Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quinta-feira, setembro 21, 2017

Alerta de ovos contaminados por agrotóxico na Europa

ALERTA ALIMENTAR LANÇADO PELAS AUTORIDADES HOLANDESAS
A rede de supermercados populares Aldi anunciou na sexta-feira (04/08) que está retirando todos os ovos de suas prateleiras na Alemanha, em meio a um alerta alimentar lançado pelas autoridades holandesas sobre ovos supostamente contaminados com um pesticida tóxico.

Em comunicado, a empresa alemã, que possui mais de 4 mil unidades em todo o país, justificou que tomou a decisão por "pura precaução", a fim de fornecer "clareza e transparência" ao consumidor, embora não haja evidência real de contaminação em seus produtos. A associação alemã de agricultores, por outro lado, descreveu a atitude como uma "reação exagerada".

O alerta fora lançado pela NVWA, agência responsável por segurança alimentar na Holanda, que encontrou vestígios do uso do inseticida fipronil em várias fazendas avícolas no país. Após fechar dezenas de empresas, recomendou que os mercados deixassem de vender os ovos produzidos por elas.

Uma lista com mais de cem códigos – que aparecem impressos nas cascas dos ovos e identificam em qual fazenda eles foram produzidos – foi publicada pela agência reguladora em sua página na internet, alertando os cidadãos para que evitem consumir esses produtos até segundo aviso.

BILHOES DE OVOS PRODUZIDOS
Segundo a imprensa holandesa, cerca de 10 bilhões de ovos foram produzidos no país no último ano por cerca de mil fazendas avícolas. Ao menos metade deles atravessou a fronteira para a Alemanha.

O ministro alemão da Agricultura, Christian Schmidt, afirmou que "ao menos 3 milhões de ovos contaminados" vindos da Holanda chegaram ao país nas últimas semanas, e a maioria foi vendida.

RETIRADA DOS SUPERMERCADOS
No país, várias redes de supermercados anunciaram ter interrompido a venda de ovos holandeses. O grupo Rewe, bem como sua cadeia subsidiária Penny, anunciou que retiraria de suas prateleiras todos os ovos provenientes da Holanda, independentemente de estarem na lista da NVWA ou não.
O próprio grupo Aldi, antes de informar nesta sexta-feira que está deixando de vender qualquer ovo em suas lojas, já havia removido das prateleiras os produtos das fazendas que supostamente utilizam fipronil. Aldi possui mais de 4 mil supermercados na Alemanha
O mesmo fez a rede rival de supermercados populares Lidl.
Já em território holandês, a rede de supermercados Albert Heijn, a maior do país, afirmou que "parou a comercialização de 14 tipos de ovos" seguindo as indicações da NVWA, afirmou a porta-voz da empresa, Els van Dijk.  "Todos esses 14 tipos de ovos foram enviados de volta aos depósitos para serem destruídos", completou Van Dijk, indicando que esta é uma "situação sem precedentes" para o grupo Albert Heijn.

Além da agência reguladora holandesa, a autoridade de segurança alimentar da Bélgica, AFSCA, também lançou uma investigação criminal sobre a questão. Testes encontraram fipronil em alguns ovos, mas não em quantidades que representem ameaça à saúde humana. Nenhum desses ovos chegou às prateleiras de supermercados belgas, garantiu a agência.

Em Bruxelas, a Comissão Europeia disse estar ciente da situação. Segundo a porta-voz Anna-Kaisa Itkonen, o caso está sendo monitorado de perto pelas autoridades. "O que posso dizer é que as empresas foram identificadas, os ovos foram banidos, e a situação está sob controle", afirmou. 

A LTO, federação holandesa de agricultura e horticultura, comunicou que estima uma perda de pelo menos 10 milhões de euros por parte dos avicultores do país devido ao escândalo de contaminação.

FIPRONIL
Produzido por empresas como a alemã Basf, o fipronil é comumente utilizado em produtos veterinários para evitar o aparecimento de pulgas, piolhos e carrapatos. Seu uso, no entanto, é proibido para tratar animais destinados ao consumo humano, como aves.
O inseticida é considerado tóxico para humanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), podendo danificar órgãos como fígado, rins e tireóide se consumido em grandes quantidades e por período prolongado, alerta a entidade.

BELGAS SOUBERAM DE OVOS TÓXICOS EM JUNHO
Agência de segurança alimentar da Bélgica recorre a segredo de Justiça em investigação para explicar por que informação não foi divulgada antes. Ovos produzidos no país e na Holanda estão contaminados com inseticida.

Autoridades da Bélgica admitiram que já sabiam desde o início de junho de uma suspeita de que ovos produzidos no país teriam sido expostos a um inseticida tóxico.  Mesmo assim não divulgaram nenhum alerta na época, e a informação foi repassada a autoridades europeias apenas em 20 de julho. Nos últimos dias, testes demonstraram que ovos produzidos no país e na vizinha Holanda apresentavam sinais de contaminação.

