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quinta-feira, outubro 07, 2010

Ruído contínuo no local de trabalho dobra risco de doenças cardíacas

O ruído contínuo no local de trabalho pode dobrar ou até triplicar o risco de doenças cardíacas, sugere um estudo publicado na última edição da revista médica British Medical Journal (BMJ).

A pesquisa foi feita a partir dos resultados de uma análise de saúde com 6 mil empregados maiores de 20 anos que participaram, entre 1999 e 2004, do Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos.

O levantamento, coordenado por Qi Wen Gan, da Escola de Saúde Ambiental da Universidade de British Columbia, no Canadá, levou em conta entrevistas com funcionários, exames de sangue, o estilo de vida e o histórico médico deles.

Os voluntários foram separados em dois grupos, entre os que suportaram por três meses ruídos tão altos no trabalho a ponto de ser difícil falar normalmente e os que não tiveram esse problema.

Os pesquisadores concluíram que os funcionários que ficavam em um lugar barulhento tinham duas ou três vezes mais probabilidade de ter problemas cardíacos graves do que aqueles que trabalhavam em áreas com menos ruído.

Os exames de sangue, porém, não indicaram níveis elevados de colesterol, associado a doenças do coração. "Esse estudo sugere que a exposição ao ruído excessivo no ambiente de trabalho é uma questão de saúde laboral e merece atenção especial", avaliam os especialistas.
Fonte: Estadão - 05 de outubro de 2010 23h 11

Comentário:

Vídeo:
Mostra os riscos de exposição ao ruído



Comentário:
O ruído é um tipo de som que provoca efeitos nocivos no ser humano, sendo uma sensação auditiva desagradável que interfere na percepção do som desejado. A perda induzida pelo ruído é uma patologia cumulativa e insidiosa, que cresce ao longo dos anos de exposição ao ruído associado ao ambiente de trabalho. É causada por qualquer exposição que exerça uma média de 90 dB, oito horas por dia, regularmente por um período de vários anos. A perda auditiva induzida pelo ruído é uma doença de caráter irreversível e de evolução progressiva passível totalmente de prevenção.

O ruído em excesso tem o poder de lesar considerável extensão das vias auditivas, desde a membrana timpânica até regiões do sistema nervoso central. No órgão de Corti ocorrem as principais alterações responsáveis pela perda auditiva induzida pelo ruído, pois suas células ciliadas externas são particularmente sensíveis a altas e prolongadas pressões sonoras, a chamada “exaustão metabólica”, com depleção enzimática e energética, e redução do oxigênio e nutrientes; com a morte celular, o espaço é preenchido por formações cicatriciais, o que resulta em déficit permanente da capacidade auditiva.

A perda induzida pelo ruído é conseqüência da exposição prolongada a um ambiente ruidoso, existindo dois aspectos fundamentais: as características do ruído e a suscetibilidade individual.

As características do ruído são:
■ intensidade,
■ freqüência,
■ tempo de exposição e
■ natureza do ruído.

A intensidade a partir de 84/90 dB de ruído causa uma lesão coclear irreversível e a lesão será mais importante quanto maior for o ruído, o que tem sido razoavelmente comum em alguns ambientes industriais como metalúrgicas, teares, bancos de prova de motores e outros.

Na freqüência, qualquer área do espectro sonoro é capaz de desencadear problemas cocleares, tendo como mais traumatizantes os ruídos compostos pelas freqüências altas.

Em relação ao tempo de exposição, a lesão é diretamente proporcional ao tempo em que o indivíduo fica exposto ao ruído; com 100 horas de exposição já se pode encontrar patologia coclear irreversível, por este motivo intervalos para descanso acústico em ambientes adequados são fundamentais na tentativa de recuperação enzimática das células sensoriais.

A natureza do ruído refere à distribuição da energia sonora durante o tempo, podendo ser contínua, flutuante e intermitente. Ruídos de impacto, como na explosão, são particularmente prejudiciais.

A suscetibilidade individual está relacionada com;
■ o sexo, idade e
■ doenças do ouvido.

O sexo masculino apresenta preponderância na incidência e no grau de perda auditiva. A idade é importante, pois os mais jovens e os mais idosos apresentam maior suscetibilidade. Doenças do ouvido com disacusia neurossensorial de qualquer etiologia podem significar maior prejuízo ao paciente submetido ao ruído.

Os efeitos do ruído dependem da intensidade e duração da exposição ao ruído, sendo melhor conhecidos e quantificados o dano causado apenas ao aparelho auditivo, mas existem aspectos extra-auditivos, como alterações físicas e psíquicas causadas pelo ruído.

