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quarta-feira, julho 08, 2020

BAYER FAZ ACORDO DE 10 BILHÕES DÓLARES PARA ENCERRAR PROCESSOS ENVOLVENDO GLIFOSATO

A gigante alemã do setor químico e farmacêutico Bayer anunciou na quarta-feira (24/06) que pretende direcionar mais de 10 bilhões de dólares (R$ 53 bilhões) para encerrar aproximadamente cerca de 95 mil processos nos EUA relacionados ao herbicida Roundup.
O produto produzido pela Monsanto – empresa adquirida pela Bayer em 2018, pelo valor de 63 bilhões de dólares – contém o polêmico agente químico glifosato, associado ao desenvolvimento de câncer.
"O acordo sobre o Roundup é a medida certa no momento certo para a Bayer acabar com um longo período de incerteza", disse o presidente-executivo da empresa, Werner Baumann. "A Bayer decidiu sabiamente solucionar o litígio em vez de tentar a sorte na Justiça americana", disse Feinberg.

O acordo deve encerrar cerca de 75% das ações judiciais envolvendo o Roundup nos EUA, que chegam a 125 mil processos. O acordo coletivo depende de aprovação do Tribunal Distrital dos Estados Unidos, na Califórnia.
Pelo acordo, a Bayer pagará entre 8,8 bilhões e 9,6 bilhões de dólares para encerrar 95 mil ações de advogados. Cerca de 1 bilhao de dólares também serão reservados para eventuais futuros acordos com queixosos.

O mediador do acordo, Ken Feinberg, disse que cerca de 25.000 reclamações envolvendo o Roundup continuam sem solução, mas a empresa avalia que a Bayer não deve enfrentar nenhum julgamento nos próximos meses.
Nos últimos dois anos, a Bayer defendeu repetidamente a segurança do herbicida, argumentando que estudos mostram que o glifosato é seguro. A empresa também disse que pretende continuar vendendo produtos da linha Roundup e que não planeja adicionar uma advertência sobre eventuais riscos de desenvolvimento câncer nas embalagens.
No entanto, o produto vem sofrendo resistência cada vez maior, especialmente na Europa. O governo alemão aprovou no ano passado banir o glifosato a partir de 2023. Em julho de 2019, a Áustria se tornou o primeiro país da União Europeia a banir completamente todos os usos do herbicida glifosato. A medida austríaca contou até mesmo com apoio da extrema direita e de legendas liberais.

Preocupações sobre seus riscos surgiram quando uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu em 2015 que o herbicida é provavelmente cancerígeno.
A Bayer tem sido atormentada por ações judiciais desde que adquiriu a Monsanto. A crise legal derrubou o valor das ações da gigante alemã. Os problemas não envolvem apenas o Roundup mas também outros produtos que eram fabricados pela Monsanto.
A Bayer anunciou, na quarta-feira,  que também pretende encerrar ações   judiciais envolvendo seus produtos que usam o herbicida dicamba e o bifenilpoliclorado (conhecido como PCB), um produto extremamente tóxico usado em fluidos elétricos que foi fabricado pela Monsanto até 1977 – no Brasil, ficou conhecido pelo nome comercial Ascarel.
A empresa alemã reservou 400 milhões de dólares para encerrar os processos do dicamba e 650 milhões para as ações envolvendo o PCB. Fonte: Deutsche Welle -24.06.2020

Comentário: O dicamba é  um herbicida, geralmente aplicado nas plantações de soja, milho e algodão para controle de ervas daninhas de alta resistência. No Brasil, é autorizado para algodão e soja.

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sexta-feira, julho 03, 2020

PESQUISA INDICA QUE NÃO HÁ DOSE SEGURA DE AGROTÓXICO

Uma análise de dez agrotóxicos de largo uso no País revela que os pesticidas são extremamente tóxicos ao meio ambiente e à vida em qualquer concentração - mesmo quando utilizados em dosagens equivalentes a até um trigésimo do recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Encomendado pelo Ministério da Saúde e realizado pelo Instituto Butantan, o estudo comprova que não existe dose mínima totalmente não letal para os defensivos usados na agricultura brasileira.

NÃO EXISTEM QUANTIDADES SEGURAS
"Não existem quantidades seguras", diz a imunologista Mônica Lopes-Ferreira, diretora do Laboratório Especial de Toxicologia Aplicada, responsável pela pesquisa. "Se (os agrotóxicos) não matam, causam anomalias. Nenhum peixe testado se manteve saudável." A pesquisa foi originalmente encomendada pelo Ministério da Saúde à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em gesto considerado corriqueiro entre institutos de pesquisa, a Fiocruz pediu ao Instituto Butantan que realizasse o estudo, uma vez que tinha mais expertise nesse tipo de trabalho.
No Butantan fica a Plataforma Zebrafish - que usa a metodologia considerada de referência mundial para testar toxinas presentes na água, com os peixes-zebra (Danio rerio). Eles são 70% similares geneticamente aos seres humanos, têm um ciclo de vida curto (fácil de acompanhar todos os estágios) e são transparentes (é possível ver o que acontece em todo o organismo do animal em tempo real). O laboratório pertence ao Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com o pedido do Ministério da Saúde, os cientistas testaram a toxicidade de dez pesticidas largamente utilizados no País. São eles:
·    abamectina,
·    acefato,
·    alfacipermetrina,
·    bendiocarb,
·    carbofurano,
·    diazinon,
·    etofenprox,
·    glifosato,
·    malathion e
·    piripoxifem.
As substâncias são genéricas, usadas em diversas formulações comerciais.

Os pesquisadores testaram diferentes concentrações dos pesticidas, desde as doses mínimas indicadas até concentrações equivalentes a 1/30 dessas dosagens. As concentrações dos pesticidas foram diluídas na água de aquários contendo ovas fertilizadas de peixes-zebra. Em seguida, em intervalos de 24, 48, 72 e 96 horas, os embriões foram analisados no microscópio para avaliar se a exposição havia causado deformidades e também se tinha inviabilizado o desenvolvimento.

TESTES
Cada substância, em cada uma das dosagens determinadas, foi testada em três aquários diferentes, cada um com 20 embriões - uma forma de triplicar resultados, garantindo acurácia. "Acompanhamos o desenvolvimento dos embriões, verificando se apresentavam alterações morfológicas, se estavam desenvolvendo a coluna vertebral, os olhos, a boca, se o coração continuava batendo", explicou. "E, após o nascimento, também o nado dos peixinhos."
Três dos dez pesticidas analisados (glifosato, melathion e piriproxifem) causaram a morte de todos os embriões de peixes em apenas 24 horas de exposição, independentemente da concentração do produto utilizada. Esse espectro foi da dosagem mínima indicada, 0,66mg/ml, até 0,022mg/ml, que teoricamente deveria ter se mostrado inofensiva.

O glifosato é, de longe, o defensivo mais usado na agricultura brasileira: representa um terço dos produtos utilizados.

Também é considerado muito perigoso. A substância é relacionada, em outros estudos, à mortandade de abelhas em todo o mundo. É apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como potencialmente cancerígena para mamíferos e seres humanos. O uso do glifosato é proibido na Áustria e será banido na França até 2022.