Segundo Katrien Stragier, uma porta-voz da Agência de Segurança Alimentar da Bélgica (AFSCA), o silêncio ocorreu por causa das regras que são impostas em casos de suspeita de fraude. "Nós sabíamos desde o início de junho que havia um problema com o [inseticida] fipronil no setor aviário. Iniciamos uma investigação imediatamente e informamos o Ministério Público, já que o caso incluía a suspeita de fraude. Desse ponto em diante, passou a valer o segredo de Justiça. Entendemos que as pessoas querem fazer questionamentos sobre saúde pública, e estamos tentando responder", disse.

OUTROS PAÍSES
As autoridades francesas e britânicas afirmam que ovos expostos a inseticida também entraram em seus países, mas em menor quantidade. Europa alerta ainda Suécia e Suíça.
A Comissão Europeia informou que ovos possivelmente contaminados com um pesticida tóxico também chegaram à França e ao Reino Unido, em meio a um alerta alimentar lançado pelas autoridades holandesas que já atinge outros países do continente.

REINO UNIDO
Importou 700 mil ovos contaminados

FRANÇA
Já o governo francês comunicou que 13 lotes de ovos holandeses contaminados com fipronil foram encontrados em duas fábricas de processamento de alimentos no centro-oeste da França. O Ministério da Agricultura do país não soube informar se algum produto chegou ao consumidor. Também o  ministério relatou que, em 28 de julho passado, uma fazendo avícola em Pas-de-Calais, no norte da França, foi colocada sob vigilância depois de um alerta recebido pelas autoridades de que um fornecedor belga enviara à granja produtos supostamente contaminados.

O governo francês expandiu a lista de produtos que foram retirados da venda porque contêm ovos contaminados . O Ministério da Agricultura francês acrescentou três referências aos 17 que estavam na lista inicial que havia publicado. Estes são dois tipos de Frangipane (um biscoito com pasta de amêndoa) da marca Lotus feita na Bélgica que foi colocada no mercado na  França entre 3 de julho e 3 de agosto e um waffle feito na Holanda da marca Les Trouvailles de Lucille. Anteriormente, a retirada de 17 outros tipos de waffles, todos importados da Holanda e vendidos com o marca de diferentes cadeias de supermercados.
Sobre esses ovos, a pasta garantiu que nenhum deles chegou às prateleiras de supermercados do país. Os produtos foram submetidos a testes, e o resultado deve ser conhecido.
O Departamento de Agricultura observou que, em todos esses casos, a taxa de concentração de Fipronil excede o limite autorizado, mas enfatizou que seu consumo não é perigoso para a saúde. Ele também acrescentou que incluirá outras referências confirmadas a presença do inseticida com as análises que estão sendo feitas.

DINAMARCA RECEBEU 20 TONELADAS DE OVOS CONTAMINADOS
Governo dinamarquês diz que produto foi vendido a estabelecimentos e fornecedores e não chegou ao consumidor comum. Áustria e Romênia também identificam lotes tóxicos.  
O governo da Dinamarca divulgou que 20 toneladas de ovos contaminados foram vendidos a estabelecimentos e fornecedores alimentícios.
"A companhia dinamarquesa Danaeg recebeu um total de 20 toneladas de ovos cozidos e descascados de um fornecedor belga", informou a administração veterinária e alimentar dinamarquesa.
Segundo a agência do governo, a maior parte dos ovos foi vendida a cafeterias e empresas de fornecimento. A administração ressalta que os ovos "provavelmente não foram vendidas a lojas de varejo a um nível significativo" e não representaram riscos aos consumidores.

UNIÃO EUROPEIA DIZ QUE 15 PAÍSES DO BLOCO RECEBERAM OVOS CONTAMINADOS, MAIS SUÍÇA E HONG KONG
 Quinze países da União Europeia (UE), além de Suíça e Hong Kong foram afetados pela crise dos ovos contaminados, segundo anúncio feito pela Comissão Europeia. Há granjas interditadas em quatro países — Bélgica e Holanda, origem da crise, e Alemanha e França —, dos quais partiram exportações para os demais. Investigações mostraram que os níveis de fipronil, produto usado para erradicar o ácaro vermelho nas galinhas, superava os limites autorizados pela regulamentação europeia, em alguns casos muito acima. O produto é usado por empresas especializadas na desinfecção de propriedades agrícolas.
A Comissão anunciou ainda que fará uma reunião com representantes desses países, em 26 de setembro próximo, para “tirar as lições” do episódio. Na União Europeia, os países atingidos são Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Suécia, Reino Unido, Áustria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia e Dinamarca, disse um porta-voz do Executivo europeu à imprensa.

PERDAS MILIONÁRIAS
A Comissão Europeia deu mais informações, sobre a origem dos ovos suspeitos de contaminação. Além das dezenas de criadouros que permanecem fechados na Holanda e na Bélgica, Bruxelas afirmou que também foram fechadas quatro explorações agrícolas na Alemanha e uma na França por terem utilizado fipronil para limpeza, cuja utilização é proibida em aves de granja. Os ministros da União Europeia (UE) se reunião em 26 de setembro para analisar as múltiplas falhas de coordenação na gestão da crise.

