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segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Incêndio em supertanque de gasolina na Refinaria Orion

Sumário
Um grande incêndio está consumindo um supertanque de armazenagem de gasolina. Conseguindo a extinção do incêndio, apesar da chuva torrencial provocada por uma tempestade tropical,  tem êxito  em Norco, quase um milagre.

A tempestade tropical  estabeleceu o cenário para um dos eventos mais proveitosos  no combate a incêndio industrial nesta década. A extinção do incêndio com sucesso de um supertanque com gasolina, com maior parte do produto salvado. Cada bombeiro que participou desse combate pode reivindicar uma fatia dessa história com glória.


INICIO DO INCIDENTE

Tempestade
A tempestade intensificou a sudoeste  de Galveston, TX, no Golfo do México, na manhã de 6 de junho de 2001, apenas cincos dias da estação de furacão de  junho a novembro. Geralmente o sistema tropical começa como uma depressão e transforma-se numa tempestade tropical. O furacão Allison posteriormente transforma-se numa tempestade tropical, com chuvas pesadas, com precipitações de 100 mm nos estados do Texas e Louisiana durante três dias  seguintes.

Supertanque
Dimensão: 82 m x 9,70 m 
Produto estocado: gasolina refinada
Octanagem: 89.7

Com chuvas súbitas e pesadas o risco de afundamento do teto flutuante de um tanque de armazenamento  aumenta drasticamente.
Na manhã  de terça-feira de 7 de junho de 2001, a refinaria Orion que processa 150 mil barris de petróleo por dia, situada a 40 km a oeste de New Orleans era apenas uma das muitas empresas localizadas ao longo da costa do golfo tentando proteger seus produtos das intempéries.

Na Orion, o teto flutuante afundou  parcialmente do supertanque, com diâmetro  de 82 m e contendo 300.000 barris de gasolina (48 milhões de litros de gasolina).
“Dizia que havia mais de 14 tetos flutuantes afundados entre  Louisiana e Texas,” disse Chidester, chefe de operação de incêndio da Orion. “Em Louisiana apenas conhecia pelo menos cinco casos incluindo o nosso”.

BOMBA DE DRENAGEM DO SUPERTANQUE
A noite anterior o relatório sobre a tempestade informou que houve um problema elétrico  com a bomba que drena a água da chuva para uma pequena lagoa de recuperação. Depois de solucionado o problema,  a bomba de drenagem não conseguia drenar água do local pela quantidade de água que caía.

TERMINAL DE ESTOCAGEM
A refinaria mantém um terminal de estocagem com capacidade de dez milhões de barris (barril equivalente a 158,9 litros) incluindo quatro supertanques, ainda muito maior do que esse supertanque com problema. Como a vizinhança da refinaria é densamente industrializada,  a comunidade é denominada de Norco, também local da Shell, Motiva e Dow, cada uma delas com instalações próprias  de armazenagem.

EQUIPE DE EMERGÊNCIA
A equipe de emergência  consiste três bombeiros em período integral, incluindo  Chidester, chefe de operação de incêndio da Orion e 87 voluntários da própria empresa.

Os equipamentos de combate a incêndio incluem:
■ uma bomba móvel de 3.500 gpm (13.000 litros por minuto),
■ duas bombas de 1.000 gpm /cada (3.700 litros por minuto),
■ três esguichos monitores de 2.000 gpm /cada  (7.500 litros por minuto)  e outros esguichos monitores, variando de 250 gpm  (940 litros por minuto) a 1250 gpm (4.730  litros por minuto),
■ e 600 metros de mangueiras de cinco polegadas (12 cm) instaladas em carreta reboque.

EMERGÊNCIA
A equipe de resposta de emergência da Orion foi alertada para o problema do supertanque envolvendo afundamento parcialmente do teto flutuante, com acúmulo de água da chuva e gasolina na parte superior do teto provocada pela tempestade.

DIFICULDADE DE ACESSO
Entretanto, levando esses equipamentos pesados para onde estava necessitando criou um problema, uma poderia atrapalhar  toda operação de emergência  que estava em preparação.
Somente uma das três  estradas principais de acesso ao supertanque permanecia transitável. 
Com exceção  de poucas estradas pavimentadas estreitas, o terminal da Orion  transformou se num mar de lama. “Tínhamos mais de 60 cm de água na estrada de acesso  a área de tanques”, disse Chidester.