O ruído elevado poderá atuar como fator predisponente à ocorrência de acidentes do trabalho e ser causa agravante de doenças nos sistemas cardiovascular e endócrino por ação do sistema nervoso autônomo.

O ruído ocupacional é um perigoso agente poluente, sendo o mais comum, entre tantos encontrados na atividade industrial. Os sintomas auditivos geralmente são representados por:
■ perda auditiva,
■ zumbidos,
■ dificuldades na compreensão da fala.

Os sintomas extra-auditivos são
■ alterações do sono e transtornos: da comunicação,
■ neurológicos, vestibulares,
■ digestivos,
■ comportamentais,
■ cardiovasculares e hormonais.

A PAIR (Perda Auditiva Induzida pelo Ruído.) é um comprometimento auditivo passível de prevenção que pode produzir alterações importantes no trabalhador que interferem na sua qualidade de vida, produzindo desvantagens e incapacidade auditiva. A incapacidade auditiva através da redução da percepção da fala em ambientes ruidosos, televisão, rádio, cinema, teatro, sinais sonoros de alerta, músicas e sons ambientais. Desvantagens sendo conseqüências não-auditivas influenciadas por fatores psicossociais e ambientais como estresse, ansiedade, isolamento e auto-imagem pobre, as quais comprometem as relações do indivíduo na família, no trabalho e na sociedade, prejudicando o desempenho de suas atividades de vida diária.

A perda auditiva relacionada com o trabalho, diferente do trauma acústico, é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de ruído.

Existe uma relação importante entre as perdas auditivas obtidas nas audiometrias ocupacionais e os sintomas auditivos mais freqüentes como: dificuldade de compreensão da fala, hipoacusia, tinitus, sensação de plenitude auricular, otorreia e tonturas. Fonte: Revista Brasileira de Otorrinolaringologia - vol.68 no.1 São Paulo May 2002

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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Não esqueça dos seus ouvidos


Especialistas alertam que a atual geração, com o uso excessivo de tocadores de MP3 e MP4, precisará usar aparelhos de audição precocemente.

A geração que hoje pode ouvir centenas de músicas por meio dos famosos MP3, MP4 e iPods, em alguns anos corre o risco de aquecer o comércio de um outro tipo de aparelho: os aparelhos de audição. Em função da exposição ao som alto emitido pelos fones de ouvido, os seus usuários sofrem agressões auriculares que, se repetidas por muito tempo, podem causar danos irreversíveis. É que a maioria deles permite escutar música em um volume que pode chegar a 112 decibéis, quase o que produz a decolagem de um avião, por exemplo.

Ruído acima de 85 decibéis
Segundo especialistas, a exposição prolongada a ruídos de mais de 85 decibéis pode causar problemas auditivos que, em alguns casos, conseguem causar lesão no ouvido interno. Um exemplo: apenas uma hora escutando música a todo volume com fones de ouvido pode causar danos permanentes que reduzem a capacidade de ouvir.

Um estudo publicado em 2006 pela organização inglesa Deafness Research, especializada em problemas de audição, já alertava para o problema. Segundo o levantamento, o uso de MP3 players vai adiantar em três décadas a perda de audição dos jovens da atual geração.

O uso contínuo desses aparelhos gera a perda auditiva induzida pelo ruído. Qualquer atividade que envolva a produção de ruídos é prejudicial. Como os fones estão posicionados no conduto auditivo, a possibilidade de agressão à audição é maior.

Segundo o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Sérgio Moussalle, a idade média das pessoas com problemas de audição vem caindo nos últimos anos.
“Hoje, é comum encontrar pessoas que com 40, 45 anos já não escutam com perfeição. E, com a produção cada vez mais apurada de equipamentos de som em geral, incluindo aí os MP3, a tendência é que esses diagnósticos se repitam cada vez mais cedo. Em algumas décadas, esse cenário favorecerá o crescimento no número de aparelhos para surdez, explica.

Fone de ouvido
Um dos principais personagens dessa discussão são os fones de ouvido. Cada vez menores, eles elevam os níveis de decibéis que chegam aos ouvidos. O médico Brian Fligor, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, pesquisou diversos tipos de fones e descobriu que, quanto menor o acessório, maior é a chance de perda parcial da audição.
A diferença de níveis sonoros entre os fones grandes (uso externo) e os mais modernos gira em torno de nove decibéis. Em entrevista ao jornal The New York Times, Fligor disse que pode não parecer muito, mas seria como comparar o barulho de um despertador (80 decibéis) ao de um cortador de grama (90 decibéis).

