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domingo, dezembro 09, 2007

Chernobyl - Desastre


Dados obtidos do documentário passado no canal Discovery em 30de abril de 2006.


Quando houve a explosão, testemunhas relatam que o céu tinha as cores de um arco íris. Não imaginaram que o problema era tão grave.

Os bombeiros que iniciaram o combate ao incêndio na usina, sem proteção adequada para radiação, todos foram contaminados e morreram posteriormente.

As informações iniciais sobre a explosão enviadas ao governo, informavam que os problemas foram controlados. Ninguém sabia da extensão da contaminação
As autoridades locais demoraram 48 h para tomar uma resolução. O governo soviético soube da gravidade do problema através do monitoramento efetuado pela Suécia

As crianças mais velhas chegaram a ir à escola no dia seguinte da explosão. A maioria sabia do acidente, mas não tinha idéia do grau de perigo causado pela radiação.

O exercito soviético assumiu o comando da situação e faziam a medição da exposição a radiação, na cidade e próximo a usina, que ultrapassava centenas de vezes o que o ser humano poderia suportar.

O incêndio no núcleo do reator continuava a queimar, com gravidade e se a laje de concreto não suportasse a temperatura da camada incandescente, poderia atingir a água acumulada do combate ao incêndio, que estava sob o reator. Se acontecesse a explosão seria muito mais grave.

O exercito utilizando helicópteros jogavam toneladas de areia e nitrato de bário para controlar o incêndio e principalmente a temperatura.
Mas o núcleo continuava a queimar. Somente após o lançamento de toneladas de barra de chumbo a temperatura do reator começou a reduzir. Todos os pilotos dos helicópteros foram afetados pela radiação.

As populações das cidades foram retiradas através de ônibus ( 300 mil pessoas).

Foram convocados mineiros da região da Ucrânia para efetuar um túnel de acesso ao reator
Conseguiram efetuar o túnel em um mês, trabalhando 24 h, em equipes. Todos sem proteção contra radiação. A maioria morreu e outros com doença provocada pela radiação.

Para isolar a área e efetuar a limpeza do reator, o exercito convocou milhares de reservistas , cerca de 400 mil reservistas e milhares de civis.

Inicialmente o exercito utilizou equipamentos pesados com controle remoto para efetuar a limpeza do reator, mas radiação era tão elevada, que afetou os circuitos eletrônicos dos equipamentos.

Foram utilizados soldados, com proteções rudimentares (proteções de chumbo) para efetuar a limpeza e posteriormente isolar o reator. Cerca de 20 mil soldados foram mortos posteriormente e 250.000 ficaram incapacitados (doenças).

Equipes foram destinadas para eliminar todos os animais da área e demolir as edificações e posteriormente enterradas.





Foto: região verde afetada pela radiação


Na realidade o governo não estava preparado para essa situação e as informações iniciais minimizavam o problema.
Durante as horas iniciais a população não tinha noção da gravidade do problema e continuava com as atividades normais da cidade. O ar contaminado e população em seu cotidiano.

Nem os cientistas tinham a noção da gravidade da situação. Alguns estavam no local, sem nenhuma proteção contra radiação.
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Os registros iniciais do desastre desapareceram, principalmente da região da Ucrânia e os hospitais não registravam todos os casos como conseqüência da radiação ( aumentaram o nível de exposição mínima permitida ao ser humano).

Numa reunião na Agencia internacional Nuclear, um cientista soviético com um relatório minucioso expôs a gravidade do problema e estimou em quase 40 mil mortos. A comunidade internacional não aceitou essa estimativa de mortos. A Franca não reconheceu que a poeira radioativa atingiu o seu território. Mas a região atingida teve posteriormente vários casos de câncer na tireóide.

Na Rússia houve vários casos de abortos e crianças deformadas por causa da contaminação (sem braços, deformação no rosto, etc).
Na época o governo soviético gastou cerca de 18 bilhões de dólares para controlar a radiação.

Cerca de 9.3000 foram reconhecidas com mortes causadas pela radiação (Agência Governamental). Greenpeace estima em mais de 93.000 mortos. Cerca de 5 milhões de pessoas ainda vivem em áreas contaminadas na Ucrânia, Belarus e Rússia. Cerca de 200.000 km2 de terra foi contaminada.