DRENAGEM DA GASOLINA
Enquanto os operadores da refinaria drenavam  gasolina do supertanque afetado, o mais rápido possível, a equipe de emergência  da Orion encaminhava para o local. O supertanque compartilhava com outros tanques  um dique de 3 metros de altura e cada um deles separados por respectivos diques menores. Com 1,20m de água no dique principal aos tanques e os diques intermediários já estavam transbordando.
Como precaução no dique inundado (intermediário)  aplicaria espuma para evitar a ignição de vapores nessa área. Mas o mau tempo estava longe de terminar para o supertanque. A equipe de emergência estava iniciando a aplicação da espuma no dique, quando um raio caiu próximo.
Chidester ordenou a retirada de quase todo pessoal do local, deixando apenas duas pessoas para continuar a operação de espuma.
 “Eu lembro  pelo menos três quedas de raio’, disse Chidester.” Um caiu próximo a ponte do rio, outro próximo a Shell e o terceiro atingiu o nosso supertanque”.

CRONOLOGIA DO INCIDENTE

Queda do raio
Às 12h 32min houve a ignição do supertanque e imediatamente atingiu toda superfície. Os operadores apenas conseguiram drenar 1 m do produto, quando houve a queda do raio. Chamas em redemoinho propagou através  de  uma grande área, suficiente para engolir um campo de futebol. As chamas atingiram centenas de metros de altura, envolvendo a refinaria numa luz alaranjada, que fez o dia nublado  parecer como um por do sol de verão.
 “Geralmente quando você tem um fogo em um tanque, você tem uma bola de fogo (fireball) surgindo  no topo do tanque” disse Chidester. “Essa coisa parecia que tinha várias ramificações. Era tão grande e compacta, havia várias bolas saindo do supertanque”.
A equipe de emergência não teve tempo para ficar espantada ou horrorizada. A equipe se posicionou imediatamente em torno do dique para começar a operação de resfriamento em todo perímetro da parede do supertanque. A equipe de emergência  da refinaria dividiu-se em quatro grupos, cada uma delas com seu próprio responsável. Mas naqueles primeiros minutos a equipe reagiu conforme o treinamento adquirido e sem a coordenação. “Ninguém  precisava dizer-me sobre esse problema”, disse Chidester.

A equipe de emergência tinha receio com óleo no dique, pois  poderia inflamar-se. Além de resfriar a parede do supertanque a equipe estava ocupada com o primeiro dos dois diques com fogo que surgiu durante a emergência. O terceiro anel da parede da supertanque, com 10 m de altura, enegreceu-se e então  começou arder com brilho alaranjado e metal aquecido começou a produzir barulho peculiar.

“O tanque estava rangendo muito e estufando” disse Chidester. “O metal enrijecia e você toda vez escutava o ruído. A segurança da equipe de emergência e todos envolvidos incluindo a vizinhança  pesava durante no meu pensamento”.
Em algum lugar das infinitas leis de Murphy, afirma se você tem apenas uma estrada transitável das três existentes em situação crítica é bom demais para durar. 
Realmente com o calor intenso radiante estendendo ao norte do supertanque, fechou a única estrada seca à esquerda. Equipamentos pesados movendo se em direção a essa posição  teria de arriscar‑se com cuidado nas estradas alagadas.

Em virtude disso, somente os equipamentos mais importantes da equipe de emergência poderiam estar logo à disposição do chefe de operação de incêndio, Chidester,  que podia empregar contra o fogo.
 “Se você saía da estrada, havia nada mais do que lama e vegetação”, disse Chidester.
 “Você tinha essas pequenas valas, que você não podia ver por causa da água. Tínhamos um equipamento de espuma especial que saiu da estrada e quase afundou. Estava difícil permanecer na estrada com todas as mangueiras no chão, algumas acima da água e outras submersas. Você tinha de fazer tudo por tato, caminhando e tateando”.
Adicionando ainda mais problemas para a equipe o calor radiante causava pequenos incêndios no lado norte do terminal, inicialmente queimando as linhas telefônicas, caixas de papelão, construções frágeis, vegetação e tudo o que estava próximo ao fogo.
“Minha equipe não tinha apenas combater o fogo no dique e resfriar o supertanque, mas também tinha controlar tudo que estava adiante de nós”, disse Chidester.

WILLIAMS FIRE &  HAZARD CONTROL FOI ACIONADA
Após 15 minutos de incêndio, Chidester telefonou para Williams, solicitando prioridade para Orion, como um pedido de um cliente. O escritório da  Williams Fire & Hazard Control situa-se em Mauriceville, próximo ao golfo do México, na cidade de Beaumont, também tinha problemas de inundação no próprio escritório para atender ainda esta tarde.
“Tínhamos 60 cm de água na estrada entre o nosso escritório e depósito de equipamentos”, disse Dwight Williams.

