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sexta-feira, junho 06, 2014

Cheia do rio Acre

LOCALIZAÇÃO
Rio Acre
Acre é um rio que tem sua nascente no Peru e que deságua no Brasil, desembocando no Rio Purus (Amazonas). 
No Brasil, os principais municípios que o rio Acre banha são;
■Boca do Acre, Brasiléia,
■Xapuri e Rio Branco.
Na cidade de Rio Branco o rio Acre divide-a em dois distritos. Possui águas barrentas e piscosas.
No município de Assis Brasil, o rio Acre marca a fronteira entre Brasil, Iñapari,Peru e Bolpebra,Bolívia.

O rio Acre nasce em cotas da ordem de 300 m. Seu alto curso, até a localidade de Seringal Paraguaçu, atua como divisa entre Brasil e Peru e deste ponto até Brasiléia entre Brasil e Bolívia. A partir daí,  penetra no território brasileiro, percorrendo mais de 1.190 km, desde suas nascentes até a desembocadura, na margem direita do Purus, na cidade de Boca do Acre.

O vale do Rio Acre é bastante povoado. As principais cidades instaladas à beira do rio são: Iñapari (Peru), Assis Brasil, Brasiléia, Cobija (Bolivia), Epitaciolandia, Xapuri, Rio Branco, Porto Acre, Floriano Peixoto e Boca do Acre.
Durante as cheias, o rio Acre é navegável até as cidades de Brasiléia (lado brasileiro) e Cojiba (lado boliviano). O período de águas altas prolonga-se de janeiro a maio, aproximadamente, e o de águas baixas é mais acentuado em dezembro.
De Boca do Acre (foz) até Rio Branco, apresenta-se um estirão navegável, de 311 km, com 0,80 m. de profundidade mínima em 90% do tempo.

Entre Rio Branco e Brasiléia, as profundidades são mais reduzidas, possibilitando a navegação apenas durante a época das cheias. São 635 km de percurso, com acentuada sinuosidade e larguras inferiores a 100 m. O trecho a jusante de Rio Branco até a foz em Boca do Acre, é considerado a continuação da hidrovia do rio Purus, para acesso à capital do estado do Acre. A navegação é franca para embarcações de grande porte, nos períodos de chuvas e reduzindo para aquelas de médio e pequeno porte, nas estiagens.


Foto- Estrada BR-364, totalmente inundada
CENÁRIO DA CHEIA DO RIO ACRE
A Defesa Civil de Rio Branco monitora o nível do Rio Acre a cada três horas. A preocupação maior está com a cheia em Assis Brasil e também em Brasileia, além do Riozinho do Rôla, um dos principais afluentes e que tem contribuído para aumentar o nível do Rio Acre em Rio Branco. Estamos atentos a essa elevação do nível do Rio Acre, mas dispomos de toda a infraestrutura da prefeitura, do governo do Estado e também da ajuda do Exército para colocar à disposição das famílias que estão sofrendo com a enchente. Nossa maior preocupação é a preservação das vidas e a garantia de um lugar seguro para as famílias.

■20 de fevereiro de 2014 - A cheia do Rio Acre atingiu na tarde de quinta-feira, mais de 2,5 mil imóveis comerciais e residenciais na zona urbana de Rio Branco. Os bairros mais afetados são a Baixada da Habitasa, Seis de Agosto, Baixada da Cadeia Velha, Taquari, Triângulo Novo, Adalberto Aragão, Cadeia Velha e Ayrton Senna, onde a prefeitura e seus parceiros mantêm equipes para auxiliar a Defesa Civil no atendimento às famílias que tiveram as casas invadidas pela água. Na medição das 15 horas desta quinta-feira, o nível do rio chegou a 15,20 metros.

