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segunda-feira, abril 13, 2015

Incêndio em tanque de 15 milhões de litros na Replan em 1993

Um reservatório com 15 milhões de litros de óleo diesel pegou fogo por 12 horas, desde a madrugada, às 3h30min, 8 de janeiro de 1993, na Replan, Refinaria de Paulínia. O maior incêndio da história da refinaria foi provocado por um raio.  

CORPO DE BOMBEIROS  E BRIGADAS
Foi acionado o PAM (Plano de Auxílio Mútuo de Paulínia) e cerca de 100 bombeiros das guarnições de Bombeiros de Paulínia e Campinas e além da equipe da Replan, estavam no local, equipes das Refinarias de S. J. dos Campos, Cubatão, da empresa Rhodia.  Cerca de 100 homens e 14 carros de bombeiros foram mobilizados para tentar apagar o fogo.  

TANQUE
Característica: 43 m de diâmetro e 12 m de altura


CAUSA
Segundo o engenheiro Luiz Gonzaga de Medeiros, chefe do setor de engenharia,  os reservatórios tem uma válvula de pressão e vácuo. No espaço interno do tanque onde não ao há diesel, forma-se uma mistura inflamável de óleo diesel e gás. A medida que o tanque vai se enchendo, os gás escapa pela válvula e depois se dissipa no ar. O raio caiu sobre esse gás que estava ao redor do reservatório.
Todos os tanques e equipamentos são aterrados, para evitar explosões.Também há pára-raios em todoas as unidades da refinaria.

COMBATE AO FOGO
As labaredas do incendio chegaram a 40 m de altura, envolvidas por um cogumelo de fumaça preta de 200 m. A nuvem pretapode ser vista dos bairros mais altos de Campinas até a regiao de Americana.
O combate ao incêndio foi difícil porque a tampa do tanque foi atirada sobre as válvulas do reservatório. Isso impediu a retirada do combustível armazenado. A tubulação externa também ficou danificada. A alternativa foi lançar espuma química em cinco jatos simultâneos, mas o vento forte fez fracassar duas tentativas. Na terceira tentativa os bombeiros obtiveram sucesso. Caso falhassem, eles iriam manter o resfriamento e deixar o fogo consumir o óleo, o que demoraria de três a quatro dias.
Para extinguir totalmente o fogo foram utilizados seis canhões de lançamentos de espuma com uma vazão média por canhão de 500 GPM  que juntos lançaram cerca de 25 mil litros de espuma. O fogo foi extinto em 45 min. O fogo começou às 3h 30min (madrugada) e só foi debelado às 15h 30min.

MEIO AMBIENTE
Segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), não houve prejuizos ao meio ambiente e serão feitas análises da qualidade do ar.

PREJUIZOS
Os prejuízos serão de cerca de 2 milhões de dólares (hoje, 4 milhões de dólares), segundo o chefe do setor de engenharia da Replan, Luiz Gonzaga de Medeiros. É o custo do tanque, mais os 7,5 milhões de litros de diesel queimados, disse. 
O combustível queimado corresponde ao consumido por 25% da frota nacional de veículos a diesel durante 24h. O prejuízo será coberto pela Seguradora. A construção do novo tanque vai demorar 24 meses. Esse foi o terceiro incêndio do tipo na refinaria e o segundo provocado por raios.


PRODUÇÃO
Com o incêndio a Replan deixou de processar 200 mil barris de petróleo. A produção de diesel, nafta, óleo e querosene também foi interrompida. A produção de gasolina e GLP ( gás de cozinha) não parou. A distribuição não será afetada. O estoque de diesel costuma variar entre 100  e 130 milhões  de litros e o de gasóleo para produção de gasolina e gás de cozinha devem durar vários dias, disse o engenheiro Luiz Gonzaga de Medeiros.

REPLAN
A Replan, Refinaria de Paulinia é a maior refinaria do país. Ela produz 300 mil barris de derivados por dia, 25% da produção nacional. Folha de São Paulo 09 de janeiro de 1993
Fontes: Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, 9 de Janeiro de 1993

Comentário: Na madrugada do dia 08 de janeiro de 1993 um raio atingiu uma emanação de gás num respiro na tampa de um dos tanques de óleo diesel da Replan, Refinaria da Petrobrás em Paulínia no Estado de São Paulo. Deste incidente decorreu um dos maiores incêndios já registrados em instalações semelhantes no Brasil.

ANÁLISE DO RISCO:
Diâmetro do Tanque: 46 metros (maior que a largura mínima de um campo de futebol que é de 45 metros) Altura do tanque: 11 metros (equivalente a um prédio de 3 andares)
Conteúdo – Combustível: óleo diesel refinado
Área Superficial: 1662 m2

EQUIPAMENTO UTILIZADO:
Os equipamentos abaixo foram usados na extinção propriamente dita, à exceção dos utilizados no resfriamento, e representam os canhões efetivamente aplicados, assim como seus caminhões de abastecimento:
Canhão monitor tipo SW 16-24; 2 unidades
Canhão monitor tipo Hydro Foam HF 500: 2 Unidades
Canhão monitor tipo GFM 200 2000 LPM: 1 unidade
Canhão monitor tipo Big Body LW 700: 1 unidade
Canhão monitor tipo Big Body LW 1000: 1 unidade
Caminhão Autobomba Tanque, capacidade 1500 GPM: 4 unidades


ATAQUE
O primeiro ataque não contou com a ajuda da direção do vento, tornando insatisfatório  o alcance a conseqüente abordagem ao tanque.
Na segunda tentativa, os canhões se encontravam alinhados no interior do dique de contenção e seguiam a tática traçada originalmente, ou seja, os canhões de maior volume seriam utilizados para a entrada e formação do tapete inicial, cabeça de ponte, para que o conteúdo dos demais canhões pudesse ser distribuído afim de se obter a densidade adequada de solução água e extrato.

O sucesso da operação só pôde ser constatado após 25 minutos de aplicação contínua, pelo fato de, a nosso ver, as bombas de deslocamento positivo de extrato de espuma não estarem dosando de forma correta, pois elas trabalharam a uma pressão superior em 2 bar da pressão da bomba de abastecimento de água. Estando as bombas principais operando a pressões de 14 a 15 bar, certamente as válvulas de retorno das bombas de dosagem estavam em operação, retomando o excedente ao tanque de extrato
Pela ausência da correta proporção, passamos a introduzir extrato de espuma diretamente nos monitores, enriquecendo se assim a mistura final e acelerando a extinção do incêndio, mantendo-se a taxa média de aplicação.
As chamas que já haviam se abalado neste período, finalmente se arrefeceram a partir dos 35 minutos  e foram extintas totalmente em 40 minutos. Gifel Engenharia de Incêndio

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posted by ACCA@7:00 AM

1 Comments:

At 3:06 AM, Blogger Unknown said...

Em cenários desta magnitude sempre há fatores modificantes que dificultas as ações de combate. Era por volta das 03h:20m, chuva e vento forte, raios etc.... A intensidade da chuva era tanta que diluía a espuma aplicada, mesmo com dosagem superior ao previsto. O fogo tomava conta de toda superfície do tanque, de toda sua bacia e parte da bacia de dois tanques vizinhos, com área total de 6,000 m². O combate na parte interna da bacia, onde o fogo era mais intenso, o acesso só era possível pela parte interna da quadra onde tínhamos que percorrer longo caminho no escuro com as linhas de ataque, sobre dique alagado com água, pulando tubulações etc... Pena que não havia filmadoras para registrar as primeiras ações.

 

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