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terça-feira, abril 26, 2016

Incêndio atinge Memorial da América Latina, em SP

Um incêndio de grandes proporções atingiu o auditório Simon Bolívar do Memorial da América Latina, espaço cultural público situado na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, na tarde de sexta-feira (29/11/2013). O Corpo de Bombeiros foi avisado do incêndio às 14h56.

ESPAÇO PROJETADO POR NIEMEYER
O Memorial da América Latina pertence ao governo do Estado de São Paulo e foi inaugurado em 1989. O espaço tem 84,5 mil m² e foi projetado por Oscar Niemeyer, morto em dezembro de 2012. O espaço é dedicado a manifestações artísticas e científicas ligadas à identidade latino-americana. 

INÍCIO DO INCÊNDIO
Uma grande coluna de fumaça se formou e pôde ser avistada à distância. O calor estourou os vidros das laterais do prédio, inaugurado há 24 anos. Na hora, o auditório estava vazio, conforme testemunhas. As chamas começaram na sala B do Auditório Simón Bolívar, para depois passar para a sala A. O auditório tem espaço para 1.600 pessoas.


INCÊNDIO DESTRUIU 90% DE AUDITÓRIO
O Corpo de Bombeiros estima que  90% do interior do Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina foi destruído.  .
A corporação só terminou o trabalho de rescaldo no fim da manhã de sábado (30). A Fundação Memorial afirma que as chances de a tapeçaria de Tomie Ohtake que enfeitavam a lateral do auditório ter escapado é muito pequena. O incêndio quebrou vidraças, derreteu metais e provocou rachaduras nas paredes.  
"Queimou tudo. Só ficou um vazio lá dentro. As cadeiras, o palco, o revestimento das paredes, não sobrou nada", disse o 1.º tenente dos Bombeiros Mauro Brancalhão,  que entrou no prédio para combater as chamas.
"A parte abaixo do palco, com algumas salas e corredores, foi preservada das chamas", disse o major dos Bombeiros Wagner Lechner.

FALHA DOS SPRINKLERS E HIDRANTES
Os sprinklers e hidrantes  não funcionaram por falta de energia.

FLASHOVER
O fogo se espalhou rapidamente porque o incêndio ocorreu em uma área confinada, com pouca ventilação e estrutura com pé-direito alto. Dentro do auditório, havia poltronas, carpetes e tecidos, tipos de materiais inflamáveis que aceleraram o processo de propagação.
O momento mais dramático dos trabalhos ocorreu pouco depois do início do combate ao fogo, quando uma lufada de ar entrou no recinto confinado, proporcionando o chamado flash over, queima acelerada ocorrida por causa do ingresso do oxigênio misturado aos gases e ao calor.
Pequenas explosões ocorridas durante o combate ao incêndio no Memorial da América Latina deixaram ao menos dois bombeiros feridos em estado grave, com queimaduras nas vias respiratórias. Outros nove tiveram problemas decorrentes de inalação de fumaça.
As explosões foram provocadas por um fenômeno que causa combustão súbita. Ele acontece em incêndios em ambientes muito fechados e com muito material inflamável --caso do auditório.

Quando é aberta uma porta ou janela, a entrada repentina de oxigênio pode incendiar materiais ainda sem chamas ou reagir aos gases acumulados pela queima de objetos. O calor também pode provocar explosões.

Um grupo de bombeiros foi atingido ao entrar no auditório, que estava fechado. Havia no local  um acúmulo de gases inflamáveis no teto. Assim que os bombeiros começaram a combater o incêndio, resfriando, esse gás quente desceu atingindo-os, num fenômeno chamado flashover, afirmou o major Mauro Lopes,.
Segundo assessoria do Hospital das Clínicas,  11 bombeiros deram entrada no hospital. O estado de saúde deles não foi divulgado.

CONTROLE DO INCÊNDIO
Às 20h30, o fogo já havia sido controlado, mas ainda existiam três focos de chamas no interior do prédio e o trabalho de rescaldo está previsto para ser realizado no sábado de manhã. O coronel Erick Cola, comandante dos bombeiros, afirmou que o primeiro combate foi feito pelos brigadistas.  

ESCAPEI POR UMA VIDRAÇA, DIZ BOMBEIRO FERIDO NO MEMORIAL
Três dias após se ferir no incêndio do Memorial da América Latina, Marcos Palumbo, um dos 24 bombeiros feridos no combate ao fogo, ainda precisava  fazer inalação duas vezes ao dia.
"Nunca fumei, mas a impressão que tenho é a de ter tragado um cigarro com aroma do incêndio", disse Palumbo, que, além aspirar fumaça tóxica, teve as mãos feridas e escapou do auditório pela área de uma vidraça.
"A única saída era pelas vidraças ao meu lado. Tirei meus equipamentos, como capacete e cilindro de gás, para passar pelo espaço onde havia uma vidraça", contou.
Essa foi a opção porque, na saída do local, ele e outros bombeiros se depararam com a passagem do corredor bloqueada por fumaça quente. O capitão é responsável pelo setor de comunicação dos bombeiros, mas fazia parte da equipe operacional na ocorrência do Memorial.
O capitão estava próximo de outros quatro bombeiros que continuavam internados na UTI do Hospital das Clínicas.

