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quarta-feira, julho 08, 2020
BAYER FAZ ACORDO DE 10 BILHÕES DÓLARES PARA ENCERRAR PROCESSOS ENVOLVENDO GLIFOSATO
A gigante alemã do setor
químico e farmacêutico Bayer anunciou na quarta-feira (24/06) que pretende
direcionar mais de 10 bilhões de dólares (R$ 53 bilhões) para encerrar aproximadamente
cerca de 95 mil processos nos EUA relacionados ao herbicida Roundup.
O produto produzido pela
Monsanto – empresa adquirida pela Bayer em 2018, pelo valor de 63 bilhões de
dólares – contém o polêmico agente químico glifosato, associado ao desenvolvimento
de câncer.
"O acordo sobre o
Roundup é a medida certa no momento certo para a Bayer acabar com um longo
período de incerteza", disse o presidente-executivo da empresa, Werner
Baumann. "A Bayer decidiu sabiamente solucionar o litígio em vez de tentar
a sorte na Justiça americana", disse Feinberg.
O acordo deve encerrar cerca
de 75% das ações judiciais envolvendo o Roundup nos EUA, que chegam a 125 mil
processos. O acordo coletivo depende de aprovação do Tribunal Distrital dos
Estados Unidos, na Califórnia.
Pelo acordo, a Bayer pagará
entre 8,8 bilhões e 9,6 bilhões de dólares para encerrar 95 mil ações de
advogados. Cerca de 1 bilhao de dólares também serão reservados para eventuais
futuros acordos com queixosos.
O mediador do acordo, Ken Feinberg,
disse que cerca de 25.000 reclamações envolvendo o Roundup continuam sem
solução, mas a empresa avalia que a Bayer não deve enfrentar nenhum julgamento
nos próximos meses.
Nos últimos dois anos, a
Bayer defendeu repetidamente a segurança do herbicida, argumentando que estudos
mostram que o glifosato é seguro. A empresa também disse que pretende continuar
vendendo produtos da linha Roundup e que não planeja adicionar uma advertência
sobre eventuais riscos de desenvolvimento câncer nas embalagens.
No entanto, o produto vem
sofrendo resistência cada vez maior, especialmente na Europa. O governo alemão
aprovou no ano passado banir o glifosato a partir de 2023. Em julho de 2019, a
Áustria se tornou o primeiro país da União Europeia a banir completamente todos
os usos do herbicida glifosato. A medida austríaca contou até mesmo com apoio
da extrema direita e de legendas liberais.
Preocupações sobre seus
riscos surgiram quando uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS)
concluiu em 2015 que o herbicida é provavelmente cancerígeno.
A Bayer tem sido atormentada
por ações judiciais desde que adquiriu a Monsanto. A crise legal derrubou o
valor das ações da gigante alemã. Os problemas não envolvem apenas o Roundup
mas também outros produtos que eram fabricados pela Monsanto.
A Bayer anunciou, na
quarta-feira, que também pretende
encerrar ações judiciais envolvendo seus produtos que usam o
herbicida dicamba e o bifenilpoliclorado (conhecido como PCB), um produto
extremamente tóxico usado em fluidos elétricos que foi fabricado pela Monsanto
até 1977 – no Brasil, ficou conhecido pelo nome comercial Ascarel.
A empresa alemã reservou 400
milhões de dólares para encerrar os processos do dicamba e 650 milhões para as
ações envolvendo o PCB. Fonte: Deutsche Welle -24.06.2020
Comentário: O dicamba é um herbicida, geralmente aplicado nas
plantações de soja, milho e algodão para controle de ervas daninhas de alta
resistência. No Brasil, é autorizado para algodão e soja.
PESQUISA INDICA QUE NÃO HÁ DOSE SEGURA DE AGROTÓXICO
Uma análise de dez
agrotóxicos de largo uso no País revela que os pesticidas são extremamente
tóxicos ao meio ambiente e à vida em qualquer concentração - mesmo quando
utilizados em dosagens equivalentes a até um trigésimo do recomendado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Encomendado pelo Ministério
da Saúde e realizado pelo Instituto Butantan, o estudo comprova que não existe
dose mínima totalmente não letal para os defensivos usados na agricultura
brasileira.
NÃO EXISTEM QUANTIDADES
SEGURAS
"Não existem quantidades
seguras", diz a imunologista Mônica Lopes-Ferreira, diretora do
Laboratório Especial de Toxicologia Aplicada, responsável pela pesquisa. "Se (os agrotóxicos) não matam, causam
anomalias. Nenhum peixe testado se manteve saudável." A pesquisa foi
originalmente encomendada pelo Ministério da Saúde à Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz). Em gesto considerado corriqueiro entre institutos de pesquisa, a
Fiocruz pediu ao Instituto Butantan que realizasse o estudo, uma vez que tinha
mais expertise nesse tipo de trabalho.
No Butantan fica a Plataforma
Zebrafish - que usa a metodologia considerada de referência mundial para testar
toxinas presentes na água, com os peixes-zebra (Danio rerio). Eles são 70%
similares geneticamente aos seres humanos, têm um ciclo de vida curto (fácil de
acompanhar todos os estágios) e são transparentes (é possível ver o que
acontece em todo o organismo do animal em tempo real). O laboratório pertence
ao Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS), apoiado
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com o pedido do
Ministério da Saúde, os cientistas testaram a toxicidade de dez pesticidas
largamente utilizados no País. São eles:
·abamectina,
·acefato,
·alfacipermetrina,
·bendiocarb,
·carbofurano,
·diazinon,
·etofenprox,
·glifosato,
·malathion e
·piripoxifem.
As substâncias são genéricas,
usadas em diversas formulações comerciais.
Os pesquisadores testaram
diferentes concentrações dos pesticidas, desde as doses mínimas indicadas até
concentrações equivalentes a 1/30 dessas dosagens. As concentrações dos
pesticidas foram diluídas na água de aquários contendo ovas fertilizadas de
peixes-zebra. Em seguida, em intervalos de 24, 48, 72 e 96 horas, os embriões
foram analisados no microscópio para avaliar se a exposição havia causado
deformidades e também se tinha inviabilizado o desenvolvimento.
TESTES
Cada substância, em cada uma
das dosagens determinadas, foi testada em três aquários diferentes, cada um com
20 embriões - uma forma de triplicar resultados, garantindo acurácia.
"Acompanhamos o desenvolvimento dos embriões, verificando se apresentavam
alterações morfológicas, se estavam desenvolvendo a coluna vertebral, os olhos,
a boca, se o coração continuava batendo", explicou. "E, após o
nascimento, também o nado dos peixinhos."
Três dos dez pesticidas
analisados (glifosato, melathion e piriproxifem) causaram a morte de todos os
embriões de peixes em apenas 24 horas de exposição, independentemente da
concentração do produto utilizada. Esse espectro foi da dosagem mínima
indicada, 0,66mg/ml, até 0,022mg/ml, que teoricamente deveria ter se mostrado
inofensiva.
O glifosato é, de longe, o
defensivo mais usado na agricultura brasileira: representa um terço dos
produtos utilizados.