Comentário do documentário:
O documentário histórico , com resgate de filmagens da época e entrevistas com civis e militares que estavam no cenário do acidente, para efetuar a limpeza e resfriamento do reator. São relatos de pessoas comuns que enfrentaram o desafio, sem nenhuma proteção contra radiação . Em um dos relatos, um sobrevivente com seqüelas disse, “Alguém tinha de fazer o trabalho”. Milhares de pessoas morreram no decorrer dos anos vitimas de contaminação. O documentário mostra relatos de pessoas sofrendo dores físicas, psicológicas e outras carregando as anomalias genéticas, que passarão de gerações a gerações. Os especialistas dizem que a energia nuclear é limpa e extremamente segura. Mas segurança de qualquer tecnologia é relativa e não absoluta.
O estigma deixado por Chernobyl foi a contaminação ambiental envolvendo toda cadeia do ecossistema da Terra (água, peixe, solo, aves, reprodução, ser humano, etc). Nos seres humanos os efeitos da contaminação marcarão gerações a gerações com anomalias genéticas, cânceres, etc.


Foto: Cidade fantasma - A cidade de Pripyat foi construída para servir de moradia para trabalhadores da usina de Chernobyl. Ela foi abandonada 36 horas após a explosão.
Horário em que o alarme da Usina disparou 26 de abril de 1986 (01h23, hora local; 19h23, hora de Brasília)

BBC News





Informações gerais publicadas em jornais
1 - Notícia publicada no Deutsche Welle - Alemanha em 25 de abril de 2002, passados 16 anos do acidente nuclear de Chernobyl, um nível elevado de radioatividade ainda é constatado em diversos alimentos silvestres e carnes de caça na Alemanha. O Departamento Federal de Proteção contra Radioatividade (BfS) analisou diversos tipos de fungos comestíveis, de amoras silvestres e de carnes de caça, deparando com uma elevada contaminação restante, em especial de césio-137.
A região mais contaminada é a do sul da Alemanha, sobretudo a Floresta Bávara. O BfS chamou a atenção para a proibição em vigor de comercialização de alimentos que apresentem uma contaminação de césio-137 superior a 600 bequeréis por quilo. Os alimentos examinados apresentaram valores até cem vezes superiores a isto.

2 - Notícia publicada no El País, Espanha, abril de 2006; Cerca de 3,9 milhões de quilômetros quadrados da Europa (superfície equivalente a oito vezes a da Espanha) foram contaminados por césio 137 (mais de 4 mil Bq/m2), 40% da superfície da Europa", indica o relatório, que também especifica que 2,3% do território europeu receberam doses de contaminação mais elevada. Esse último dado é exatamente o que a OMS e a AIEA reconhecem. A Áustria foi o país mais exposto à nuvem radioativa, enquanto na Finlândia e na Suécia foram contaminados 5% do território. Em níveis inferiores de contaminação, a Alemanha, com 44% de suas terras contaminadas e o Reino Unido, com 34%, foram os países mais atingidos da velha Europa. A Espanha não está entre os países afetados pela nuvem tóxica.

As autoridades alimentares britânicas publicaram uma informação segundo a qual, "devido à contaminação provocada pelo acidente de Chernobyl, ovelhas de certas áreas do Reino Unido ainda contêm níveis de radioatividade acima dos limites de segurança. A agência [de padrões alimentares] mantém restrições ao movimento das ovelhas afetadas para proteger os consumidores".

O relatório acrescenta que o césio 137 passa da terra ao pasto e para os animais, e aplica a restrição a um total de 200 mil animais e 374 propriedades rurais. Nesse mesmo país o epidemiologista John Urquhart acaba de publicar um documento que registra um crescimento de 11% da mortalidade infantil nas áreas em que a nuvem tóxica teve maior impacto no final dos anos 80, contra 4% no restante do país.

Juntamente com o Reino Unido, persistem as restrições ao tráfego de alimentos na Suécia e na Finlândia, onde afetam principalmente a rena e produtos silvestres. E em algumas regiões da Alemanha, Áustria, Itália, Lituânia e Polônia, onde a caça, os cogumelos silvestres e uma espécie de peixe carnívoro registram um conteúdo excessivo de césio 137.

