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quarta-feira, março 18, 2009

Operário morre ao cair do 26º andar de obra no Recife


Um operário morreu ao cair do 26° andar do edifício Maria Rosa, que está em construção, no bairro do Rosarinho, no Recife. O acidente aconteceu na manhã de terça-feira, 17 de março de 2009.

Operário estava conversando no celular
O operário estava no seu posto de trabalho quando o celular tocou. Ele saiu para uma área segura, soltou o cinto que faz a segurança para atender ao telefone e esqueceu de apertá-lo depois da conversa. Quando voltou ao local do trabalho sofreu uma topada e caiu - disse o auditor.
Ainda segundo Astrogildo de Carvalho, a tragédia não teria acontecido se o carpinteiro tivesse lembrado de recolocar o cinto.

Vítima
De acordo com testemunhas, o carpinteiro José Estevão, 29 anos, caiu por cima de uma área de ferragens. Ele não resistiu ao impacto da queda.

Usava equipamentos de segurança
De acordo com a equipe do Corpo de Bombeiros, que foi ao local fazer o resgate do corpo, o trabalhador estava usando equipamentos de segurança enquanto trabalhava. As causas do acidente ainda serão apuradas.

Nenhuma irregularidade de segurança
Um auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-PE) foi ao local do acidente. De acordo com ele nenhuma irregularidade foi encontrada na obra e o acidente foi uma fatalidade.

Obra embargada
Apesar de não ter sido identificado nenhuma irregularidade no local, a obra foi embargada, e só deverá prosseguir depois que a empresa fizer um treinamento com todos os operários para prevenir esse tipo de acidente de trabalho.

Esclarecimento da Construtora
A Construtora Queiroz Galvão divulgou, uma nota oficial comentando o ocorrido:
"Lamentamos profundamente o ocorrido hoje, 17 de março, com o funcionário de uma das nossas terceirizadas, José Estevão. Neste momento, estamos prestando toda a assistência necessária aos familiares, através do nosso departamento de Recursos Humanos. Nosso sistema de qualidade e segurança do trabalho, através de equipes internas e auditorias externas, está apurando as causas do acidente e aguarda o laudo oficial da Polícia Científica".
O texto é assinado pelo engenheiro civil Henrique Suassuna, superintendente de Engenharia da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário.

Fonte: Globo Online – 17 de março de 2009


Comentário:
Interessante como o Ministério do Trabalho está apenas focado nas normas. Se o acidente ocorreu por um incidente em que a causa não está relacionada com a norma, é uma fatalidade. A prevenção de riscos parece-me que ainda não chegou ao Brasil. Imagina numa fábrica em que todos os trabalhadores utilizam celulares durante as atividades, alguns trabalhadores trabalhando em áreas de riscos, outros necessitam de concentração, o celular toca o trabalhador atende e quando retorna ao trabalho sofre um acidente ou provoca um acidente com a máquina, por falta de atenção ou cuidado.
Quando a pessoa atende a chamada telefônica, ela fica alheia à situação do risco do local e continua falando apesar do perigo, existente no local. A mente entra em stand-by em relação ao perigo e processa as informações da conversação telefônica.

O que está acontecendo normalmente em trânsito, motorista conversando no celular e provocando acidente por desatenção, descuido, etc., chegou ao ambiente de trabalho, principalmente no ambiente de produção, onde predomina área de risco.

Dados concretos sobre conversação no celular e suas conseqüência no trânsito que serve para análise na atividade de risco;
Pesquisa realizada no Canadá demonstrou que o número de acidentes acontecidos durante ou imediatamente após uma conversa ao telefone foi mais de quatro vezes maior do que o esperado na direção normal de veículos, bem como que os motoristas mais jovens têm maior tendência a vivenciar problemas nessa situação do que os mais velhos.
Ao desligar o celular, a pessoa pode ficar remoendo o teor da conversa e, sem ter ninguém para confortá-lo, pode até causar um acidente como reação ao que acabou de ouvir. Portanto, dependendo do assunto tratado ao telefone, a pessoa pode ter várias reações que irão refletir na segurança e responsabilidade, tais como; descarga emocional que acompanha o conteúdo do assunto tratado no momento da conversa, choro, agressividade, aumento da irritação e da tensão interna, a euforia e o entusiasmo. Algumas dessas descargas quando vêm espontaneamente do Sistema Nervoso Autônomo, levam a pessoa tomar atitudes impulsivas. A sensação de impotência diante do desconhecido e a impossibilidade de uma tomada de decisão imediata provocam na pessoa um quadro de extrema angústia.

Fatores cognitivos – destaca as alterações de atenção causadas pela simples tarefa de elaboração e compreensão das frases, audição do que é falado e do toque do telefone, além do aspecto motor da fala que alteram comprovadamente a atividade cerebral quando realizadas em conjunto com outras tarefas complexas, como dirigir, trabalhar.
De acordo com estudos americanos, o cérebro parece ter uma capacidade finita de espaço para atividades que exigem atenção. Esta conclusão se baseia em observação de Ressonância Magnética (RMN) das atividades cerebrais das pessoas enquanto executam uma tarefa complexa, em comparação à execução de duas tarefas ao mesmo tempo. Nas pessoas que dirigem em trânsito pesado e usam celulares, demonstrou-se que a atividade cerebral não duplica e sim sofre um decréscimo.

Observação inadequada e falta de atenção são dois dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes automobilísticos. Não há nada que se possa fazer ao telefone para diminuir o efeito perturbador que uma simples conversa telefônica parece exercer sobre os efeitos perceptivos e nem se consegue programar conversas telefônicas, caracterizando-se em tarefa de percepção imprevisível. A distração que resulta de conversas telefônicas é muito influenciada pela natureza da própria conversa, particularmente quando essa conversa demanda atenção. Uma conversa de negócios intensa pode distrair o motorista a ponto de o mesmo ignorar os potenciais sinais de perigo no trânsito.
Os motoristas precisam focar sua atenção exclusivamente nas ruas e nas estradas. Precisam evitar conversas complicadas e emocionadas e principalmente não fazer uso do telefone celular enquanto dirigem, ainda que através de fones ou “viva voz”.

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posted by ACCA@2:20 PM