Também é considerado muito
perigoso. A substância é relacionada, em outros estudos, à mortandade de
abelhas em todo o mundo. É apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
como potencialmente cancerígena para mamíferos e seres humanos. O uso do
glifosato é proibido na Áustria e será banido na França até 2022.
Os outros sete pesticidas
analisados (abamectina, acefato, alfacipermetrina, bendiocarb, carbofurano,
diazinon, etofenprox) causaram mortes de peixes em maior ou menor porcentagem,
em todas as concentrações testadas. E
mesmo entre os que sobreviveram "muitos apresentavam padrão de nado
alterado que decorre da malformação das nadadeiras ou que podem sinalizar
problemas neuromotores decorrentes da exposição ao veneno".
INDÍCIOS
Os resultados obtidos nos
peixes, segundo os cientistas, são um forte indício da toxicidade dos produtos
ao meio ambiente. Eles também apontam que pode haver danos aos seres humanos.
"Nunca poderemos dizer que será igual (ao que foi observado nos
peixes)", afirmou a pesquisadora. "Mas, como geneticamente somos 70%
iguais a esses animais, é muito alta a probabilidade de que a exposição aos
agrotóxicos nos cause problemas."
De qualquer forma, sustenta a pesquisadora, o estudo é
um importante alerta. "Essas substâncias podem causar sérios problemas aos
trabalhadores que as manipulam e ao ecossistema como um todo", disse.
"Conforme o agrotóxico é borrifado nas verduras e nas frutas, ele cai no
solo, na água, contamina todos os animais que estão ali e também o homem que se
alimenta desses animais e desses vegetais. É uma cadeia."
Responsável pelo Atlas
Geografia dos Agrotóxicos no Brasil, Larissa Mies Bombardi, do Departamento de
Geografia da Universidade de São Paulo (USP), concorda com a colega. Para ela,
os peixes funcionam como sentinelas, apontando um problema maior. "É o
mesmo caso das abelhas, dos polinizadores", afirmou. "Os sentinelas revelam
que algo maior está acontecendo, algo que vai além daquela espécie."
Pesquisador de Saúde Pública
da Fiocruz, Luis Claudio Meirelles ocupou, por mais de uma década, a gerência
geral de toxicologia da Anvisa. Segundo ele, a situação atual do País no que
afirma respeito ao uso dos defensivos agrícolas é preocupante. "Somos
campeões no uso de agrotóxicos no mundo e dispomos de uma estrutura de controle
e vigilância muito aquém dos volumes utilizados e dos impactos
provocados", afirma.
"Além disso, os
investimentos em pesquisa são muito baixos e, nos últimos tempos, tivemos uma
liberação absurda de produtos, além de uma nova normatização para classificação
e rotulagem de agrotóxicos. Socialmente, o País está perdendo. Estamos no
caminho contrário do resto do mundo", diz Meirelles.
MINISTÉRIO E ANVISA AFIRMAM
NÃO TER VISTO DADOS
O Ministério da Saúde
confirmou que "encomendou a pesquisa à Fiocruz no fim de 2017", mas
destacou que não recebeu o estudo. "No que cabe ao tema dos agrotóxicos, o
levantamento teve início em 2019 e, por isso, a pasta ainda não tem como
compartilhar nem comentar os resultados."
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que também não recebeu a pesquisa e, por
isso, não seria possível "avaliar suas conclusões ou o peso das evidências".
A agência esclareceu, no
entanto, que acompanha todos os dados novos sobre produtos agrotóxicos e as
novas evidências científicas são avaliadas. "Os produtos agrotóxicos são
submetidos a um processo de reavaliação que consiste na revisão dos parâmetros
de segurança à luz de novos dados e conhecimentos", informou.
O órgão federal lembrou que
esse procedimento é necessário porque, diferentemente do que acontece com
outros produtos, o registro dos defensivos agrícolas não tem tempo de validade.
A Anvisa informou ainda que, dos dez produtos citados, o carbofurano foi
reavaliado em 2017 e está proibido. Disse ainda que o glifosato está em
processo de reavaliação.
290 AGROTÓXICOS LIBERADOS
NESTE ANO
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou este ano 290 agrotóxicos. Pelo ritmo das
liberações, a tendência é de que seja batido o recorde de 2018, quando o
governo de Michel Temer autorizou a comercialização de 450 substâncias. A
maioria não é propriamente de novos produtos, mas sim de novas formulações para
substâncias anteriormente liberadas, diz a Anvisa.
Embora aprovadas pelas regras
brasileiras e consideradas seguras quando manuseadas corretamente e nas doses
indicadas, muitas são proibidas nos EUA e na Europa. Mês passado, a Anvisa
também fez reclassificação e mudou a rotulagem. Segundo a agência, essa decisão
visa a seguir um padrão internacional. Porém, como alertaram cientistas, a nova
classificação reduz significativamente o número de defensivos categorizados
como "extremamente tóxicos". Fonte: UOL Noticias - 04/08/2019
Como os agrotóxicos afetam os pássaros e as abelhas
Estudos internacionais recentes vêm reforçando os argumentos
de ambientalistas de que o uso de agrotóxicos causa danos à fauna das regiões
onde estão as lavouras – às vezes, de longo prazo.
Um deles, divulgado na revista científica Nature, avaliou o
impacto dos inseticidas imidacloprido (neonicotinoide) e clorpirifós
(organofosforado), ambos usados no Brasil, em aves canoras (pássaros que têm a
capacidade de cantar) que se alimentam de sementes. Os tico‑ticos de coroa
branca (Zonotrichia leucophrys), pássaros das Américas analisados na pesquisa,
apresentaram sinais de envenenamento, perda de massa corporal e alteração na
capacidade de orientação durante voos migratórios.
Além dos pássaros, segundo especialistas, qualquer ser vivo
está sujeito a sofrer esses efeitos tóxicos, incluindo insetos, répteis,
anfíbios, mamíferos, peixes, demais organismos aquáticos e espécies vegetais.
"São compostos químicos projetados para ter um efeito
biológico prejudicial ao crescimento, ao desenvolvimento, à reprodução ou à
sobrevivência dos organismos", disse Luis Schiesari, professor de gestão
ambiental da USP.
Organismos da mesma família das pragas, por exemplo, por
serem biologicamente similares, também podem ser atingidos pelos defensivos
agrícolas e ter o mesmo destino.
É o que acontece com a lagarta da soja – centenas de
mariposas parentes dela são envenenadas. Mas o mais grave é que muitos
herbicidas, inseticidas e fungicidas atuam em processos comuns aos seres vivos.
"Algumas moléculas agem no processo da divisão celular,
outras no processo da respiração celular e outras no transporte de íons através
da membrana celular. Existe um potencial enorme de moléculas (das substâncias
químicas) afetarem as espécies não-alvo porque todos os organismos necessitam
desses três processos", explica.
Encontrar espécies não-alvo mortas, inclusive predadores
naturais das pragas, faz parte da rotina de quem trabalha em campos agrícolas
pulverizados com agrotóxicos. Mesmo quando a dose é insuficiente para matá-las,
elas podem ter sequelas como a diminuição da fecundidade, malformações no
desenvolvimento, alterações comportamentais e perturbações hormonais.
