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terça-feira, maio 13, 2008

Maior shopping de Curitiba abre as portas, com irregularidades

O shopping, que abriu as portas ao público às 11h de sexta-feira, 9 de maio, não tem laudo do Corpo de Bombeiros e nem alvará da prefeitura que permitem o seu funcionamento.

Bombeiros realizaram uma vistoria e constataram uma série de irregularidades;
■ Problemas nos equipamentos de combate a incêndio, nas saídas de emergência e no sistema de exaustão de fumaça do shopping.
■ O chefe do setor de vistorias do Corpo de Bombeiros, disse que o sistema de sprinkler não pôde ser testado pela falta de água na tubulação.
■ As saídas de emergência seriam pequenas e não sinalizadas.
■ Os bombeiros também apontam como irregularidade a falta de um sistema de tubulação para exaustão de fumaça que deveria percorrer todo o prédio, desde o subsolo até o exterior. “Em caso de incêndio a fumaça não seria dissipada e poderia intoxicar os freqüentadores”, explica Fernandes.
O laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros é um dos requisitos obrigatórios para que a Prefeitura emita o alvará de funcionamento para o shopping.


Foto: Faltam vidros de proteção em muitos locais. Uma situação perigosa para crianças.


Empresário nega irregularidades no sistema de segurança do shopping
Segundo Anibal Tacla, diretor do grupo Tacla, responsável pelo empreendimento, quando a vistoria ocorreu, algumas obras ainda não estavam prontas. “Algumas coisas foram feitas no outro dia e no dia seguinte. Estamos pedindo para o Corpo de Bombeiros uma nova vistoria. Dentro da opinião dos nossos engenheiros, as condições básicas estão plenamente atendidas”, diz.

O que prevalece é o interesse comercial e não a segurança
Anibal Tacla conta que a decisão de inaugurar o Palladium, mesmo sem a documentação necessária, foi tomada para poder cumprir os contratos publicitários fechados para a data, previamente pagos com o chamado fundo de promoção, rateado com o dinheiro dos lojistas, e por pressão das lojas, que já estão com funcionários contratados e mercadoria parada nas prateleiras. “Fizemos uma avaliação há uma semana e achamos que as coisas essenciais estariam prontas”, diz Tacla.

O chefe do setor de vistorias do Corpo de Bombeiros, diz que a atual situação do shopping oferece riscos ao próprio Corpo de Bombeiros, na necessidade de atuação em caso de algum sinistro. Na tarde de sexta-feira, 9 de maio, o tenente convocou os responsáveis pelo Palladium para uma reunião na qual entregou um laudo técnico apontando item por item as orientações necessárias para a liberação do shopping. “A nova vistoria não tem data. Para ser feita, é preciso que eles formalizem uma documentação técnica do projeto com as adequações sugeridas e apresentem soluções alternativas para as medidas não adotadas”, diz Fernandes.

Foto: Entulho na parte do fundo do shopping que não foi terminada

Público, lojistas e obras em andamento e acidente
Considerado o maior shopping do Sul do Brasil, sexta-feira de manhã, 9 de maio, parte das lojas ainda estava fechada ou com funcionários arrumando o estoque de produtos. Os estabelecimentos já finalizados aproveitaram para lucrar com o grande número de visitantes, que tiveram trabalho para desviar de pedreiros, eletricistas e áreas isoladas. Uma funcionária de uma das lojas do shopping escorregou no piso empoeirado e foi encaminhada pelo Siate para um hospital da cidade. Ela sofreu ferimentos leves.

Liminar que pede interdição do shopping
O pedido de liminar movido pelo Ministério Público a fim de interditar o Shopping Palladium será analisado pelo juiz da 3ª Vara Cível de Curitiba. O Ministério Público alega que a falta de alvará de funcionamento e do laudo do Corpo de Bombeiros justificam a interdição do local. O shopping recebeu na sexta-feira o laudo técnico dos bombeiros indicando as modificações a serem feitas para a liberação do laudo definitivo. A assessoria de imprensa do Palladium informou que as modificações já estão sendo feitas durante as madrugadas. A previsão da administração do Palladium é que o alvará definitivo saia no máximo até a semana que vem.

Inauguração especial para os convidados
O coquetel de inauguração, na noite de quinta-feira, 8 de maio, foi reservado para convidados. Entre as autoridades presentes estavam o vice-governador do estado, o prefeito de Curitiba, e o secretário municipal de Turismo.

