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quarta-feira, novembro 21, 2012

Implantação de um plano de emergência–Parte II

Equipe de emergência, denominação e missões

A denominação e os objetivos das equipes definidas no Manual de Plano de Ação de Emergência torna-se válido para maioria dos casos, isto não quer dizer que para obter um rendimento ótimo na estrutura desse plano não há necessidade ou conveniente em alguns casos efetuar mudanças nos objetivos.
Aparentemente as siglas ( EPI, ESI, EPA, EAE, LI, LE) leva a pensar no aumento da burocracia.
O espírito de qualquer estrutura de equipe de emergência não deve ser burocrata, mas decidir, trata-se de realizar "tem que realizar" de maneira mais simples possível.
Entretanto, o fato de adotar uma determinada nomenclatura para as equipes, imaginamos mais uma complicação para implantação do plano, o que será aconselhável simplificar ao máximo.
Entendemos que a dificuldade para elaboração e como na implantação de um plano de emergência é "fazê-lo fácil e assimilável" para o pessoal que tem que levá-lo ao fim.
Continuando os detalhes das denominações e objetivos das equipes de emergência, tomando como base às denominações acima mencionadas.

EQUIPE DE PRIMEIRA INTERVENÇÃO - EPI                                                                                                                                        
Como a primeira missão dos componentes desta equipe, destaca¬ríamos observar as medidas de prevenção de incêndio e sua manutenção.  Outra função dessa equipe seria a confirmação de emergência na sua área de atuação, sinalizando através de uma central de detecção de incêndio.
Por último a utilização dos meios de primeira intervenção em caso de emergência (avaliação prévia das possibilidades de extinção) que na maioria dos casos será os extintores portáteis e inclusive o sistema de hidrante com mangueiras de 1 1/2".                 

EQUIPE DE SEGUNDA INTERVENÇÃO - ESI
A equipe de segunda intervenção utilizará os meios de extinção mais potentes instalados nos edifícios (mangueiras de 2 1/2", canhão d'água, etc). Seu nível de treinamento e especialização dependerá fundamental¬mente das condições de risco, confiando em muitos casos, como se comentou anteriormente ao Corpo de Bombeiros.
Tradicionalmente a brigada de incêndio é composta pelo próprio pessoal do departamento de manutenção, pelo conhecimento da empresa (instalações de proteção contra incêndio e instalações em geral).

EQUIPE DE ALARME E EVACUAÇÃO - (EAE)
Sua missão será dirigir ou encaminhar os ocupantes do edifício a um lugar suficientemente seguro em caso de alarme de evacuação.
Em alguns casos, como ocorre em edifício com ocupantes habituais (escritórios) onde se executa treinamento de evacuação mediante simulação, a formação de uma equipe de evacuação não é crítica, exceto para realizar a confirmação de evacuação de sua área (elemento responsável pela evacuação da área).
Porém essa equipe adquire importância extrema em locais suscetíveis de aparição de situação de pânico (centros comerciais, edifícios públicos, shopping center).Nesses tipos de locais é muito importante trabalhar na evacuação, inclusive antes de receber a ordem ou alarme (preparação da evacuação).
Em algumas ocasiões inclui na equipe de Alarme e Evacuação a figura do salva documento, cuja missão é resgatar as informações ou documentos de suma importância da empresa (softwares, documentos, etc).
O número de componentes dessa equipe dependerá das características do local (amplitude, compartimentação, etc) e a diversidade das tarefas a realizar.

EQUIPE DE PRIMEIRO AUXÍLIO - EPA
Sua missão será prestar os primeiros socorros aos possíveis afetados pela emergência (feridos, desmaio, etc).Quando existe uma equipe médica no edifício na empresa o EPA será formado por esse pessoal (médicos, enfermeiros) e diante da necessidade da existência do EPA, poderia ser formado ou complementado pelos componentes do EPI ou EAE.

LÍDER DE INTERVENÇÃO (LI) E LÍDER DE EMERGÊNCIA (LE)
A missão do líder de intervenção será comandar, coordenar a emergência, a atuação das equipes de emergência. A sua formação será de acordo com o serviço a desempenhar, tanto a nível teórico como prático, no controle de acidentes que possam ocorrer.
O líder de emergência é responsável operacionalmente pela execução da atuação das equipes de emergência, para o qual é imprescindível contar com o apoio da direção da empresa, pois em alguns casos terá a necessidade de executar medidas drásticas quanto à responsabilidade (parada de produção, corte de emergência, início de evacuação, etc).

O seu lugar de atuação (comando) será no centro de controle de alarme (lugar onde se centraliza as comunicações e sistema de alarme). O líder de intervenção será responsável pela estratégia de emergência (fonte de informações) enquanto o líder de emergência executará as decisões.
Ambos devem ser facilmente localizados na empresa (igual ESI) e designar substitutos em caso de ausência.O líder de emergência investigará após sinistro, tanto as causas como as circunstâncias da ocorrência e as medidas corretivas adequadas.
A formação pessoal que desempenhará essas funções será do tipo técnico, com sólidos conhecimentos em prevenção, extinção de incêndio e plano de emergência.

OCUPANTES DO CENTRO DE CONTROLE
O centro de controle é peça fundamental do desenvolvimento de qualquer plano de emergência (centro de detecção e de coordenação de informações).
Os elementos do centro devem estar aptos para utilização dos meios de comunicação (rádios portáteis, centro de controle de rádio para as equipes de emergência e detecção).
Nos primeiros momentos atuam como ativadores do plano de emergência, portanto, sua instrução deve ser muita clara para suposta emergência (local de origem da emergência, circunstância gravidade da emergência).