"Um pesquisador da Universidade da Califórnia descobriu
anos atrás que o herbicida Atrazina, um dos mais usados no mundo, é capaz de
transformar girinos geneticamente machos em fêmeas numa concentração de uma
parte por bilhão. Mesmo que aquele indivíduo não morra no curto prazo, a
população morre no médio prazo porque, se deixa de ter reprodução, entra em
colapso", afirma Schiesari.
No entanto, fabricantes garantem que esses produtos,
principalmente os mais novos, passam por pesquisas minuciosas para que sejam
eficientes no controle de pragas, doenças e ervas daninhas, e ambientalmente
seguros.
"Vários estudos são realizados desde o início do
descobrimento, verificando sua viabilidade através de estudos preliminares. As
empresas começam com cerca de 160 mil moléculas, mas no final de quatro anos
restam apenas cinco que seguirão os próximos estágios de desenvolvimento",
afirma Andreia Ferraz, gerente de ciência regulatória da Associação Nacional de
Defesa Vegetal (ANDEF).
"Essas moléculas, para seguirem, passam por diversos
estudos toxicológicos e crônicos, e por outros que permitem caracterizar tanto
o destino ambiental, bem como os efeitos para organismos não-alvo."
CERCO FECHADO PARA AS ABELHAS
O fenômeno do declínio populacional de abelhas em conexão
com o uso de agrotóxicos vem sendo acompanhado de perto por vários países e
comprovado por pesquisas como o relatório divulgado pela Autoridade Europeia
para a Segurança Alimentar (EFSA) no início de 2018.
Após analisar mais de 1,5 mil estudos sobre os
neonicotinoides (agrotóxicos derivados da nicotina), o órgão afirmou que os
danos que o agrotóxico causa nas abelhas variam de acordo com a espécie, a
utilização e a via de exposição, mas de modo geral representa riscos para
todas.
Pesquisas anteriores tinham revelado que o composto químico
neurotóxico danifica a memória do inseto – ao sair para buscar alimento, ele se
perde e não consegue voltar para a colmeia – além de provocar a morte precoce
de abelhas rainhas e operárias.
A substância também foi considerada vilã das abelhas por
pesquisadores da Universidade de Neuchâtel, na Suíça, em estudo publicado na
revista Science. Foram encontrados traços de pelo menos um tipo de
neonicotinoide em 75% das amostras de mel coletadas em todo o mundo.
Diante das evidências, recentemente a União Europeia proibiu
três inseticidas da classe desse agrotóxico: imidacloprido, clotianidina e
tiametoxam.
Fungicidas também podem ser fatais para o inseto, segundo
pesquisadores, já que alguns fungos mantêm relações simbióticas com as abelhas.
Outros fatores, como doenças comuns e o desmatamento também
podem ameaçar as colônias. Neste último caso, quando abre-se caminho para o
plantio de grandes plantações, as abelhas acabam se alimentando apenas de um
tipo de pólen e de néctar disponível nesses cultivos. Por causa disso, acabam
enfraquecendo por deficiência nutricional.
PESQUISA INÉDITA COM ABELHAS NO BRASIL
No Brasil, cientistas também observaram a mortalidade de
abelhas intoxicadas por defensivos agrícolas.
"Os inseticidas foram desenvolvidos para matar insetos,
e a abelha é um inseto. Se ela se aproxima, vai ocorrer mortalidade. É um
problema bastante sério no Estado de São Paulo. Não que não aconteça em outros
Estados do Brasil, mas em São Paulo nós temos registro", adverte Roberta Nocelli,
professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que desenvolve
pesquisas em ecotoxicologia de abelhas.
O registro que ela menciona é uma pesquisa inédita no Brasil
realizada pelo Projeto Colmeia Viva com participação da Universidade Estadual Paulista
(Unesp) e da UFSCar. Para fazer o Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP),
especialistas estiveram em apiários entre agosto de 2014 e agosto de 2017, com
o objetivo de averiguar a relação da agricultura e apicultura e a aplicação de
agrotóxicos.
Das 107 visitas feitas em campo, 88 possibilitaram essa
análise. Foi encontrada a presença de inseticidas neonicotinoides, de pirazol e
de triazol em 59 casos, dentro e fora das culturas agrícolas (por exemplo,
quando as abelhas buscam água e alimento em áreas de criação de gado).
Os casos de mortalidade do inseto por uso incorreto de
agroquímicos nas lavouras representaram 35,59% das amostras coletadas.
Esses dados se referem à espécie Apis Mellifera africanizada
(uma mistura de subespécies europeias e africanas), conhecida como "abelha
que produz mel". As abelhas que têm origem brasileira não foram analisadas.
"Não podemos mensurar o impacto das abelhas que estão
nas matas. Mas, pelas medições que fazemos com a Apis Mellifera, estimamos que
a mesma coisa esteja acontecendo com as colmeias das colônias de abelhas
nativas. São aproximadamente 3 mil espécies não pesquisadas", afirma
Nocelli.
PERIGO DE EXTINÇÃO DAS ABELHAS
O perigo de extinção das abelhas assusta porque o inseto
desempenha um papel fundamental na produção de alimentos. "É importante
pensarmos que a produção depende do polinizador em boa parte das culturas. E a
abelha é o polinizador mais importante, porque é responsável pela polinização
de mais de 70% das plantas com flores."
Quando os agrotóxicos causam o enfraquecimento ou a morte de
animais polinizadores, as colheitas são menos fartas. Por outro lado, se eles
forem retirados das lavouras, as pragas são capazes de destruir safras
inteiras.
Por isso, não é o fim completo do uso de agrotóxicos que a
maioria dos biólogos e grupos ambientais defende, mas sim um uso mais
responsável desses produtos e a adoção de formas de controle que não agridam o
meio ambiente, como o manejo integrado de pragas, sempre que possível.
Os dez ingredientes ativos mais vendidos no Brasil em 2017:
1.Glifosato
e seus sais
2.2,4-D
3.Mancozebe
4.Acefato
5.Óleo
mineral
6.Atrazina
7.Óleo
vegetal
8.Dicloreto
de paraquate
9.Imidacloprido
10.Oxicloreto
de cobre
Fonte: Ibama/Consolidação de dados fornecidos pelas empresas
registrantes de produtos técnicos, agrotóxicos e afins, conforme art. 41 do
Decreto n° 4.074/2002.
Alerta de ovos contaminados por agrotóxico na Europa
ALERTA
ALIMENTAR LANÇADO PELAS AUTORIDADES HOLANDESAS
A
rede de supermercados populares Aldi anunciou na sexta-feira (04/08) que está
retirando todos os ovos de suas prateleiras na Alemanha, em meio a um alerta
alimentar lançado pelas autoridades holandesas sobre ovos supostamente
contaminados com um pesticida tóxico.
Em
comunicado, a empresa alemã, que possui mais de 4 mil unidades em todo o país,
justificou que tomou a decisão por "pura precaução", a fim de
fornecer "clareza e transparência" ao consumidor, embora não haja
evidência real de contaminação em seus produtos. A associação alemã de
agricultores, por outro lado, descreveu a atitude como uma "reação
exagerada".
O
alerta fora lançado pela NVWA, agência responsável por segurança alimentar na
Holanda, que encontrou vestígios do uso do inseticida fipronil em várias
fazendas avícolas no país. Após fechar dezenas de empresas, recomendou que os
mercados deixassem de vender os ovos produzidos por elas.
