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sexta-feira, dezembro 11, 2009

Aviões: Aparelhos eletrônicos, riscos ocultos

Como há cada vez mais gente viajando com dispositivos eletrônicos portáteis, os incêndios em aviões se tornam mais frequentes. Mais de metade dos 22 incêndios de baterias em cabines de aviões de passageiros desde 1999 ocorreu nos últimos três anos. Um especialista em segurança aérea sugeriu que esses dispositivos podem ser "o último risco de incêndio sem restrições" com os quais as pessoas ainda podem embarcar.

Incêndios em baterias de dispositivos eletrônicos podem ser assustadores. Mas, se uma bateria pega fogo num avião, os riscos são muito maiores.

Materiais perigosos: eletrônicos
Em outubro, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e a Administração de Segurança de Dutos e Materiais Perigosos divulgou às companhias aéreas diretrizes especiais sobre mais um equipamento: os leitores de cartões de crédito usados para a venda de alimentos, bebidas e outros itens a bordo.
Embora as companhias usem esses leitores há anos, a FAA disse que era necessário uma aprovação da divisão de materiais perigosos da agência. Como a maioria dos dispositivos eletrônicos portáteis, os leitores usam baterias recarregáveis de lítio, que o governo considera perigosas.
"As empresas aéreas vieram pedir autorização para terem leitores de cartão de crédito nos aviões e queriam baterias de lítio sobressalentes para que pudessem trocar as cargas", disse Christopher Bonanti, diretor do departamento de materiais perigosos da FAA. "Fiquei preocupado que houvesse baterias de lítio sobressalentes, e pedi [às empresas] que não fizessem isso."
Algumas companhias concordaram com um treinamento especial para o manuseio das baterias e foram autorizadas a levar as sobressalentes, disse Bonanti. Mas outras empresas, como Delta e JetBlue, acharam que era mais seguro não levar as baterias adicionais.
"Elas não são carregadas a bordo das aeronaves, e as baterias não são removidas desses dispositivos enquanto estiverem a bordo", disse por e-mail Bryan Baldwin, assessor de imprensa da JetBlue.

Acidentes
■ No mês passado, um tocador de DVD portátil caiu em um voo da American Airlines, causando um incêndio.
■ Em março de 2008, uma lanterna explodiu "como tiros" no compartimento de bagagem de um Boeing 757 da United Airlines.
■ Num voo para Miami no mesmo mês, oito pessoas sofreram as consequências do choque de uma pequena bateria contra a estrutura metálica de uma poltrona. A explosão subsequente gerou destroços que queimaram a orelha e o cabelo de um passageiro, e a fumaça fez com que sete tripulantes passassem mal.
■ Em 2004, uma câmera explodiu em um avião usado pelo pré-candidato à Presidência dos EUA, John Edwards. Uma poltrona pegou fogo, obrigando a um retorno emergencial ao aeroporto. As autoridades dizem que muitos outros casos não são notificados.

Superaquecimento e explosão
"Se você tem um problema no ar, não há muito que se possa fazer para se recuperar dele", disse Gerald McNerney, vice-presidente da Motorola, que fornece dispositivos portáteis para as companhias aéreas. "Você coloca sua marca em risco se um dos seus dispositivos tem um problema de bateria. O que fizemos foi procurar criar 'backups', duplicidade no desenvolvimento, para que não haja uma explosão."
As baterias também estão ficando mais poderosas, então até as menores têm potencial para gerar muito calor. "O setor de baterias está tentando espremer mais suco dessas baterias para (que tenham) vida mais longa", disse Joe Delcambre, porta-voz da agência de materiais perigosos. "Bateria menor, mais vida, com um terminal que pode superaquecer o produto é um risco."
Considerando que os problemas com baterias estão ocorrendo em aviões comerciais em uma proporção de um a cada quatro meses, Merrit Birky, especialista em fogo e explosões que trabalhava para o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes que agora é uma consultora particular, sugere que os objetos sejam deixados onde os passageiros possam vê-los e nunca nos compartimentos acima da cabeça dos passageiros.
“Ter um incêndio a bordo é sempre alarmante, especialmente no compartimento superior ao assento”. “Essa área é cheia de malas e casacos, por isso tem muitos combustíveis para alimentar o fogo, e o fogo pode passar despercebido por algum tempo”.

Desconhecimento de riscos de incêndio: tripulação e passageiros
O Departamento de Transporte criou um website que inclui as regras para viajar com baterias de lítio e trabalha com os fabricantes de aparelhos eletrônicos portáteis para divulgar informações sobre os perigos. Mas o conselho de segurança nos transportes estima que apenas uma pessoa em cada 170 a 190 dos viajantes realmente visitam o site.

“A maioria dos passageiros aéreos e as tripulações de voo provavelmente não estão cientes dos riscos de fogo causados por baterias de lítio recarregáveis”, escreveu o conselho em 2008, em uma recomendação de uma abordagem mais rigorosa da educação pública. “A FAA pretende seguir essa sugestão quando começar a transmitir anúncios de serviço público em aeroportos no próximo ano”, disse Christopher Bonanti, diretor do gabinete de materiais perigosos da FAA.

“Tem uma enorme quantidade de coisas que podem causar problemas ao entrar em contato com uma bateria de lítio”, disse ele, acrescentando que não importa o quanto às pessoas confiam em seus equipamentos, o cuidado é a melhor forma de agir.

Fonte: The New York Times - 27 de outubro de 2009

Comentário:
A falha sempre acompanha a tecnologia. Não existe tecnologia cem por cento segura. As companhias aéreas para tornar a viagem mais agradável estão permitindo ou fazem propaganda do uso de acessórios eletrônicos permitidos a bordo do avião. É uma autêntica Caixa de Pandora, que pode fugir de controle. Atualmente a tecnologia quer manipular ou desafiar o destino, construindo a segurança absoluta e oferecendo a sociedade, mas excluindo o acaso, eliminando a incerteza, o risco, etc. (veja o que aconteceu com Airbus AF447), porém o risco é tão sutil que penetra de modo invisível no sistema de segurança e se apodera para provocar o acidente. A tecnologia não percebe quanto maior a segurança absoluta, mais riscos invisíveis acrescentam no sistema.

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posted by ACCA@3:27 PM