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sábado, dezembro 20, 2008

Não há proteção total contra enchentes

Suíça usa sistema integrado de proteção contra enchentes


Nas últimas três décadas, as enchentes causaram prejuízos de mais de 10 bilhões de dólares na Suíça.

Para reduzir os danos, o país adota uma estratégia integral de prevenção às cheias;
■ combina obras de construção civil com medidas de organização e planejamento,
■ controle rígido da ocupação do solo e proteção ao meio-ambiente.
■ seguro obrigatório cobre os prejuízos em caso de catástrofe.

Investimento anual
Os governos federal, estaduais e municipais da Suíça investem anualmente em torno de 3 bilhões de dólares em medidas de proteção contra riscos naturais, especialmente contra enchentes e avalanches de neve.
Mas isso ainda não torna o país imune a catástrofes. As enchentes de 2005 e 2007 mostraram que a prevenção ainda pode ser melhorada, sobretudo diante das previsões de que intempéries extremas podem se tornar mais freqüentes com a mudança climática.
Para o quadriênio 2008-2011, somente o governo federal prevê investimentos de 708 milhões de dólares na proteção contra cheias. Os 26 estados pedem um aumento desse montante para 1,3 bilhão. Mas, devido aos gastos adicionais com as duas últimas cheias, o máximo que Berna está disposta a dar é em torno de 1 bilhão de dólares.

Prejuízos
Apesar de investir muito em prevenção, o país teve grandes prejuízos materiais decorrentes das enchentes nas últimas três décadas. Na do ano passado, que atingiu o centro, oeste e noroeste do país, houve também vários feridos, mas nenhuma morte.

Mais mortes no esqui do que nas cheias
"Na Suíça morrem menos pessoas por causa de enchentes do que por desrespeito às regras nas pistas de esqui", compara o secretário-adjunto de Meio Ambiente do país, Andreas Götz. "Como temos uma longa experiência com cheias, a consciência dos riscos é muito forte", acrescenta.

Tragédia no Vale Itajaí
Andreas Götz recebeu de um funcionário de sua secretaria fotos da tragédia no Vale do Itajaí com o seguinte comentário: "Veja o que pode acontecer quando não se tem um sistema de proteção contra cheias". Götz diz que não se surpreendeu com o número de mortes em Santa Catarina. "Na China, mais de um milhão de pessoas morreram devido a enchentes nos últimos anos."

Know how de prevenção suíço,
Götz admite não conhecer as medidas preventivas adotadas no Brasil, mas acredita que o know how da Suíça, considerado um país modelo em proteção contra enchentes na região dos Alpes, pode ser adaptado a qualquer país.
"Temos estreitos contatos nessa área com o Japão. E acabamos de fazer um workshop com o ministro da Água da China. Ele disse que vai aplicar em seu país o que aprendeu conosco."

Sistema integral de prevenção às cheias
Com base nas experiências feitas durantes as catástrofes dos anos de 1980, o governo suíço reviu sua estratégia e adotou um "sistema integral de prevenção às cheias". Ele considera toda uma cadeia de fatores que podem influenciar uma enchente, desde a queda da chuva até o dano, e aponta as medidas que podem ser tomadas para diminuir os prejuízos. (ver gráfico)

O sistema inclui;
■ construção de muros, diques, pontes móveis, corredores de escoamento, bacias de retenção da água,
■ desassoreamento e renaturalização dos rios,
■ proteção das matas ciliares e áreas ribeirinhas.

Essas obras são combinadas com medidas de planejamento;
■ proibir construções em áreas de risco
■ de organização (planos para evacuar atingidos),
■ aprimoramento dos sistemas de avaliação de riscos, de medição e de alerta do nível das águas,
■ planos de emergência nacionais, estaduais e municipais.

Mapas das áreas de risco
Além disso, a Secretaria Federal de Meio Ambiente (Bafu, na sigla em alemão) está mapeando todas as áreas de risco do país (a metade já está feita), uma medida que enfrenta a resistência de proprietários que temem a desvalorização de seus imóveis. Contra esse temor, Götz tem um argumento simples: "A proteção contra cheias é sempre melhor do que de repente perder a vida. O poder público tem a obrigação de proteger os cidadãos contra riscos".

Segundo Götz, os mapas de risco são indispensáveis para aperfeiçoar constantemente o sistema de proteção e usar os recursos públicos da melhor maneira possível. "Com essas informações, é possível até simular a possível evolução de uma enchente e ensaiar a reação das autoridades nos três níveis de governo", explica.

A Suíça também usa dois sistemas de alerta contra catástrofes naturais: além de um serviço federal, agências de meteorologia privadas disparam alertas via SMS. "Quanto melhor a previsão tanto mais rápido pode ser a reação. Mas o alerta sozinho não basta. O importante é que, com base no alarme, sejam tomadas as decisões corretas", afirma Götz.