Os outros sete pesticidas analisados (abamectina, acefato, alfacipermetrina, bendiocarb, carbofurano, diazinon, etofenprox) causaram mortes de peixes em maior ou menor porcentagem, em todas as concentrações testadas. E mesmo entre os que sobreviveram "muitos apresentavam padrão de nado alterado que decorre da malformação das nadadeiras ou que podem sinalizar problemas neuromotores decorrentes da exposição ao veneno".

INDÍCIOS
Os resultados obtidos nos peixes, segundo os cientistas, são um forte indício da toxicidade dos produtos ao meio ambiente. Eles também apontam que pode haver danos aos seres humanos. "Nunca poderemos dizer que será igual (ao que foi observado nos peixes)", afirmou a pesquisadora. "Mas, como geneticamente somos 70% iguais a esses animais, é muito alta a probabilidade de que a exposição aos agrotóxicos nos cause problemas."

De qualquer forma, sustenta a pesquisadora, o estudo é um importante alerta. "Essas substâncias podem causar sérios problemas aos trabalhadores que as manipulam e ao ecossistema como um todo", disse. "Conforme o agrotóxico é borrifado nas verduras e nas frutas, ele cai no solo, na água, contamina todos os animais que estão ali e também o homem que se alimenta desses animais e desses vegetais. É uma cadeia."

Responsável pelo Atlas Geografia dos Agrotóxicos no Brasil, Larissa Mies Bombardi, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), concorda com a colega. Para ela, os peixes funcionam como sentinelas, apontando um problema maior. "É o mesmo caso das abelhas, dos polinizadores", afirmou. "Os sentinelas revelam que algo maior está acontecendo, algo que vai além daquela espécie."

Pesquisador de Saúde Pública da Fiocruz, Luis Claudio Meirelles ocupou, por mais de uma década, a gerência geral de toxicologia da Anvisa. Segundo ele, a situação atual do País no que afirma respeito ao uso dos defensivos agrícolas é preocupante. "Somos campeões no uso de agrotóxicos no mundo e dispomos de uma estrutura de controle e vigilância muito aquém dos volumes utilizados e dos impactos provocados", afirma.

"Além disso, os investimentos em pesquisa são muito baixos e, nos últimos tempos, tivemos uma liberação absurda de produtos, além de uma nova normatização para classificação e rotulagem de agrotóxicos. Socialmente, o País está perdendo. Estamos no caminho contrário do resto do mundo", diz Meirelles.

MINISTÉRIO E ANVISA AFIRMAM NÃO TER VISTO DADOS
O Ministério da Saúde confirmou que "encomendou a pesquisa à Fiocruz no fim de 2017", mas destacou que não recebeu o estudo. "No que cabe ao tema dos agrotóxicos, o levantamento teve início em 2019 e, por isso, a pasta ainda não tem como compartilhar nem comentar os resultados."
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que também não recebeu a pesquisa e, por isso, não seria possível "avaliar suas conclusões ou o peso das evidências".
A agência esclareceu, no entanto, que acompanha todos os dados novos sobre produtos agrotóxicos e as novas evidências científicas são avaliadas. "Os produtos agrotóxicos são submetidos a um processo de reavaliação que consiste na revisão dos parâmetros de segurança à luz de novos dados e conhecimentos", informou.
O órgão federal lembrou que esse procedimento é necessário porque, diferentemente do que acontece com outros produtos, o registro dos defensivos agrícolas não tem tempo de validade. A Anvisa informou ainda que, dos dez produtos citados, o carbofurano foi reavaliado em 2017 e está proibido. Disse ainda que o glifosato está em processo de reavaliação.

290 AGROTÓXICOS LIBERADOS NESTE ANO
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou este ano 290 agrotóxicos. Pelo ritmo das liberações, a tendência é de que seja batido o recorde de 2018, quando o governo de Michel Temer autorizou a comercialização de 450 substâncias. A maioria não é propriamente de novos produtos, mas sim de novas formulações para substâncias anteriormente liberadas, diz a Anvisa.
Embora aprovadas pelas regras brasileiras e consideradas seguras quando manuseadas corretamente e nas doses indicadas, muitas são proibidas nos EUA e na Europa. Mês passado, a Anvisa também fez reclassificação e mudou a rotulagem. Segundo a agência, essa decisão visa a seguir um padrão internacional. Porém, como alertaram cientistas, a nova classificação reduz significativamente o número de defensivos categorizados como "extremamente tóxicos". Fonte: UOL Noticias - 04/08/2019 

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quinta-feira, setembro 27, 2018

Como os agrotóxicos afetam os pássaros e as abelhas

Estudos internacionais recentes vêm reforçando os argumentos de ambientalistas de que o uso de agrotóxicos causa danos à fauna das regiões onde estão as lavouras – às vezes, de longo prazo.

Um deles, divulgado na revista científica Nature, avaliou o impacto dos inseticidas imidacloprido (neonicotinoide) e clorpirifós (organofosforado), ambos usados no Brasil, em aves canoras (pássaros que têm a capacidade de cantar) que se alimentam de sementes. Os tico‑ticos de coroa branca (Zonotrichia leucophrys), pássaros das Américas analisados na pesquisa, apresentaram sinais de envenenamento, perda de massa corporal e alteração na capacidade de orientação durante voos migratórios.

Além dos pássaros, segundo especialistas, qualquer ser vivo está sujeito a sofrer esses efeitos tóxicos, incluindo insetos, répteis, anfíbios, mamíferos, peixes, demais organismos aquáticos e espécies vegetais.
"São compostos químicos projetados para ter um efeito biológico prejudicial ao crescimento, ao desenvolvimento, à reprodução ou à sobrevivência dos organismos", disse Luis Schiesari, professor de gestão ambiental da USP.

Organismos da mesma família das pragas, por exemplo, por serem biologicamente similares, também podem ser atingidos pelos defensivos agrícolas e ter o mesmo destino.
É o que acontece com a lagarta da soja – centenas de mariposas parentes dela são envenenadas. Mas o mais grave é que muitos herbicidas, inseticidas e fungicidas atuam em processos comuns aos seres vivos.

"Algumas moléculas agem no processo da divisão celular, outras no processo da respiração celular e outras no transporte de íons através da membrana celular. Existe um potencial enorme de moléculas (das substâncias químicas) afetarem as espécies não-alvo porque todos os organismos necessitam desses três processos", explica.
Encontrar espécies não-alvo mortas, inclusive predadores naturais das pragas, faz parte da rotina de quem trabalha em campos agrícolas pulverizados com agrotóxicos. Mesmo quando a dose é insuficiente para matá-las, elas podem ter sequelas como a diminuição da fecundidade, malformações no desenvolvimento, alterações comportamentais e perturbações hormonais.

"Um pesquisador da Universidade da Califórnia descobriu anos atrás que o herbicida Atrazina, um dos mais usados no mundo, é capaz de transformar girinos geneticamente machos em fêmeas numa concentração de uma parte por bilhão. Mesmo que aquele indivíduo não morra no curto prazo, a população morre no médio prazo porque, se deixa de ter reprodução, entra em colapso", afirma Schiesari.
No entanto, fabricantes garantem que esses produtos, principalmente os mais novos, passam por pesquisas minuciosas para que sejam eficientes no controle de pragas, doenças e ervas daninhas, e ambientalmente seguros.

