Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

domingo, junho 29, 2014

Enchentes e Inundações

As atividades antrópica vêm provocando alterações e impactos no ambiente há muito tempo, existindo uma crescente necessidade de se apresentar soluções e estratégias que minimizem e revertam os efeitos da degradação ambiental e do esgotamento dos recursos naturais que se observam cada vez com mais freqüência.

O problema das inundações em áreas urbanas existe em muitas cidades brasileiras e suas causas são tão variadas como assoreamento do leito dos rios, impermeabilização das áreas de infiltração na bacia de drenagem ou fatores climáticos. O homem por sua vez procura combater os efeitos de uma cheia nos rios, construindo represas, diques, desviando o curso natural dos rios, etc. Mesmo com todo esse esforço, as inundações continuam acontecendo, causando prejuízos de vários tipos.

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
O melhor meio para se evitar grandes transtornos por ocasião de uma inundação é regulamentar o uso do solo, limitando a ocupação de áreas inundáveis a usos que não impeçam o armazenamento natural da água pelo solo e que sofram pequenos danos em caso de inundação. Esse zoneamento pode ser utilizado para promover usos produtivos e menos sujeitos a danos, permitindo a manutenção de áreas de uso social, como áreas livres no centro das cidades, reflorestamento, e certos tipos de uso recreacional.

INUNDAÇÕES
Inundações de áreas ribeirinhas: os rios geralmente possuem dois leitos, o leito menor onde a água escoa na maioria do tempo e o leito maior, que é inundado em média a cada 2 anos. O impacto devido a inundação ocorre quando a população ocupa o leito maior do rio, ficando sujeita a inundação;

Inundações devido à urbanização: as enchentes aumentam a sua freqüência e magnitude devido a ocupação do solo com superfícies impermeáveis e rede de condutos de escoamentos. O desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções ao escoamento como aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e assoreamentos;

Estas enchentes ocorrem, principalmente, pelo processo natural no qual o rio ocupa o seu leito maior, de acordo com os eventos chuvosos extremos, em média com tempo de retorno superior a dois anos.

Este tipo de enchente, normalmente, ocorre em bacias grandes ( > 500 km2), sendo decorrência de processo natural do ciclo hidrológico. Os impactos sobre a população são causados, principalmente, pela ocupação inadequada do espaço urbano. Essas condições ocorrem, em geral, devido às seguintes ações:
■como, no Plano Diretor Urbano da quase totalidade das cidades brasileiras, não existe nenhuma restrição quanto ao loteamento de áreas de risco de inundação, a seqüência de anos sem enchentes é razão suficiente para que empresários loteiem áreas inadequadas;
■invasão de áreas ribeirinhas, que pertencem ao poder público, pela população de baixa renda;
■ocupação de áreas de médio risco, que são atingidas com freqüência menor, mas que quando o são, sofrem prejuízos significativos.

Os principais impactos sobre a população são:
■prejuízos de perdas materiais e humanas
■interrupção da atividade econômica das áreas inundadas
■contaminação por doenças de veiculação hídrica como leptospirose, cólera, entre outros
■contaminação da água pela inundação de depósitos de material tóxico, estações de tratamentos entre outros

PREVENÇÃO
O gerenciamento atual não incentiva a prevenção destes problemas, já que a medida que ocorre a inundação o município declara calamidade pública e recebe recursos a fundo perdido e não necessita realizar concorrência pública para gastar. Como a maioria das soluções sustentáveis passam por medidas não-estruturais que envolvem restrições a população, dificilmente um prefeito buscará este tipo de solução porque geralmente a população espera por uma obra.

Enquanto que, para implementar as medidas não-estruturais, ele teria que interferir em interesses de proprietários de áreas de risco, que politicamente é complexo a nível local. Além disso, quando ocorre a inundação ele dispõe de recursos para gastar sem restrições.
Para buscar modificar este cenário é necessário um programa a nível estadual voltado a educação da população, além de atuação junto aos bancos que financiam obras em áreas de risco.

IMPACTOS DEVIDO A URBANIZAÇÃO:
O planejamento urbano, embora envolva fundamentos interdisciplinares, na prática é realizado dentro de um âmbito mais restrito do conhecimento. O planejamento da ocupação do espaço urbano no Brasil não tem considerado aspectos fundamentais que trazem grandes transtornos e custos para a sociedade e para o ambiente.
O desenvolvimento urbano brasileiro tem produzido um aumento caótico na freqüência das inundações, na produção de sedimentos e na deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea. A medida que a cidade se urbaniza, ocorre o aumento das vazões máximas (em até 7 vezes) devido a impermeabilização e canalização. A produção de sedimentos também aumenta de forma significativa, associada aos resíduos sólidos e a qualidade da água chega a ter 80% da carga de um esgoto doméstico.

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Estes impactos têm produzido um ambiente degradado, que na condições atuais da realidade brasileira somente tende a piorar. Este processo infelizmente não está sendo contido, mas está sendo ampliado à medida que os limites urbanos aumentam ou a densificação se torna intensa. A gravidade desse processo ocorre principalmente nas médias e grandes cidades brasileiras. A importância deste impacto está latente através da imprensa e da TV, onde se observam, em diferentes pontos do país, cenas de enchentes associadas a danos materiais e humanos.
Considerando ainda, que cerca de 80% da população encontra-se nas cidades, a parcela atingida é significativa.