EXPERIÊNCIA DA WILLIAMS FIRE
A Williams Fire trilha um caminho de sucesso de extinção de incêndio em tanques de diversos diâmetros, sendo os mais comuns de 45 m a 60 m, no início da década de 80.
Nesse tempo o Instituto Americano de Petróleo   não registrava nenhum tanque com diâmetro maior do que  38 m que podia ser extinto com produto salvado.
A Williams provou que o Instituto estava errado, quando em 1983 extinguiu um incêndio em um tanque com diâmetro de 45 m, que armazenava gasolina, em Chalmete, Los Angeles. Foi a maior extinção de incêndio bem sucedida registrada na época.

TÁTICA UTILIZADA PELA WILLIAMS FIRE
A Williams tinha sua própria tática. Desprezando o que era aceito “cercar e inundar” a filosofia indiscriminada de lançar tanta água quanto possível no interior do tanque.
A Williams  concentrou se num ataque compacto de espuma em um único ponto, ganhando uma cabeça de ponte (expressão militar, quando conquista parte do território do inimigo, a função da cabeça de ponte é facilitar a penetração), expandindo a extinção através desse local.
Isto se tornou conhecido como “Footprint” metodologia patenteada pela Williams F&HC.
O incêndio na Orion ofereceu  a Williams a grande oportunidade para provar o método “Footprint” contra um registro recorde, um supertanque. A extinção bem sucedida de um supertanque de 80 m de diâmetro  poderia ser a maior da história. Outra importante barreira em combate a incêndio industrial teria sido ultrapassada.

PLANO DE AJUDA MÚTUA
Até que Williams chegasse, a equipe de emergência necessitaria imediatamente mais ajuda. Essa ajuda veio das demais indústrias em Norco e da vizinhança. Chegando com o pessoal, equipamentos especializados e espuma,  eram da Down Chemical, Exxon, LOOP, Marathon, Murphy Oil, Motiva e Tosco. Essas equipes de emergência fazem parte da Louisiana Emergência, uma organização de ajuda mútua industrial, utilizando equipamentos especiais e esguichos monitores “Big Gun” da Williams.

PLANO DE EMERGÊNCIA DA ORION
Na refinaria, o comando do plano de operação de emergência foi alterado.O gerente industrial Eric Bluth assumiu o comando geral das operações  em substituição aos supervisores que revezaram na ação como comandantes da operação.
Chidester permaneceu no cargo de chefe de operação de combate ao incêndio, mantendo o controle direto de todas as operações das equipes de emergência.
Outra providencia do plano de emergência da Orion foi colocar eficácia  nas operações. Uma das mais importantes foi à instalação da “gabinete de guerra” afastada do cenário do incêndio, onde todas as situações podiam ser monitoradas.
 “No gabinete de guerra, tínhamos tudo o que é necessário para o comando geral das operações, mapas, plano de segurança do local e fluxograma das posições de incêndio e quem era responsável”, disse Chidester. “Tudo estava sendo encaminhado”.
O plano de emergência da Orion também exigiu o estabelecimento de uma base de apoio. Um ônibus foi adaptado para proporcionar abrigo da chuva, dando aos bombeiros chance para sentar, descansar e lanchar. A alternância de cada grupo de emergência para uma parada foi cuidadosamente mantida.
A empresa colocou a disposição uma enfermeira e um médico para examinar individualmente o pessoal das equipes e determinar se eles estavam aptos para retornar ao trabalho.
"Trouxemos meias secas para o pessoal  porque eles estavam com seus pés  molhados", disse Chidester.
"Úmido como estava, aposto que você diria que algum eritema (vermelhidão da pele) estava por aparecer, assim trouxemos talcos e outros medicamentos para erupção".
Com tantos responsáveis pelo trabalho numa área tão extensa, outras duas bases de apoio foram abertas mais tarde para maior comodidade.
 “A principal coisa era manter os “bons fluidos” e ter certeza  que ninguém tinha problema”, disse Chidester. Não havia feridos ou outros problemas de saúde foram informados.

PREPARAÇÃO DO ATAQUE
Big Gun – canhão monitor, equipamento especial da Williams Fire
Jerry  Craft com Williams F&HC chegaram em Norco em duas horas. Chidester e Craft   conversaram sobre o plano de operação em execução. Eles concordaram que o melhor caminho era continuar a operação de resfriamento até a chegada da equipe de Williams.
Quando a equipe de Williams chegou às 19h30min (demorou seis horas,  duas horas a mais do que o normal) Chidester fez um resumo geral da situação do supertanque.
Ao lado da autobomba com plataforma (Telesquirt), os esguichos monitores circundantes ao supertanque aplicaram água para resfriamento da parede do supertanque.