Foto- Estrada BR-364, totalmente inundada
ABASTECIMENTO
O Acre está temporariamente isolado do País por via terrestre desde quinta-feira, 20 de fevereiro, pela manhã, quando a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) decidiram interromper o tráfego de veículos, até mesmo inclusive carretas, pela BR-364, única ligação do Estado por terra com as demais regiões.
O excesso de chuva na região de Rondônia é a causa isolamento do Acre. O Rio Madeira invadiu a BR-364 em vários pontos. Na estrada, o nível da água alcança até 50 centímetros. Associado à correnteza, isso coloca em risco o trânsito de veículos.
O diretor institucional da Associação dos Distribuidores de Alimentos do Acre, Luiz Deliberatto, informou que, isolado, o Acre tem estoque de alimentos para os próximos 15 ou 20 dias. "O que é preocupante é que, diante do excesso de chuvas, não estamos vislumbrando alternativas no curto prazo", disse Deliberatto. "A orientação é evitar o desabastecimento e manter o consumo normal, sem estocar comida."

Foto-Cidade de Brasiléia
DESABRIGADOS
No Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, a prefeitura de Rio Branco garante toda a infraestrutura para as mais de 200 famílias atingidas pela enchente. Os boxes são individuais e há fornecimento de três refeições diárias, atendimento em saúde, assistência social, atividades de esporte e lazer, além da garantia de fraldas, leite e massa para mingau. O parque da Expoacre está recebendo famílias desde o início de fevereiro, quando o Rio Acre atingiu a cota de transbordamento.
Além de garantir assistência médica aos desabrigados e a segurança através do reforço do policiamento no Parque de Exposições, a prefeitura também está oferecendo toda a assistência social às famílias.

■26 de Fevereiro de 2014 – O governador do Acre decreta  situação de emergência na noite de quarta-feira. O trecho da estrada liga o Acre a Rondônia e é a única via de acesso terrestre, BR-364,  para o resto do Brasil. Com a inundação, o estado fica isolado.
O Rio Madeira atingiu a marca de 18,57m na quarta-feira. Trata-se de um dos maiores desastres que a Amazônia já viveu. A maior cheia registrada na capital de Rondônia ocorreu em 1997, quando o rio atingiu 17,52 metros.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Acre (PRF-AC), a BR-364 está fechada no período noturno. Durante o dia, só é permitida a passagem de veículos pesados. Ônibus e carros de passeio não estão fazendo a travessia.Cinco pontos estão alagados nas rodovias federais do território de Rondônia, sendo o quilômetro 158 da BR-364, sentido Porto Velho - Rio Branco, em Jacy-Paraná (RO), o mais crítico.

■27 de fevereiro, quinta-feira - O Rio Acre se mantém acima da cota de transbordamento e chegou a 14,81 centímetros na manhã de quinta-feira. Um aumento de 16 cm em relação às 18h de quarta-feira (26). Apesar da constante elevação do nível do rio, a Defesa Civil acredita que o manancial deve apresentar sinais de vazante.

■07 de março, sexta-feira - Na medição realizada às 9h da manhã de o nível do Rio Acre atingiu a marca de 14.60 metros permanecendo acima da cota de transbordamento, de 14m em Rio Branco, segundo informações da Defesa Civil municipal.
De acordo com o coronel Carlos Gundim, da Defesa Civil Estadual, a previsão é de que o rio continue a subir. "A situação é que ele vai continuar subindo, pelo menos nos próximos três dias não há a menor perspectiva de vazante e temos previsão de chuvas. Até porque, o rio está enchendo muito em Brasíleia e em Xapurí então para pensar em vazar em Rio Branco, é preciso parar de encher nesses dois municípios", comenta.
 Em Brasiléia, o nível do Rio está em 11.11, acima da cota de alerta. Em Xapuri, a marca é de 12.54.

DESABRIGADOS
De acordo com a Secretaria de Assistência Social 326 famílias, contabilizando 1.292 pessoas estão alojadas no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco.

■11 de março, terça-feira – Rio Branco, o bairro Taquari, localizado às margens do rio Acre, na periferia da capital, é um dos mais afetados pela cheia. Em muitos imóveis, a água quase alcança o teto. Mesmo assim, parte dos moradores construiu palafitas para elevar a altura do assoalho e não ter de recorrer aos abrigos da prefeitura.
Ao meio-dia de terça-feira,  o nível do rio Acre estava em 16,64 m, ou 2,64 m acima da cota de transbordamento.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a região Norte, sobretudo o Acre, continuará sofrendo com a chuva nos próximos dias. "Entre 11 e 19 de março está previsto chuva de 100 mm no Acre. Parece pouco, mas já está super-encharcado, não tem mais onde cair água. Qualquer chuva vai agravar o problema", diz o meteorologista Manoel Rangel.

DESABRIGADOS
No total, mais de 3.000 moradores de Rio Branco estão em abrigos montados pelo governo estadual e a prefeitura.

■16 de março, domingo - O Rio Acre tem apresentado vazante e na última medição realizada às 9h de domingo, pela Defesa Civil que registrou a marca de 14,25m. Em comparação com a sexta-feira (14), quando estava em 15,87 no mesmo horário, o nível das águas reduziu 1,62m em 48 horas.

■07 de abril, segunda-feira - A estrada BR-364 é parcialmente liberada. O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit) liberou ainda de forma parcial a circulação de veículos na BR-364, entre Porto Velho e Rio Branco. O tráfego está liberado apenas para veículos pesados.
O Acre ficou mais de 60 dias em completo isolamento terrestre. Agora, a expectativa é de que o abastecimento volte ao normal.
O período de vazante preocupa os engenheiros do Dnit. Em vários trechos a estrada pode ficar com a estrutura totalmente comprometida, o que exige cuidado redobrado no tipo de carga e peso dos veículos. Em média, chegam de 200 a 250 carretas truncadas semanalmente a Rio Branco. Essa quantidade é impossível de transitar agora.

DESABASTECIMENTO
Com a travessia do Madeira cada vez mais difícil a população acreana encontrou, durante o mês de março, dificuldade para adquirir alguns itens da cesta básica, além de gás e combustível, o que levou alguns motoristas a correrem para os postos de combustíveis para tentar suprir suas necessidades.
O governo está buscando alternativas para garantir que os problemas não tornem a ocorrer.
Começamos a buscar apoio de importação do Peru, de hortifrutigranjeiros ao trigo. Tudo que o Peru poderia nos fornecer de importação. Tivemos apoio do Ministério da Agricultura, que estabeleceu uma normatização específica para a importação do tomate, que possuía uma restrição. Conseguimos uma liberação da ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] para que caminhões brasileiros pudessem ingressar no território peruano e buscar essas mercadorias. Começamos a usar balsas que vieram tanto de Porto velho (RO), como de Manaus (AM) para assegurarmos tanto o abastecimento de gás como de combustíveis, disse a chefe da Casa Civil do Estado.
Outra medida para garantir que não falte novamente combustível deve ser a importação do produto do Peru.

PREJUIZOS
Três anos. O comércio estima que, com o isolamento, cerca de R$ 384 milhões deixaram de circular no Estado e as consequências econômicas ainda serão sentidas pelos próximos três anos.
De acordo com o comunicado da Fecomércio que estima um impacto muito forte na economia, pois, somente em março houve uma redução de 75% do ICMS por conta de não ter circulação de mercadoria e estima a recuperação dessa crise nos próximos três anos, sem falar no impacto que isso deve gerar.
A enchente que afetou mais de 140 mil pessoas no Acre causou prejuízo de R$ 22 milhões na agricultura, estima a chefe da Casa Civil do estado. Na área urbana, os estragos ainda estão sendo calculados.
Comentário: O PIB do Estado em 2011 –  8,8 bilhões de reais (IBGE). Os prejuízos  equivalem a 4,36% do PIB.  Deve afetar por vários anos o crescimento econômico  do Estado.

Dados históricos
Fevereiro de 2012- O nível do rio Acre atingiu a marca de apenas 17,63 m, 3 cm abaixo da marca  histórica, ocorrida em março de 1997, que foi de 17,66 m. Estes números confirmam que em  2012 ocorreu uma das maiores enchentes no Estado do Acre, envolvendo principalmente a bacia do  rio Acre, situada a sudeste do Estado. Além de Rio Branco, os outros municípios  localizados às margens do rio Acre também foram inundados. A área urbana do município de
Brasiléia, por exemplo, ficou cerca de 90% submerso segundo informações da Defesa Civil
Estadual.

Fontes: G1 AC, Estadão, Folha de São Paulo, período de 21 de fevereiro a 11 de março de 2014.

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posted by ACCA@9:29 AM