"Vários estudos são realizados desde o início do descobrimento, verificando sua viabilidade através de estudos preliminares. As empresas começam com cerca de 160 mil moléculas, mas no final de quatro anos restam apenas cinco que seguirão os próximos estágios de desenvolvimento", afirma Andreia Ferraz, gerente de ciência regulatória da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF).

"Essas moléculas, para seguirem, passam por diversos estudos toxicológicos e crônicos, e por outros que permitem caracterizar tanto o destino ambiental, bem como os efeitos para organismos não-alvo."

CERCO FECHADO PARA AS ABELHAS
O fenômeno do declínio populacional de abelhas em conexão com o uso de agrotóxicos vem sendo acompanhado de perto por vários países e comprovado por pesquisas como o relatório divulgado pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) no início de 2018.
Após analisar mais de 1,5 mil estudos sobre os neonicotinoides (agrotóxicos derivados da nicotina), o órgão afirmou que os danos que o agrotóxico causa nas abelhas variam de acordo com a espécie, a utilização e a via de exposição, mas de modo geral representa riscos para todas.

Pesquisas anteriores tinham revelado que o composto químico neurotóxico danifica a memória do inseto – ao sair para buscar alimento, ele se perde e não consegue voltar para a colmeia – além de provocar a morte precoce de abelhas rainhas e operárias.
A substância também foi considerada vilã das abelhas por pesquisadores da Universidade de Neuchâtel, na Suíça, em estudo publicado na revista Science. Foram encontrados traços de pelo menos um tipo de neonicotinoide em 75% das amostras de mel coletadas em todo o mundo.
Diante das evidências, recentemente a União Europeia proibiu três inseticidas da classe desse agrotóxico: imidacloprido, clotianidina e tiametoxam.

Fungicidas também podem ser fatais para o inseto, segundo pesquisadores, já que alguns fungos mantêm relações simbióticas com as abelhas.
Outros fatores, como doenças comuns e o desmatamento também podem ameaçar as colônias. Neste último caso, quando abre-se caminho para o plantio de grandes plantações, as abelhas acabam se alimentando apenas de um tipo de pólen e de néctar disponível nesses cultivos. Por causa disso, acabam enfraquecendo por deficiência nutricional.

PESQUISA INÉDITA COM ABELHAS NO BRASIL
No Brasil, cientistas também observaram a mortalidade de abelhas intoxicadas por defensivos agrícolas.
"Os inseticidas foram desenvolvidos para matar insetos, e a abelha é um inseto. Se ela se aproxima, vai ocorrer mortalidade. É um problema bastante sério no Estado de São Paulo. Não que não aconteça em outros Estados do Brasil, mas em São Paulo nós temos registro", adverte Roberta Nocelli, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que desenvolve pesquisas em ecotoxicologia de abelhas.

O registro que ela menciona é uma pesquisa inédita no Brasil realizada pelo Projeto Colmeia Viva com participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da UFSCar. Para fazer o Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP), especialistas estiveram em apiários entre agosto de 2014 e agosto de 2017, com o objetivo de averiguar a relação da agricultura e apicultura e a aplicação de agrotóxicos.
Das 107 visitas feitas em campo, 88 possibilitaram essa análise. Foi encontrada a presença de inseticidas neonicotinoides, de pirazol e de triazol em 59 casos, dentro e fora das culturas agrícolas (por exemplo, quando as abelhas buscam água e alimento em áreas de criação de gado).
Os casos de mortalidade do inseto por uso incorreto de agroquímicos nas lavouras representaram 35,59% das amostras coletadas.

Esses dados se referem à espécie Apis Mellifera africanizada (uma mistura de subespécies europeias e africanas), conhecida como "abelha que produz mel". As abelhas que têm origem brasileira não foram analisadas.
"Não podemos mensurar o impacto das abelhas que estão nas matas. Mas, pelas medições que fazemos com a Apis Mellifera, estimamos que a mesma coisa esteja acontecendo com as colmeias das colônias de abelhas nativas. São aproximadamente 3 mil espécies não pesquisadas", afirma Nocelli.

PERIGO DE EXTINÇÃO DAS ABELHAS
O perigo de extinção das abelhas assusta porque o inseto desempenha um papel fundamental na produção de alimentos. "É importante pensarmos que a produção depende do polinizador em boa parte das culturas. E a abelha é o polinizador mais importante, porque é responsável pela polinização de mais de 70% das plantas com flores."
Quando os agrotóxicos causam o enfraquecimento ou a morte de animais polinizadores, as colheitas são menos fartas. Por outro lado, se eles forem retirados das lavouras, as pragas são capazes de destruir safras inteiras.
Por isso, não é o fim completo do uso de agrotóxicos que a maioria dos biólogos e grupos ambientais defende, mas sim um uso mais responsável desses produtos e a adoção de formas de controle que não agridam o meio ambiente, como o manejo integrado de pragas, sempre que possível.

Os dez ingredientes ativos mais vendidos no Brasil em 2017:
1.      Glifosato e seus sais
2.      2,4-D
3.      Mancozebe
4.      Acefato
5.      Óleo mineral
6.      Atrazina
7.      Óleo vegetal
8.      Dicloreto de paraquate
9.      Imidacloprido
10.  Oxicloreto de cobre
Fonte: Ibama/Consolidação de dados fornecidos pelas empresas registrantes de produtos técnicos, agrotóxicos e afins, conforme art. 41 do Decreto n° 4.074/2002.
Fonte: BBC News Brasil-18 de agosto de 2018

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quinta-feira, setembro 21, 2017

Alerta de ovos contaminados por agrotóxico na Europa

ALERTA ALIMENTAR LANÇADO PELAS AUTORIDADES HOLANDESAS
A rede de supermercados populares Aldi anunciou na sexta-feira (04/08) que está retirando todos os ovos de suas prateleiras na Alemanha, em meio a um alerta alimentar lançado pelas autoridades holandesas sobre ovos supostamente contaminados com um pesticida tóxico.

Em comunicado, a empresa alemã, que possui mais de 4 mil unidades em todo o país, justificou que tomou a decisão por "pura precaução", a fim de fornecer "clareza e transparência" ao consumidor, embora não haja evidência real de contaminação em seus produtos. A associação alemã de agricultores, por outro lado, descreveu a atitude como uma "reação exagerada".

O alerta fora lançado pela NVWA, agência responsável por segurança alimentar na Holanda, que encontrou vestígios do uso do inseticida fipronil em várias fazendas avícolas no país. Após fechar dezenas de empresas, recomendou que os mercados deixassem de vender os ovos produzidos por elas.

Uma lista com mais de cem códigos – que aparecem impressos nas cascas dos ovos e identificam em qual fazenda eles foram produzidos – foi publicada pela agência reguladora em sua página na internet, alertando os cidadãos para que evitem consumir esses produtos até segundo aviso.