Um caminhão equipado com canhão monitor dirigiu-se em direção ao dique inundado para posicionar em melhor local. Uma parte da parede do supertanque, no lado nordeste, não podia ser alcançada pela água em resfriamento, começou a ceder.

Na cena de um dos maiores desafios profissional, Dwight Williams, disse que enfrentou a situação com calma. “Você deve concentrar sobre o que você tem de fazer”, disse Williams.
Williams disse  que confiava  completamente no método “Footprint” e sua capacidade para acabar com a emergência. Tudo o que era necessário e suficiente para funcionar estava no gabinete de guerra  e espuma suficiente para fazer o trabalho.

“O principal fator que segura a operação na retaguarda era o gargalo ao longo das ruas internas, impedindo-nos o aceso aos locais onde  necessitaríamos  estar”, disse Williams.
Foi sugerida a reabertura da estrada ao norte do supertanque, que não estava inundada.
Embora com a retaguarda seca  da estrada de serviço,  a preparação para o ataque de espuma era um processo trabalhoso.
As mangueiras de  cinco polegadas utilizadas para transportar grandes volumes de água para o incêndio, estendida em toda parte e frequentemente sob a água.

Para conseguir o ângulo correto, os esguichos monitores e bombas tiveram de ser colocadas fora da estrada na lama. Trouxeram duas ferramentas para ajudar a colocar o equipamento e deslocar o equipamento de espuma para onde era necessário carregando um por vez.
O acesso restrito eliminou a possibilidade de usar viaturas de incêndio para ação preliminar, disse Chidester.

Como os bombeiros confiaram na  rede de incêndio da própria empresa, com diâmetro de 18 polegadas (458 mm) e utilizando cinco bombas de incêndio.
Para estabilizar ainda mais o fornecimento de água, a indústria Motiva, vizinha a Orion, abriu as válvulas de sua rede de incêndio para alimentar o sistema da Orion, utilizando as bombas da Motiva.
Em conjunto o sistema forneceu pelo menos 140 libras de pressão para a rede de incêndio principal. Chidester  planejou a utilização de água de uma lagoa de recuperação

Esticar a mangueira no incêndio da Orion era particularmente difícil. As condições do terreno enlameado impediram a uso de viatura com  mangueiras em carretel.
O trabalho foi duro, pois cada avanço era feito frequentemente sob a água. Particularmente difícil  foi arrastar as mangueiras  numa inclinação acima de 3 m de altura de um dique enlameado.
 “Quatro das minhas equipes colocaram mais de 1.000 metros de mangueiras de 3 polegadas (7,5 cm) para sua utilização”, disse Chidester.

Essas mangueiras são consumíveis, mas as pessoas não eram. Quando a parede do supertanque no lado nordeste continuou a ceder, curvando‑se, Chidester não hesitou em pedir ao pessoal de emergência em deixar a área imediatamente, abandonando as mangueiras no local. Ele não estava preocupado com a parede do supertanque, porque o fogo estava  tão baixo e não tinha feito qualquer coisa há várias horas”, disse Chidester.”Jamais alguém combateu um incêndio num tanque de 83 m de diâmetro e não desejaria arriscar‑se perdendo alguém nesse incêndio”.

Por último o essencial era a espuma. Em Orion, Williams concordou com a recomendação de Chidester para usar  a espuma 3M AFFF/ATC a 3% (espuma formadora de filme aquoso, com 3% de extrato e compatível para álcool)
Com tetos flutuantes afundando ao longo da Costa do Golfo, muitas refinarias estavam necessitando da espuma.
 “Eu usei pouco a espuma que eu comprei”, disse Chidester. Enquanto a maioria da espuma era do armazenamento de emergência  em Louisiana e alguns vieram tão distantes, com da indústria  3M de Alabama.
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A própria Williams F&HC trouxe do mercado a Thunderstorm-brand ATC após a decisão da 3M  não fornecer o produto, pois a produção ainda não estava completa e estava indisponível.

ATAQUE
Às 1h 30min da madrugada, quinta-feira, as equipes de emergência estavam prontas para o primeiro ataque com espuma.
O plano executado  por Chidester e Williams utiliza o método clássico Footprint ( ataque concentrado para ganhar a cabeça de ponte). Imagino o supertanque queimando como uma face de um relógio com os ponteiros na posição 12h, apontado na direção norte.
A Williams Fire utilizaria  “Big Gun” um canhão com vazão  8.000 gpm de espuma (30 m3 por minuto)  no interior do supertanque na posição 4h.
Na posição 8h a Williams Fire utilizaria 1X6, um esguicho monitor, com vazão de  4.000 gpm de espuma (15m3 por minuto). Juntos os esguichos monitores atingiriam o mesmo ponto com  12.000 gpm de espuma (45 m3) de diferentes ângulos com um acréscimo adicional  de 1.000 gpm (~ 4m3) da autobomba com escada (Telesquirt).

