Alerta de ovos contaminados por agrotóxico na Europa
ALERTA
ALIMENTAR LANÇADO PELAS AUTORIDADES HOLANDESAS
A
rede de supermercados populares Aldi anunciou na sexta-feira (04/08) que está
retirando todos os ovos de suas prateleiras na Alemanha, em meio a um alerta
alimentar lançado pelas autoridades holandesas sobre ovos supostamente
contaminados com um pesticida tóxico.
Em
comunicado, a empresa alemã, que possui mais de 4 mil unidades em todo o país,
justificou que tomou a decisão por "pura precaução", a fim de
fornecer "clareza e transparência" ao consumidor, embora não haja
evidência real de contaminação em seus produtos. A associação alemã de
agricultores, por outro lado, descreveu a atitude como uma "reação
exagerada".
O
alerta fora lançado pela NVWA, agência responsável por segurança alimentar na
Holanda, que encontrou vestígios do uso do inseticida fipronil em várias
fazendas avícolas no país. Após fechar dezenas de empresas, recomendou que os
mercados deixassem de vender os ovos produzidos por elas.
Uma
lista com mais de cem códigos – que aparecem impressos nas cascas dos ovos e
identificam em qual fazenda eles foram produzidos – foi publicada pela agência
reguladora em sua página na internet, alertando os cidadãos para que evitem
consumir esses produtos até segundo aviso.
BILHOES
DE OVOS PRODUZIDOS
Segundo
a imprensa holandesa, cerca de 10 bilhões de ovos foram produzidos no país no
último ano por cerca de mil fazendas avícolas. Ao menos metade deles atravessou
a fronteira para a Alemanha.
O
ministro alemão da Agricultura, Christian Schmidt, afirmou que "ao menos 3
milhões de ovos contaminados" vindos da Holanda chegaram ao país nas
últimas semanas, e a maioria foi vendida.
RETIRADA
DOS SUPERMERCADOS
■No país, várias redes de
supermercados anunciaram ter interrompido a venda de ovos holandeses. O grupo
Rewe, bem como sua cadeia subsidiária Penny, anunciou que retiraria de suas
prateleiras todos os ovos provenientes da Holanda, independentemente de estarem
na lista da NVWA ou não.
■O próprio grupo Aldi,
antes de informar nesta sexta-feira que está deixando de vender qualquer ovo em
suas lojas, já havia removido das prateleiras os produtos das fazendas que
supostamente utilizam fipronil. Aldi possui mais de 4 mil supermercados na
Alemanha
■O mesmo fez a rede rival
de supermercados populares Lidl.
■Já em território
holandês, a rede de supermercados Albert Heijn, a maior do país, afirmou que
"parou a comercialização de 14 tipos de ovos" seguindo as indicações
da NVWA, afirmou a porta-voz da empresa, Els van Dijk. "Todos esses 14 tipos de ovos foram
enviados de volta aos depósitos para serem destruídos", completou Van
Dijk, indicando que esta é uma "situação sem precedentes" para o
grupo Albert Heijn.
Além
da agência reguladora holandesa, a autoridade de segurança alimentar da
Bélgica, AFSCA, também lançou uma investigação criminal sobre a questão. Testes
encontraram fipronil em alguns ovos, mas não em quantidades que representem
ameaça à saúde humana. Nenhum desses ovos chegou às prateleiras de
supermercados belgas, garantiu a agência.
Em
Bruxelas, a Comissão Europeia disse estar ciente da situação. Segundo a
porta-voz Anna-Kaisa Itkonen, o caso está sendo monitorado de perto pelas
autoridades. "O que posso dizer é que as empresas foram identificadas, os
ovos foram banidos, e a situação está sob controle", afirmou.
A
LTO, federação holandesa de agricultura e horticultura, comunicou que estima
uma perda de pelo menos 10 milhões de euros por parte dos avicultores do país
devido ao escândalo de contaminação.
FIPRONIL
Produzido
por empresas como a alemã Basf, o fipronil é comumente utilizado em produtos
veterinários para evitar o aparecimento de pulgas, piolhos e carrapatos. Seu
uso, no entanto, é proibido para tratar animais destinados ao consumo humano,
como aves.
O
inseticida é considerado tóxico para humanos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), podendo danificar órgãos como fígado, rins e tireóide se consumido em
grandes quantidades e por período prolongado, alerta a entidade.
BELGAS
SOUBERAM DE OVOS TÓXICOS EM JUNHO
Agência
de segurança alimentar da Bélgica recorre a segredo de Justiça em investigação
para explicar por que informação não foi divulgada antes. Ovos produzidos no
país e na Holanda estão contaminados com inseticida.
Autoridades
da Bélgica admitiram que já sabiam desde o início de junho de uma suspeita de
que ovos produzidos no país teriam sido expostos a um inseticida tóxico. Mesmo assim não divulgaram nenhum alerta na
época, e a informação foi repassada a autoridades europeias apenas em 20 de
julho. Nos últimos dias, testes demonstraram que ovos produzidos no país e na
vizinha Holanda apresentavam sinais de contaminação.