Uma
lista com mais de cem códigos – que aparecem impressos nas cascas dos ovos e
identificam em qual fazenda eles foram produzidos – foi publicada pela agência
reguladora em sua página na internet, alertando os cidadãos para que evitem
consumir esses produtos até segundo aviso.
BILHOES
DE OVOS PRODUZIDOS
Segundo
a imprensa holandesa, cerca de 10 bilhões de ovos foram produzidos no país no
último ano por cerca de mil fazendas avícolas. Ao menos metade deles atravessou
a fronteira para a Alemanha.
O
ministro alemão da Agricultura, Christian Schmidt, afirmou que "ao menos 3
milhões de ovos contaminados" vindos da Holanda chegaram ao país nas
últimas semanas, e a maioria foi vendida.
RETIRADA
DOS SUPERMERCADOS
■No país, várias redes de
supermercados anunciaram ter interrompido a venda de ovos holandeses. O grupo
Rewe, bem como sua cadeia subsidiária Penny, anunciou que retiraria de suas
prateleiras todos os ovos provenientes da Holanda, independentemente de estarem
na lista da NVWA ou não.
■O próprio grupo Aldi,
antes de informar nesta sexta-feira que está deixando de vender qualquer ovo em
suas lojas, já havia removido das prateleiras os produtos das fazendas que
supostamente utilizam fipronil. Aldi possui mais de 4 mil supermercados na
Alemanha
■O mesmo fez a rede rival
de supermercados populares Lidl.
■Já em território
holandês, a rede de supermercados Albert Heijn, a maior do país, afirmou que
"parou a comercialização de 14 tipos de ovos" seguindo as indicações
da NVWA, afirmou a porta-voz da empresa, Els van Dijk. "Todos esses 14 tipos de ovos foram
enviados de volta aos depósitos para serem destruídos", completou Van
Dijk, indicando que esta é uma "situação sem precedentes" para o
grupo Albert Heijn.
Além
da agência reguladora holandesa, a autoridade de segurança alimentar da
Bélgica, AFSCA, também lançou uma investigação criminal sobre a questão. Testes
encontraram fipronil em alguns ovos, mas não em quantidades que representem
ameaça à saúde humana. Nenhum desses ovos chegou às prateleiras de
supermercados belgas, garantiu a agência.
Em
Bruxelas, a Comissão Europeia disse estar ciente da situação. Segundo a
porta-voz Anna-Kaisa Itkonen, o caso está sendo monitorado de perto pelas
autoridades. "O que posso dizer é que as empresas foram identificadas, os
ovos foram banidos, e a situação está sob controle", afirmou.
A
LTO, federação holandesa de agricultura e horticultura, comunicou que estima
uma perda de pelo menos 10 milhões de euros por parte dos avicultores do país
devido ao escândalo de contaminação.
FIPRONIL
Produzido
por empresas como a alemã Basf, o fipronil é comumente utilizado em produtos
veterinários para evitar o aparecimento de pulgas, piolhos e carrapatos. Seu
uso, no entanto, é proibido para tratar animais destinados ao consumo humano,
como aves.
O
inseticida é considerado tóxico para humanos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), podendo danificar órgãos como fígado, rins e tireóide se consumido em
grandes quantidades e por período prolongado, alerta a entidade.
BELGAS
SOUBERAM DE OVOS TÓXICOS EM JUNHO
Agência
de segurança alimentar da Bélgica recorre a segredo de Justiça em investigação
para explicar por que informação não foi divulgada antes. Ovos produzidos no
país e na Holanda estão contaminados com inseticida.
Autoridades
da Bélgica admitiram que já sabiam desde o início de junho de uma suspeita de
que ovos produzidos no país teriam sido expostos a um inseticida tóxico. Mesmo assim não divulgaram nenhum alerta na
época, e a informação foi repassada a autoridades europeias apenas em 20 de
julho. Nos últimos dias, testes demonstraram que ovos produzidos no país e na
vizinha Holanda apresentavam sinais de contaminação.
Segundo
Katrien Stragier, uma porta-voz da Agência de Segurança Alimentar da Bélgica
(AFSCA), o silêncio ocorreu por causa das regras que são impostas em casos de
suspeita de fraude. "Nós sabíamos desde o início de junho que havia um
problema com o [inseticida] fipronil no setor aviário. Iniciamos uma
investigação imediatamente e informamos o Ministério Público, já que o caso
incluía a suspeita de fraude. Desse ponto em diante, passou a valer o segredo
de Justiça. Entendemos que as pessoas querem fazer questionamentos sobre saúde
pública, e estamos tentando responder", disse.
OUTROS
PAÍSES
As autoridades
francesas e britânicas afirmam que ovos expostos a inseticida também entraram
em seus países, mas em menor quantidade. Europa alerta ainda Suécia e Suíça.
A
Comissão Europeia informou que ovos possivelmente contaminados com um pesticida
tóxico também chegaram à França e ao Reino Unido, em meio a um alerta alimentar
lançado pelas autoridades holandesas que já atinge outros países do continente.
REINO
UNIDO
Importou
700 mil ovos contaminados
FRANÇA
Já o
governo francês comunicou que 13 lotes de ovos holandeses contaminados com
fipronil foram encontrados em duas fábricas de processamento de alimentos no
centro-oeste da França. O Ministério da Agricultura do país não soube informar
se algum produto chegou ao consumidor. Também o ministério relatou que, em 28 de julho
passado, uma fazendo avícola em Pas-de-Calais, no norte da França, foi colocada
sob vigilância depois de um alerta recebido pelas autoridades de que um
fornecedor belga enviara à granja produtos supostamente contaminados.
O
governo francês expandiu a lista de produtos que foram retirados da venda
porque contêm ovos contaminados . O Ministério da Agricultura francês acrescentou
três referências aos 17 que estavam na lista inicial que havia publicado. Estes
são dois tipos de Frangipane (um biscoito com pasta de amêndoa) da marca Lotus
feita na Bélgica que foi colocada no mercado na
França entre 3 de julho e 3 de agosto e um waffle feito na Holanda da
marca Les Trouvailles de Lucille. Anteriormente, a retirada de 17 outros tipos
de waffles, todos importados da Holanda e vendidos com o marca de diferentes
cadeias de supermercados.
Sobre
esses ovos, a pasta garantiu que nenhum deles chegou às prateleiras de
supermercados do país. Os produtos foram submetidos a testes, e o resultado
deve ser conhecido.
O
Departamento de Agricultura observou que, em todos esses casos, a taxa de
concentração de Fipronil excede o limite autorizado, mas enfatizou que seu
consumo não é perigoso para a saúde. Ele também acrescentou que incluirá outras
referências confirmadas a presença do inseticida com as análises que estão
sendo feitas.
DINAMARCA
RECEBEU 20 TONELADAS DE OVOS CONTAMINADOS
Governo
dinamarquês diz que produto foi vendido a estabelecimentos e fornecedores e não
chegou ao consumidor comum. Áustria e Romênia também identificam lotes tóxicos.
O
governo da Dinamarca divulgou que 20 toneladas de ovos contaminados foram
vendidos a estabelecimentos e fornecedores alimentícios.