Toda capacidade desses dois esguichos monitores pode obter uma vazão de 20.000 gpm (75m3 por minuto).  Por que não combater o fogo com tudo que você tem?  Porque você tem de compreender  a natureza da espuma, disse Williams.
“Lançando uma vazão de 12.000 gpm de espuma (45m3 por minuto) no interior do supertanque, você tem 29m de formação de espuma (é a distância máxima que a espuma percorre sobre o líquido inflamável)”, disse Williams. Em relação à gasolina acredito ser muito mais longa a formação da espuma. A combinação de 8.000 gpm (30m3 por minuto) e 4.000 gpm (15m3 por minuto) resulta no máximo 26 m de formação de espuma.

Devido a isso, compramos restante de espuma para não utilizar em superfície de líquido em chamas, mas sim para resfriar a parede de aço quente.
Teoricamente a formação de espuma não excederia a 30m em combustível líquido, disse Williams. Em relação à gasolina a  preferência  não é mais do que 24m.
Assim, justamente aconteceu o melhor  o que podíamos fazer com o que tínhamos , era a formação de espuma de 26 m.
Chidester e Williams assumiram posição na parede do dique. Uma vez que as autoridades de aviação local negaram o pedido solicitado pela Orion para utilizar um helicóptero como posto de observação, Chidester colocou um vigia com binóculo no topo da unidade catalítica. A aplicação de espuma continuaria até que nenhum sinal de chamas houvesse no tanque.

INICIOU O ATAQUE COM ESPUMA
Com a cobertura no fundo do tanque, a equipe de emergência tinha um objetivo definido. Com 10 minutos de aplicação de espuma, estava ganhando um pedaço do fogo, disse Williams.
Com o fogo em colapso, seguiu ainda 20 min de aplicação de espuma.
Trabalhando na posição 6h,  autobomba com escada aplicou espuma no interior do tanque na posição 5h.

“Isso era uma pequena quantidade, mas aconteceu  de aplicarmos espuma  em uma parte mais tenaz do fogo, onde a formação da espuma retornava  da parede  interna”, disse Williams. ”Assim sendo a queda de um pequeno pedaço do fogo, aumentou a cobertura do fogo”.

TAXA CORRETA DE APLICAÇÃO ESPUMA
Há uma diferença de opinião a respeito da taxa correta de aplicação de espuma para tanques em chamas.
A NFPA  indica a taxa ideal de 0,16 gpm/sq ft (6,51 litros por minuto/m2). Um tanque desse tamanho  na Orion exigiria cerca de 18.000 (68.000 l) galões de extrato de espuma.

Entretanto, muitas empresas recomendam 0,25 gpm/sq ft (10 litros por minuto/m2) como taxa de aplicação de extrato de espuma para tanques grandes.
Williams sempre insistiu que a taxa da NFPA é muito baixa e usou a taxa de aplicação de 0,23 gpm/sq ft (9,38 litros por minuto/m2). O comitê  da norma NFPA 11 está estudando o padrão da taxa de aplicação de espuma.

Consumindo a taxa de 400 galões por minuto (1.514 litros por minuto), dois caminhões tanques cheios com extrato de espuma, esgotaram se rapidamente. O restante do fornecimento de extrato de espuma 3M AFFF na quantidade de 305 galões (1.115 l) foi transportado em carretas manuais.

Sete equipes equipados com proporcionadores de linha  moveram se em direção a cada um dos galões de espuma  e sugaram a espuma de cada um deles. Além do enfraquecimento das chamas, as equipes continuaram a aplicação de espuma por outros 40 min extinguindo focos de incêndio nas posições 4, 6 e 8 horas.

Um acúmulo de  borra formada  na parte interna da parede do tanque continuou a queimar. Também, vapores escapando da borda da cobertura de espuma produziu “chamas dançantes” enviando pequenas chamas em velocidade ao longo da parede do tanque. “Dwight decidiu transpor os paradigmas, com uma névoa leve para expulsar os vapores”, disse Chidester. Devido a grande experiência, ele poderia “ler”o fogo e assim ajustar o equipamento.

Armado com um esguicho monitor 1X6,  ele ajustaria  o formato do fluxo d’água para direita ou para esquerda, mais denso ou mais estreito, para cima ou para baixo.
O último foco de incêndio persistente no lado oeste do tanque, protegido pelo dobramento da parede do tanque.

Uma pequena quantidade de espuma e a gasolina em chamas escoaram pela dobra para o interior do tanque. Williams varreu cuidadosamente as últimas chamas com esguicho monitor 1X6, tentando o ângulo para espuma atingir no interior das dobras em chamas (ilhas em chamas).

