão de Inquérito nomeada pela Autoridade Britânica de Energia Atômica.

A comissão concluiu que o acidente foi causado pelo superaquecimento dos elementos combustíveis de urânio, cujo revestimento posteriormente falhou, expondo o urânio e permitindo sua oxidação.

As temperaturas nos canais afetados continuaram a subir, causando a combustão do grafite.

A quantidade exata de radioatividade liberada durante o acidente é desconhecida.

As chamas atingiram 1.300 °C, então os trabalhadores tiveram que lutar arduamente para evitar que toda a instalação explodisse.

Trabalhadores em trajes de proteção contra radiação chegaram a usar tubos de andaimes para tentar empurrar as barras de combustível em chamas para fora do reator de grafite e para dentro da piscina de resfriamento. Mas isso se mostrou impossível, e os tubos emergiram incandescentes e até pingando metal derretido.

Devido aos altos níveis de radiação, eles só conseguiram permanecer no reator por algumas horas e tiveram que sair para encontrar mais voluntários, chegando a recrutar pessoas em um cinema próximo.

A água não conseguiu extinguir as chamas, e o fogo só foi extinto quando os trabalhadores desligaram o ar da sala do reator.

O incêndio durou três dias, durante os quais quantidades significativas de material radioativo, principalmente iodo-131, foram liberadas, espalhando-se pelo Reino Unido e pela Europa.

No entanto, estima-se que o nível de material radioativo que escapou foi um milésimo do que no caso de Chernobyl, a usina nuclear ucraniana cujo reator explodiu em 26 de abril de 1986, no pior acidente nuclear da história.

Os reatores de Windscale foram desligados e selados até o final da década de 1980, quando a descontaminação do local começou.

AS CONSEQUÊNCIAS

Durante décadas, estimou-se que o vazamento radioativo havia causado cerca de 240 casos de câncer, incluindo câncer de tireoide, leucemia e outros.

No entanto, estudos mais recentes, como o publicado pela Universidade de Newcastle em 2017, questionam isso.

De acordo com suas conclusões, o incêndio no reator nuclear de Windscale liberou iodo-131, o que aumentou o risco de câncer de tireoide no noroeste da Inglaterra, especialmente entre as crianças expostas.

No entanto, o estudo, que analisou a incidência de câncer de tireoide nas regiões de Cumbria e Lancashire, mais próximas ao acidente, não encontrou evidências consistentes de que a exposição ao iodo-131 tenha causado um aumento significativo nos casos de câncer nessas áreas. A quantidade exata de radioatividade liberada no acidente é desconhecida.

As autoridades realizaram um amplo monitoramento ambiental após o incidente, e estimativas foram feitas a partir de medições de iodo radioativo depositado no solo e em filtros de ar no Reino Unido e na Europa continental.

Como medida de precaução, todo o leite produzido em um raio de 800 km² foi destruído por um mês, e sua distribuição foi proibida ao longo de uma faixa costeira em Cumbria devido à presença de iodo-131, o principal risco radiológico.

Embora não houvesse limites estabelecidos para a quantidade de iodo-131 no leite na época, um limite de 0,1 µCi/L foi estabelecido para proteger as crianças, particularmente contra danos à tireoide.

A decisão de proibir o leite, com base nesses cálculos, foi "corajosa e sábia", pois evitou uma dose coletiva maior entre a população local, de acordo com o físico britânico Richard Wakeford em um artigo de 2007 no Journal of Radiological Protection.

"O acidente dificilmente pode ser considerado trivial: é classificado como um acidente de nível 5 na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES, na sigla em inglês) e poderia ter sido muito pior", segundo Wakeford.

O incêndio de Windscale teve profundas repercussões políticas, e a Autoridade de Energia Atômica do Reino Unido nunca mais seria a mesma, de acordo com o professor da Universidade de Manchester.

O governo britânico abriu um inquérito sobre o ocorrido em Windscale, presidido pelo matemático William Penney.

O Comitê Penney apresentou seu relatório ao governo em 26 de outubro, logo após o acidente.

O primeiro-ministro da época, Harold Macmillan, cujo governo estava imerso em delicadas negociações para restaurar a cooperação com os Estados Unidos em armas nucleares, decidiu, no entanto, que apenas um resumo do Relatório Penney seria publicado.

O relatório completo só foi tornado público 30 anos depois.

O acidente foi esquecido por muitos, até mesmo no Reino Unido, embora um novo videogame inspirado no desastre de Windscale, Atomfall, tenha reavivado o interesse por este episódio sombrio da história nuclear britânica.

A 'LOUCURA' DE VENCEDOR DO PRÊMIO NOBEL

Certamente, as consequências poderiam ter sido muito mais graves se não fosse a persistência do físico nuclear britânico John Cockcroft, que havia recebido o Prêmio Nobel de Física alguns anos antes, em 1951, com Ernest Walton, por conseguirem pela primeira vez a desintegração de um núcleo atômico.

Cockcroft, então diretor do Atomic Energy Research Establishment, um think tank do governo britânico, insistiu na instalação de filtros nas chaminés da Windscale, ressaltando que seriam a única proteção contra vazamentos radioativos em caso de incêndio.

Os construtores da usina acreditavam que era uma medida exagerada e um desperdício de tempo e dinheiro, mas, por insistência do famoso físico, acabaram adicionando-os de última hora.

"Ele percebeu que, se ocorresse um incêndio, o que era provável, não haveria como impedir que a poeira radioativa escapasse para a atmosfera", disse seu filho, Christopher Cockcroft, em uma entrevista à BBC em 2014, quando foi anunciado que as torres da usina nuclear seriam desmontadas.

Como a construção já estava bem adiantada, os filtros foram colocados de última hora no topo das chaminés de 110 metros de altura, em vez de na base, dando à usina seu perfil característico.

Os engenheiros acharam que o ganhador do Prêmio Nobel estava se intrometendo, segundo Wakeford, e começaram a chamar as torres de "Cockcroft Follies", ou as loucuras de Cockcroft.

No entanto, como argumentou Terence Price, um dos físicos que trabalharam com Cockcroft, "a palavra loucura não parecia apropriada após o acidente".

"Eles não achavam que haveria problemas e, mesmo depois que os filtros foram instalados, acho que ninguém pensou seriamente que haveria um incêndio, mas é claro que houve", disse Wakeford. Os filtros foram fundamentais para evitar um desastre maior.

"A poeira radioativa escapou, mas os filtros capturaram cerca de 95% dela", disse Christopher Cockcroft à BBC.

"Se os filtros não estivessem instalados, acredito que uma parte considerável do Distrito dos Lagos e da Cúmbria estaria proibida, pelo menos para uso agrícola e talvez para pessoas." Fonte: BBC News Mundo - 11 outubro 2025

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