As conseqüências de Chernobyl foram desde o início motivo de discórdia, em parte pela opacidade com que a antiga URSS tratou uma catástrofe que tentou ocultar e minimizar até o último momento (também foi ocultada por outros países, como a França). Depois porque os danos atribuídos ao acidente influem na percepção do perigo que representa o desenvolvimento da energia nuclear, e não faltam partes interessadas em desenhar sua própria realidade.

3 - Noticia publicada na BBC News em abril de 2006, sobre o relatório da Comissão Européia, órgão executivo da UE, e nas imagens de satélite tomadas nos dias posteriores ao desastre, apresenta as seguintes ponderações;

As fotos mostram o deslocamento da nuvem tóxica desprendida pelo acidente, composta por elementos como o Césio 137, Estrôncio 90 e Iodo 131, com radioatividade equivalente a 200 vezes a das bombas de Hiroshima e Nagasaki combinadas.

A explosão que ocorreu na unidade quatro de Chernobyl na manhã do dia 26 de abril de 1986 espalhou nuvens radiativas por um raio de entre 7 e 9 quilômetros na atmosfera.

Estima-se que 30% das 190 toneladas de combustível do reator se espalhou pela região próxima à central, situada a 110 km ao norte da capital ucraniana, Kiev, e a 16 km da fronteira com Belarus, então território da União Soviética.

"O fogo que se seguiu à explosão, abastecido por 1.700 toneladas de grafite, durou oito dias e foi o principal responsável pela gravidade do desastre de Chernobyl", afirma o relatório.

Europa Ocidental
Segundo os cientistas britânicos, as maiores concentrações de material radiativo recaíram sobre Belarus, Rússia e Ucrânia, "mas mais da metade da quantidade total de emissões" geradas pelo acidente foi parar em solos da Europa Ocidental.

Cerca de 3.900.000 quilômetros quadrados da UE receberam mais de 4.000 becquereles por metro quadrado de Césio 137 (Bq/m2, unidade de medida de radioatividade), elemento com vida média de 30 anos.

Entre essas regiões, estão 80% do território da Áustria e da Suíça, 44% da Alemanha e 34% do Reino Unido. Além disso, 2,3% da Europa Ocidental foi contaminado com níveis superiores a 40.000 Bq/m2, uma porcentagem que inclui 5% das terras de Ucrânia, Finlândia e Suécia.

O relatório ressalta que a carne de animais silvestres na Alemanha apresenta atualmente uma média de 6.800 Bq/kg, mais de dez vezes superior aos 600 Bq/kg máximos permitidos pela UE em alimentos.

Níveis similares são encontrados em cogumelos, frutas e animais silvestres de certas regiões da Áustria, Italia e Suécia.

Só na Grã-Bretanha as restrições sobre alimentos contaminados por Chernobyl ainda afetam 200.000 ovelhas e a produção agrícola de 750 quilômetros quadrados de fazendas.

Até 2005 cerca de 5.000 casos de câncer de tiróide foram registrados entre moradores da Belarus, Rússia e Ucrânia que tinham menos de 18 anos na época do desastre.

Os cientistas britânicos estimam que nos próximos dez anos "Chernobyl causará de 30.000 a 60.000 mortes por câncer, entre 7 e 15 vezes mais que o estimado pela da Organização Mundial da Saúde (OMS)", que limita esse número a 9.000.

Para a organização não governamental Greenpeace, a estimativa é ainda mais pessimista. O grupo desacreditou os números da OMC ao afirmar que o número de mortos por câncer causado pelo acidente de Chrnobyl pode chegar a quase 100 mil pessoas.

O OMS (Organização Mundial da Saúde) questionou as conclusões do Greenpeace, reafirmando que no máximo 9 mil mortes seriam causadas pelo acidente.

4 - Hoje existem na Rússia 250.000 trabalhadores (que trabalharam na limpeza e na construção do isolamento do reator) que não recebem benefícios do governo (cuidados médicos e benefícios) e cerca de 20% são inválidos. (Agência Itar-Tass, 21/04/2006)

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posted by ACCA@12:09 AM