"A
companhia dinamarquesa Danaeg recebeu um total de 20 toneladas de ovos cozidos
e descascados de um fornecedor belga", informou a administração
veterinária e alimentar dinamarquesa.
Segundo
a agência do governo, a maior parte dos ovos foi vendida a cafeterias e
empresas de fornecimento. A administração ressalta que os ovos
"provavelmente não foram vendidas a lojas de varejo a um nível
significativo" e não representaram riscos aos consumidores.
UNIÃO
EUROPEIA DIZ QUE 15 PAÍSES DO BLOCO RECEBERAM OVOS CONTAMINADOS, MAIS SUÍÇA E
HONG KONG
Quinze países da União Europeia (UE), além de
Suíça e Hong Kong foram afetados pela crise dos ovos contaminados, segundo
anúncio feito pela Comissão Europeia. Há granjas interditadas em quatro países
— Bélgica e Holanda, origem da crise, e Alemanha e França —, dos quais partiram
exportações para os demais. Investigações mostraram que os níveis de fipronil,
produto usado para erradicar o ácaro vermelho nas galinhas, superava os limites
autorizados pela regulamentação europeia, em alguns casos muito acima. O
produto é usado por empresas especializadas na desinfecção de propriedades
agrícolas.
A
Comissão anunciou ainda que fará uma reunião com representantes desses países,
em 26 de setembro próximo, para “tirar as lições” do episódio. Na União
Europeia, os países atingidos são Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Suécia,
Reino Unido, Áustria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polônia, Romênia,
Eslováquia, Eslovênia e Dinamarca, disse um porta-voz do Executivo europeu à
imprensa.
PERDAS
MILIONÁRIAS
A
Comissão Europeia deu mais informações, sobre a origem dos ovos suspeitos de
contaminação. Além das dezenas de criadouros que permanecem fechados na Holanda
e na Bélgica, Bruxelas afirmou que também foram fechadas quatro explorações
agrícolas na Alemanha e uma na França por terem utilizado fipronil para limpeza,
cuja utilização é proibida em aves de granja. Os ministros da União Europeia
(UE) se reunião em 26 de setembro para analisar as múltiplas falhas de
coordenação na gestão da crise.
O
fipronil não apareceu apenas em criadouros da Holanda e da Bélgica. As
autoridades do bloco detalharam que o
inseticida, proibido em animais destinados a alimentação, também foi usado na
Alemanha e na França. Em ambos os países, várias granjas continuam fechadas
enquanto é feita a análise dos ovos e da carne das aves. Os trabalhadores do
setor só poderão retomar a atividade quando ficar comprovado que os resíduos de
fipronil presentes nos alimentos cumprem com as normas sanitárias. Dos
criadouros desses quatro países, mas sobretudo da Holanda e da Bélgica, saíram
ovos que foram retirados do mercado em 15 países da UE, Suíça e Hong Kong.
As
autoridades europeias têm sido cautelosas, bloqueando todas as exportações
agrícolas tratadas com a substância desde janeiro deste ano. O objetivo é
evitar a chegada ao mercado de produtos em mau estado, embora os especialistas
continuem tranquilizando os consumidores quanto ao pequeno risco à saúde
causado pela ingestão.
As
grandes preocupações do setor são as milionárias perdas que o escândalo vai
causar aos avicultores afetados e o tempo que levarão para recuperar a
confiança dos clientes. A porta‑voz da organização holandesa Bionext, que reúne
criadores especializados em produtos ecológicos, mostrava a decepção reinante
entre eles. “Estão abatidos e se sentem enganados pela empresa ChickFriend, que
lhes vendeu um produto aparentemente limpo e natural.
ROTEIRO
DA CRISE
COMO
COMEÇOU A CRISE?
Supostamente
importado da Romênia pela empresa belga Poultry-Vision, o pesticida foi
misturado a outros inseticidas legais para melhorar seus efeitos. Chickfriend,
a empresa holandesa que supostamente desinfectou as aves com o composto ilícito
comprado da Bélgica, diz que não trabalhou em granjas de frangos destinados ao
consumo. No entanto, a Holanda, que tem mais de 100 milhões de aves de granja e
exporta milhões de ovos, desaconselhou no início de agosto sua ingestão pela
população. O Serviço de Segurança Alimentar tinha encontrado fipronil em
diversas concentrações, uma delas muito alta, em 28 amostras. Qualificou os
ovos de nocivos para as crianças e o alarme nacional foi dado.
COMO
SE DESCOBRIU A CONTAMINAÇÃO?
A
Bélgica garante que a Holanda recebeu em novembro de 2016 informações anônimas
sobre o uso do produto em granjas, mas não investigou. Mesmo admitindo o
alarme, os ministérios da Saúde e Agricultura holandeses destacam que não havia
indícios de que a substância fosse chegar aos ovos. Só se falava da limpeza de
aves e instalações. Os ministérios da Agricultura e da Saúde admitiram que não
informaram o Parlamento em 2016 “porque na época havia uma investigação em
andamento”. Alertaram, por sua vez, o Serviço de Segurança Alimentar quando a
presença do fipronil foi constatada nas amostras de ovos de suas granjas este
verão. Publicou-se, além disso, os códigos dos ovos considerados tóxicos. Os
movimentos de 138 instalações foram bloqueados, e as investigações incluem até
agora 180.
TODOS
OS PRODUTOS CONTAMINADOS FORAM RETIRADOS?
Os
ovos suspeitos foram retirados de lojas e supermercados, mas continua havendo
doces, molhos e saladas que podem contê-los. Agentes da vigilância sanitária
repassam agora todos os produtos, inclusive alimentos infantis, para elaborar
uma lista exaustiva.
O
QUE ACONTECE SE FOR CONSUMIDO UM OVO COM FIPRONIL?
Como
em outros casos, os especialistas afirmam que o consumo continuado pode ser
perigoso, mas não o esporádico. Isso se deve à concentração do pesticida, que
só seria daninha em grandes quantidades. É aconselhável descartá-los, sobretudo
para evitar que crianças e grávidas se exponham desnecessariamente a possíveis
perigos.
COMO
É O USO DE FIPRONIL NO BRASIL?
Segundo
dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto é
autorizado para uso inseticida, formicida e cupinicida especialmente para
aplicação no solo no cultivo de batatas, cana-de-açúcar e milho. Além da
aplicação nas folhas das culturas de algodão, arroz, eucalipto e soja, dentre
outros. Em junho de 2012, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), soltou um comunicado restringindo a pulverização aérea de
fipronil, bem os agrotóxicos imidacloprido, tiametoxam e clotianidina, no
controle parasitário agrícola, pois essas substâncias seriam nocivas às
abelhas.
A
Organização Mundial da Saúde afirmou que, quando ingerida em grandes
quantidades, a substância pode prejudicar rins, fígado e glândulas tiroides. Fonte:
Deutsche Welle – 04.08.2017 a 11.08.2017
■ As abelhas polinizam um terço das nossas culturas ao redor do mundo ■ Colapso de colônias de abelhas representa grave ameaça para as colheitas futuras. ■ Caso de desaparecimento de abelhas atraiu a imaginação do público. ■ Alguns atribuem o declínio à utilização de determinados pesticidas agrícolas
Em todo o mundo, as abelhas estão morrendo aos milhões e há algo nessa tragédia, misterioso silêncio que tomou conta da consciência pública. Desde Pennsylvanian, David Hackenberg identificou pela primeira vez o problema de Transtorno do Colapso da Colônia de Abelha (Colony Collapse Disorder -CCD) em 2004/2005, os apicultores de todo o mundo têm encontrado suas colméias de repente vazias.
