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Acidentes, Desastres, Segurança, Meio Ambiente, Riscos, Ciência e Tecnologia

segunda-feira, setembro 29, 2025

ELETRODOMÉSTICOS QUE PODEM CAUSAR INCÊNDIO SE FICAREM LIGADOS NA TOMADA

 Resumo   

·        Eletrodomésticos de alta potência, como aquecedores e cafeteiras, podem causar incêndios se deixados na tomada. A Abinee alerta sobre riscos mesmo em aparelhos certificados.

·        O "consumo fantasma" de energia ocorre mesmo com eletrodomésticos desligados, podendo levar ao superaquecimento e ignição inesperada.

·        Prevenir-se envolve usar produtos certificados, evitar adaptadores e desligar aparelhos após o uso. Segurança depende de instalação elétrica bem projetada.

·        O uso intenso de eletrodomésticos de alta potência pode aumentar o risco de incêndios em residências. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) alerta que, mesmo quando certificados pelo Inmetro, os aparelhos podem provocar acidentes se ficarem conectados na tomada quando a instalação elétrica não for adequada ou se houver mau uso.

ELETRODOMÉSTICOS DE MAIOR RISCO*

Aquecedores de ambiente: risco de incêndio ao encostar em tecidos.

Ferro de passar roupas: especialmente se deixados perto de tecidos e materiais inflamáveis.

Chapinhas e secadores de cabelo: podem iniciar fogo pelo calor direto, se apoiados em lençóis e colchões.

Cafeteiras e chaleiras elétricas: podem superaquecer e provocar incêndio, mesmo desligadas, por causa do chamado consumo fantasma.

Torradeiras: risco de ignição pelo acúmulo de migalhas e chance de acionamento inesperado.

Liquidificadores: mesmo sem aquecimento, podem sofrer curtos ou picos de energia e danificar cabos e motor.

Panelas de pressão elétricas: costumam manter o modo "manter aquecido" e podem continuar consumindo energia e gerar calor.

Air fryers: concentram alta potência, e painéis digitais consomem energia mesmo fora de uso.

 Panelas elétricas de arroz (equivalentes às de pressão): mantêm o aquecimento por longos períodos e exigem vigilância constante.

* Esses aparelhos - os três primeiros sinalizados pela Abinee e o restante pela National Fire Protection Association (NFPA), dos EUA - continuam consumindo energia mesmo desligados. O fenômeno é chamado de "consumo fantasma" e pode levar ao superaquecimento ou a um acionamento inesperado.

 Sinal de incêndio? Veja o que fazer

Se possível, de imediato, desligue o disjuntor geral do local, cortando o fornecimento de energia elétrica. Ao sinal de incêndio, deve-se deixar o local o mais rapidamente possível e acionar o Corpo de Bombeiros.

Fumaça quente contém substâncias tóxicas capazes de provocar queimaduras na pele e nas vias respiratórias.  .

 Equipamentos certificados tendem a ser mais seguros. Roberto Barbieri, assessor da área de equipamentos de segurança eletrônica da Abinee, destaca que "todos os equipamentos que compõem a instalação elétrica, como cabos, tomadas, interruptores, disjuntores e lâmpadas, devem ser certificados pelo Inmetro."

Se você comprar um produto legalmente vendido no Brasil, ele foi certificado e tem uma segurança teoricamente assegurada. A grande maioria dos eletrodomésticos também tem uma certificação contra riscos elétricos. Roberto Barbieri

A falta de garantia da instalação, que no Brasil não é certificada, prejudica a segurança. "Quando você liga um equipamento de alta potência elétrica, muitos watts, mesmo que certificado, tem que ter um disjuntor que vai desligar eventualmente aquela instalação se for um risco, e isso depende de quem fez e projetou", ressalta Barbieri.

Potência de um aparelho está diretamente ligada à corrente elétrica que percorre os cabos. Consequentemente, ao calor que eles podem gerar. "Quanto mais watts, maior o risco. A potência tem uma proporcionalidade com a corrente, que passa pelos cabos e pode gerar aquecimento. Se colocar uma chapinha em cima de uma cama, ela pode incendiar lençol e colchão, mas por causa do calor e não da parte elétrica", alerta o profissional.

