Incêndio em depósito de açúcar em Santa Adélia

Segundo os Bombeiros, o açúcar é um material altamente
combustível, por isso as chamas se espalham tão rapidamente. Bombeiros de
Catanduva (SP) e de São José do Rio Preto (SP) trabalham até o momento no
combate ao fogo.
O FOGO CONSUMIU TODO
AÇÚCAR
O fogo consumiu tudo o que havia no galpão e cerca de 30 mil
toneladas de açúcar foram queimados.
EVACUAÇÃO
Por questão de segurança, moradores tiveram que sair de
casa. As ruas próximas ao local foram interditadas porque há riscos de
explosões. Algumas casas foram interditadas. No início da noite, a área que estava isolada foi liberada e
moradores vizinhos puderam voltar paras casas.
CONTROLE DO INCÊNDIO
Bombeiros trabalharam durante 10 horas para que o incêndio
não atingisse outros galpões. O fogo foi controlado, mas ainda há chamas e
risco de desabamento. Os bombeiros temiam que o fogo chegasse ao galpão
vizinho, onde a capacidade de armazenamento é ainda maior, para 40 mil
toneladas.
Caminhões-pipa de usinas da região e o helicóptero Águia da
Polícia Militar ajudaram a controlar o incêndio.
LINHA FÉRREA
A linha férrea, que passa ao lado do depósito foi
interditada e durante todo o dia, nenhum trem passou pelo local. O porto seco
de Santa Adélia armazena 17% do açúcar produzido no estado de São Paulo.
O produto estocado vem de usinas da região noroeste
paulista, depois é transportado de trem até o porto de Santos (SP), onde segue
para exportação.
Caminhões carregados que iriam entregar a mercadoria nos
barracões ficaram parados.
VÍTIMAS
Apesar da proporção do incêndio, ninguém ficou ferido.
CAUSA PROVÁVEL
A empresa divulgou uma nota informando que o fogo começou em
uma esteira de carregamento.
MONITORAMENTO

DERRETIMENTO DO AÇÚCAR
O problema maior agora é com derretimento do açúcar
queimado, que formou um líquido pastoso, caramelo, e em alta temperatura está transbordando e já
chega a invadir algumas ruas próximas ao depósito e ameaça as residências
vizinhas.
DIQUES DE CONTENÇÃO
O fogo já dura mais de 70 horas e os bombeiros construíram
diques de contenção para evitar o fluxo de caramelo derretido atinja as
residências.
Foram construídos quatro diques, dois ao lado do armazém e
outros dois fora da empresa, em um terreno vazio, cada um com capacidade para
mil litros. Sem parar, caminhões-tanque sugam o líquido dos diques, que depois
é transportado até a área de uma usina de cana-de-açúcar. Os caminhões têm
capacidade para 30 mil litros. As galerias pluviais das ruas próximas ao
armazém foram fechadas para evitar que o melado siga até o rio.
O AÇÚCAR DERRETIDO ATINGE O RIO SÃO DOMINGOS
O açúcar derretido vazou por cima do muro do armazém e
chegou às ruas e nos bueiros próximos ao local, indo parar no rio São Domingos.
Segundo avaliação dos
técnicos da Cetesb, já existe a contaminação da água por causa do
“caramelo” que foi parar no rio. “O açúcar derretido já atingiu o rio São
Domingos e o oxigênio da água próximo a Santa Adélia está a 0% e existem alguns
peixes mortos”, afirma José Mário Ferreira de Andrade, engenheiro da Cetesb.
A Cetesb deve continuar nesta segunda-feira (28) avaliando a contaminação do rio São Domingos. Segundo Andrade, na região de Pindorama (SP), por exemplo, o rio ainda não tinha sido afetado pelo açúcar. “A situação ainda pode piorar, conforme o açúcar avance, mas vamos continuar avaliando a situação”, diz.
RIO SÃO DOMINGOS
O rio São Domingos nasce em Santa Adélia e deságua no rio
Turvo. Tem 70 quilômetros que passam por Pindorama, Catanduva, Catiguá, Tabapuã
e Uchoa, todos municípios da região de São José do Rio Preto (438 km de São
Paulo). O rio não é usado para abastecimento público nessas cidades.
VIZINHANÇA
Os moradores estão preocupados com o açúcar derretido que já
está vazando para as ruas próximas ao galpão. É tanto açúcar que já atingiu
toda a altura de um muro e começou a escorrer para o lado de fora.
Segundo a assessoria de imprensa do porto seco de Santa
Adélia, quatro famílias foram retiradas de suas casas e levadas para um hotel
ou casa de parentes, onde recebem assistência. Há riscos do muro se romper com
a pressão do açúcar derretido e invadir as casas.