As abelhas polinizam um terço das nossas culturas e sem a sua ajuda a nossa dieta seria muito diferente. Não só as pessoas estão preocupadas, mas o declínio foi de algum modo torna-se uma ampla metáfora para a nossa relação com o ambiente. Percebendo que havia algo muito errado, dois documentaristas decidiram investigar o problema e o resultado é o novo filme, "Desaparecimento das Abelhas". "Eu descobri sobre CCD de um amigo e imediatamente foi para casa e pesquisei na internet para saber mais sobre isso", George Langworthy, co-diretor do filme, disse à CNN.
"Eu estava imediatamente atraído pelos aspectos misteriosos e global do problema. Eu sabia que tinha que fazer algo sobre isso." Durante dois anos, os cineastas cruzaram o mundo conversando com apicultores na tentativa de identificar a causa.
O filme inicia-se no interior da Austrália com os homens com vestuários de proteções brancas e brilhantes, produzindo fumaça nas colméias, separando e colocando as abelhas em caixas pequenas. As milhares de pequenas criaturas são depois transportadas em um avião 747 e cruzam o globo até Califórnia, onde elas serão usadas para ajudar a polinizar as plantações.
Monocultura Esta situação imaginável tornou-se necessária porque uma agricultura moderna e mecanizada baseia-se em vastas monoculturas - dezenas, talvez centenas de hectares de uma única cultura. Porque estas culturas só florescem uma vez, não há nada para as abelhas alimentarem a maior parte do ano, mas elas ainda são vitais para a polinização, assim os agricultores têm de despachar as colméias para polinizar as lavouras e alugá-las por até US $ 200 por semana.
Agronegócio É neste contexto de agricultura fortemente industrializado que as abelhas começaram a morrer. A princípio ninguém tinha certeza qual era a causa. Era uma nova doença? Ou infestação com o ácaro parasita Varroa? Seria porque as abelhas estavam estressadas por serem enviados ao redor do mundo? Eram antenas de telefonia celular? Ou apenas má apicultura? Foi imaginado até terrorismo? O filme examina a evidência para este emaranhado confuso de teorias, mas em última análise, estabelece outra causa distinta: pesticidas.
Monocultura e agrotóxico Monoculturas agrícolas dependem de grandes quantidades de insumos químicos para ficar fértil e livre de pragas. Enormes áreas da mesma cultura são extremamente atraentes para as pragas que se alimentam deles, e muitas dos registros e equilíbrios naturais fornecidas por predadores em ecossistemas mais equilibrados não existem, ou seja, os produtos químicos são a única forma de evitar grandes perdas.
Neonicotinóides Estes pesticidas não se destinam a matar as abelhas. Mas, segundo os cineastas, em torno da morte de abelhas, mais tarde começaram a ser relatados, um novo tipo pesticida sistêmico baseado em neonicotinóides produzido pela Bayer Crop Science e empresas de agroquímicos e utilizado pelos agricultores. O novo pesticida ou é colocado na semente, e permanece na planta para o ciclo de vida, ou é entregue através de sistemas de irrigação. Ambos os responsáveis do "Desaparecimento das Abelhas" e muitos apicultores acreditam que é o cerne do problema.
Embora os testes da Bayer confirmaram que os produtos químicos não são tóxicos para as abelhas, a curto prazo, de acordo com os cineastas e apicultores entrevistados para o documentário "Desaparecimento das abelhas", os impactos de longo prazo não foram estudados, nem os efeitos da combinação residuais de pesticidas, sendo encontrados nas colméias.
A conclusão do filme é que estas toxinas nervosas estão enfraquecendo e confundindo as abelhas, interrompendo o seu sentido de direção, deixando-os vulneráveis a doenças e infecções - e é por isso que eles estão morrendo. "Pessoalmente, gostaria de explicar que não é apenas um tipo específico de inseticida que é responsável pelo CCD, mais um sistema inteiro de cultivo", disse George Langworthy.
"Eu acho que é a nossa mentalidade, que é o problema, a idéia de que, se não usar todos esses produtos químicos tóxicos, então não será capaz de cultivar alimentos, e isso é completamente falso. O problema de tudo isto, é que você tem estas grandes empresas que trabalham para tentar convencer-nos que não podemos passar sem os seus produtos."
Completando o documentário e trazendo essas idéias para o público tornou-se uma cruzada pessoal para os cineastas.
"O filme mudou completamente coloca-nos em dívida", disse o diretor do filme Maryam Henein, à CNN. " George Langworthy está à beira da falência, e eu não ganhei um centavo em três meses.
"Agora, não sabemos como vamos pagar a dívida. Portanto, o sucesso é muito agridoce: temos uma versão teatral no Reino Unido e tivemos essa grande estréia, mas depois, cada dia é fácil de ser temeroso. "
No Reino Unido o filme foi distribuído pelo Banco Cooperativo e Dogwoof, cuja parceria visa ajudar a levar produção de filmes de consciência social para um grande público.
A empresa varejista do Reino Unido Co-Operative Alimentos já proibiu agrotóxicos neonicotinóides em seus produtos frescos de marca própria, e convidou o Governo a financiar pesquisas sobre seus efeitos. Mas a equipe do "Desaparecimento das Abelhas" ainda espera mais apoio "para levar esta mensagem para o resto do mundo", sobretudo para os Estados Unidos.
Apesar da dimensão do problema George Langworthy permanece seguro que a mudança é possível e insiste que o filme tem uma mensagem positiva.
"Fez-me mais otimista sobre a capacidade das pessoas para produzir mudança no mundo", ele disse. "O público em geral pode tornar-se consciente dessas questões e fazer algo sobre ele.
"Foi muito inspirador, pois as pessoas estão preocupadas com as abelhas e as pessoas podem realmente fazer a diferença, ao comer um alimento mais saudável - o que é melhor para eles - e plantar em seu jardim - o que é uma coisa maravilhosa para fazer. Podem realmente ver a diferença na frente de seus olhos em oposição a coisas abstratas na floresta ou a camada de ozônio ". Henein espera que o filme agirá como um catalisador para mudanças muito mais ampla na sociedade. "A maneira que vivemos e os sistemas ao nosso redor estão desatualizados e obsoletos", ele disse.
"Eu sou uma pessoa espiritual e eu realmente acredito que estamos à beira de um novo paradigma, e temos que ser a mudança que queremos ver. Levará alguns sacrifícios e não será fácil, mas realmente começa com a gente.
Precisamos aprender com as abelhas - que trabalham na unidade comum e que é uma lição para todos nós. "Estamos em uma bifurcação na estrada, e você tem que decidir se vai fazer parte das pessoas que são positivas e queremos viver além do medo, ou você simplesmente vai viver em uma caixa?"