Segundo
Katrien Stragier, uma porta-voz da Agência de Segurança Alimentar da Bélgica
(AFSCA), o silêncio ocorreu por causa das regras que são impostas em casos de
suspeita de fraude. "Nós sabíamos desde o início de junho que havia um
problema com o [inseticida] fipronil no setor aviário. Iniciamos uma
investigação imediatamente e informamos o Ministério Público, já que o caso
incluía a suspeita de fraude. Desse ponto em diante, passou a valer o segredo
de Justiça. Entendemos que as pessoas querem fazer questionamentos sobre saúde
pública, e estamos tentando responder", disse.
OUTROS
PAÍSES
As autoridades
francesas e britânicas afirmam que ovos expostos a inseticida também entraram
em seus países, mas em menor quantidade. Europa alerta ainda Suécia e Suíça.
A
Comissão Europeia informou que ovos possivelmente contaminados com um pesticida
tóxico também chegaram à França e ao Reino Unido, em meio a um alerta alimentar
lançado pelas autoridades holandesas que já atinge outros países do continente.
REINO
UNIDO
Importou
700 mil ovos contaminados
FRANÇA
Já o
governo francês comunicou que 13 lotes de ovos holandeses contaminados com
fipronil foram encontrados em duas fábricas de processamento de alimentos no
centro-oeste da França. O Ministério da Agricultura do país não soube informar
se algum produto chegou ao consumidor. Também o ministério relatou que, em 28 de julho
passado, uma fazendo avícola em Pas-de-Calais, no norte da França, foi colocada
sob vigilância depois de um alerta recebido pelas autoridades de que um
fornecedor belga enviara à granja produtos supostamente contaminados.
O
governo francês expandiu a lista de produtos que foram retirados da venda
porque contêm ovos contaminados . O Ministério da Agricultura francês acrescentou
três referências aos 17 que estavam na lista inicial que havia publicado. Estes
são dois tipos de Frangipane (um biscoito com pasta de amêndoa) da marca Lotus
feita na Bélgica que foi colocada no mercado na
França entre 3 de julho e 3 de agosto e um waffle feito na Holanda da
marca Les Trouvailles de Lucille. Anteriormente, a retirada de 17 outros tipos
de waffles, todos importados da Holanda e vendidos com o marca de diferentes
cadeias de supermercados.
Sobre
esses ovos, a pasta garantiu que nenhum deles chegou às prateleiras de
supermercados do país. Os produtos foram submetidos a testes, e o resultado
deve ser conhecido.
O
Departamento de Agricultura observou que, em todos esses casos, a taxa de
concentração de Fipronil excede o limite autorizado, mas enfatizou que seu
consumo não é perigoso para a saúde. Ele também acrescentou que incluirá outras
referências confirmadas a presença do inseticida com as análises que estão
sendo feitas.
DINAMARCA
RECEBEU 20 TONELADAS DE OVOS CONTAMINADOS
Governo
dinamarquês diz que produto foi vendido a estabelecimentos e fornecedores e não
chegou ao consumidor comum. Áustria e Romênia também identificam lotes tóxicos.
O
governo da Dinamarca divulgou que 20 toneladas de ovos contaminados foram
vendidos a estabelecimentos e fornecedores alimentícios.
"A
companhia dinamarquesa Danaeg recebeu um total de 20 toneladas de ovos cozidos
e descascados de um fornecedor belga", informou a administração
veterinária e alimentar dinamarquesa.
Segundo
a agência do governo, a maior parte dos ovos foi vendida a cafeterias e
empresas de fornecimento. A administração ressalta que os ovos
"provavelmente não foram vendidas a lojas de varejo a um nível
significativo" e não representaram riscos aos consumidores.
UNIÃO
EUROPEIA DIZ QUE 15 PAÍSES DO BLOCO RECEBERAM OVOS CONTAMINADOS, MAIS SUÍÇA E
HONG KONG
Quinze países da União Europeia (UE), além de
Suíça e Hong Kong foram afetados pela crise dos ovos contaminados, segundo
anúncio feito pela Comissão Europeia. Há granjas interditadas em quatro países
— Bélgica e Holanda, origem da crise, e Alemanha e França —, dos quais partiram
exportações para os demais. Investigações mostraram que os níveis de fipronil,
produto usado para erradicar o ácaro vermelho nas galinhas, superava os limites
autorizados pela regulamentação europeia, em alguns casos muito acima. O
produto é usado por empresas especializadas na desinfecção de propriedades
agrícolas.
A
Comissão anunciou ainda que fará uma reunião com representantes desses países,
em 26 de setembro próximo, para “tirar as lições” do episódio. Na União
Europeia, os países atingidos são Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Suécia,
Reino Unido, Áustria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polônia, Romênia,
Eslováquia, Eslovênia e Dinamarca, disse um porta-voz do Executivo europeu à
imprensa.
PERDAS
MILIONÁRIAS
A
Comissão Europeia deu mais informações, sobre a origem dos ovos suspeitos de
contaminação. Além das dezenas de criadouros que permanecem fechados na Holanda
e na Bélgica, Bruxelas afirmou que também foram fechadas quatro explorações
agrícolas na Alemanha e uma na França por terem utilizado fipronil para limpeza,
cuja utilização é proibida em aves de granja. Os ministros da União Europeia
(UE) se reunião em 26 de setembro para analisar as múltiplas falhas de
coordenação na gestão da crise.