BILHOES DE OVOS PRODUZIDOS
Segundo a imprensa holandesa, cerca de 10 bilhões de ovos foram produzidos no país no último ano por cerca de mil fazendas avícolas. Ao menos metade deles atravessou a fronteira para a Alemanha.

O ministro alemão da Agricultura, Christian Schmidt, afirmou que "ao menos 3 milhões de ovos contaminados" vindos da Holanda chegaram ao país nas últimas semanas, e a maioria foi vendida.

RETIRADA DOS SUPERMERCADOS
No país, várias redes de supermercados anunciaram ter interrompido a venda de ovos holandeses. O grupo Rewe, bem como sua cadeia subsidiária Penny, anunciou que retiraria de suas prateleiras todos os ovos provenientes da Holanda, independentemente de estarem na lista da NVWA ou não.
O próprio grupo Aldi, antes de informar nesta sexta-feira que está deixando de vender qualquer ovo em suas lojas, já havia removido das prateleiras os produtos das fazendas que supostamente utilizam fipronil. Aldi possui mais de 4 mil supermercados na Alemanha
O mesmo fez a rede rival de supermercados populares Lidl.
Já em território holandês, a rede de supermercados Albert Heijn, a maior do país, afirmou que "parou a comercialização de 14 tipos de ovos" seguindo as indicações da NVWA, afirmou a porta-voz da empresa, Els van Dijk.  "Todos esses 14 tipos de ovos foram enviados de volta aos depósitos para serem destruídos", completou Van Dijk, indicando que esta é uma "situação sem precedentes" para o grupo Albert Heijn.

Além da agência reguladora holandesa, a autoridade de segurança alimentar da Bélgica, AFSCA, também lançou uma investigação criminal sobre a questão. Testes encontraram fipronil em alguns ovos, mas não em quantidades que representem ameaça à saúde humana. Nenhum desses ovos chegou às prateleiras de supermercados belgas, garantiu a agência.

Em Bruxelas, a Comissão Europeia disse estar ciente da situação. Segundo a porta-voz Anna-Kaisa Itkonen, o caso está sendo monitorado de perto pelas autoridades. "O que posso dizer é que as empresas foram identificadas, os ovos foram banidos, e a situação está sob controle", afirmou. 

A LTO, federação holandesa de agricultura e horticultura, comunicou que estima uma perda de pelo menos 10 milhões de euros por parte dos avicultores do país devido ao escândalo de contaminação.

FIPRONIL
Produzido por empresas como a alemã Basf, o fipronil é comumente utilizado em produtos veterinários para evitar o aparecimento de pulgas, piolhos e carrapatos. Seu uso, no entanto, é proibido para tratar animais destinados ao consumo humano, como aves.
O inseticida é considerado tóxico para humanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), podendo danificar órgãos como fígado, rins e tireóide se consumido em grandes quantidades e por período prolongado, alerta a entidade.

BELGAS SOUBERAM DE OVOS TÓXICOS EM JUNHO
Agência de segurança alimentar da Bélgica recorre a segredo de Justiça em investigação para explicar por que informação não foi divulgada antes. Ovos produzidos no país e na Holanda estão contaminados com inseticida.

Autoridades da Bélgica admitiram que já sabiam desde o início de junho de uma suspeita de que ovos produzidos no país teriam sido expostos a um inseticida tóxico.  Mesmo assim não divulgaram nenhum alerta na época, e a informação foi repassada a autoridades europeias apenas em 20 de julho. Nos últimos dias, testes demonstraram que ovos produzidos no país e na vizinha Holanda apresentavam sinais de contaminação.

Segundo Katrien Stragier, uma porta-voz da Agência de Segurança Alimentar da Bélgica (AFSCA), o silêncio ocorreu por causa das regras que são impostas em casos de suspeita de fraude. "Nós sabíamos desde o início de junho que havia um problema com o [inseticida] fipronil no setor aviário. Iniciamos uma investigação imediatamente e informamos o Ministério Público, já que o caso incluía a suspeita de fraude. Desse ponto em diante, passou a valer o segredo de Justiça. Entendemos que as pessoas querem fazer questionamentos sobre saúde pública, e estamos tentando responder", disse.

OUTROS PAÍSES
As autoridades francesas e britânicas afirmam que ovos expostos a inseticida também entraram em seus países, mas em menor quantidade. Europa alerta ainda Suécia e Suíça.
A Comissão Europeia informou que ovos possivelmente contaminados com um pesticida tóxico também chegaram à França e ao Reino Unido, em meio a um alerta alimentar lançado pelas autoridades holandesas que já atinge outros países do continente.

REINO UNIDO
Importou 700 mil ovos contaminados

FRANÇA
Já o governo francês comunicou que 13 lotes de ovos holandeses contaminados com fipronil foram encontrados em duas fábricas de processamento de alimentos no centro-oeste da França. O Ministério da Agricultura do país não soube informar se algum produto chegou ao consumidor. Também o  ministério relatou que, em 28 de julho passado, uma fazendo avícola em Pas-de-Calais, no norte da França, foi colocada sob vigilância depois de um alerta recebido pelas autoridades de que um fornecedor belga enviara à granja produtos supostamente contaminados.

O governo francês expandiu a lista de produtos que foram retirados da venda porque contêm ovos contaminados . O Ministério da Agricultura francês acrescentou três referências aos 17 que estavam na lista inicial que havia publicado. Estes são dois tipos de Frangipane (um biscoito com pasta de amêndoa) da marca Lotus feita na Bélgica que foi colocada no mercado na  França entre 3 de julho e 3 de agosto e um waffle feito na Holanda da marca Les Trouvailles de Lucille. Anteriormente, a retirada de 17 outros tipos de waffles, todos importados da Holanda e vendidos com o marca de diferentes cadeias de supermercados.
Sobre esses ovos, a pasta garantiu que nenhum deles chegou às prateleiras de supermercados do país. Os produtos foram submetidos a testes, e o resultado deve ser conhecido.
O Departamento de Agricultura observou que, em todos esses casos, a taxa de concentração de Fipronil excede o limite autorizado, mas enfatizou que seu consumo não é perigoso para a saúde. Ele também acrescentou que incluirá outras referências confirmadas a presença do inseticida com as análises que estão sendo feitas.

DINAMARCA RECEBEU 20 TONELADAS DE OVOS CONTAMINADOS
Governo dinamarquês diz que produto foi vendido a estabelecimentos e fornecedores e não chegou ao consumidor comum. Áustria e Romênia também identificam lotes tóxicos.  
O governo da Dinamarca divulgou que 20 toneladas de ovos contaminados foram vendidos a estabelecimentos e fornecedores alimentícios.
"A companhia dinamarquesa Danaeg recebeu um total de 20 toneladas de ovos cozidos e descascados de um fornecedor belga", informou a administração veterinária e alimentar dinamarquesa.
Segundo a agência do governo, a maior parte dos ovos foi vendida a cafeterias e empresas de fornecimento. A administração ressalta que os ovos "provavelmente não foram vendidas a lojas de varejo a um nível significativo" e não representaram riscos aos consumidores.