NÃO EXISTE PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA.
O potencial impacto de medidas de planejamento das cidades é fundamental para a minimização desses problemas. No entanto, observa-se hoje que nenhuma cidade brasileira possui um Plano Diretor de Drenagem Urbana.
As ações públicas atuais estão indevidamente voltadas para medidas estruturais como a canalização, no entanto esse tipo de obra somente transfere a enchente para jusante. O prejuízo público é dobrado, já que além de não resolver o problema os recursos são gastos de forma equivocada. Esta situação é ainda mais grave quando se soma o aumento de produção de sedimentos (reduz a capacidade dos condutos e canais) e a qualidade da água pluvial (associada aos resíduos sólidos).
Esta situação é decorrente, na maioria dos casos, da falta de consideração dos aspectos hidrológicos quando se formulam os Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano. Deste modo são estabelecidos, por exemplo, índices de ocupação do solo incompatíveis com a capacidade da macrodrenagem urbana. Fonte: Ambiente Brasil 

Comentário:
Obs: Atividade antrópica é a ocupação de zonas terrestres pelo Homem e a decorrente de exploração, segundo as necessidades e as atividades humanas, dos recursos naturais.

PANORAMA NO BRASIL: OCUPAÇÃO URBANA, RURAL  E CRESCIMENTO POPULACIONAL

INÍCIO DO CENÁRIO: DESMATAMENTO
FLORESTA
Desde a época do Brasil Colônia até hoje,  a área desmatada dos três maiores biomas - Amazônia, Floresta Atlântica e Cerrado - soma, no total, 2,7 milhões de km2, ou 3l,7% do território nacional e 62 vezes a superfície do Estado do Rio.
A Mata Atlântica, desde o período colonial até hoje, perdeu 93% de suas florestas que originalmente cobriam 1,3 milhões de km2 ao longo do litoral. Em áreas como as florestas de araucária no Sul , há apenas 2% da cobertura original. O Cerrado perdeu 50% ou l milhão de km2, de sua cobertura original, desde o inicio de sua ocupação na década de 50. Já a Amazônia, nos últimos 25 anos, teve destruídos cerca de 15% da floresta ou 551 km2 .

AGRICULTURA
 Área cultivada em 1940  era de 13 milhões de hectares. O gado ocupava uma  área de pastagem de 100 milhões de hectares.
Área cultivada para agricultura em 2013; 67,7 milhões de hectares. O gado ocupa uma área de pastagem de 426 milhões de hectares. O aumento da ocupação rural significou maior desmatamento, erosão do solo, assoreamento de rios, etc.

URBANIZAÇÃO
 Em 1920, a população brasileira era de 27,5 milhões de habitantes e contabilizava, em seu imenso território, apenas 74 cidades maiores do que vinte mil habitantes. Nelas  residiam 4,6 milhões de pessoas, apenas 17% da população, e mais da metade concentrada na região
Sudeste
Em 1940, (população brasileira, 41 milhões, população urbana 13 milhões)  32% dos brasileiros habitavam zonas urbanas e em 2010, (população, 190 milhões), população urbana 160 milhões,  84,36%.

A urbanização  significou maior impermeabilização do solo urbano,  desmatamento, ocupações das várzeas, ocupações de encostas, canalização e retificações  de rios e riachos.

AS PRINCIPAIS CAUSAS DE INUNDAÇÃO:
■ A morfologia da cidade a região tem relevo altamente acidentado, formado por serras, morros, fundo de vale, e encostas íngremes.
■ O clima: chove torrencialmente na época do inverno
■ Uso e ocupação do solo de maneira desordenada
■ Não há mapeamento das áreas inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Falta de uso de Sistema de Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos urbanos. Os riscos devem ser avaliados por meio de perspectivas técnicas capazes de antecipar possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente. O uso de um Sistema de Informações Geográficas contribuiria nas atividades de prevenção e preparação para riscos, possibilitando a diminuição dos desastres, e, em caso de ocorrências, tendo um caráter logístico, determinando como uma população atingida por tais eventos poderia ser evacuada e protegida. Seria a ferramenta ideal para que as autoridades públicas possam efetuar o gerenciamento do desastre a fim de alocar os recursos necessários para minimizar os efeitos do desastre.
5- Controle público da ocupação regular e irregular
■ a prática legalizada da construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o ecossistema.
■ O aumento da vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada do solo, principalmente construções, desmatamento, etc
Infelizmente a historia de desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de poucos anos. Não aprendemos ou as pessoas mudam e as lições são esquecidas, com os erros dos que nos antecederam. Infelizmente, muita gente não consegue enxergar e nem tirar proveito dos fatos que já aconteceram , imagine a cegueira diante dos fatos portadores de futuro ou os mesmo futuros repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para provocar o desastre.

Vídeo
Vídeo longo, porém explicativo.

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posted by ACCA@5:27 PM