CASAS INVADIDAS
Seis residências
foram invadidas pelo açúcar derretido. “Minha casa está toda melada, e olha que
nem foi uma das mais atingidas, mas o chão está grudando todo. Estou preocupado
com bichos que possam aparecer depois disso e também com os riscos ambientais
no local”, comentou o vendedor Isaias José dos Santos, que mora no local há 5
anos.
Segundo ele, a empresa se comprometeu a limpar as casas após
conter o incêndio. A cachoeira, que escorre há mais de 80 horas, continua a
jorrar açúcar queimado. Uma barreira de terra foi montada para impedir o avanço
do líquido, mas a força do açúcar derretido e a temperatura alta, que segundo
os policiais pode estar a 100 graus, ameaçam derrubar um dos muros do armazém
que ajuda a conter o produto. “Nunca vi uma enxurrada de melaço na vida, nem
pensaria que isso aconteceria. Eu só pude ir à minha casa retirar pertences
pessoais acompanhado de policiais. Está um caos”, comentou Isaias, que está em
um hotel custeado pela empresa.
O aposentado Ouvides Rossi, também teve a casa atingida pelo
melaço. “Moro há 35 anos ao lado dessa empresa e nunca imaginei que isso um dia
fosse acontecer, é incrível. Primeiro tive muitos problemas com a poeira do
açúcar que saia da empresa, mas nem imaginei que pudesse piorar. Agora isso?
Espero que a empresa resolva este problema pois minha casa ficou toda suja,
além dos riscos desse material quente que poderia me atingir”, comentou o
aposentado, que também está em um hotel aguardando liberação.
O FOGO FOI CONTROLADO
Depois de cinco dias de trabalho, bombeiros conseguiram
controlar, na madrugada de quarta feira, 30 de outubro, o incêndio. O combate
às chamas foi demorado porque a temperatura no galpão impedia o acesso dos
bombeiros.
LIMPEZA
Máquinas da Agrovia, Prefeitura de Santa Adélia e América
Latina Logística (ALL) trabalham para
retirar mais de 300 toneladas de material das ruas e das casas, cujas famílias
foram levadas para hotel.
DANOS AMBIENTAIS
O incêndio causou a morte de milhares de peixes em rios que
cortam a cidade. A Cetesb já confirmou a contaminação do rio São Domingos, que
corta outros cinco municípios da região.
Apesar do caramelo que se forma com o açúcar queimado, não
ser tóxico, ele provoca diminuição no oxigênio e pode haver mortandade de
peixe.
Os peixes apareceram mortos a cerca de sete quilômetros do
local do acidente. Pelos menos 50 km de
rio foram atingidos pelo caramelo, disse
a Polícia Ambiental.
Por enquanto, tanto a Cetesb, quanto a Polícia Ambiental,
estão tomando medidas emergências, que abrange a criação de cinco barreiras
tapando os bueiros e criando contenções para escoamento do caramelo. Pelos
próximos 15 dias serão feitos apenas laudos de medição para dimensionar o
prejuízo ambiental. ZR
PREJUÍZO
Pelo preço do produto no mercado internacional, a perda só
com o açúcar queimado é de cerca de US$ 11,4 milhões, segundo estimativas de
especialistas.
MULTA DE DANO AMBIENTAL
Mapa: Trajeto da contaminação
Traço verde – rio São
Domingos
Traço azul-piscina- rio Turvo
Circulo em azul – Cidades afetadas
Incêndio que durou cinco dias e derreteu 30 mil toneladas de
açúcar em Santa Adélia (SP) foi considerado o maior desastre da história nos
mananciais de São Paulo
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) multou
em R$ 15 milhões a Agrovia Brasil pelos danos ambientais provocados pelo
incêndio. O acidente foi considerado pela Polícia Ambiental "o maior
desastre registrado nos mananciais do Estado de São Paulo até hoje".
A Agrovia informou que vai recorrer da multa.
Segundo nota divulgada pela Cetesb, a companhia de
saneamento ambiental do Estado, entre 200 a 300 toneladas de açúcar derretido
podem ter sido escoadas também para o leito do rio que nasce em Santa Adélia, e
corta os municípios de Pindorama, Catanduva, Catiguá e Uchoa, até chegar ao Rio
Turvo. A Cetesb informou que recebeu denúncias da ocorrência de "uma
mortandade de peixes" em Catanduva.
O caramelo não é tóxico mas, em função da grande quantidade
e da carga orgânica que contém, há diminuição do oxigênio dissolvido na água, o
que pode causar a morte de peixes.
MORTANDADE DE PEIXES NO RIO SÃO DOMINGOS
A Cetesb e a Polícia Militar Ambiental estimam que ao menos
duas toneladas de peixes já morreram.
A mortandade de peixes no rio São Domingos preocupa a Polícia Ambiental. O caramelo já contaminou os trechos de rio
que passam por Santa Adélia, Pindorama (SP), Catanduva (SP), Catiguá (SP) e
Uchoa (SP) e ainda não chegou ao rio Turvo, mas isso deve acontecer nos
próximos dias.