Ele chama atenção também para o uso de adaptadores e benjamins.

"Usar adaptadores e benjamins para conectar eletrodomésticos a tomadas tem risco, pois isso pode indicar que o produto supera o limite projetado para a tomada", diz. Para o especialista, o maior perigo não é o curto-circuito, mas "a sobrecarga, que é usar por bastante tempo um excesso de potência naquele circuito", complementa.

Como prevenir incêndios com eletrodomésticos

A prevenção consiste em evitar ligar mais de um aparelho elétrico na mesma tomada e, ao sair, desligar aqueles de maior tensão.

•Desligue da tomada todos os aparelhos logo após o uso.

•Compre apenas produtos certificados pelo Inmetro e de fabricantes confiáveis.

•Verifique cabos, plugues e tomadas, trocando os que estiverem danificados.

•Em caso de fumaça ou princípio de incêndio, desligue o disjuntor geral e acione o Corpo de Bombeiros pelo número 193.

•Nunca jogue água no fogo. Use extintor de gás carbônico ou pó químico.

Fonte:UOL, em São Paulo - 19/09/2025

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quinta-feira, setembro 25, 2025

CAMINHÃO É ATINGIDO POR TREM EM VASSOURAS


 Um vídeo registrou o momento em que um caminhão foi atingido por um trem ao tentar atravessar a linha-férrea em Vassouras (RJ). O acidente aconteceu na tarde da última terça-feira (23/09/25), no bairro Vila Ipiranga.

As imagens, que são de uma câmera de monitoramento, são impressionantes e estão chamando a atenção .

Na gravação, é possível ouvir ainda um aviso sonoro do trem no momento em que o caminhão tentava passar pela linha férrea. O caminhão foi arrastado por cerca de 50 metros.

Segundo o Corpo de Bombeiros, dois homens que estavam na cabine do caminhão ficaram feridos. Eles foram levados para o Hospital Casa de Caridade Santa Rita, em Barra do Piraí, onde passaram por atendimento médico e receberam alta.

Uma equipe da perícia esteve no local para levantar informações que ajudem a Polícia Civil a entender as circunstâncias do acidente.

O caso foi registrado na delegacia de Vassouras, que está responsável pelas investigações.

A MRS Logística, empresa que administra a rodovia, informou que o maquinista adotou todos os procedimentos de segurança previstos, como o acionamento do freio de emergência e o uso do aviso sonoro, mas não foi possível evitar o impacto por conta do peso do trem.

Uma apuração interna será feita pela MRS, como ocorre em todos os acidentes, conforme os protocolos estabelecidos pela empresa.

A MRS reforçou ainda a importância de redobrar a atenção ao se aproximar de passagens em nível: "Parar, olhar para ambos os lados e escutar, antes de atravessar a ferrovia, são atitudes fundamentais para garantir a segurança e salvar vidas". Fonte: G1 - 24/09/2025


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quarta-feira, setembro 10, 2025

BRASIL REGISTRA 380 MIL ACIDENTES DE TRABALHO E QUASE 1.700 MORTES NO 1º SEMESTRE DE 2025

MTE estima que acidentes de trabalho possam gerar perda de até 4% do PIB nacional ao ano  

A legislação brasileira define os acidentes de trabalho como o que ocorre durante o exercício da atividade profissional a serviço da empresa, resultando em lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte ou perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade laboral.

De acordo com dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), o Brasil contabilizou 380.376 acidentes de trabalho e 1.689 mortes no primeiro semestre de 2025.

O levantamento aponta o Rio Grande do Sul como líder em ocorrências por 100 mil trabalhadores, com 1.087 registros. Na sequência, aparecem Santa Catarina, com 1.047, Paraná, com 955 e Espírito Santo, com 944.

Em relação ao mesmo período de 2024, houve crescimento de quase 9% nos acidentes de trabalho e de 5,63% em mortes. O MTE estima que acidentes de trabalho possam gerar perda de até 4% do PIB nacional ao ano.

NÚMEROS ACENDEM ALERTA COM ACIDENTES DE TRABALHO EM 2025

Esses números acendem alerta com acidentes de trabalho em 2025 sobre o avanço de registros nos últimos anos e evidencia fragilidades na gestão de segurança e a necessidade de fortalecer políticas públicas.