Shopping inaugurado com obras em andamento
O novo centro comercial foi inaugurado com 86% das suas 356 lojas e 12 restaurantes prontos. Segundo Anibal Tacla, diretor do grupo Tacla, responsável pelo empreendimento, dentro de 15 dias ele deve estar 95% concluído. “São praticamente 400 obras para serem concluídas no mesmo momento, com toda a variedade de problemas que isso pode acarretar” disse Tacla.

O que diz os primeiros visitantes do shopping
■ A auxiliar de enfermagem Regina Batista Ramos aproveitou que trabalha próximo do shopping e foi visitar o local. ''O lugar está muito bonito, mas deveriam ter esperado mais um pouco para abrir. A inauguração seria mais impactante'', opina.
■ A poeira acumulada no terceiro andar irritou a recepcionista Milena Cristina dos Santos. ''Tive uma crise de rinite e saí de lá. Vim almoçar mas há poucas opções abertas'', conta. O primeiro restaurante a ficar pronto finalizou as obras nove horas antes da inauguração.
■ A advogada Sandra Amaral não acredita que as obras inacabadas sejam um problema. ''Está tudo ótimo. Temos que ter paciência já que é um empreendimento muito grande''.

Valor do investimento
Para a construção do shopping foram investidos R$ 280 milhões. Depois de pronto, o Palladium deve gerar 5,5 mil empregos diretos. A previsão de faturamento é de cerca de R$ 500 milhões nos primeiros 12 meses.

Palladium recebeu 300 mil visitantes no fim de semana
A curiosidade do consumidor curitibano foi maior do que a polêmica envolvendo o alvará de funcionamento do Shopping Palladium, no Portão. No fim de semana de sua inauguração, o empreendimento recebeu cerca de 300 mil visitantes. O número superou a previsão da organização do shopping.
Grande parte dos freqüentadores foi ao Palladium motivada pela curiosidade. Moradores de vários bairros da capital paranaense, especialmente da região sul da cidade, se deslocaram ao local e enfrentaram filas no acesso ao shopping, no estacionamento e até mesmo nas lojas. Para os lojistas, o movimento foi bastante satisfatório.

Canteiro de obras continua
O shopping ainda é um grande canteiro de obras. Estão em construção às salas de cinema, o centro comercial e a sala de cinema digital, que devem ficar prontos apenas no segundo semestre.

Fontes: Jornale; Gazeta do Povo e Folha de Londrina, no período de 9 de maio a 12 de maio de 2008

Comentário
Durante a inauguração para os convidados restritos estavam presentes autoridades públicas da cidade e do Estado, as quais deveriam dar exemplo, pois o shopping estava irregular perante ao poder público, mas essas autoridades funcionam como blindagem de autorização de funcionamento do empreendimento.
Os bombeiros vão ao local para efetuar inspeção no sistema de proteção contra incêndio, constata que não há água para funcionamento do sistema de sprinkler. A água é um requisito básico para o sistema de proteção de incêndio, sem levar em conta as características técnicas do sistema (vazão, pressão, área de cobertura, etc). O diretor do empreendimento acha natural esse problema, o que se deduz a falta completa de conscientização de segurança. Na fase final de qualquer shopping, durante a montagem de lojas estão presentes vários fatores de riscos, tais como; instalação elétrica em execução, revestimentos combustíveis, pintura, cola, etc., simultaneamente com o acabamento do shopping, corte e solda, instalação elétrica, entulho, etc., que tudo isso pode gerar foco de incêndio ou um grande incêndio. O que aconteceria se no local houvesse um incêndio em que o sistema de proteção contra incêndio não está pronto e não tem água?
No caso em questão, o Corpo de Bombeiros apontou as deficiências de segurança do local, e encaminhará o relatório a prefeitura para tomar as providências necessárias. Culpa de quem, se o shopping está funcionando com irregularidades?

Para obter o alvará, a empresa precisa apresentar às secretarias municipais de Urbanismo e Finanças o laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros que autorize as atividades. Para abertura de qualquer empreendimento comercial sem alvará está sujeita a sanções legais, que se iniciam por notificação, passam por autuação (multa) e podem chegar a embargo. Enquanto a burocracia pública empurra o problema, o shopping continua funcionando, como se estivesse tudo perfeito.

Em todo grande incêndio no país, ninguém estava preparado (os responsáveis pela segurança do prédio, a fiscalização pública e o Corpo de Bombeiros) para combater ao incêndio, prevalecendo à falta de planejamento e preparação. O pior de todos os riscos, a insegurança do prédio, as deficiências dos órgãos públicos, auxiliam para que o incidente se torne uma tragédia.

Vide artigo sobre segurança de shopping, já publicado
http://zonaderisco.blogspot.com/2008/05/shopping-preveno-melhor-estratgia.html

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posted by ACCA@7:37 AM