A Polícia Ambiental e a Cetesb continuam monitorando a
situação e recolhendo os peixes mortos. Aqueles que estiverem com dificuldade
de oxigênio serão retirados, colocados num tanque e levados para um trecho de
rio mais limpo.
Antes das medidas de contenção, toneladas de caramelo
atingiram nascente do rio São Domingos
que corta cinco cidades da região. O estrago foi grande. A mancha de poluentes continua avançando e se
encontra bem próxima ao rio Turvo, no município de Uchoa (SP), situação que
preocupa bastante os órgãos ambientais.
De acordo com o engenheiro da Cetesb José Mario de Andrade,
assim que o Rio Turvo for atingido pelo caramelo (açúcar derretido), irá
ocorrer uma mortandade de peixes mais intensa do que a que aconteceu em Santa
Adélia. “O Rio Turvo tem muito mais peixes do que o São Domingos. Uma vez atingido, não há o que fazer. O
açúcar é um material totalmente solúvel em água, e assim que ele atinge a água,
ele vai servir de alimentos para as bactérias. Dessa forma haverá
crescimento muito grande dessas
bactérias, que por sua vez, esgotarão todo o oxigênio dissolvido da água do rio
e consequentemente os peixes morrerão, explica o engenheiro.
RETIRADA DE PEIXES
Já foram retiradas mais de cinco toneladas de peixes dos
rios Turvo e São Domingos no trabalho realizado pela Polícia Ambiental e Cetesb
para evitar mais mortes.
O prejuízo ambiental pode ser ainda maior, já que é época de
piracema, período de reprodução dos peixes.
CONTAMINAÇÃO AO RIO TURVO
A contaminação do açúcar derretido chegou ao rio Turvo no
sábado, 02 de novembro. A mancha de poluentes não pára de avançar e também já
começaram a aparecer peixes mortos. Técnicos da companhia ambiental e policiais
ambientais fizeram avaliação no local, que passa por Olímpia (SP).
Fontes: G1, 25 de outubro a 01 de novembro de 2013, Valor -
29/10/2013, Estadão - 29 Outubro e 13 Dezembro 2013 e Folha de São Paulo e UOL
- 28/10/2013
Comentário: O açúcar é o produto granulado de cana-de-açúcar
processado. Ele não queimará ou pegará fogo em contato direto com uma chama. O açúcar vai derreter
lentamente sob calor constante, transformando, eventualmente, em caramelo e,
por fim, em carbono negro na sua fase
final. No entanto, se a cinza é colocada diretamente sobre o açúcar e uma
chama for aplicada , o açúcar pegará fogo e derreterá diretamente em
carbono.
Área da superfície
Açúcar tem uma grande área de superfície. Em um cubo de
açúcar, milhares de grânulos individuais são comprimidos. Como resultado, um
cubo de açúcar não responderá rapidamente ao calor e não pegará fogo. O tempo
que leva para o açúcar para responder à chama direta é muito grande para um
fogo se inflamar. Fonte: Why Does Sugar Burn When You Put Ashes on It? Kristin Jennifer
Consequências para a
região
- O rio São Domingos recebeu 4 milhões de litros de água
residual do incêndio
- População da área atingida: 179 mil
- Cidades atingidas pelo melaço: Santa
Adélia/Pindorama/Catiguá/Uchoa/Catanduva/Tabapuã
- Tempo sem oxigênio na água: 48 horas
- Extensão do dano: 80 quilômetros
- Poluição no rio São Domingos é equivalente ao despejo de
esgoto in natura de uma população de 4 milhões de habitantes, ou seja, 10 vezes
toda a população de Rio Preto.
- Seis espécies de peixes foram dizimados do rio
- É o segundo maior desastre natural em rios no interior do
Estado.
Um ano depois – 25/10/2014- A
maior tragédia ambiental da região noroeste continua sem punição. O desastre derramou
4 milhões de litros de água residual do
incêndio e 1,5 tonelada de açúcar queimado nos rios São Domingos e Turvo, matando
138 mil peixes de várias espécies, equivalentes a 13 toneladas. A Agrovia
Brasil, empresa de logística de açúcar responsável pela ocorrência, ainda não
pagou a multa aplicada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb)
no valor de R$ 15 milhões, pelos danos causados.
A massa de poluente atingiu
296 quilômetros de extensão do curso das águas afetando diretamente moradores e
pescadores de cinco cidades (Santa Adélia, Catanduva, Pindorama, Ariranha e
Nova Granada.). Por onde a mancha de 15 quilômetros de extensão avançava todos
os peixes morriam por falta de oxigênio. Além de não ter pago a multa arbitrada
pela Cetesb, a empresa também não realizou estudo de recuperação da qualidade
da água.
Marcadores: incêndio, Meio Ambiente