ALGUMAS DAS PROFISSÕES COM MAIS MORTES DURANTE O HORÁRIO DE TRABALHO SÃO:

• Motorista de caminhão

• Trabalhador de cultura de cana-de-açúcar

• Pedreiro

• Servente de obras

• Vaqueiro e

• Técnico de enfermagem

No conceito de acidentes de trabalho entram também as doenças ocupacionais, provocadas ou agravadas pelo exercício de funções específicas e o acidente de trajeto, ocorrido no percurso de ida ou volta entre a casa e o local de trabalho.

TAXA DE ACIDENTES PREOCUPA GOVERNO

Desde 2021, o Brasil registra alta contínua em acidentes de trabalho. De acordo com o MTE, a variação foi de 12,63% entre 2021 e 2022; 11,91% de 2022 para 2023; e 11,16% entre 2023 e 2024.

Embora o ritmo de crescimento tenha diminuído, a tendência segue em elevação, ampliando a preocupação das autoridades e reforçando a necessidade de prevenção.

Para o advogado trabalhista Luis Gustavo, o aumento resulta de múltiplos fatores. Ele explica que o crescimento expressivo nos acidentes de trabalho revela desde a falta de investimentos em segurança por parte de algumas empresas, até a precarização das relações de trabalho e o aumento da informalidade.

 “Além disso, a pressão por produtividade sem o devido suporte técnico agrava os riscos. Também há um aspecto positivo nisso: com a digitalização e maior fiscalização, estamos registrando mais ocorrências que antes passavam despercebidas”, afirma.

IMPACTO ECONÔMICO

O advogado destaca que os acidentes comprometem a competitividade das empresas e sobrecarregam o Estado.

“Estamos falando de perdas de produtividade, aumento nos custos com afastamentos e benefícios previdenciários, além da judicialização das relações de trabalho. A prevenção, nesse cenário, deixa de ser somente uma obrigação legal, ela passa a ser uma medida de inteligência econômica”, diz.

Em 2025, a maioria dos acidentes de trabalho resultou em afastamento. Do total, 25,62% dos acidentados seguiram trabalhando, 62,35% ficaram afastados por até 15 dias e 12,03% por mais de 15 dias.

PREVENÇÃO EXIGE MUDANÇA CULTURAL

Luis Gustavo diz que o combate à alta dos índices depende de uma transformação cultural, através de fiscalização orientativa, programas preventivos voltados às micro e pequenas empresas.

“Políticas públicas devem fomentar programas de prevenção nas empresas, sobretudo nas micro e pequenas, que muitas vezes não têm estrutura técnica”, aponta.

Ele acrescenta que campanhas nacionais devem envolver trabalhadores para consolidar uma cultura efetiva de segurança. “Sem isso, vamos continuar enxugando gelo.”

Entre as medidas de prevenção, o advogado pontua treinamentos frequentes, uso correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), manutenção de máquinas e liderança comprometida com a segurança.

“Riscos existem, mas precisam ser mapeados, controlados e comunicados. Não dá para eliminar todos os riscos, mas é possível reduzir drasticamente os acidentes e garantir segurança jurídica e bem-estar para quem trabalha.” Fonte: NDmais - 16/08/2025

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JOVEM MORRE AO SER ESMAGADO POR TRATOR ENQUANTO TRABALHAVA

Resumo

·        Jovem de 27 anos morreu em acidente de trabalho em uma fazenda na zona rural de Patrocínio.

·        Vítima operava um trator no momento do acidente e possivelmente foi esmagada.

·        Gerente agrícola da fazenda notou que a operação da máquina estava diferente e viu o trator circulando sozinho.

·        Testemunhas relataram à PM que o jovem teria caído do trator e sido esmagado.

·        Polícia Civil aguarda a conclusão do laudo pericial para determinar as circunstâncias e a causa da morte.

Um jovem de 27 anos morreu em um acidente de trabalho em uma fazenda na zona rural de Patrocínio, na tarde de sexta-feira (9/05). Segundo a Polícia Militar (PM), a vítima operava um trator no momento do acidente e possivelmente foi esmagada.