UNIÃO EUROPEIA DIZ QUE 15 PAÍSES DO BLOCO RECEBERAM OVOS CONTAMINADOS, MAIS SUÍÇA E HONG KONG
 Quinze países da União Europeia (UE), além de Suíça e Hong Kong foram afetados pela crise dos ovos contaminados, segundo anúncio feito pela Comissão Europeia. Há granjas interditadas em quatro países — Bélgica e Holanda, origem da crise, e Alemanha e França —, dos quais partiram exportações para os demais. Investigações mostraram que os níveis de fipronil, produto usado para erradicar o ácaro vermelho nas galinhas, superava os limites autorizados pela regulamentação europeia, em alguns casos muito acima. O produto é usado por empresas especializadas na desinfecção de propriedades agrícolas.
A Comissão anunciou ainda que fará uma reunião com representantes desses países, em 26 de setembro próximo, para “tirar as lições” do episódio. Na União Europeia, os países atingidos são Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Suécia, Reino Unido, Áustria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia e Dinamarca, disse um porta-voz do Executivo europeu à imprensa.

PERDAS MILIONÁRIAS
A Comissão Europeia deu mais informações, sobre a origem dos ovos suspeitos de contaminação. Além das dezenas de criadouros que permanecem fechados na Holanda e na Bélgica, Bruxelas afirmou que também foram fechadas quatro explorações agrícolas na Alemanha e uma na França por terem utilizado fipronil para limpeza, cuja utilização é proibida em aves de granja. Os ministros da União Europeia (UE) se reunião em 26 de setembro para analisar as múltiplas falhas de coordenação na gestão da crise.

O fipronil não apareceu apenas em criadouros da Holanda e da Bélgica. As autoridades do bloco detalharam  que o inseticida, proibido em animais destinados a alimentação, também foi usado na Alemanha e na França. Em ambos os países, várias granjas continuam fechadas enquanto é feita a análise dos ovos e da carne das aves. Os trabalhadores do setor só poderão retomar a atividade quando ficar comprovado que os resíduos de fipronil presentes nos alimentos cumprem com as normas sanitárias. Dos criadouros desses quatro países, mas sobretudo da Holanda e da Bélgica, saíram ovos que foram retirados do mercado em 15 países da UE, Suíça e Hong Kong.

As autoridades europeias têm sido cautelosas, bloqueando todas as exportações agrícolas tratadas com a substância desde janeiro deste ano. O objetivo é evitar a chegada ao mercado de produtos em mau estado, embora os especialistas continuem tranquilizando os consumidores quanto ao pequeno risco à saúde causado pela ingestão.

As grandes preocupações do setor são as milionárias perdas que o escândalo vai causar aos avicultores afetados e o tempo que levarão para recuperar a confiança dos clientes. A porta‑voz da organização holandesa Bionext, que reúne criadores especializados em produtos ecológicos, mostrava a decepção reinante entre eles. “Estão abatidos e se sentem enganados pela empresa ChickFriend, que lhes vendeu um produto aparentemente limpo e natural.

ROTEIRO DA CRISE

COMO COMEÇOU A CRISE?
Supostamente importado da Romênia pela empresa belga Poultry-Vision, o pesticida foi misturado a outros inseticidas legais para melhorar seus efeitos. Chickfriend, a empresa holandesa que supostamente desinfectou as aves com o composto ilícito comprado da Bélgica, diz que não trabalhou em granjas de frangos destinados ao consumo. No entanto, a Holanda, que tem mais de 100 milhões de aves de granja e exporta milhões de ovos, desaconselhou no início de agosto sua ingestão pela população. O Serviço de Segurança Alimentar tinha encontrado fipronil em diversas concentrações, uma delas muito alta, em 28 amostras. Qualificou os ovos de nocivos para as crianças e o alarme nacional foi dado.

COMO SE DESCOBRIU A CONTAMINAÇÃO?
A Bélgica garante que a Holanda recebeu em novembro de 2016 informações anônimas sobre o uso do produto em granjas, mas não investigou. Mesmo admitindo o alarme, os ministérios da Saúde e Agricultura holandeses destacam que não havia indícios de que a substância fosse chegar aos ovos. Só se falava da limpeza de aves e instalações. Os ministérios da Agricultura e da Saúde admitiram que não informaram o Parlamento em 2016 “porque na época havia uma investigação em andamento”. Alertaram, por sua vez, o Serviço de Segurança Alimentar quando a presença do fipronil foi constatada nas amostras de ovos de suas granjas este verão. Publicou-se, além disso, os códigos dos ovos considerados tóxicos. Os movimentos de 138 instalações foram bloqueados, e as investigações incluem até agora 180.

TODOS OS PRODUTOS CONTAMINADOS FORAM RETIRADOS?
Os ovos suspeitos foram retirados de lojas e supermercados, mas continua havendo doces, molhos e saladas que podem contê-los. Agentes da vigilância sanitária repassam agora todos os produtos, inclusive alimentos infantis, para elaborar uma lista exaustiva.

O QUE ACONTECE SE FOR CONSUMIDO UM OVO COM FIPRONIL?
Como em outros casos, os especialistas afirmam que o consumo continuado pode ser perigoso, mas não o esporádico. Isso se deve à concentração do pesticida, que só seria daninha em grandes quantidades. É aconselhável descartá-los, sobretudo para evitar que crianças e grávidas se exponham desnecessariamente a possíveis perigos.

COMO É O USO DE FIPRONIL NO BRASIL?
Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto é autorizado para uso inseticida, formicida e cupinicida especialmente para aplicação no solo no cultivo de batatas, cana-de-açúcar e milho. Além da aplicação nas folhas das culturas de algodão, arroz, eucalipto e soja, dentre outros. Em junho de 2012, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), soltou um comunicado  restringindo a pulverização aérea de fipronil, bem os agrotóxicos imidacloprido, tiametoxam e clotianidina, no controle parasitário agrícola, pois essas substâncias seriam nocivas às abelhas.
A Organização Mundial da Saúde afirmou que, quando ingerida em grandes quantidades, a substância pode prejudicar rins, fígado e glândulas tiroides. Fonte: Deutsche Welle – 04.08.2017 a 11.08.2017



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terça-feira, novembro 03, 2009

O misterioso desaparecimento de abelhas

■ As abelhas polinizam um terço das nossas culturas ao redor do mundo
■ Colapso de colônias de abelhas representa grave ameaça para as colheitas futuras.
■ Caso de desaparecimento de abelhas atraiu a imaginação do público.
■ Alguns atribuem o declínio à utilização de determinados pesticidas agrícolas

Em todo o mundo, as abelhas estão morrendo aos milhões e há algo nessa tragédia, misterioso silêncio que tomou conta da consciência pública.
Desde Pennsylvanian, David Hackenberg identificou pela primeira vez o problema de Transtorno do Colapso da Colônia de Abelha (Colony Collapse Disorder -CCD) em 2004/2005, os apicultores de todo o mundo têm encontrado suas colméias de repente vazias.

