INUNDAÇÕES DEVASTAM A BAHIA
As chuvas começaram a cair na região leste
e sul da Bahia entre os dias 6 e 7 de dezembro de 2021. Pelo menos 24 cidades estão em situação de
emergência. Em alguns municípios, foram
registradas inundações e as pessoas tiveram que deixar suas casas
As cidades afetadas, estão necessitando de
assistência aérea para o resgate e suprimento de itens básicos Barcos, botes,
caminhonetes e aeronaves foram destacados para prestar socorro e transportar os
moradores das comunidades alagadas. Cestas básicas, cobertores, lonas e
medicamentos também estão sendo distribuídos.
As autoridades orientam que os moradores
dos locais afetados se abriguem em áreas mais altas e solicitem ajuda.
"Faço um apelo para que as pessoas
que estão próximas de rios e riachos saiam de suas casas e vão para regiões
mais altas. Esses rios e algumas barragens vão soltar mais água", alertou
o governador.
Na quinta-feira (9/12), o Governo do
Estado da Bahia decretou situação de emergência para 24 cidades. O objetivo é
mobilizar todo o aparato público para apoiar as ações de socorro à população.
O decreto vale para as cidades de Anagé,
Baixa Grande, Boa Vista do Tupim, Camacã, Canavieiras, Encruzilhada, Eunápolis,
Guaratinga, Ibicuí, Itabela, Itacaré, Itamaraju, Itambé, Itapetinga, Itarantim,
Jiquiriçá, Jucuruçu, Marcionílio de Souza, Mascote, Medeiros Neto, Mundo Novo,
Santanópolis, Teixeira de Freitas e Vereda. Outros municípios também decretaram
estado de calamidade.
Em
25/12/2021, na região de Itambé, sul da Bahia, houve rompimento da
barragem de Iguá.
CIDADES DURAMENTE ATINGIDAS: Jurucuçu e Itamamaraju, os municípios estão praticamente
submersos.
O QUE CAUSOU O EVENTO EXTREMO
De acordo com especialistas, a tempestade
atípica ocorreu pela combinação de dois fenômenos climáticos distintos: um
corredor de umidade que vem da Amazônia e a formação de uma depressão
subtropical (rajadas de ventos e nuvens em formato circular que giram em
sentido horário).
O climatologista Francisco Eliseu Aquino,
do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), explica que as tempestades na Bahia têm a ver com a combinação de dois
fenômenos distintos.
O primeiro deles é a formação da chamada
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) a partir do dia 5 de dezembro.
"Trata-se de um corredor de umidade
que surge na Amazônia e vai em direção à Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Por
isso, chove na região desde o dia 6 de dezembro", diz.
Segundo, é possível observar a partir do
dia 7/12 a formação de uma área de baixa pressão no Oceano Atlântico, próximo à
região costeira do Brasil, que irá evoluir para um sistema denominado depressão
subtropical.
A depressão subtropical é um evento
meteorológico que gira no sentido horário e é marcado pela formação de nuvens,
ventos, tempestades e agitação marítima.
Nos mapas disponíveis no site do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é possível ver a Zona de Convergência
do Atlântico Sul (traços verdes, da Amazônia à Bahia) e a formação da depressão
subtropical na região costeira do Brasil (à direita)
"E a combinação desses dois
acontecimentos, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a área de
baixa pressão, é o que intensificou a chuva nas regiões leste e sul da Bahia ao
longo dos últimos quatro ou cinco dias", continua o pesquisador.
Aquino conta que a ZCAS é um fenômeno
característico e esperado nesta época do ano, causando as "chuvas de
verão" no corredor entre o norte da Amazônia e os Estados de Bahia, Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Já a depressão subtropical é algo atípico
e ainda possui condições de evoluir para uma tempestade tropical.
"As mudanças na circulação geral da
atmosfera sugerem para nós que o oceano mais quente na costa do Brasil poderia
formar com mais frequência áreas de baixa pressão como essa, levando à
depressão subtropical", contextualiza.
E essa depressão subtropical, por sua vez,
pode se combinar com a ZCAS e impulsionar outros eventos extremos.
Mas o climatologista entende que é preciso
analisar mais a fundo para entender o que essas tempestades na Bahia podem
sinalizar.
"Neste momento, não conecto
diretamente as mudanças climáticas com esse evento extremo", pondera.
"Mas, num planeta mais quente,
eventos extremos tornam-se mais frequentes, com a formação de depressões
subtropicais como esta [vista na Bahia]", finaliza.
DANOS HUMANOS: De acordo com os dados da
Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec/BA) a situação dos
Municípios atingidos:
Pessoas afetadas - 715.634,
Pessoas desabrigadas - 30.915,
Desalojadas - 62.731,
Vítimas fatais – 26
MUNICÍPIOS AFETADOS: Desde o início de
dezembro de 2021, 154 Municípios da região decretaram situação de emergência e
127 cidades obtiveram reconhecimento federal.
PREJUÍZOS ECONÔMICOS: De acordo com dados
coletados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), os prejuízos desde
dezembro passado, já causaram de R$ 1.667.621.103,00. Os valores foram
consultados no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), onde os
Municípios cadastram informações.
PREJUIZOS POR SETORES
Agricultura – 591,8 milhões
Habitação – 495,3 milhões
Infraestrutura – 351,6 milhões
Pecuária – 46,5 milhões
Comércio – 35 milhões
Fontes: Agência CNM de Notícias-04/01/2022;
Sudec - Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia; BBC
News Brasil em São Paulo - 10 dezembro 2021
Marcadores: enchente, gerenciamento de desastre, inundação
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home