Recomendação
O MP3 player pode ser usado sem maiores problemas. O que causa os danos são os excessos. O ideal é estabelecer uma rotina diária, onde o uso dos MP3 players não ocupe mais de uma a duas horas do dia. Além disso, as músicas devem ser emitidas em um volume mediano entre o mínimo e o máximo.
Uma pessoa pode suportar até 80 decibéis sem que a sua audição seja afetada. Uma conversa entre duas pessoas em um tom de voz mediano já se aproxima desse limite. A maioria dos players digitais, quando acionados em volume alto, extrapola essa medida, mas o maior perigo é a absorção contínua do som.

Sintomas da surdez
Os primeiros sintomas de que o aparelho auditivo já não está mais funcionando perfeitamente são os zumbidos e a perda da sensibilidade na audição de sons agudos. Quando isso acontece, o mais indicado é procurar um especialista para a realização de um exame de audiometria, que mede o nível de audição. Nem só os idosos apresentam problemas de audição. Por isso, é necessário que os exames preventivos sejam realizados em todas as idades. Quanto antes o problema for identificado, menor será a sua evolução.
Os usuários precisam ficar atentos, pois essas agressões muitas vezes não são percebidas em um primeiro momento, e as providências médicas só são tomadas quando o sistema auditivo já está bastante danificado.

Reparação de danos
Não há como reparar os danos ocorridos no aparelho auditivo. As seqüelas são irreversíveis. Assim como no cérebro, as células afetadas no interior do ouvido não se regeneram. Porém, se as lesões apresentarem um grau leve, não ocasionam grandes conseqüências.

Dicas
■ A tendência é de que o usuário aumente o volume do player digital quando estiver em um local com barulho excessivo. Portanto, não é aconselhável utilizar o equipamento nessas condições.
■ Pergunte para as pessoas que estiverem ao seu lado se elas estão ouvindo a música que sai dos seus fones de ouvido. Se a resposta for positiva, está na hora de baixar o volume.
■ Muitas vezes, ouvimos de forma incorreta as palavras pronunciadas ao nosso redor e não nos damos conta de que isso pode ser resultado de um dano no aparelho auditivo. Se isso começar a ocorrer com freqüência, faça um exame de audiometria.
■ Para os usuários de MP3 players, é recomendável consultar um otorrinolaringologista mesmo que os sintomas de perda de audição não tenham se manifestado. Um exame de audiometria, que é um procedimento simples e rápido, pode identificar possíveis prejuízos auriculares.
■ Uma opção para os usuários de MP3 players é utilizar fones de ouvido externo. Além de produzirem um som mais ameno, eles protegem o ouvido de outros ruídos, como o barulho de um ônibus na rua. Como são mais vulneráveis a esses sons, os fones pequenos influenciam os usuários a aumentarem o volume, prejudicando ainda mais a saúde auricular.
■ Se ao voltar de alguma festa ou show o seu ouvido apresentar um zumbido é porque o som emitido no local está causando danos à sua audição. Vale a pena procurar uma outra opção de lazer, pois a exposição freqüente poderá causar problemas mais sérios.
■ Leve um protetor auditivo de espuma moldável descartável (earplug) para os locais onde o som possivelmente esteja alto. Caso isso se confirme, introduza o protetor no conduto auditivo.

Futuro poderá ser a surdez
Ter um aparelho de MP3 é muito legal, pois nele você pode guardar várias músicas para escutar a hora que quiser. Mas como os fones ficam dentro do seu ouvido, podem machucá-lo, principalmente quando o volume está alto.
Se você ouvir música alta com esses fones todos os dias ou durante muitas horas poderá, um dia, começar a ouvir mal ou até ficar surdo. Pode ser que quando você ficar mais velho, tenha de usar um aparelho no ouvido que aumenta o volume de tudo o que escuta. E você não quer que isso aconteça, não é mesmo?
Então, que tal ouvir música em um volume mais baixo e não usar os tocadores de MP3 por mais de duas horas por dia? Assim, escutar as suas bandas favoritas vai continuar sendo muito divertido e bom para sua saúde.

Fontes: UOL Mídia Global – 03 de janeiro de 2008 e Jornal de Santa Catarina - 21 de janeiro de 2008.

Comentário:
Na década de 80, a Marinha da Suécia já alertava, os marinheiros dos submarinos que operavam sonar estavam apresentando perda da sensibilidade na audição de sons, devido a utilização de Walkman (tocador de áudio portátil).

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posted by ACCA@11:06 PM

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