As abelhas polinizam um terço das nossas culturas e sem a sua ajuda a nossa dieta seria muito diferente. Não só as pessoas estão preocupadas, mas o declínio foi de algum modo torna-se uma ampla metáfora para a nossa relação com o ambiente.
Percebendo que havia algo muito errado, dois documentaristas decidiram investigar o problema e o resultado é o novo filme, "Desaparecimento das Abelhas".
"Eu descobri sobre CCD de um amigo e imediatamente foi para casa e pesquisei na internet para saber mais sobre isso", George Langworthy, co-diretor do filme, disse à CNN.

"Eu estava imediatamente atraído pelos aspectos misteriosos e global do problema. Eu sabia que tinha que fazer algo sobre isso." Durante dois anos, os cineastas cruzaram o mundo conversando com apicultores na tentativa de identificar a causa.

O filme inicia-se no interior da Austrália com os homens com vestuários de proteções brancas e brilhantes, produzindo fumaça nas colméias, separando e colocando as abelhas em caixas pequenas. As milhares de pequenas criaturas são depois transportadas em um avião 747 e cruzam o globo até Califórnia, onde elas serão usadas para ajudar a polinizar as plantações.

Monocultura
Esta situação imaginável tornou-se necessária porque uma agricultura moderna e mecanizada baseia-se em vastas monoculturas - dezenas, talvez centenas de hectares de uma única cultura.
Porque estas culturas só florescem uma vez, não há nada para as abelhas alimentarem a maior parte do ano, mas elas ainda são vitais para a polinização, assim os agricultores têm de despachar as colméias para polinizar as lavouras e alugá-las por até US $ 200 por semana.

Agronegócio
É neste contexto de agricultura fortemente industrializado que as abelhas começaram a morrer. A princípio ninguém tinha certeza qual era a causa.
Era uma nova doença? Ou infestação com o ácaro parasita Varroa? Seria porque as abelhas estavam estressadas por serem enviados ao redor do mundo? Eram antenas de telefonia celular? Ou apenas má apicultura? Foi imaginado até terrorismo?
O filme examina a evidência para este emaranhado confuso de teorias, mas em última análise, estabelece outra causa distinta: pesticidas.

Monocultura e agrotóxico
Monoculturas agrícolas dependem de grandes quantidades de insumos químicos para ficar fértil e livre de pragas. Enormes áreas da mesma cultura são extremamente atraentes para as pragas que se alimentam deles, e muitas dos registros e equilíbrios naturais fornecidas por predadores em ecossistemas mais equilibrados não existem, ou seja, os produtos químicos são a única forma de evitar grandes perdas.

Neonicotinóides
Estes pesticidas não se destinam a matar as abelhas. Mas, segundo os cineastas, em torno da morte de abelhas, mais tarde começaram a ser relatados, um novo tipo pesticida sistêmico baseado em neonicotinóides produzido pela Bayer Crop Science e empresas de agroquímicos e utilizado pelos agricultores.
O novo pesticida ou é colocado na semente, e permanece na planta para o ciclo de vida, ou é entregue através de sistemas de irrigação. Ambos os responsáveis do "Desaparecimento das Abelhas" e muitos apicultores acreditam que é o cerne do problema.

Embora os testes da Bayer confirmaram que os produtos químicos não são tóxicos para as abelhas, a curto prazo, de acordo com os cineastas e apicultores entrevistados para o documentário "Desaparecimento das abelhas", os impactos de longo prazo não foram estudados, nem os efeitos da combinação residuais de pesticidas, sendo encontrados nas colméias.

A conclusão do filme é que estas toxinas nervosas estão enfraquecendo e confundindo as abelhas, interrompendo o seu sentido de direção, deixando-os vulneráveis a doenças e infecções - e é por isso que eles estão morrendo.
"Pessoalmente, gostaria de explicar que não é apenas um tipo específico de inseticida que é responsável pelo CCD, mais um sistema inteiro de cultivo", disse George Langworthy.

"Eu acho que é a nossa mentalidade, que é o problema, a idéia de que, se não usar todos esses produtos químicos tóxicos, então não será capaz de cultivar alimentos, e isso é completamente falso. O problema de tudo isto, é que você tem estas grandes empresas que trabalham para tentar convencer-nos que não podemos passar sem os seus produtos."

Completando o documentário e trazendo essas idéias para o público tornou-se uma cruzada pessoal para os cineastas.

"O filme mudou completamente coloca-nos em dívida", disse o diretor do filme Maryam Henein, à CNN. " George Langworthy está à beira da falência, e eu não ganhei um centavo em três meses.

"Agora, não sabemos como vamos pagar a dívida. Portanto, o sucesso é muito agridoce: temos uma versão teatral no Reino Unido e tivemos essa grande estréia, mas depois, cada dia é fácil de ser temeroso. "

No Reino Unido o filme foi distribuído pelo Banco Cooperativo e Dogwoof, cuja parceria visa ajudar a levar produção de filmes de consciência social para um grande público.

A empresa varejista do Reino Unido Co-Operative Alimentos já proibiu agrotóxicos neonicotinóides em seus produtos frescos de marca própria, e convidou o Governo a financiar pesquisas sobre seus efeitos.
Mas a equipe do "Desaparecimento das Abelhas" ainda espera mais apoio "para levar esta mensagem para o resto do mundo", sobretudo para os Estados Unidos.

Apesar da dimensão do problema George Langworthy permanece seguro que a mudança é possível e insiste que o filme tem uma mensagem positiva.

"Fez-me mais otimista sobre a capacidade das pessoas para produzir mudança no mundo", ele disse. "O público em geral pode tornar-se consciente dessas questões e fazer algo sobre ele.

"Foi muito inspirador, pois as pessoas estão preocupadas com as abelhas e as pessoas podem realmente fazer a diferença, ao comer um alimento mais saudável - o que é melhor para eles - e plantar em seu jardim - o que é uma coisa maravilhosa para fazer. Podem realmente ver a diferença na frente de seus olhos em oposição a coisas abstratas na floresta ou a camada de ozônio ". Henein espera que o filme agirá como um catalisador para mudanças muito mais ampla na sociedade. "A maneira que vivemos e os sistemas ao nosso redor estão desatualizados e obsoletos", ele disse.

"Eu sou uma pessoa espiritual e eu realmente acredito que estamos à beira de um novo paradigma, e temos que ser a mudança que queremos ver. Levará alguns sacrifícios e não será fácil, mas realmente começa com a gente.

Precisamos aprender com as abelhas - que trabalham na unidade comum e que é uma lição para todos nós. "Estamos em uma bifurcação na estrada, e você tem que decidir se vai fazer parte das pessoas que são positivas e queremos viver além do medo, ou você simplesmente vai viver em uma caixa?"

Fonte: CNN News - October 24, 2009

Comentário:
O que acontece no Mundo
1-Morte misteriosa de abelhas chega ao Reino Unido
Um problema que atinge os Estados Unidos desde o final do ano passado parece ter chegado ao Reino Unido. Especialistas do governo britânico estudam as possíveis causas para a misteriosa morte de abelhas no país, especialmente nos arredores de Londres.
Os apicultores afirmam que, ao todo, já perderam mais de 10% das colônias de abelhas. John Chapple, presidente da Associação de Apicultores de Londres, disse que os produtores dessa região perderam entre 50% a 75% de suas colônias.

