Lembrança - Incêndio em hotel na Espanha
Depois disso, duas portarias sobre prevenção contra
incêndios foram introduzidas em Zaragoza.
A primeira, datada de 1964, exige a instalação de hidrantes
em torno de certos tipos de edificações, tais como: teatros, cinemas, colégios,
universidades, hospitais, supermercados e usinas. A segunda se aplica a
edificações com mais de 28,5 metros de altura e estabelece prescrições para
facilitar a luta contra incêndios, dizendo respeito a tubulações secas,
hidrantes, extintores e escadas de emergência ou escadas que permitam a
evacuação.
Essas portarias se aplicam somente para projetos e
construções de novos edifícios e não contem quaisquer referencia a escadas
enclausuradas, medidas de limitação da propagação do fogo e da fumaça,
iluminação de emergência e sistema de alarme em caso de incêndio.
O Hotel Corona de Aragón, estava situado no centro da cidade
de Zaragoza e ocupava praticamente toda uma quadra de 84 por 21 metros.
O hotel é constituído por: três subsolos, o térreo e dez
pavimentos,
Característica do hotel
• a estrutura do edifício era de colunas de aço não
protegidas, com alvenaria de tijolos furados e piso convencional.
• nos dois subsolos inferiores estavam localizados; a casa
da caldeira e o depósito de combustível,
a instalação de condicionamento de ar, casa de força e eram protegidos por um sistema automático de C02.
• a cozinha do Café Formigal estava localizada no primeiro
subsolo.
• no térreo, estava localizado um restaurante chamado
"The Piccadilly".
• os nove pavimentos possuíam 250 apartamentos, e o último
andar abrigava os escritórios e a administração do hotel.
• a caixa da escadaria aberta, era metálica,
comum a todos os andares, desde o primeiro subsolo até o 11o andar.
ESCADA DE EMERGÊNCIA
Possuía uma escada de emergência localizada no fundo da
edificação, próxima a escada principal. Embora a escada fosse enclausurada com
paredes de tijolos, as portas não eram resistentes ao fogo e nem de fechamento
automático. O acesso era feito o pelo hall do elevador.
CORPO DE BOMBEIROS
O Corpo de Bombeiros Municipal de Zaragoza tinha um único
posto de bombeiros com algumas viaturas antigas, incluindo uma plataforma
hidráulica e uma escada Magirus . O posto estava próximo ao hotel.
CENÁRIO DO INCÊNDIO
O incêndio teve
inicio pouco após as 8 horas, 12 de julho de 1979, na cozinha do Café Formigal,
no primeiro subsolo. Uma máquina de fritura para preparação de
"churros", um tipo de rosca popular na Espanha, tinha sido aquecida
em razão do afluxo de hóspedes para o café da manhã e para a preparação das
bandejas daqueles que iriam tomar o café em seus quartos.
O óleo superaquecido se inflamou. Acima, mas não conectado a
maquina, havia uma coifa destinada a receber a fumaça causada pela fritura. O
duto da coifa atravessa uma grande abertura, mudando de direção para passar
pela parede do fundo do hotel e alcançar à área externa.
A abertura feita no forro para a passagem do duto era
consideravelmente maior do que o duto e não havia nenhum dispositivo de vedação
ou corta chamas.
O pessoal da cozinha combateu o fogo da máquina de fritura
com extintores de C02, durante 10 minutos, antes que eles notassem que o fogo
não estava sendo controlado, mas, de fato, se propagando e não somente na
cozinha mas, também, através da abertura do duto no restaurante Piccadilly, no
andar acima.
PROPAGAÇÃO DO INCÊNDIO
O incêndio se espalhou rapidamente pelos dois andares,
envolvendo o mobiliário, a decoração etc., grande parte de espuma e outros
materiais plásticos. Como a escada principal do hotel, não era enclausurada,
era também utilizado pelos restaurantes, o fogo e a fumaça ocuparam a caixa de
escada até o ultimo andar. O fogo e as chamas concentraram-se no último andar,
envolvendo a maioria dos escritórios e
as chamas eram visíveis pelas janelas .
Ao mesmo tempo, as chamas em grande quantidade e uma enorme
coluna de fumaça preta saíam das janelas adjacentes do restaurante e recobriam
a fachada do prédio em toda a extensão. Esta foi à situação com a qual os
bombeiros se defrontaram, na chegada, 10 a 15 minutos após a chamada.
SEM SISTEMA DE ALARME E PORTAS CORTA-FOGO
Sem sistema de alarme, houve pouco tempo e praticamente
nenhuma possibilidade de alertar os hóspedes; as fumaças invadindo os corredores a partir da escada
principal não enclausurada e a fuga se tornando extremamente difícil. Algumas
pessoas utilizaram a escada de emergência como meio de fuga, até que ela ficou
envolvida pela fumaça, uma vez que as portas que lhe davam acesso não eram
resistentes ao fogo ou de fechamento automático.
RESGATE
Alguns foram resgatados do terraço superior por helicópteros
de uma base militar próxima.
Outros se lançaram em um pequeno tanque existente no andar
abaixo do terraço e aguardaram na água até a chegada de socorro. Alguns
hóspedes jogaram se ou caíram pelas janelas ou balcões, a maioria deles pelo
lado frontal do edifício.
Os bombeiros efetuaram vários salvamentos por meio da escada
Magirus, da plataforma hidráulica, de escadas portáteis de bombeiros e ainda
por três guindastes requisitados de um canteiro de obras vizinho.
HOSPEDES
Estimativa de hospedes no momento do incêndio: 420
VÍTIMAS
78 mortos e 113 feridos
DANOS CAUSADOS
Os danos causados pelo incêndio foram enormes nos dois
andares do restaurante, nas zonas próximas da escada principal e no ultimo
andar, o da administração do hotel.
A estrutura e demais componentes do edifício não foram
seriamente atingidos e não houve colapso de colunas, de vigas, pisos e paredes,
devido em grande parte à ventilação de incêndio tanto externa como
internamente, através das caixas de escadas abertas e das janelas do último
andar.
CONCLUSÃO
A extensão do incêndio era previsível, tendo em vista a
construção e o "layout" do edifício, a demora de 10 minutos na
chamada dos bombeiros e a grande quantidade de materiais facilmente
combustíveis nos dois restaurantes. O fato de o número de mortos não ter sido
mais elevado se deve aos esforços dos bombeiros, os quais, com limitados
recursos à sua disposição, se viram face a face com uma difícil tarefa de
salvamento e combate a incêndio. Fonte: Revista "Fire International "
e RTV.ESMarcadores: incêndio