De acordo com o boletim de ocorrência, o gerente agrícola da fazenda contou aos militares que notou, à distância, que a operação da máquina estava diferente. Ao se aproximar, viu o trator circulando sozinho, enquanto o trabalhador estava caído no chão.

Testemunhas relataram à PM que o jovem teria caído do trator e sido esmagado.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local e constatou que a vítima sofreu traumatismo craniano e possível esmagamento dos membros inferiores.

Em nota, a Polícia Civil informou que a perícia compareceu à fazenda para realizar os procedimentos necessários. Em seguida, o corpo foi levado para o Posto Médico-Legal (PML), onde passará por exames.

A Polícia Civil também declarou que aguarda a conclusão do laudo pericial para determinar as circunstâncias e a causa da morte. Fonte: g1 Triângulo — Patrocínio-10/05/2025

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FAZENDEIRO MORRE AO SER PUXADO PARA DENTRO DE COLHEITADEIRA DE CAFÉ

RESUMO

·        Um homem de 60 anos morreu ao ser puxado para dentro de uma colheitadeira de café em uma fazenda na tarde de sábado (2).

·        Ele era o dono da propriedade, localizada a cerca de 40 quilômetros de Patos de Minas, no Alto Paranaíba.

·        Por volta das 15h, duas equipes do Corpo de Bombeiros foram até a fazenda, localizada entre o distrito de Santana de Patos e Guimarânia, para atender a um acidente com uma máquina agrícola.

·        Segundo os bombeiros, a suspeita é que o dono da fazenda trabalhava na colheitadeira de café e, ao tentar desembuchar a máquina, foi puxado para dentro do equipamento.

·        O médico do Samu de Patrocínio confirmou a morte no local.


Um homem de 60 anos morreu ao ser puxado para dentro de uma colheitadeira de café em uma fazenda na tarde de sábado (2). Ele era o dono da propriedade, localizada a cerca de 40 quilômetros de Patos de Minas, no Alto Paranaíba.

Por volta das 15h, duas equipes do Corpo de Bombeiros foram até a fazenda, localizada às margens da BR-365, entre o distrito de Santana de Patos e Guimarânia, para atender a um acidente com uma máquina agrícola.

Segundo os bombeiros, a suspeita é que o dono da fazenda trabalhava na colheitadeira de café e, ao tentar desembuchar a máquina, foi puxado para dentro do equipamento. O médico do Samu de Patrocínio confirmou a morte no local.

Após a perícia da Polícia Civil, os bombeiros retiraram o corpo da colheitadeira e o entregaram à funerária de Guimarânia. Fonte: g1 Triângulo — Patos de Minas - 03/08/2025

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segunda-feira, setembro 01, 2025

ESCALPELAMENTO: A TRAGÉDIA QUE SEGUE ASSOLANDO RIBEIRINHOS

 Acidentes com barcos fizeram centenas de vítimas no Pará nas últimas décadas, a maioria mulheres. Afetados enfrentam dificuldade de acesso a tratamentos e estigmatização.

Por trás da adoção generalizada de barcos como transporte pelas comunidades ribeirinhas na Amazônia, está um acidente que marca toda uma vida. No Pará, centenas de pessoas foram vítimas nas últimas décadas do chamado escalpelamento.

Por décadas, a ocorrência do escalpelamento foi esquecida, e o amparo a quem sofreu os acidentes dependeu da boa vontade de médicos que organizavam mutirões voluntários para realização de cirurgias. Desde 2010, 28 de agosto passou a ser o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento. Desde então, medidas para combater o problema, em especial a fiscalização para que motores dos barcos não operem descobertos, são apontadas como responsáveis por uma queda no número de casos.

Um estudo de janeiro de 2024 feito pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) contabilizou 483 ocorrências de escalpelamento no Pará entre os anos 1960 e 2022. O maior número de casos (22) foi registrado em 2009. Dentre as vítimas, 98% são mulheres, com uma predominância de 67% entre crianças e adolescentes de 2 a 18 anos de idade.

Em menor grau, Amapá e Amazonas são outros estados afetados pelo problema. Com dificuldade na notificação já que os registros não são obrigatórios, há ampla visão de que os números são subnotificados.