2- Em 2007, em 25 estados americanos, os apicultores perderam também de 50% a 90% de suas produções em função de uma doença misteriosa chamada de "transtorno do colapso da colônia". As abelhas abandonam de repente suas colônias e morrem logo depois. Pesquisadores acreditam que essa mesma doença pode ter chegado ao Reino Unido.

3-Morte misteriosa de abelhas atinge também Taiwan
Em abril de 2007, os fazendeiros de Taiwan têm reclamado do desaparecimento em massa desses insetos. Cerca de 10 milhões de abelhas já sumiram em Taiwan.
Um criador de abelhas afirmou que 6 milhões de insetos desapareceram "sem motivo" e outro afirmou que 80 de suas 200 caixas de abelhas ficaram vazias. Os criadores de abelha normalmente deixam as abelhas saírem de suas caixas para que possam polinizar plantas e, normalmente, eles tomam o caminho de volta para seus donos sem problemas. Porém, muitas das abelhas não têm retornado nos últimos dois meses.
Cientistas disseram o problema pode estar sendo causado pelo uso de pesticidas e pela temperatura incomum para esta época do ano - entre menos de 20°C para mais de 30°C em poucos dias. "É claramente possível ver a mudança climática em Taiwan", disse o entomologista Yang Ping-shih, da Universidade Nacional de Taiwan.

4- Em 2008, Alemanha proíbe oito pesticidas neonicotinóides em razão da morte maciça de abelhas
O Governo alemão proibiu, provisoriamente, a classe de pesticidas neonicotinóides, conclusivamente ligados ao maciço desaparecimento de abelhas.
“É uma emergência real”, disse Manfred Hederer, presidente da Associação dos Apicultores Profissionais da Alemanha, referindo-se ao colapso da população de abelhas no estado de Baden-Württemberg. “Cinqüenta para 60% das abelhas já morreram, em média e alguns apicultores perderam todas as suas colméias.”
Pesquisadores do governo estudaram abelhas mortas e descobriram 99% de contaminação com o pesticida clothianidin, produzido pela Bayer. Os pesticidas haviam sido aplicados às sementes de colza, na vizinha região do vale do rio Reno.
Clothianidin é um pesticida da “família” neonicotinóides. Esta classe de substâncias químicas é aplicada às sementes e, em seguida, se espalha em todos os tecidos da planta. Com base em nicotina, os neonicotinóides são tóxicos para os sistemas nervosos de qualquer inseto que entra em contato com eles.
A Bayer culpou a morte de abelhas pela aplicação abusiva do pesticida, que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) classifica como “altamente tóxico” para as abelhas. A indústria de agrotóxicos, como exemplificado pela Bayer, tradicionalmente “culpa” os agricultores pelo uso abusivo ou descuidado, na tentativa de eximir-se de qualquer responsabilidade, inclusive pela contaminação dos agricultores e trabalhadores agrícolas.

As abelhas prestam um serviço de polinização, estimado em bilhões de dólares, de fundamental importância para a agricultura, razão da rápida e dura reação do governo alemão.

5- Em 2008, a Itália proíbe agrotóxicos neonicotinóides associados à morte de abelhas
O “Ministero del Lavoro della Salute e delle Politiche Sociali” determinou a imediata suspensão da aplicação de diversos neonicotinóides no tratamento de sementes. Foram suspensos os produtos clothianidin, imidacloprid, fipronil ethiamethoxam. Em paralelo à proibição, o governo italiano iniciou um programa de avaliação e monitoramento das causas do recente colapso de colônias, matando milhões de abelhas. .
Os neonicotinóides clothianidin and imidacloprid já haviam sido proibidos na Alemanha e Eslovênia em maio passado. A França já havia proibido a aplicação em girassóis desde 1999.
As duas substância são produzidas pela Bayer CropScience e, em 2007, geraram uma receita de 800 milhões de euros.

6- Aproximadamente 15% da comida que os norte-americanos consomem vem diretamente da polinização das abelhas domésticas. Outros 15% vêm de animais que consomem alimentos que as abelhas polinizam. Em outras palavras, quase um terço da comida que os norte-americanos consomem atualmente precisa da polinização.

Na realidade, hoje, predomina na agricultura é a cultura intensiva (monocultura) que necessita da aplicação cada vez maior de agrotóxicos e a engenharia genética. A monocultura elimina o equilíbrio do ecossistema, elimina a biodiversidade. Na natureza existem as pragas; boas e más, os predadores, todos interligados num ciclo muito tênue de sobrevivência. Quando um elemento estranho penetra nesse ciclo, como é o caso do agrotóxico, que tem a finalidade de manter sadias as culturas, rompe essa cadeia de equilíbrio e não sabemos a sua extensão e os animais e insetos mais sensíveis são os primeiros a sentir esse desequilíbrio. A abelha já emitiu um sinal de que existe um desequilíbrio na natureza.

Vídeo.
Trailer do documentário

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terça-feira, setembro 30, 2008

DDT mata silenciosamente no Acre


A contaminação por Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) pode está relacionada à morte de 114 funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Acre, entre os anos de 1994 até hoje.
Foto - Trabalhadores aplicando DDT sem equipamento de proteção de segurança
Outros 300 funcionários, ainda em atividade, apesar dos evidentes problemas de saúde relacionados ao contato com o inseticida, lutam para provar que estão contaminados e receber a assistência necessária por parte do governo federal, incluindo gastos com medicamentos e indenização por danos morais e materiais sofridos em decorrência da contaminação.
A Funasa diz que não reconhece que tenha havido contaminação, mas que o governo federal se compromete a fornecer o tratamento adequado se houver a comprovação.

Falta de treinamento
Tidos como heróis no Acre, os chamados guarda da malária eram facilmente reconhecidos pelo uniforme bege e o capacete de alumínio. Embrenhados na selva por até seis meses carregando mochilas que chegavam a 45 kg, comiam e dormiam nas casas de seringueiros ou na floresta.
Ficava meses na floresta, conta o guarda da malária Evilásio Meireles.
Se sobrava empenho no trabalho, falta conhecimento sobre o até hoje controvertido DDT (diclorodifeniltricloroetano), um inseticida altamente eficiente contra mosquitos, mas que já foi banido por vários países, entre os quais os EUA. No Brasil, o governo federal deixou de utilizá-lo em 2002.
"Muitas vezes, a mãe da criança vinha com um negócio de piolho, coceira, e eu inocentemente dava banho de DDT naquela criança", lembra Dejacir.
Outro funcionário, Antonio dos Reis conta que, ao lavar seus equipamentos nos igarapés, vários peixes morriam. "E automaticamente, a gente comia."

