Implantação de um plano de emergência - Parte I
RESUMO:
A
implantação de um plano de emergência é o calcanhar de Aquiles, pois é
necessária a participação de todos os departamentos da empresa, para atuarem de
maneira coesa.
Por
outro lado é muito importante estudar e avaliar os fatores de riscos que
influirão, tanto no nível do plano encomendado e a estrutura interna do plano
de emergência, como as missões específicas e portanto a formação de pessoal.
Por
último será necessário realimentar o plano de ação de emergência com as
informações obtidas em simulação de emergência a fim de avaliar o nível de
operacionalidade.
INTRODUÇÃO
A
implantação não consiste apenas um mero documento contido no plano de ação de
emergência.
Uma
vez elaborado o plano é preciso operá-lo através de seu responsável. A implantação é o instrumento que mantém
vivo o plano e caso fique aprovado,
através desse resultado mantém correto a estrutura de emergência.
Temos
de levar em conta que a maioria dos planos falham, pois fazem implantação
inadequada, pois não chegam abordar os problemas dessa fase (implantação,
operacionalidade do plano).
Do
ponto de vista econômico, o custo mais importante desse plano, inicia-se com a
implantação, razão pelo qual convém estudar e quantificar previamente esses
custos para obtenção do financiamento.
IMPLICAÇÃO
DA ESTRUTURA DA EMPRESA
Na
fase da implantação desenvolve-se uma série de atividades que envolverão vários
departamentos da empresa. Essas atividades poderiam classificar em dois grupos:
a)Atividade
própria do departamento de segurança no trabalho de emergência. Normalmente
envolverá as pessoas desse departamento (em muitos casos com departamento de
manutenção), também com o departamento de Gerência de Risco (caso exista). Essas
atividades consistirão no dia a dia da segurança (gestão e administração de
recursos, operações de manutenção e seu controle quanto aos meios de proteção,
controle de instalações potencialmente perigosas, etc).
b)Atividades
que envolvem outros departamentos
Geralmente
começará com coletas de informações para elaboração do plano e continuará com a
sua divulgação.
Essas
atividades podem envolver os seguintes departamentos :
■Produção,
Pessoal e Recursos Humanos
■Administração,
Engenharia e Compras
Também
pode envolver o departamento jurídico e a direção da empresa. É de suma
importância a participação da direção da empresa para implantação do programa.
ETAPAS
DE IMPLANTAÇÃO
Existem
duas etapas distintas na implantação:
■Fase
1 – Execução do plano
■Fase
2 - Manutenção do plano
FASE
1
Para
abordar esta etapa deverá previamente ter contatado com as áreas envolvidas nos
conceitos e atuações de emergências, referente à participação de cada uma
delas, no Plano de Emergência, supondo que as decisões são as mais corretas
possíveis.
O
envolvimento dessas áreas no plano e principalmente a delegação de
responsabilidade é de extrema importância nessa etapa (Fase 1), que podemos
considerar como um caminho sem retorno, isto é, uma vez tomado o caminho errado
é difícil retificar.
Deveremos
levar em conta que estamos trabalhando com elemento humano que dificilmente
acreditará em algo, caso as instruções sejam contraditórias.
Para
aumentar a credibilidade do plano, a direção da empresa deverá ter participação
atuante, para transmitir que a empresa está seriamente envolvida na implantação
desse plano e assim facilitando o envolvimento
das demais áreas da empresa.
É
importante para desenvolver essa etapa, fixar uma data adequada, evitando a sua
implantação em períodos que representam picos de produção, épocas de conflitos
salariais (greves), etc.
FASE
2
Com
o desenvolvimento da Fase 1, facilitará a participação do elemento humano nesse
plano.
Por
outro lado, estabelecerá mecanismos de revisão periódica do plano de ação de
emergência e que em muitos casos pode haver influência sobre a suposta
emergência (plano parcial de emergência) em função da variação das condições do
risco.
Controlará
a manutenção das instalações de proteção ou do perigo potencial, tanto do ponto
de vista de operação de manutenção a executar e sua freqüência. Estabelecerá
procedimento para realização da simulação do plano de emergência.
CONSIDERAÇÃO
SOBRE EQUIPES DE EMERGÊNCIA
Na
hora de definir tanto a composição da equipe de emergência e como suas funções
será necessário levar em consideração os seguintes fatores:
Risco
intrínseco das instalações e materiais existentes
■Recursos
materiais de proteção (equipamentos disponíveis)
■Condições
de setorização e evacuação dos edifícios
■Capacidade
de extinção dos serviços externos de proteção (Corpo de Bombeiros, Brigadas de
outras empresas) e tempo de intervenção.
■Características
de ocupação habitual dos edifícios
■Características
da ocupação não habitual dos edifícios (público em geral).
■Valores
elevados ou estratégicos quanto ao conteúdo
■Índice
de ocupação dos edifícios ou das instalações
Logicamente
a formação e treinamento dos componentes das equipes de emergência dependerão
de suas funções esperadas e portanto será também influenciada pelos tópicos
mencionados.
FATORES
INFLUENTES NO GRAU DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA
Risco
intrínseco das instalações
Normalmente
determinaremos maior preocupação ou pré-disposição a dedicar maior ou menor
quantidade de recursos econômicos na proteção diante da emergência.
Os
níveis de intervenção e portanto os equipamentos de proteção (contra o fogo,
intervenção química, veículos, etc) podem ser muito variáveis, chegando desde
zero (nenhum equipamento) até o equipamento profissional e específico, diante
de diferentes emergências (indústria química e petroquímica).
Em
função deste risco será em muitos casos necessários e obrigatórios tanto para a
própria indústria (petroquímica) como para a cidade (Corpo de Bombeiros) a
troca de informações, a coordenação dos meios para controle de determinados
acidentes (defesa civil) e a obediência às linhas diretrizes para elaboração do
plano de emergência.
MEIOS
MATERIAIS DE PROTEÇÃO
Os
meios materiais definirão o estabelecimento de diferentes níveis de intervenção
(primeira e segunda intervenção). A capacidade dos meios materiais
(equipamentos) será proporcional a dificuldade (grau de incêndio) e
principalmente a definição da utilização desses equipamentos para as diferentes
equipes que se podem formar.
Condições
de setorização e evacuação dos edifícios
As
condições de setorização e evacuação dos edifícios, condicionarão, por um lado
os possíveis riscos para vida das pessoas quanto à propagação de fumos e gases
e por outro, o tempo em que a ocupação possivelmente afetada pela emergência,
pode abrigar em lugar suficientemente protegido.
O
momento inicial para decidir a evacuação, como a sua organização (preparação da
evacuação, prioridade na evacuação para setores alternativos) ocorrerá por
determinadas condições (riscos possíveis
para a vida humana).
CARACTERÍSTICAS
DO AUXÍLIO EXTERNO
Tanto
a capacidade e quanto aos meios, como a distância ou tempo de intervenção da
ajuda externa será fator que definirá o grau de intervenção que ficará em mãos
da estrutura de ação de emergência.
Em
muitos casos as operações próprias da segunda intervenção serão efetuadas pelo
Corpo de Bombeiros, ficando confiado ao pessoal próprio da em¬presa a primeira
intervenção e em caso da necessidade a evacuação.
Nos
riscos graves e/ou tempo de intervenção elevado, ficará a intervenção em todos
os seus níveis sob a responsabilidade da própria brigada de incêndio, com
equipamentos adequados e formada especificamente para o controle desse tipo de
acidente na empresa. Nesse caso o Corpo de Bombeiros atuará em colaboração com
a própria brigada da empresa.
CARACTERÍSTICAS
DA OCUPAÇÃO
O
tipo de atividade desenvolvida pelos ocupantes habituais dos edifícios ou
instalações, definirá a característica para manejar determinados equipamentos.
É
evidente que para manejar uma mangueira de 2 1/2" em princípio é mais apto
o pessoal que executa algum tipo de trabalho manual, todavia esta aptidão não é
necessário para manejar a mangueira de 1 1/2". Isto pode ser um dos
condicionantes que em muitos casos nos leva a indicar este equipamento
(mangueira de 1 1/2") para a equipe de primeira intervenção (EPI). Mais
adiante analisaremos as missões específicas das diferentes equipes.
CARACTERÍSTICAS
DA OCUPAÇÃO NÃO HABITUAL (PÚBLICO EM GERAL OU VISITANTES) DOS EDIFÍCIOS
Os
parâmetros básicos para catalogar esta ocupação e deduzir as atuações mais
convenientes seriam:
a)
A relação numérica (coeficiente) entre ocupantes habituais (funcionários) e não
habituais (público em geral ou visitantes).
Essa
relação pode ser elevada, desde que o edifício recebe visitantes de forma
pontual (escritórios, repartições públicas) até locais cobertos ao público
(museus, teatros, shopping center) onde essa relação é relativamente pequena.
b)
Características físicas e psíquicas dos ocupantes não habituais. Neste sentido
nós poderemos encontrar variedades de
situações diferentes, podendo citar alguns exemplos:
■visitantes
que conhecem o edifício
■visitantes
que não conhecem o edifício
■pessoas
idosas
■pacientes
com problemas físicos
■pacientes
com problemas psicológicos
■expectadores
■grupos
familiares
■estrangeiros
■pessoas
que carregam volumes (mercadoria)
■transeuntes
■clientes
- compradores
■manifestantes
■militares
■pessoas
pernoitando
Essas
características do tipo de ocupação ou atividade influirão tanto na atuação de
intervenção como na evacuação, que dividiremos em :
a)
seja pequena, a atuação de intervenção deverá ser imediata, a fim de controlar
a emergência diante do surgimento da situação de pânico.
b)
em relação à atuação de evacuação será preciso, geralmente a preparação (alerta
ao pessoal especializado) e seu controle, desde o momento inicial.
VALORES
ELEVADOS OU ESTRATÉGICOS DO CONTEÚDO
Geralmente
estão aparelhados com sistemas mais sofisticados e rápidos, tanto de detecção e
como de controle de emergência (sistema de FM 200 ou Inergen , CO2, e
detectores).
A
atuação humana deverá ser de acordo com a interação com os equipamentos, tanto
quanto a operação específica selecionada no plano, como a rapidez na atuação,
aproveitando a eficiência no sistema de detecção.
SISTEMA
DE APROVEITAMENTO DOS EDIFÍCIOS OU INSTALAÇÕES
O
sistema de aproveitamento determinará turnos ou períodos produtivos e condições
de parada, períodos de férias, etc. Diferentes horários de trabalho ou ocupação
podem estabelecer necessidades de diferentes planos de emergência.
Por
outro lado, os edifícios alugados parcialmente podem causar problemas sérios
sobre o restante que não são alugados, pois a coordenação de diferentes
inquilinos ou empresas será trabalhosa quanto ao plano de ação de emergência.
ALERTA
Constitui
mecanismo ou conjunto de mecanismos para "alerta" ou colocar em ação
as equipes de emergência. O termo "colocar em ação" supõe desde a
solicitação de confirmação da emergência até a informação as equipes de
intervenção da necessidade de sua participação.
Em
muitas ocasiões será necessário informar também a equipe de evacuação das
dependências em função de seu desenvolvimento que poderia chegar nessa fase (de
acordo com a gravidade do alerta, a equipe de evacuação será responsável
imediata pela retirada do pessoal da área do risco).
Em
locais com situação de risco de pânico (shopping center, edifícios públicos,
etc) a informação pode ser transmitida em forma de sinal (código) pelo sistema
de som (desde que a emissão de mensagem seja habitual). Com esta informação a
equipe de evacuação começará a desempenhar as suas funções.
ALARME
De
acordo com a gravidade do alerta, o alarme será o sinal para evacuação dos
ocupantes dos edifícios ou da área em risco.
Existem
diversas maneiras para transmitir o sinal de alarme, desde uma sirene (quando o
pessoal conhece o sinal e foi treinado para iniciar a evacuação) até as
mensagens de viva voz (sistema de som) ou fita pré-gravada, dando as instruções
para evacuação (ocupantes não habituais, públicos em geral) e por experiência
nunca se deve mencionar de forma clara o motivo da evacuação (poderá gerar
princípio de pânico, de difícil controle para evacuação).
INTERVENÇÃO
A
ação ou conjunto de ações necessárias para o controle de emergência. Definida
em diferentes níveis e atribuído a diferentes equipes. É necessário ressaltar
que em algumas ocasiões não está claramente definida a diferença entre os
níveis de primeira intervenção (atuação geralmente com extintores portáteis) e
segunda intervenção (atuação com sistema de hidrantes).
APOIO
Dentro
do termo genérico de "apoio" incluiria todas as atuações que tendem a
facilitar os trabalhos de controle de sinistro, tanto por parte das equipes de
emergência interna (da própria empresa) como por parte dos serviços externos de
ajuda (como exemplo, PAM, Plano de Auxílio Mútuo entre as empresas).
Como
sugestão, temos os seguintes trabalhos de apoio:
■Recepção
e informação a bombeiros (Corpo de Bombeiros)
■Interrupção
de funcionamento de máquinas e equipamentos ou da área de sinistro e anexo.
■Controle
de válvulas do sistema de Sprinklers
■Vigilância
do funcionamento das equipes de bombeiros contra incêndio
■Parada
do sistema de ar condicionado e/ou das instalações de ventilação
■Vigilância
das equipes de elétrica (responsável pelo corte de energia na área de risco).
■Fornecer
os materiais necessários para extinção (máscaras, extintores adicionais, mangueiras,
viaturas)
■Controle
de acesso.
Continua
na próxima postagem
Fonte:
"Implantación del Plan de Autoprotección", Revista Mapfre Seguridad,
1991
Comentário:
Adaptação do pensamento estratégico de Napoleão Bonaparte
Um plano de
estratégia deve levar em consideração todas as possibilidades de riscos e deve
prescrever as medidas necessárias a uma resposta adequada para essas situações.
Os planos podem ser
modificados indefinidamente segundo as circunstâncias, a capacidade de
organização, a natureza da chefia e a topografia do local para operações (condições de acesso ao risco).
O
fundamento desta máxima é que devemos obter informações, conhecimentos dos
problemas existentes em riscos para que possamos estar preparados para
enfrentar essa situação ou eliminá-las.O total desconhecimento dos problemas
dos riscos existentes ou negligência, provavelmente levará a resultados
desastrosos diante desses problemas.
Vídeo:
O
vídeo da agência independente americana The U.S. Chemical Safety Board (CSB) mostra a importância da preparação da emergência.
Marcadores: brigada de incêndio, gerenciamento de desastre, incêndio, segurança

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