"MUDA A NOSSA VIDA"

Raíza Oliveira, hoje com 23 anos, sofreu escalpelamento quando tinha apenas oito anos de idade. "A partir do momento que sofremos o acidente, muda a nossa vida".Moradora ribeirinha do interior do Pará, ela tem de se deslocar para Belém para realizar os tratamentos na Santa Casa de Misericórdia. Cada trecho da viagem, feita às vezes duas vezes por mês, dura quase um dia.

Além das cirurgias iniciais de reconstrução plástica, as vítimas demandam amplo apoio psicológico e outros acompanhamentos, como das funções neurológicas e auditivas, muitas vezes comprometidas no acidente.

"A retomada da autoestima é muito difícil, são sequelas por toda a vida. Há uma tentativa de acolher as vítimas, mas é complicado haver uma reconstrução total. O impacto nestas pessoas é muito significativo, afetando inclusive questões emocionais", afirma Flávia Lemos, professora de Psicologia Social da Universidade Federal do Pará (UFPA).

VÍTIMAS COMO CULPADAS

Uma queixa constante no meio é um tipo de visão que tende a culpar as vítimas pelos acidentes. Especialistas apontam que é constante a postura das populações locais que responsabiliza as jovens por supostamente não se cuidarem. Neste sentido, o julgamento reduz o impulso para que estas pessoas reivindiquem seus direitos e busquem novas reparações.

"Nós começamos mais tímidas, já que as pessoas falam que é nossa a responsabilidade pelo acidente", conta Oliveira. Engajada no tema, a jovem observa que a mobilização melhorou nos últimos anos, com muitas vítimas se articulando através de redes sociais para trocar informações e fortalecer a causa em prol de suas demandas.

"O conhecimento sobre os acidentes melhorou, vemos isso como uma conscientização. Há dez, 15 anos, tudo era mais difícil. Mesmo assim, ainda se culpa muito as vítimas, e há certo preconceito com as ribeirinhas", conta.

Na visão de Lemos, o fato de o escalpelamento normalmente ser causado por um cabelo grande e solto acaba contribuindo para uma maior culpabilização das vítimas, uma vez que há visão de que houve desleixo por parte das envolvidas.

ACOMPANHAMENTO CONSTANTE

Oliveira frequenta o Espaço Acolher na Santa Casa de Belém, que virou uma grande referência estadual no atendimento às vítimas de escalpelamento e no acompanhamento posterior aos cuidados iniciais. Criado em 2006, o núcleo faz parte do Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), uma iniciativa do Pará para concentrar as vítimas e padronizar o atendimento.

Jureuda Guerra, psicóloga hospitalar que atende no Acolher, lembra que, entre a década de 1960 e o começo dos anos 2000 não havia protocolo de atendimento nos casos de escalpelamento. Como resultado, vítimas deixavam por vezes de realizar exames importantes, como ressonância magnética e tomografia craniana. Hoje, a partir do atendimento inicial nas unidades mais próximas de saúde, há um encaminhamento à Santa Casa.

Por sua vez, em um estado em que o tempo percorrido até a capital partindo de zonas ribeirinhas pode chegar facilmente a dois dias, o deslocamento para seguir com os tratamentos é um grande desafio. "Tenho casos de crianças que não vem há mais de três anos, e seguem perdendo as consultas", conta Guerra.

Os pacientes dependem do chamado TFD – Tratamento Fora de Domicílio, custeio para o deslocamento que é de responsabilidade dos munícipios. No entanto, a psicóloga afirma que muitas prefeituras não repassam os valores às vítimas e criam impedimentos para a viagem à capital.

Mesmo depois de adultos, as pacientes costumam seguir dependendo de acompanhantes para realizar os deslocamentos, tornando a viagem mais complicada. Durante o trajeto, as vítimas podem ter crises de encefaleia, que podem, por exemplo, ocasionar em desmaios ou situações mais graves.

Sobre a viabilidade de realizar tratamentos mais próximos às regiões ribeirinhas, Guerra é cética e não crê que é uma alternativa, uma vez que as unidades locais não oferecem a mesma estrutura presente na capital. Fonte: DW - quinta-feira, 28 de agosto de 2025

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