Falta de equipamentos de proteção facilitou envenenamento
Segundo Aldo A. Silva, a falta de equipamentos de proteção facilitou o envenenamento dos agentes de endemias (antigos guardas da Sucam) e motoristas que tinham contato direito com o DDT. ‘’Nosso único equipamento de proteção era o capacete de alumínio. Ele protegia a cabeça, mas deixava as narinas completamente expostas, em contato direto com o inseticida, que também penetrava diretamente na nossa pele’’, revela.
‘’Todas as vezes que borrifávamos uma casa na zona rural era comum encontrar cachorros, gatos e galinhas mortos pelos quintais. O que nós não sabíamos é que também estávamos sendo envenenados aos poucos e que um dia seríamos obrigados a lutar para poder provar que fomos contaminados no pleno exercício de nossas atividades, e que o governo federal tem uma dívida conosco’’, declara.

Sintomas
Os casos suspeitos apresentam sintomas parecidos:
■ tremor parecido ao mal de Parkinson,
■ problemas no sistema nervoso e
■ dor nas articulações.
Em média, esses funcionários ficaram expostos ao DDT por dez anos.

Testemunhas da contaminação
■ Dejacir reclama de dor nas mãos, no estômago, na vesícula, na nuca e na cabeça. Diz que sua mulher e sua filha apresentam sintomas semelhantes. Ele acredita que todos estejam contaminados porque sua casa servia de depósito do DDT.
■ Mário Wilson de Oliveira, 53 anos, trabalhou como guarda de endemias durante 20 anos, até que começou a sentir dores constantes nas articulações, tonturas e náuseas. Não demorou muito para o quadro evoluir para um derrame que o mantém de cama há 9 anos. Além da paralisia dos membros inferiores e superiores, Wilson também teve a fala afetada.
■ Antônio Souza Oliveira, 44 anos, não imagina os estragos que os 10,71 ml/dl de DDT presentes no seu organismo têm provocado à sua saúde. Ele mantém todos os movimentos e aparentemente parece uma pessoa saudável, mas tem crises profundas de depressão, acompanhadas de queda de pressão e outros sintomas relacionados ao desequilíbrio do sistema nervoso.

Funasa reconhece
A Funasa reconhece que, entre 1994 e 2008, 37 ex-funcionários seus morreram no Acre, sendo 14 deles aposentados e 23 ainda na ativa, por causas diversas, havendo suspeitas de que várias destas mortes podem ter tido como causa a exposição ao DDT. Além destas, outras 12 pessoas alegam estar doentes pelos mesmos motivos.

Ministério Público Federal
O Ministério Público Federal no Acre (MPF/AC) enviou recomendação à Fundação Nacional de Saúde (Funasa), à Secretaria de Saúde do Estado do Acre (Sesacre) e ao Ministério da Saúde, orientando sobre procedimentos a serem adotados para disponibilizar tratamento adequado a servidores e ex-servidores da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) e da própria Funasa que possam ter sido expostos a situações de risco por contato com o DDT sem o devido uso de equipamentos de proteção individual.

À Funasa, especificamente, foi recomendado;
■ que forneça a todos os seus funcionários e ex-funcionários do Acre que começaram a trabalhar para a Fundação antes de 1998, o exame de cromatografia em fase gasosa, que deve ser realizado em, pelo menos, dois laboratórios de renome nacional;
■ que crie comissão estadual de especialistas composta por, no mínimo, um toxicologista, um oncologista, um neurologista e um médico de trabalho, para efetuar o planejamento, o tratamento e o acompanhamento médico dos funcionários e ex-funcionários da Funasa no Acre que foram contaminados pelo DDT e,
■ que promova o ressarcimento de todos os gastos com exames e tratamentos de saúde realizados pelos servidores afetados, desde que esses gastos, ainda que indiretamente, sejam relacionados à exposição ao DDT, incluindo, necessariamente, nos gastos em questão, os motivados por danos neurológicos, neoplasias e lesões renais.

A recomendação ao Ministério da Saúde
■ foi para que crie comissão nacional de especialistas da área médica, notoriamente reconhecidos por seus trabalhos na área acadêmica, composta de, no mínimo, um toxicologista, um neurologista, um oncologista e um médico do trabalho, a fim de estudar os efeitos do DDT na saúde humana e
■ propor padrões de exames e tratamentos aos trabalhadores que, habitualmente, estiveram expostos ao DDT.

Pela recomendação enviada, à Secretaria de Saúde do Estado do Acre
■ caberá disponibilizar o exame laboratorial de cromatografia em fase gasosa, para a medição de DDT no meio sanguíneo, bem como todos os demais exames, laboratoriais ou de imagem, que se demonstrarem necessários, aos funcionários e ex-funcionários (residentes no Acre) da Funasa, que estiveram expostos ao DDT;
■ disponibilizar, como órgão executor do Sistema Único de Saúde, o tratamento médico adequado aos trabalhadores expostos sistematicamente ao DDT, na forma determinada pela comissão estadual de especialistas a ser criada pela Funasa ou na forma solicitada por médico conveniado ao SUS que seja responsável pelo tratamento do paciente.

Fontes: Página 20 – 14 de setembro de 2008, AC24horas - 23 de Junho de 2008 e Folha de São Paulo - São Paulo, 24 de setembro de 2008

Comentario
O DDT é pouco absorvido pela pele humana, o que explica sua relativa baixa toxicidade a nível tópico. O ser humano pode ser contaminado por exposição direta (inalação) ou por alimentos contaminados com DDT. e outros pesticidas organoclorados. Sendo lipossolúveis, possuem apreciável absorção tecidual. São facilmente absorvidos pelas vias digestiva e respiratória. Devido à grande lipossolubilidade e à lenta metabolização, os organoclorados acumulam-se na cadeia alimentar e no tecido adiposo.

Os pesticidas organoclorados, entre os quais se inclui o DDT, atuam sobre o sistema nervoso central, resultando;
■ alterações de comportamento, distúrbios sensoriais,
■ do equilíbrio, da atividade da musculatura involuntária e
■ depressão dos centros vitais, particularmente da respiração18.

Os efeitos do DDT no organismo ocorrem depois de atuarem sobre o equilíbrio de sódio/potássio nas membranas dos axônios, provocando impulsos nervosos constantes, que levam à contração muscular, convulsões, paralisia e morte. A intoxicação aguda nos seres humanos caracteriza-se por cloracnes, na pele, e por sintomas inespecíficos, como dor de cabeça, tonturas, convulsões, insuficiência respiratória e até morte, dependendo da dose e do tempo de exposição3.

Em casos de intoxicação aguda, após 2 h surgem os sintomas neurológicos de hiperexcitabilidade, parestesia na língua, lábios e membros inferiores, desconforto, desorientação, fotofobia, cefaléias persistentes, fraqueza, vertigem, alterações de equilíbrio, tremores, ataxia, convulsões tônico - clônicas, depressão central severa, coma e morte.

Os sintomas específicos podem ocorrer em caso de inalação ou absorção respiratória, como tosse, rouquidão, edema pulmonar, irritação laringotraqueal, rinorréia, bradipnéia, hipertensão e broncopneumonia (esta última uma complicação freqüente).

O DDT é um promotor de tumores, isto é, ele não causa os efeitos genéticos que culminam com o surgimento das neoplasias, mas potencializa a divisão das células neoplásicas que já tenham surgido.
Fonte: DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano): Toxicidade e Contaminação Ambiental - Claudio D'Amato, João P. M. Torres e Olaf Malm - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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