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segunda-feira, janeiro 24, 2022

INUNDAÇÕES DEVASTAM A BAHIA

As chuvas começaram a cair na região leste e sul da Bahia entre os dias 6 e 7 de dezembro de 2021.  Pelo menos 24 cidades estão em situação de emergência.  Em alguns municípios, foram registradas inundações e as pessoas tiveram que deixar suas casas


As cidades afetadas, estão necessitando de assistência aérea para o resgate e suprimento de itens básicos Barcos, botes, caminhonetes e aeronaves foram destacados para prestar socorro e transportar os moradores das comunidades alagadas. Cestas básicas, cobertores, lonas e medicamentos também estão sendo distribuídos.

As autoridades orientam que os moradores dos locais afetados se abriguem em áreas mais altas e solicitem ajuda.

"Faço um apelo para que as pessoas que estão próximas de rios e riachos saiam de suas casas e vão para regiões mais altas. Esses rios e algumas barragens vão soltar mais água", alertou o governador.

Na quinta-feira (9/12), o Governo do Estado da Bahia decretou situação de emergência para 24 cidades. O objetivo é mobilizar todo o aparato público para apoiar as ações de socorro à população.

O decreto vale para as cidades de Anagé, Baixa Grande, Boa Vista do Tupim, Camacã, Canavieiras, Encruzilhada, Eunápolis, Guaratinga, Ibicuí, Itabela, Itacaré, Itamaraju, Itambé, Itapetinga, Itarantim, Jiquiriçá, Jucuruçu, Marcionílio de Souza, Mascote, Medeiros Neto, Mundo Novo, Santanópolis, Teixeira de Freitas e Vereda. Outros municípios também decretaram estado de calamidade.

Em  25/12/2021, na região de Itambé, sul da Bahia, houve rompimento da barragem de Iguá.

CIDADES DURAMENTE ATINGIDAS: Jurucuçu  e Itamamaraju, os municípios estão praticamente submersos.

O QUE CAUSOU O EVENTO EXTREMO

De acordo com especialistas, a tempestade atípica ocorreu pela combinação de dois fenômenos climáticos distintos: um corredor de umidade que vem da Amazônia e a formação de uma depressão subtropical (rajadas de ventos e nuvens em formato circular que giram em sentido horário).

O climatologista Francisco Eliseu Aquino, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que as tempestades na Bahia têm a ver com a combinação de dois fenômenos distintos.

O primeiro deles é a formação da chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) a partir do dia 5 de dezembro.

"Trata-se de um corredor de umidade que surge na Amazônia e vai em direção à Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Por isso, chove na região desde o dia 6 de dezembro", diz.

Segundo, é possível observar a partir do dia 7/12 a formação de uma área de baixa pressão no Oceano Atlântico, próximo à região costeira do Brasil, que irá evoluir para um sistema denominado depressão subtropical.

A depressão subtropical é um evento meteorológico que gira no sentido horário e é marcado pela formação de nuvens, ventos, tempestades e agitação marítima.

Nos mapas disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é possível ver a Zona de Convergência do Atlântico Sul (traços verdes, da Amazônia à Bahia) e a formação da depressão subtropical na região costeira do Brasil (à direita)

"E a combinação desses dois acontecimentos, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a área de baixa pressão, é o que intensificou a chuva nas regiões leste e sul da Bahia ao longo dos últimos quatro ou cinco dias", continua o pesquisador.

Aquino conta que a ZCAS é um fenômeno característico e esperado nesta época do ano, causando as "chuvas de verão" no corredor entre o norte da Amazônia e os Estados de Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Já a depressão subtropical é algo atípico e ainda possui condições de evoluir para uma tempestade tropical.

"As mudanças na circulação geral da atmosfera sugerem para nós que o oceano mais quente na costa do Brasil poderia formar com mais frequência áreas de baixa pressão como essa, levando à depressão subtropical", contextualiza.

E essa depressão subtropical, por sua vez, pode se combinar com a ZCAS e impulsionar outros eventos extremos.

Mas o climatologista entende que é preciso analisar mais a fundo para entender o que essas tempestades na Bahia podem sinalizar.

"Neste momento, não conecto diretamente as mudanças climáticas com esse evento extremo", pondera.

"Mas, num planeta mais quente, eventos extremos tornam-se mais frequentes, com a formação de depressões subtropicais como esta [vista na Bahia]", finaliza.

DANOS HUMANOS: De acordo com os dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec/BA) a situação dos Municípios atingidos:

Pessoas afetadas - 715.634,  

Pessoas desabrigadas - 30.915,

Desalojadas - 62.731,  

Vítimas fatais – 26

MUNICÍPIOS AFETADOS: Desde o início de dezembro de 2021, 154 Municípios da região decretaram situação de emergência e 127 cidades obtiveram reconhecimento federal.

PREJUÍZOS ECONÔMICOS: De acordo com dados coletados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), os prejuízos desde dezembro passado, já causaram de R$ 1.667.621.103,00. Os valores foram consultados no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), onde os Municípios cadastram informações.

PREJUIZOS POR SETORES

Agricultura – 591,8 milhões

Habitação – 495,3 milhões

Infraestrutura – 351,6 milhões

Pecuária – 46,5 milhões

Comércio – 35 milhões

Fontes: Agência CNM de Notícias-04/01/2022; Sudec - Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia; BBC News Brasil em São Paulo - 10 dezembro 2021


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posted by ACCA@5:27 PM