O fipronil não apareceu apenas em criadouros da Holanda e da Bélgica. As autoridades do bloco detalharam  que o inseticida, proibido em animais destinados a alimentação, também foi usado na Alemanha e na França. Em ambos os países, várias granjas continuam fechadas enquanto é feita a análise dos ovos e da carne das aves. Os trabalhadores do setor só poderão retomar a atividade quando ficar comprovado que os resíduos de fipronil presentes nos alimentos cumprem com as normas sanitárias. Dos criadouros desses quatro países, mas sobretudo da Holanda e da Bélgica, saíram ovos que foram retirados do mercado em 15 países da UE, Suíça e Hong Kong.

As autoridades europeias têm sido cautelosas, bloqueando todas as exportações agrícolas tratadas com a substância desde janeiro deste ano. O objetivo é evitar a chegada ao mercado de produtos em mau estado, embora os especialistas continuem tranquilizando os consumidores quanto ao pequeno risco à saúde causado pela ingestão.

As grandes preocupações do setor são as milionárias perdas que o escândalo vai causar aos avicultores afetados e o tempo que levarão para recuperar a confiança dos clientes. A porta‑voz da organização holandesa Bionext, que reúne criadores especializados em produtos ecológicos, mostrava a decepção reinante entre eles. “Estão abatidos e se sentem enganados pela empresa ChickFriend, que lhes vendeu um produto aparentemente limpo e natural.

ROTEIRO DA CRISE

COMO COMEÇOU A CRISE?
Supostamente importado da Romênia pela empresa belga Poultry-Vision, o pesticida foi misturado a outros inseticidas legais para melhorar seus efeitos. Chickfriend, a empresa holandesa que supostamente desinfectou as aves com o composto ilícito comprado da Bélgica, diz que não trabalhou em granjas de frangos destinados ao consumo. No entanto, a Holanda, que tem mais de 100 milhões de aves de granja e exporta milhões de ovos, desaconselhou no início de agosto sua ingestão pela população. O Serviço de Segurança Alimentar tinha encontrado fipronil em diversas concentrações, uma delas muito alta, em 28 amostras. Qualificou os ovos de nocivos para as crianças e o alarme nacional foi dado.

COMO SE DESCOBRIU A CONTAMINAÇÃO?
A Bélgica garante que a Holanda recebeu em novembro de 2016 informações anônimas sobre o uso do produto em granjas, mas não investigou. Mesmo admitindo o alarme, os ministérios da Saúde e Agricultura holandeses destacam que não havia indícios de que a substância fosse chegar aos ovos. Só se falava da limpeza de aves e instalações. Os ministérios da Agricultura e da Saúde admitiram que não informaram o Parlamento em 2016 “porque na época havia uma investigação em andamento”. Alertaram, por sua vez, o Serviço de Segurança Alimentar quando a presença do fipronil foi constatada nas amostras de ovos de suas granjas este verão. Publicou-se, além disso, os códigos dos ovos considerados tóxicos. Os movimentos de 138 instalações foram bloqueados, e as investigações incluem até agora 180.

TODOS OS PRODUTOS CONTAMINADOS FORAM RETIRADOS?
Os ovos suspeitos foram retirados de lojas e supermercados, mas continua havendo doces, molhos e saladas que podem contê-los. Agentes da vigilância sanitária repassam agora todos os produtos, inclusive alimentos infantis, para elaborar uma lista exaustiva.

O QUE ACONTECE SE FOR CONSUMIDO UM OVO COM FIPRONIL?
Como em outros casos, os especialistas afirmam que o consumo continuado pode ser perigoso, mas não o esporádico. Isso se deve à concentração do pesticida, que só seria daninha em grandes quantidades. É aconselhável descartá-los, sobretudo para evitar que crianças e grávidas se exponham desnecessariamente a possíveis perigos.

COMO É O USO DE FIPRONIL NO BRASIL?
Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto é autorizado para uso inseticida, formicida e cupinicida especialmente para aplicação no solo no cultivo de batatas, cana-de-açúcar e milho. Além da aplicação nas folhas das culturas de algodão, arroz, eucalipto e soja, dentre outros. Em junho de 2012, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), soltou um comunicado  restringindo a pulverização aérea de fipronil, bem os agrotóxicos imidacloprido, tiametoxam e clotianidina, no controle parasitário agrícola, pois essas substâncias seriam nocivas às abelhas.
A Organização Mundial da Saúde afirmou que, quando ingerida em grandes quantidades, a substância pode prejudicar rins, fígado e glândulas tiroides. Fonte: Deutsche Welle – 04.08.2017 a 11.08.2017



Marcadores: , ,

posted by ACCA@7:00 AM