Seguro obrigatório
Quando, apesar de todas as medidas preventivas, ocorrem prejuízos, como foi o caso em 2005 e 2007, um seguro obrigatório contra incêndio e riscos naturais repõe as perdas privadas (fora estragos no terreno) e o Estado reconstrói a infra-estrutura, explica Olivier Overnay, diretor do Departamento Nacional de Proteção contra Enchentes da Suíça.
Sem esse seguro, ninguém pode construir na Suíça. Pelo fato de ser obrigatório para todos os proprietários de imóveis, é relativamente barato para os padrões suíços. Overnay ilustra isso com um exemplo.
Para uma casa no valor de 500 mil francos (413 mil dólares), situada no cantão (estado) de Friburgo, no oeste da Suíça, o seguro é de 210 francos (173 dólares) ao ano. A taxa corresponde a 42 centavos de franco por 1.000 francos segurados. Se o imóvel for destruído por incêndio ou catástrofe natural, o seguro repõe um de mesmo valor de mercado.

A taxa do seguro varia de cantão para cantão, porque a prevenção às cheias na Suíça é principalmente uma tarefa dos estados, mas a idéia que está por trás é a mesma em todo o país: "criar um máximo de solidariedade a um custo mínimo para que ninguém passe necessidade ou fique sem teto depois de uma catástrofe", explica Overnay.

"Não se pode impedir completamente os prejuízos, mas a meta tem de ser, pelo menos, reduzi-los ao mínimo", diz Overnay. E Andreas Götz completa: "A melhor proteção contra cheias é dar espaço suficiente à água, tanto nos rios quanto em áreas de retenção. Cada metro colocado à disposição da água também significa um espaço de vida a mais para a natureza."

A catástrofe não cai do céu : Sistema integral de proteção

Proteção contra cheias
Exemplos de medidas de prevenção às enchentes na Suíça.

O governo suíço adota um "sistema integral de proteção contra enchentes", que considera os diferentes fatores envolvidos e combina obras de construção civil com medidas logísticas, planos de emergência e preservação ambiental.





Foto: A ponte Saltina, em Brig (oeste da Suíça), pode ser elevada durante cheias, um sistema que é adotado também em outras regiões.









Foto: Com os blocos de concreto articulados, usados em Kuessnacht, perto de Zurique, um prédio inteiro ou até um povoado pode ser cercado rapidamente por um muro de proteção contra cheias.

Fonte:Swiss Info - 5 de Dezembro de 2008









Vídeo - Inundação no Vale do Itajaí

Comentário:
As recomendações dos especialistas suíços são idênticas dos especialistas brasileiros, porém na Suíça os órgãos dos governos têm mentalidade de prevenção de riscos com cultura de gerenciamento em que as partes envolvidas se convergem em busca da minimização dos danos. Une execução de obras com planejamento (proibição de construções em áreas de riscos, plano de evacuação e de emergência).
Na Suíça existe uma preocupação no uso e ocupação do solo, enquanto no Brasil temos apenas leis virtuais, o governo finge que fiscaliza.
Alguns especialistas em Santa Catarina apontam o excesso de chuva como à causa principal, mas esquecem o que houve de errado no passado e no presente no uso e ocupação solo na área urbana e rural. Os acidentes similares podem ser prevenidos no futuro. Entretanto, os registros históricos demonstram que tais desastres se repetem após um ciclo. As pessoas e os governantes mudam e as lições são esquecidas.
Vi na televisão o semblante do governador de SC, preocupado e tenso, mas ao mesmo tempo ele incentiva mudanças na lei ambiental facilitando o desmatamento e a ocupação do solo em região críticas. O Estado de Santa Catarina terá um prejuízo de alguns bilhões de reais no PIB do Vale do Itajaí afetando o PIB do Estado. Alguns moradores não retornarão as condições de vida antes do desastre (o que aconteceu em Nova Orleans, falência de pessoa física). As pequenas e médias empresas sofrerão muito para retornar as atividades plenas antes do desastre, algumas fecharão as portas ao longo da retomada das atividades.
Lembrando o livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson;
■ A natureza é vulnerável a intervenção humana
■ A natureza é silenciosa, mas é devastadora.
ACCA

Desastre do Morro do Baú pelo Google Earth
Como utilizar o arquivo:
1 - Clique duas vezes no arquivo abaixo, ele abrirá automaticamente o Google Earth, já com o zoom na área atingida.
2 – Cada ponto tem uma ou mais fotos associadas. Clicando no ponto, abrirá um hiperlink para foto, que deve ser clicado para abrir a foto no próprio Google ou no navegador.
3 – É necessário ter no computador o Google Earth para visualizar o arquivo. Quem não o tiver pode baixá-lo em http://earth.google.com/.

Levantamento fotográfico Morro do Baú - Epagri-Ciram

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posted by ACCA@10:27 PM

2 Comments:

At 5:41 PM, Blogger Unknown said...

Olá achei interessante este texto, gostaria de um contato do proprietário do blog para saber mais detalhes, como por exemplo, qual a autoria deste texto.
Paula

 
At 12:28 AM, Blogger ACCA said...

Paula
Este artigo é da Suiça do portal SwissInfo. São notícias publicadas para o mundo.

 

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