Sessenta e cincos minutos após o ataque, o vigia no topo da unidade catalítica e da autobomba com escada informaram que não havia chamas visíveis no tanque. O fogo foi declarado extinto. ”Eu consegui algumas roupas secas e vou para casa”, disse Williams.

Raio continuava cair na área. Por duas horas após a extinção do incêndio, Chidester e a brigada de emergência da Orion continuaram com o fluxo de espuma no interior do tanque a uma vazão de 12.000 gpm (45m3 por minuto) e após meia hora adicionando 1.000 gpm (3,8 m3 por minuto).

Iniciou o procedimento para drenar o tanque. Enquanto isso, o gerente da Orion ordenou que aplicasse por 15 minutos a cada hora, até que o tanque tivesse vazio. A  equipe de emergência estava exausta e Chidester trouxe a equipe de emergência de Corpus Christi  (é uma empresa de serviço de emergência industrial, que oferece as indústrias: equipe de emergência, treinamento, projetos de incêndio e consultoria) para manterá cobertura de espuma no tanque.

“A equipe de Williams deixou um relatório sobre os que eles fizeram; equipamentos estavam montados e qual foi o plano de ação executado e depois eles partiram”, disse o representante da Corpus Christi Daniel Garcia. Com onze brigadistas  e com o comando permanente no local, a Corpus Christi fez a primeira aplicação de espuma para reabastecer a cobertura de espuma às 6h14min. Essa aplicação demorou 21 min, consumindo 1650 galões de extrato de espuma ( 6.245 litros).

A partir desse momento Orion forneceu a Corpus Christi vários tipos de extratos de espuma para  uso, incluindo 37.000 galões ( 140.000 litros) alguns já utilizados. A Corpus Christi fez 24 aplicações adicionais de espuma  no período de 65 horas ininterruptas, enquanto o operador da refinaria drenava o conteúdo do tanque. A última aplicação de espuma terminou às 16h 3min de domingo.

Na tarde de domingo, Chidester suspendeu a operação de espuma. O tanque  estava vazio suficiente para não apresentar perigo. A Corpus Christi, então voltou a sua atenção para ajudar o pessoal da Orion no inventario dos equipamentos e suprimentos de combate ao incêndio usado durante o evento.

LIÇÕES APRENDIDAS
O prognóstico é o poder para predizer o futuro. Seria um recurso tremendo para as equipes de emergência. Infelizmente, se tal faculdade existe no ser humano, incluindo os bombeiros é quase raro em relação à vida.
Preparação e não prognóstico é que o chefe de emergência confia quando o imprevisível ameaça consumir sua indústria.   
Se a equipe de emergência não participou na elaboração do planejamento (pré-plano), apenas efetuou a simulação e não procurou especialistas que eles necessitam, eles têm um problema, disse Chidester. Você tem ensaiar e treinar para que as pessoas estejam prontas para ir para batalha contra o tanque em chamas.
 “Todos tem uma boa idéia, o que aconteceria se pegasse fogo”, disse Chidester. A equipe de emergência da Orion da linha de frente sabe também o que aguarda. 
Os  bombeiros da Orion são treinados na Academia do Fogo do Estado de Mississipi em Jackson e no Instituto de Segurança de Emergência da Universidade de Texas.
Por vários anos o fogo do tanque de armazenagem da Norco será lembrado pela abertura de um novo caminho, um evento que provou todas as teorias e indicou um novo padrão industrial para combate o fogo.
Total de consumo de espuma no incêndio:  105.980 litros 3M ATC a 3%    
Total de gasolina recuperada:  26.000.000 de litros 
Fonte: @ZR, Industrial Fire World, Williams Fire & Hazard Control 

Comentário: 
Comparação entre a teoria (conceitos básicos de combate  a incêndios em tanques) e a prática (no caso incêndio na Orion)

Teoria
Prática
Definir o tipo de ataque
Foi definido o tipo de ataque (footprint)
Segurança da vizinhança até a execução do ataque de extinção (resfriamento com água de objetos expostos ao fogo ou calor radiante)
Preocupação com a vizinhança
Logística de combate a incêndio:

Definir um local seguro para instalar o comando de operação, “gabinete de guerra”. O comandante de operação é responsável pela logística de incêndio e planejamento.
Foi criado o “gabinete de guerra”para coordenar o incidente
Segurança no abastecimento de água – fonte de abastecimento
Houve preocupação. Para estabilizar ainda mais o fornecimento, a indústria Motiva através de manobras ofereceu  mais água para alimentar a rede.
Segurança nos equipamentos para extinção (bombas, mangueiras, viaturas, canhões   monitores e acessórios, etc).
Houve preocupação nos equipamentos para evitar a perda durante o transporte e instalação.
Segurança no abastecimento de  extratos de espumas
Houve aquisição de mais extratos. Na região as indústrias têm armazenamento de emergência. 
Segurança na produção de espuma (preparar os equipamentos, mangueiras e executar testes de funcionamento).
Houve preocupação na produção de espuma para utilizar no tanque e no resfriamento das paredes do tanque (espuma com densidade inferior)
Segurança das equipes de emergência (equipamento de proteção individual, revezamento, alimentação, área de descanso ou  de apoio e equipe médica).
A empresa montou uma base de apoio para o pessoal de emergência, para descanso, alimentação e serviço médico.
Cabe ao comandante responsável pela emergência (o comandante de emergência é responsável pela atuação das equipes de emergência e o comandante de operação  é responsável pela coordenação) demonstrar total domínio pelas táticas de incêndio.
O comandante de operação era responsável pela coordenação. O comandante de operação  de incêndio era responsável pelo combate ao incêndio e controle das equipes de emergência.
As dificuldades no combate a um incêndio crescem com o diâmetro do tanque, com baixo nível do produto em queima  e com o tempo de queima do tanque. Os fatores externos ou internos mais importantes são a natureza da vizinhança e a influencia dos ventos.
Foram utilizados equipamentos especiais com grande capacidade de vazão. 
Os volumes de espuma necessários são proporcionais ao quadrado do aumento do diâmetro  e também quanto à mudança de ordem técnica (dificuldade de extinção do incêndio)
Foram utilizados equipamentos especiais com grande capacidade de vazão.  A capacidade dos equipamentos foi limitada a formação da espuma. A formação da espuma existe uma distancia máxima, que ultrapassando  existe a perda de produtividade da espuma.
– Com o tempo de queima o tanque apresenta deformações. Devido às paredes retorcidas formam-se  na superfície do líquido,  ilhas em chamas de metal rubro , que não permite o acesso da espuma.
Através de equipamentos especiais e experiência dos profissionais conseguiram eliminar essas ilhas em chamas

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quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Conceitos:Incêndio em tanques de armazenagem

Princípios básicos de combate a incêndio em tanques

O combate a incêndios em área de tanques exige um planejamento que aborde os seguintes aspectos:

1. Definir o tipo de ataque
2. Segurança da vizinhança até a execução do ataque de extinção (resfriamento com água de objetos expostos ao fogo ou calor radiante)
3.Logística de combate a incêndio:
3.1– Definir um local seguro para instalar o comando de operação, “gabinete de guerra”. O comandante de operação é responsável pela logística de incêndio e planejamento 
3.2- Segurança no abastecimento de água – fonte de abastecimento
3.3- Segurança nos equipamentos para extinção (bombas, mangueiras, viaturas, canhões   monitores e acessórios, etc).
3.4- Segurança no abastecimento de  extratos de espumas
3.5- Segurança na produção de espuma (preparar os equipamentos, mangueiras e executar testes de funcionamento)
3.6– Segurança das equipes de emergência (equipamento de proteção individual, revezamento, alimentação, área de descanso ou  de apoio e equipe médica).
4. Cabe ao comandante responsável pela emergência (o comandante de emergência é responsável pela atuação das equipes de emergência e o comandante de operação  é responsável pela coordenação) demonstrar total domínio pelas táticas de incêndio.
5. As dificuldades no combate a um incêndio crescem com o diâmetro do tanque, com baixo nível do produto em queima  e com o tempo de queima do tanque. Os fatores externos ou internos mais importantes são a natureza da vizinhança e a influencia dos ventos.
6. Os volumes de espuma necessários são proporcionais ao quadrado do aumento do diâmetro  e também quanto à mudança de ordem técnica (dificuldade de extinção do incêndio)
6.1- Quanto menor for o volume de líquido no tanque, tanto mais a espuma deverá cair até atingir a superfície do líquido.
6.2– Quanto maior é a altura da queda, tanto maior é o contato da espuma com as altas temperaturas e como consequência são possíveis perdas de 80% a 90% da espuma na zona de combustão.
6.3– Com o tempo de queima o tanque apresenta deformações. Devido às paredes retorcidas formam-se  na superfície do liquido,  ilhas em chamas de metal rubro, que não permite o acesso da espuma.
7. Um tanque cheio que queima, permite aproximação e instalação de equipamentos que muito provavelmente evitará perda excessiva de espuma.
8. Nos tanques aquecidos uma parte do calor liberado é reconduzido ao produto em queima. Isto ocorre nos tanques não cheios pelos seguintes caminhos:

