Os lobos reconquistam Chernobyl
Lobo na zona de exclusão. |
Um grupo internacional de biólogos tem trabalhado na zona,
sobrevoando a área e realizando contagem de animais, para saber como a radiação
afetou essas populações, essencialmente na Reserva Radioecológica de Polésia,
criada pela Belarus na região mais afetada pelo material radioativo. Partiam de
três hipóteses: que haveria menos animais nas zonas mais contaminadas, que
haveria menos mamíferos de grande porte na Polésia do que em reservas não
contaminadas e que depois do acidente se notaria um declínio da densidade de
mamíferos ao longo do tempo. As três hipóteses estavam equivocadas: os animais
se desenvolvem por toda a reserva, à margem dos indicadores de contaminação, e
cada vez são em número maior, também em comparação com outras regiões.
“Nosso trabalho
mostra que, apesar dos possíveis efeitos da radiação em animais individuais,
não se pode detectar um efeito sobre as populações de mamíferos’, explica Jim
Smith, líder do estudo. E acrescenta: “Este é um exemplo notável dos efeitos da
presença humana e o uso do entorno: seu desaparecimento na zona de Chernobyl
permitiu que os animais prosperassem”. Segundo os dados publicados em Current
Biology, a quantidade e densidade de grandes mamíferos é semelhante na Polésia
e outras reservas não contaminadas da região. Em alguns casos, a ausência de
humanos fez com que disparassem: há sete vezes mais lobos do que em reservas
próximas e mais alces do que o normal, com javalis, corças e cervos em níveis
semelhantes.
ZONA MORTA
Um alce nada na reserva de Polésia |
Só no entorno do que agora é a reserva de Polésia viviam
cerca de 22.000 pessoas e os pesquisadores estão convencidos de que agora o
número de animais ali é mais elevado do que na época do acidente. Outros
cientistas disseram que até o urso pardo, que desapareceu da região há um
século, voltou. Mas em relação às aves, por exemplo, foi detectado um efeito
negativo nas populações.
Depois de analisar dados históricos, os pesquisadores
concluem que não houve nenhum declínio nos anos posteriores à tragédia, apenas
nos seis primeiros meses depois do incêndio do reator, nos quais os altíssimos
níveis de radiação afetaram a saúde e a reprodução. “Mas não em longo prazo”,
diz o estudo, que se concentra exclusivamente nas tendências das populações e
não nas afecções específicas que poderiam afetar cada animal. Os cientistas
lembram em seu trabalho que já em meados dos anos noventa foi publicado outro
estudo sobre pequenos mamíferos (doninhas, ratos, musaranhos, etc.) com a mesma
conclusão: sua presença foi mantida, apesar da radiação.
Este é um exemplo notável de como afeta a presença humana:
seu desaparecimento na região de Chernobyl permitiu que os animais prosperassem
ANIMAIS COM ALTOS NÍVEIS DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO
Javalis correm na frente de construções abandonadas. |
Marcadores: chernobyl, contaminação, energia nuclear, Meio Ambiente
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