CORPO DE BOMBEIROS
Ao todo 55 carros e caminhões  dos Bombeiros e mais de cem homens foram enviados ao memorial. O helicóptero Águia 21 ajudou a combater as chamas.
O balanço final dos bombeiros foi de 25 feridos. Destes, cinco permaneciam internados no Hospital das Clínicas na tarde de sábado - quatro estavam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

CAUSA PROVÁVEL
Testemunhas afirmam que tudo começou com um curto-circuito em uma luminária de teto.
Uma das suspeitas é que o curto ocorreu por uma sobrecarga na rede elétrica. A polícia investiga se a sobrecarga aconteceu por problemas de abastecimento da Eletropaulo ou de um gerador próprio.
Faltou energia às 13h19, sendo restabelecida às 14h58 --horário apontado como início do incêndio.
Levantamento da Eletropaulo diz que a "cabine de entrada de energia do Memorial estava desligada" quando a energia voltou. Para empresa, o curto teve outra origem.

INTERRUPÇÃO DE ENERGIA
Uma das hipóteses investigadas é se o curto foi provado por problema de abastecimento da Eletropaulo. A hipótese é que a carga vinda da rede de rua foi acima da capacidade suportada pelos equipamentos do Memorial.
A Eletropaulo confirma que houve falta de energia elétrica na região iniciada às 13h19. E que o reestabelecimento se deu às 14h58, no momento apontado como início do incêndio.
A concessionária diz que o problema no abastecimento se deveu "a uma falha em componente da rede da distribuidora, localizado na rua Homem de Melo (em Perdizes, região oeste de SP)".
A empresa diz não ter verificado nenhuma sobrecarga. "A concessionária monitora a sua rede por meio da central de operações e não detectou nenhum outro problema técnico no sistema".
Um funcionário do restaurante do Memorial disse que no momento do reestabelecimento da energia houve um estrondo e, em seguida, as chamas começaram.

INÍCIO DO INCÊNDIO
O fornecimento de energia elétrica do Memorial foi interrompido devido a uma falha em um componente da rede de distribuição
Momento depois, quando a energia voltou, houve um estrondo em um cabo, segundo um funcionário do Memorial
1-Um curto-circuito em uma lâmpada de emergência teria começado o fogo na área da plateia B do Auditório Simon Bolívar  se alastrado pelo carpete do edifício. O auditório Simón Bolívar com capacidade para 1.600 pessoas
2-Como há muito material combustível no teto do auditório o fogo se alastrou.
3-A abóboda do prédio escondeu o fogo, o que teria dificultado o início de combate às chamas.
4-Vidros das laterais do prédio foram quebrados por causa da alta temperatura.

DEFESA CIVIL AFIRMA QUE FOGO COMPROMETEU TETO DO MEMORIAL
Avaliação preliminar da Defesa Civil de São Paulo indica que o teto do auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina foi "comprometido" pelo incêndio..
Novos testes serão feitos para uma avaliação definitiva, mas, dadas as características da construção, isso significa que o prédio poderá ser totalmente demolido para uma reconstrução completa.
Os técnicos do instituto também farão exames laboratoriais das estruturas de concreto para saber o quanto foram comprometidas.
Peritos afirmam que é necessário muito calor para comprometer uma estrutura de concreto e que o material incendiado no auditório --como poltronas e obras de arte-- produzem muita fumaça, mas um calor menos intenso.
O auditório do Memorial foi interditado por tempo indeterminado pela Defesa Civil.

LAUDO CONCLUI QUE A ESTRUTURA NÃO FOI AFETADA
O laudo definitivo feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) concluiu que o incêndio não prejudicou a estrutura do local.
De acordo com o documento feito com base em estudos feitos em laboratórios durante três meses, o auditório Simón Bolivar, na zona oeste da capital, já pode começar a ser restaurado. Agora, o Memorial deve abrir uma licitação para fazer a reforma estrutural do local.
A única recomendação feita pelo IPT é trocar o concreto das armaduras de ferro, que sustentam o prédio, conforme as dimensões originais do projeto.

PERDA CULTURAL
O prejuízo cultural é imenso, vamos buscar todos os meios de reparação e devolver esse espaço aos frequentadores.A fundação afirmou não ser possível ainda calcular os prejuízos financeiros nem todas as peças danificadas,  afirmou o secretário estadual da Cultura, Marcelo Araújo.
"É uma obra de tamanho inusitado dentro da obra fantástica de Oscar Niemeyer", disse Tomie Ohtake.

REFORMA DO MEMORIAL
Quase dois anos após incêndio, a reforma ainda não começou no valor de R$ 6,5 milhões.

Fonte: @ZR, UOL, em São Paulo 29/11/2013, Folha de São Paulo - 30 de novembro de 2013, UOL Noticias- 01 de dezembro de 2013, Folha de São Paulo - 30 de julho de 2015 

Comentário: Em se tratando de uma bomba de incêndio elétrica, para seu funcionamento ininterrupto durante o incêndio, ela  deverá ter sua ligação elétrica independente através de uma entrada exclusiva da concessionária de energia ou de um gerador de emergência.

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posted by ACCA@7:00 AM