1 – radiação das chamas para o líquido
2 – radiação das chamas para as paredes do tanque
2a – radiação das paredes do tanque para o líquido
2b – condução da parede do tanque às camadas superiores do líquido
3 – transmissão de calor da zona de gás para o líquido pela convecção dos vapores ainda não queimados

Pela figura  podemos considerar:
1. Pode-se diminuir a transmissão de calor da zona de chamas para o líquido pelo resfriamento das paredes do tanque
2. A transmissão de calor da zona de chamas para o líquido, pela radiação e condução, deve ser impedida pela espuma
3. A espuma é destruída  com intensidade com a diminuição do volume de combustível contido no tanque, pelo aumento do seu trajeto até a superfície do líquido.
4. A espuma lançada através da zona de chamas sofre uma perda maior do que aquela lançada através de instalações fixas, semifixas ou torres portáteis
5. O ponto ideal para a “chegada da espuma” é no centro da superfície do líquido
6. Deve-se proceder ao resfriamento do tanque em fogo e dos tanques adjacentes

Fonte: @ZR, Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

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quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Princípios básicos de combate a incêndio em tanques

O combate a incêndios em área de tanques exige um planejamento que aborde os seguintes aspectos
1. Definir o tipo de ataque

2.Segurança da vizinhança até a execução do ataque de extinção (resfriamento com água de objetos expostos ao fogo ou calor radiante)

3.Logística de combate a incêndio:
3.1-Definir um local seguro para instalar o comando de operação, “gabinete de guerra”. O comandante de operação é responsável pela logística de incêndio e planejamento. 
3.2-Segurança no abastecimento de água – fonte de abastecimento
3.3-Segurança nos equipamentos para extinção (bombas, mangueiras, viaturas, canhões   monitores e acessórios, etc)
3.4-Segurança no abastecimento de  extratos de espumas
3.5-Segurança na produção de espuma (preparar os equipamentos, mangueiras e executar testes de funcionamento)
3.6-Segurança das equipes de emergência (equipamento de proteção individual, revezamento, alimentação, área de descanso ou  de apoio e equipe médica)

4.-Cabe ao comandante responsável pela emergência (o comandante de emergência é responsável pela atuação das equipes de emergência e o comandante de operação  é responsável pela coordenação) demonstrar total domínio pelas táticas de incêndio.

5.-As dificuldades no combate a um incêndio crescem com o diâmetro do tanque, com baixo nível do produto em queima  e com o tempo de queima do tanque. Os fatores externos ou internos mais importantes são a natureza da vizinhança e a influencia dos ventos.

6. Os volumes de espuma necessários são proporcionais ao quadrado do aumento do diâmetro  e também quanto à mudança de ordem técnica (dificuldade de extinção do incêndio)
6.1-Quanto menor for o volume de líquido no tanque, tanto mais a espuma deverá cair até atingir a superfície do líquido
6.2-Quanto maior é a altura da queda, tanto maior é o contato da espuma com as altas temperaturas e como conseqüência são possíveis perdas de 80% a 90% da espuma na zona de combustão.
6.3-Com o tempo de queima o tanque apresenta deformações. Devido às paredes retorcidas formam-se  na superfície do liquido,  ilhas em chamas de metal rubro , que não permite o acesso da espuma.

7.-Um tanque cheio que queima, permite aproximação e instalação de equipamentos que muito provavelmente evitará perda excessiva de espuma.

8.-Nos tanques aquecidos uma parte do calor liberado é reconduzido ao produto em queima. Isto ocorre nos tanques não cheios pelos seguintes caminhos:

Propagação de calor em tanques
1- radiação das chamas para o líquido
2 -radiação das chamas para as paredes do tanque
2a-radiação das paredes do tanque para o líquido
2b-condução da parede do tanque às camadas superiores do líquido
3-transmissão de calor da zona de gás para o líquido pela convecção dos vapores ainda não queimados

Pela figura  podemos considerar:
1.-Pode-se diminuir a transmissão de calor da zona de chamas para o líquido pelo resfriamento das paredes do tanque
2.-A transmissão de calor da zona de chamas para o líquido, pela radiação e condução,  deve ser impedida pela espuma
3.-A espuma é destruída  com intensidade com a diminuição do volume de combustível contido no tanque, pelo aumento do seu trajeto até a superfície do líquido.
4.-A espuma lançada através da zona de chamas sofre uma perda maior do que aquela lançada através de instalações fixas, semifixas ou torres portáteis
5.-O ponto ideal para a “chegada da espuma” é no centro da superfície do líquido
6.-Deve-se proceder ao resfriamento do tanque em fogo e dos tanques adjacentes

Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

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