BAYER FAZ ACORDO DE 10 BILHÕES DÓLARES PARA ENCERRAR PROCESSOS ENVOLVENDO GLIFOSATO
A gigante alemã do setor
químico e farmacêutico Bayer anunciou na quarta-feira (24/06) que pretende
direcionar mais de 10 bilhões de dólares (R$ 53 bilhões) para encerrar aproximadamente
cerca de 95 mil processos nos EUA relacionados ao herbicida Roundup.
O produto produzido pela
Monsanto – empresa adquirida pela Bayer em 2018, pelo valor de 63 bilhões de
dólares – contém o polêmico agente químico glifosato, associado ao desenvolvimento
de câncer.
"O acordo sobre o
Roundup é a medida certa no momento certo para a Bayer acabar com um longo
período de incerteza", disse o presidente-executivo da empresa, Werner
Baumann. "A Bayer decidiu sabiamente solucionar o litígio em vez de tentar
a sorte na Justiça americana", disse Feinberg.
O acordo deve encerrar cerca
de 75% das ações judiciais envolvendo o Roundup nos EUA, que chegam a 125 mil
processos. O acordo coletivo depende de aprovação do Tribunal Distrital dos
Estados Unidos, na Califórnia.
Pelo acordo, a Bayer pagará
entre 8,8 bilhões e 9,6 bilhões de dólares para encerrar 95 mil ações de
advogados. Cerca de 1 bilhao de dólares também serão reservados para eventuais
futuros acordos com queixosos.
O mediador do acordo, Ken Feinberg,
disse que cerca de 25.000 reclamações envolvendo o Roundup continuam sem
solução, mas a empresa avalia que a Bayer não deve enfrentar nenhum julgamento
nos próximos meses.
Nos últimos dois anos, a
Bayer defendeu repetidamente a segurança do herbicida, argumentando que estudos
mostram que o glifosato é seguro. A empresa também disse que pretende continuar
vendendo produtos da linha Roundup e que não planeja adicionar uma advertência
sobre eventuais riscos de desenvolvimento câncer nas embalagens.
No entanto, o produto vem
sofrendo resistência cada vez maior, especialmente na Europa. O governo alemão
aprovou no ano passado banir o glifosato a partir de 2023. Em julho de 2019, a
Áustria se tornou o primeiro país da União Europeia a banir completamente todos
os usos do herbicida glifosato. A medida austríaca contou até mesmo com apoio
da extrema direita e de legendas liberais.
Preocupações sobre seus
riscos surgiram quando uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS)
concluiu em 2015 que o herbicida é provavelmente cancerígeno.
A Bayer tem sido atormentada
por ações judiciais desde que adquiriu a Monsanto. A crise legal derrubou o
valor das ações da gigante alemã. Os problemas não envolvem apenas o Roundup
mas também outros produtos que eram fabricados pela Monsanto.
A Bayer anunciou, na
quarta-feira, que também pretende
encerrar ações judiciais envolvendo seus produtos que usam o
herbicida dicamba e o bifenilpoliclorado (conhecido como PCB), um produto
extremamente tóxico usado em fluidos elétricos que foi fabricado pela Monsanto
até 1977 – no Brasil, ficou conhecido pelo nome comercial Ascarel.
A empresa alemã reservou 400
milhões de dólares para encerrar os processos do dicamba e 650 milhões para as
ações envolvendo o PCB. Fonte: Deutsche Welle -24.06.2020
Comentário: O dicamba é um herbicida, geralmente aplicado nas
plantações de soja, milho e algodão para controle de ervas daninhas de alta
resistência. No Brasil, é autorizado para algodão e soja.
Marcadores: agrotóxico, Meio Ambiente
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