Fonte: CNN News - October 24, 2009
Comentário: O que acontece no Mundo 1-Morte misteriosa de abelhas chega ao Reino Unido Um problema que atinge os Estados Unidos desde o final do ano passado parece ter chegado ao Reino Unido. Especialistas do governo britânico estudam as possíveis causas para a misteriosa morte de abelhas no país, especialmente nos arredores de Londres. Os apicultores afirmam que, ao todo, já perderam mais de 10% das colônias de abelhas. John Chapple, presidente da Associação de Apicultores de Londres, disse que os produtores dessa região perderam entre 50% a 75% de suas colônias.
2- Em 2007, em 25 estados americanos, os apicultores perderam também de 50% a 90% de suas produções em função de uma doença misteriosa chamada de "transtorno do colapso da colônia". As abelhas abandonam de repente suas colônias e morrem logo depois. Pesquisadores acreditam que essa mesma doença pode ter chegado ao Reino Unido.
3-Morte misteriosa de abelhas atinge também Taiwan Em abril de 2007, os fazendeiros de Taiwan têm reclamado do desaparecimento em massa desses insetos. Cerca de 10 milhões de abelhas já sumiram em Taiwan. Um criador de abelhas afirmou que 6 milhões de insetos desapareceram "sem motivo" e outro afirmou que 80 de suas 200 caixas de abelhas ficaram vazias. Os criadores de abelha normalmente deixam as abelhas saírem de suas caixas para que possam polinizar plantas e, normalmente, eles tomam o caminho de volta para seus donos sem problemas. Porém, muitas das abelhas não têm retornado nos últimos dois meses. Cientistas disseram o problema pode estar sendo causado pelo uso de pesticidas e pela temperatura incomum para esta época do ano - entre menos de 20°C para mais de 30°C em poucos dias. "É claramente possível ver a mudança climática em Taiwan", disse o entomologista Yang Ping-shih, da Universidade Nacional de Taiwan.
4- Em 2008, Alemanha proíbe oito pesticidas neonicotinóides em razão da morte maciça de abelhas O Governo alemão proibiu, provisoriamente, a classe de pesticidas neonicotinóides, conclusivamente ligados ao maciço desaparecimento de abelhas. “É uma emergência real”, disse Manfred Hederer, presidente da Associação dos Apicultores Profissionais da Alemanha, referindo-se ao colapso da população de abelhas no estado de Baden-Württemberg. “Cinqüenta para 60% das abelhas já morreram, em média e alguns apicultores perderam todas as suas colméias.” Pesquisadores do governo estudaram abelhas mortas e descobriram 99% de contaminação com o pesticida clothianidin, produzido pela Bayer. Os pesticidas haviam sido aplicados às sementes de colza, na vizinha região do vale do rio Reno. Clothianidin é um pesticida da “família” neonicotinóides. Esta classe de substâncias químicas é aplicada às sementes e, em seguida, se espalha em todos os tecidos da planta. Com base em nicotina, os neonicotinóides são tóxicos para os sistemas nervosos de qualquer inseto que entra em contato com eles. A Bayer culpou a morte de abelhas pela aplicação abusiva do pesticida, que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) classifica como “altamente tóxico” para as abelhas. A indústria de agrotóxicos, como exemplificado pela Bayer, tradicionalmente “culpa” os agricultores pelo uso abusivo ou descuidado, na tentativa de eximir-se de qualquer responsabilidade, inclusive pela contaminação dos agricultores e trabalhadores agrícolas.
As abelhas prestam um serviço de polinização, estimado em bilhões de dólares, de fundamental importância para a agricultura, razão da rápida e dura reação do governo alemão.
5- Em 2008, a Itália proíbe agrotóxicos neonicotinóides associados à morte de abelhas O “Ministero del Lavoro della Salute e delle Politiche Sociali” determinou a imediata suspensão da aplicação de diversos neonicotinóides no tratamento de sementes. Foram suspensos os produtos clothianidin, imidacloprid, fipronil ethiamethoxam. Em paralelo à proibição, o governo italiano iniciou um programa de avaliação e monitoramento das causas do recente colapso de colônias, matando milhões de abelhas. . Os neonicotinóides clothianidin and imidacloprid já haviam sido proibidos na Alemanha e Eslovênia em maio passado. A França já havia proibido a aplicação em girassóis desde 1999. As duas substância são produzidas pela Bayer CropScience e, em 2007, geraram uma receita de 800 milhões de euros.
6- Aproximadamente 15% da comida que os norte-americanos consomem vem diretamente da polinização das abelhas domésticas. Outros 15% vêm de animais que consomem alimentos que as abelhas polinizam. Em outras palavras, quase um terço da comida que os norte-americanos consomem atualmente precisa da polinização.
Na realidade, hoje, predomina na agricultura é a cultura intensiva (monocultura) que necessita da aplicação cada vez maior de agrotóxicos e a engenharia genética. A monocultura elimina o equilíbrio do ecossistema, elimina a biodiversidade. Na natureza existem as pragas; boas e más, os predadores, todos interligados num ciclo muito tênue de sobrevivência. Quando um elemento estranho penetra nesse ciclo, como é o caso do agrotóxico, que tem a finalidade de manter sadias as culturas, rompe essa cadeia de equilíbrio e não sabemos a sua extensão e os animais e insetos mais sensíveis são os primeiros a sentir esse desequilíbrio. A abelha já emitiu um sinal de que existe um desequilíbrio na natureza.
A contaminação por Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) pode está relacionada à morte de 114 funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Acre, entre os anos de 1994 até hoje. Foto - Trabalhadores aplicando DDT sem equipamento de proteção de segurança
Outros 300 funcionários, ainda em atividade, apesar dos evidentes problemas de saúde relacionados ao contato com o inseticida, lutam para provar que estão contaminados e receber a assistência necessária por parte do governo federal, incluindo gastos com medicamentos e indenização por danos morais e materiais sofridos em decorrência da contaminação. A Funasa diz que não reconhece que tenha havido contaminação, mas que o governo federal se compromete a fornecer o tratamento adequado se houver a comprovação.
Falta de treinamento Tidos como heróis no Acre, os chamados guarda da malária eram facilmente reconhecidos pelo uniforme bege e o capacete de alumínio. Embrenhados na selva por até seis meses carregando mochilas que chegavam a 45 kg, comiam e dormiam nas casas de seringueiros ou na floresta. Ficava meses na floresta, conta o guarda da malária Evilásio Meireles. Se sobrava empenho no trabalho, falta conhecimento sobre o até hoje controvertido DDT (diclorodifeniltricloroetano), um inseticida altamente eficiente contra mosquitos, mas que já foi banido por vários países, entre os quais os EUA. No Brasil, o governo federal deixou de utilizá-lo em 2002. "Muitas vezes, a mãe da criança vinha com um negócio de piolho, coceira, e eu inocentemente dava banho de DDT naquela criança", lembra Dejacir. Outro funcionário, Antonio dos Reis conta que, ao lavar seus equipamentos nos igarapés, vários peixes morriam. "E automaticamente, a gente comia."
Falta de equipamentos de proteção facilitou envenenamento Segundo Aldo A. Silva, a falta de equipamentos de proteção facilitou o envenenamento dos agentes de endemias (antigos guardas da Sucam) e motoristas que tinham contato direito com o DDT. ‘’Nosso único equipamento de proteção era o capacete de alumínio. Ele protegia a cabeça, mas deixava as narinas completamente expostas, em contato direto com o inseticida, que também penetrava diretamente na nossa pele’’, revela.