CONDICIONANTES ESPECIAIS DAS EQUIPES
Em algumas atividades serão necessários praticamente, o treinamento total dos empregados, para que  tenham formação especial e homogênea. Como exemplo; os estabelecimentos hoteleiros, hospitais, shopping center, grandes magazines, locais de concentração pública, teatro, cinema, edifícios públicos. Nesses lugares, praticamente a totalidade dos funcionários deve participar em caso, de emergência, tanto nos trabalhos de intervenção (com quaisquer meios disponíveis) como de evacuação especialmente problemática em hospitais.

CONDICIONANTES ECONÔMICOS
É desaconselhável que exista remuneração pela participação em trabalhos de emergência, salvo em casos especiais, onde a empresa possui brigada de incêndio profissional. Qualquer outro tipo de solução em princípio é válido, mas é necessário em muitos casos certa dose de imaginação.
Em princípio qualquer pessoal que exigir reivindicação (remuneração) ou exigir qualquer tipo de remuneração deve desligar da equipe de emergência. A iniciativa de ter certos benefícios, nunca do tipo econômico com o pessoal, deve partir em princípio da diretoria da empresa.

FORMAÇÃO E TREINAMENTO DO PESSOAL
Independente da formação específica das equipes de emergência é conveniente e importante a divulgação através de uma campanha de sensibilização de prevenção de incêndio, que poderia consistir em uma série de conferências de curta duração, tratando-se dos seguintes temas:
■Normas básicas de prevenção de incêndio
■Meios de detecção, alarme e evacuação existente no edifício
■Mínimo conhecimento do plano de emergência e sua finalidade
■Instruções para os ocupantes em geral do edifício
■Projeção de um sinistro e considerações

Tal campanha propõe :
■Divulgação do plano
■Elevação imediata do nível de prevenção de incêndio
■Obter pessoal voluntário para as equipes de emergência

Para que a resposta dessa campanha seja satisfatória , a diretoria poderá contribuir ou ajudar na convocação das primeiras conferências. Uma vez realizada esta campanha será necessário selecionar os componentes das equipes segundo seus perfis mais adequados e dotar de formação e treinamento correspondente.
A característica fundamental dos programas de formação deve tentar induzir as ações previstas no plano a desenvolver com os meios (equipamentos) implantados no edifício e os condicionantes do risco, com o qual economizaremos tempo e dinheiro e conseguiremos mais facilmente tais objetivos.
O normal é que em anos sucessivos vai formando-se maior número de pessoas no nível de primeira intervenção (EPI) e vão progredindo em conhecimentos para atingir nos níveis da segunda intervenção (ESI).

É muito importante a realização do treinamento prático, por um lado, para induzir atuação automática (reflexo condicionado) no momento da emergência e por outro lado para avaliar as possibilidades de controle da emergência sem cair em atitudes temerárias devido à ignorância.

INSTRUÇÃO DE ATUAÇÃO
Elaborarão fichas que refletem as instruções de atuação em caso de emergência para as equipes.
Assim mesmo, estabelecerá recomendações para prevenção e atuação em caso de incêndio e evacuação para os ocupantes e visitantes do edifício (estas últimas situadas em lugares visíveis, tarjetas de acesso ao estabelecimento, etc).

As três características fundamentais de tais instruções são as seguintes:
■o mais simples possível
■número de instruções reduzidas
■divulgação contínua
Evidentemente quanto maior é o grau de formação, a ambigüidade das instruções será maior, pois presumiremos maior capacidade para tomada de decisões.

SIMULAÇÃO
As simulações representam em muitos casos, vaga expressão, a parte mais folclórica do plano de emergência em geral. Em muitos casos não se consegue total rendimento e ensinamento possível. Isto apenas ocorre quando não se tem a finalidade da simulação.

OBJETIVOS DA SIMULAÇÃO
Os objetivos principais da simulação são para colocar em ordem de prioridade, os seguintes:
a)detectar erros ou omissões nas atuações de emergência
b)evacuar com rapidez
c)prova dos meios de extinção e equipamentos
■comunicação
■alarme
■sinalização
■alguns casos de extinção
d)estimativa de tempo
■evacuação
■intervenção de bombeiros
■intervenção das equipes de emergência

Em nenhum caso se deve pensar tentar reproduzir fielmente as condições de emergência real, pois a simples utilização de fumos inócuos podem resultar acidentes pela diminuição das condições de visibilidade.

CONSIDERAÇÕES PARA PREPARAÇÃO DA SIMULAÇÃO
A simulação deve contar com a colaboração do Corpo de Bombeiros que tem de intervir em edifício em caso de emergência. Deve formular e solicitar autorização das autoridades, pois pode acarretar problemas de ordem pública (aglomeração) ou problemas de tráfego (congestionamento).

Foto:As simulações devem ser executadas em conjunto com o Corpo de Bombeiros

A preparação deve ser exaustiva, deixando de lado à improvisação. Deve levar em conta as condições de interrupção da atividade, por um curto período de tempo.
Deverá possuir pessoal suficiente para cronometrar e como para evitar qualquer intromissão (pessoas estranhas ao treinamento).  A informação ao pessoal para a primeira simulação deve ser total, inclusive indicando o dia e a hora (comunicação interna).
Em função dos resultados da primeira simulação poderá diminuir gradativamente o grau de informação. É de vital importância a participação da diretoria na evacuação do estabelecimento. É conveniente realizar a primeira simulação no final da semana de trabalho (sexta-feira).

E por último estar preparado na possibilidade de ocorrência de emergência real durante a simulação, dispondo dos meios de extinção necessários para seu controle.

Fonte: "Implantación del Plan de Autoprotección", Revista Mapfre Seguridad, Segundo Trimestre 1991.

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posted by ACCA@10:49 AM