O
fipronil não apareceu apenas em criadouros da Holanda e da Bélgica. As
autoridades do bloco detalharam que o
inseticida, proibido em animais destinados a alimentação, também foi usado na
Alemanha e na França. Em ambos os países, várias granjas continuam fechadas
enquanto é feita a análise dos ovos e da carne das aves. Os trabalhadores do
setor só poderão retomar a atividade quando ficar comprovado que os resíduos de
fipronil presentes nos alimentos cumprem com as normas sanitárias. Dos
criadouros desses quatro países, mas sobretudo da Holanda e da Bélgica, saíram
ovos que foram retirados do mercado em 15 países da UE, Suíça e Hong Kong.
As
autoridades europeias têm sido cautelosas, bloqueando todas as exportações
agrícolas tratadas com a substância desde janeiro deste ano. O objetivo é
evitar a chegada ao mercado de produtos em mau estado, embora os especialistas
continuem tranquilizando os consumidores quanto ao pequeno risco à saúde
causado pela ingestão.
As
grandes preocupações do setor são as milionárias perdas que o escândalo vai
causar aos avicultores afetados e o tempo que levarão para recuperar a
confiança dos clientes. A porta‑voz da organização holandesa Bionext, que reúne
criadores especializados em produtos ecológicos, mostrava a decepção reinante
entre eles. “Estão abatidos e se sentem enganados pela empresa ChickFriend, que
lhes vendeu um produto aparentemente limpo e natural.
ROTEIRO
DA CRISE
COMO
COMEÇOU A CRISE?
Supostamente
importado da Romênia pela empresa belga Poultry-Vision, o pesticida foi
misturado a outros inseticidas legais para melhorar seus efeitos. Chickfriend,
a empresa holandesa que supostamente desinfectou as aves com o composto ilícito
comprado da Bélgica, diz que não trabalhou em granjas de frangos destinados ao
consumo. No entanto, a Holanda, que tem mais de 100 milhões de aves de granja e
exporta milhões de ovos, desaconselhou no início de agosto sua ingestão pela
população. O Serviço de Segurança Alimentar tinha encontrado fipronil em
diversas concentrações, uma delas muito alta, em 28 amostras. Qualificou os
ovos de nocivos para as crianças e o alarme nacional foi dado.
COMO
SE DESCOBRIU A CONTAMINAÇÃO?
A
Bélgica garante que a Holanda recebeu em novembro de 2016 informações anônimas
sobre o uso do produto em granjas, mas não investigou. Mesmo admitindo o
alarme, os ministérios da Saúde e Agricultura holandeses destacam que não havia
indícios de que a substância fosse chegar aos ovos. Só se falava da limpeza de
aves e instalações. Os ministérios da Agricultura e da Saúde admitiram que não
informaram o Parlamento em 2016 “porque na época havia uma investigação em
andamento”. Alertaram, por sua vez, o Serviço de Segurança Alimentar quando a
presença do fipronil foi constatada nas amostras de ovos de suas granjas este
verão. Publicou-se, além disso, os códigos dos ovos considerados tóxicos. Os
movimentos de 138 instalações foram bloqueados, e as investigações incluem até
agora 180.
TODOS
OS PRODUTOS CONTAMINADOS FORAM RETIRADOS?
Os
ovos suspeitos foram retirados de lojas e supermercados, mas continua havendo
doces, molhos e saladas que podem contê-los. Agentes da vigilância sanitária
repassam agora todos os produtos, inclusive alimentos infantis, para elaborar
uma lista exaustiva.
O
QUE ACONTECE SE FOR CONSUMIDO UM OVO COM FIPRONIL?
Como
em outros casos, os especialistas afirmam que o consumo continuado pode ser
perigoso, mas não o esporádico. Isso se deve à concentração do pesticida, que
só seria daninha em grandes quantidades. É aconselhável descartá-los, sobretudo
para evitar que crianças e grávidas se exponham desnecessariamente a possíveis
perigos.
COMO
É O USO DE FIPRONIL NO BRASIL?
Segundo
dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto é
autorizado para uso inseticida, formicida e cupinicida especialmente para
aplicação no solo no cultivo de batatas, cana-de-açúcar e milho. Além da
aplicação nas folhas das culturas de algodão, arroz, eucalipto e soja, dentre
outros. Em junho de 2012, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), soltou um comunicado restringindo a pulverização aérea de
fipronil, bem os agrotóxicos imidacloprido, tiametoxam e clotianidina, no
controle parasitário agrícola, pois essas substâncias seriam nocivas às
abelhas.
A
Organização Mundial da Saúde afirmou que, quando ingerida em grandes
quantidades, a substância pode prejudicar rins, fígado e glândulas tiroides. Fonte:
Deutsche Welle – 04.08.2017 a 11.08.2017
Marcadores: agrotóxico, contaminação, responsabilidade civil
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