‘’Todas as vezes que borrifávamos uma casa na zona rural era comum encontrar cachorros, gatos e galinhas mortos pelos quintais. O que nós não sabíamos é que também estávamos sendo envenenados aos poucos e que um dia seríamos obrigados a lutar para poder provar que fomos contaminados no pleno exercício de nossas atividades, e que o governo federal tem uma dívida conosco’’, declara.
Sintomas Os casos suspeitos apresentam sintomas parecidos: ■ tremor parecido ao mal de Parkinson, ■ problemas no sistema nervoso e ■ dor nas articulações. Em média, esses funcionários ficaram expostos ao DDT por dez anos.
Testemunhas da contaminação ■ Dejacir reclama de dor nas mãos, no estômago, na vesícula, na nuca e na cabeça. Diz que sua mulher e sua filha apresentam sintomas semelhantes. Ele acredita que todos estejam contaminados porque sua casa servia de depósito do DDT. ■ Mário Wilson de Oliveira, 53 anos, trabalhou como guarda de endemias durante 20 anos, até que começou a sentir dores constantes nas articulações, tonturas e náuseas. Não demorou muito para o quadro evoluir para um derrame que o mantém de cama há 9 anos. Além da paralisia dos membros inferiores e superiores, Wilson também teve a fala afetada. ■ Antônio Souza Oliveira, 44 anos, não imagina os estragos que os 10,71 ml/dl de DDT presentes no seu organismo têm provocado à sua saúde. Ele mantém todos os movimentos e aparentemente parece uma pessoa saudável, mas tem crises profundas de depressão, acompanhadas de queda de pressão e outros sintomas relacionados ao desequilíbrio do sistema nervoso.
Funasa reconhece A Funasa reconhece que, entre 1994 e 2008, 37 ex-funcionários seus morreram no Acre, sendo 14 deles aposentados e 23 ainda na ativa, por causas diversas, havendo suspeitas de que várias destas mortes podem ter tido como causa a exposição ao DDT. Além destas, outras 12 pessoas alegam estar doentes pelos mesmos motivos.
Ministério Público Federal O Ministério Público Federal no Acre (MPF/AC) enviou recomendação à Fundação Nacional de Saúde (Funasa), à Secretaria de Saúde do Estado do Acre (Sesacre) e ao Ministério da Saúde, orientando sobre procedimentos a serem adotados para disponibilizar tratamento adequado a servidores e ex-servidores da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) e da própria Funasa que possam ter sido expostos a situações de risco por contato com o DDT sem o devido uso de equipamentos de proteção individual.
À Funasa, especificamente, foi recomendado; ■ que forneça a todos os seus funcionários e ex-funcionários do Acre que começaram a trabalhar para a Fundação antes de 1998, o exame de cromatografia em fase gasosa, que deve ser realizado em, pelo menos, dois laboratórios de renome nacional; ■ que crie comissão estadual de especialistas composta por, no mínimo, um toxicologista, um oncologista, um neurologista e um médico de trabalho, para efetuar o planejamento, o tratamento e o acompanhamento médico dos funcionários e ex-funcionários da Funasa no Acre que foram contaminados pelo DDT e, ■ que promova o ressarcimento de todos os gastos com exames e tratamentos de saúde realizados pelos servidores afetados, desde que esses gastos, ainda que indiretamente, sejam relacionados à exposição ao DDT, incluindo, necessariamente, nos gastos em questão, os motivados por danos neurológicos, neoplasias e lesões renais.
A recomendação ao Ministério da Saúde ■ foi para que crie comissão nacional de especialistas da área médica, notoriamente reconhecidos por seus trabalhos na área acadêmica, composta de, no mínimo, um toxicologista, um neurologista, um oncologista e um médico do trabalho, a fim de estudar os efeitos do DDT na saúde humana e ■ propor padrões de exames e tratamentos aos trabalhadores que, habitualmente, estiveram expostos ao DDT.
Pela recomendação enviada, à Secretaria de Saúde do Estado do Acre ■ caberá disponibilizar o exame laboratorial de cromatografia em fase gasosa, para a medição de DDT no meio sanguíneo, bem como todos os demais exames, laboratoriais ou de imagem, que se demonstrarem necessários, aos funcionários e ex-funcionários (residentes no Acre) da Funasa, que estiveram expostos ao DDT; ■ disponibilizar, como órgão executor do Sistema Único de Saúde, o tratamento médico adequado aos trabalhadores expostos sistematicamente ao DDT, na forma determinada pela comissão estadual de especialistas a ser criada pela Funasa ou na forma solicitada por médico conveniado ao SUS que seja responsável pelo tratamento do paciente.
Fontes: Página 20 – 14 de setembro de 2008, AC24horas - 23 de Junho de 2008 e Folha de São Paulo - São Paulo, 24 de setembro de 2008
Comentario O DDT é pouco absorvido pela pele humana, o que explica sua relativa baixa toxicidade a nível tópico. O ser humano pode ser contaminado por exposição direta (inalação) ou por alimentos contaminados com DDT. e outros pesticidas organoclorados. Sendo lipossolúveis, possuem apreciável absorção tecidual. São facilmente absorvidos pelas vias digestiva e respiratória. Devido à grande lipossolubilidade e à lenta metabolização, os organoclorados acumulam-se na cadeia alimentar e no tecido adiposo.
Os pesticidas organoclorados, entre os quais se inclui o DDT, atuam sobre o sistema nervoso central, resultando; ■ alterações de comportamento, distúrbios sensoriais, ■ do equilíbrio, da atividade da musculatura involuntária e ■ depressão dos centros vitais, particularmente da respiração18.
Os efeitos do DDT no organismo ocorrem depois de atuarem sobre o equilíbrio de sódio/potássio nas membranas dos axônios, provocando impulsos nervosos constantes, que levam à contração muscular, convulsões, paralisia e morte. A intoxicação aguda nos seres humanos caracteriza-se por cloracnes, na pele, e por sintomas inespecíficos, como dor de cabeça, tonturas, convulsões, insuficiência respiratória e até morte, dependendo da dose e do tempo de exposição3.
Em casos de intoxicação aguda, após 2 h surgem os sintomas neurológicos de hiperexcitabilidade, parestesia na língua, lábios e membros inferiores, desconforto, desorientação, fotofobia, cefaléias persistentes, fraqueza, vertigem, alterações de equilíbrio, tremores, ataxia, convulsões tônico - clônicas, depressão central severa, coma e morte.
Os sintomas específicos podem ocorrer em caso de inalação ou absorção respiratória, como tosse, rouquidão, edema pulmonar, irritação laringotraqueal, rinorréia, bradipnéia, hipertensão e broncopneumonia (esta última uma complicação freqüente).
O DDT é um promotor de tumores, isto é, ele não causa os efeitos genéticos que culminam com o surgimento das neoplasias, mas potencializa a divisão das células neoplásicas que já tenham surgido. Fonte: DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano): Toxicidade e Contaminação Ambiental - Claudio D'Amato, João P. M. Torres e Olaf Malm - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro.