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quarta-feira, abril 10, 2024

EXPLOSÃO EM SILO DA COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL C.VALE, EM PALOTINA (PR)

 

Uma explosão em um silo da cooperativa agroindustrial C.Vale, em Palotina (PR), a 595 km de Curitiba, deixou pelo menos dois mortos, duas pessoas feridas em estado grave e nove desaparecidos no final da tarde de quarta-feira (26/07).  

A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros.

O QUE ACONTECEU:

A explosão ocorreu em um túnel de transporte de grãos, por volta das 16h50, mas a causa ainda não foi identificada, segundo a C.Vale informou em comunicado. A cooperativa ressaltou que a "prioridade" agora é a "integridade dos colaboradores atingidos e seus familiares".

O silo estava sendo usado para armazenar milho e fica a nove quilômetros do centro de Palotina, numa área com vários silos. A explosão teria ocorrido em um túnel de transporte e, segundo os bombeiros, também destruiu parcialmente outros dois silos.

Funcionários da cooperativa estavam fazendo a manutenção na estrutura quando ocorreu a explosão, cuja causa ainda não foi identificada.

Por volta das 20h, os bombeiros ainda não haviam conseguido entrar no silo destruído. Como ele ameaçava ruir, primeiro foi necessário fazer o escoramento da estrutura, para ingressar com segurança e procurar os desaparecidos.

DANOS A CIRCUNVIZINHANÇAS

Há relatos de que o estrondo foi ouvido a quilômetros de distância e chegou a provocar a quebra de vidros de janelas de imóveis que ficam em bairros próximos ao local

EXPLOSÕES EM CADEIA


O Corpo de Bombeiros detalhou que houve ao menos cinco explosões em sequência em um silo de secagem de grãos da cooperativa. Segundo a corporação, as explosões começaram por volta das 16h50.

O capitão Guilherme Rodrigues, do Corpo de Bombeiros, detalhou que o ambiente onde ocorreu a primeira explosão é bem fechado e com bastante pó, com partículas inflamáveis que, em contato com qualquer fagulha, podem provocar explosões em série.

"Essas partículas pegam fogo com facilidade. Essa primeira explosão faz com que outras partículas em estruturas metálicas também sofram o mesmo efeito."

Conforme o oficial, oito pessoas estavam no local da primeira explosão. As outras acabaram destruindo quatro barracões no entorno, onde trabalhavam mais vítimas.

CORPO DE BOMBEIROS

Os bombeiros disseram que foram acionados por volta das 17h, quando foram até o local. Uma força-tarefa com 11 viaturas, mais de 35 socorristas e cães de Palotina, Cascavel e Toledo foi mobilizada para ajudar a conter as chamas e socorrer os feridos.

VÍTIMAS

Oito pessoas morreram, onze ficaram feridas e uma está desaparecida. Por volta da 1h30 de quinta-feira (27), os bombeiros informaram que um trabalhador foi resgatado com vida.

Na quinta‑feira (27/07/2023) , 10 pessoas estavam em estado grave, mas com a oitava morte, passam a ser nove os feridos gravemente. Uma pessoa está desaparecida, segundo Defesa Civil.

Todos os feridos foram encaminhados para hospitais da região.  

Oito pessoas morreram e 11 ficaram feridas no acidente. As vítimas são sete haitianos e um brasileiro, segundo os bombeiros. Segundo a Secretaria de Saúde (Sesa), 9 pessoas estão em estado grave.  

RESGATE

O capitão Rodrigues, do Corpo de Bombeiros, explicou que parte das vítimas estavam em um túnel que interliga os armazéns do silo na hora das explosões.

"As vítimas estavam no subsolo, nesse túnel, e a estrutura veio abaixo por conta da explosão. Estamos trabalhando o mais rápido possível no resgate. É uma corrida contra o tempo." O oficial detalhou, também, onde dois corpos estavam. "Provavelmente elas foram atingidas pela onda de choque que se propaga no momento da explosão e acabaram morrendo [...] Um dos corpos estava à frente do armazém, onde era realizado o serviço, e outra vítima estava atrás", afirmou.

RESGATE DE DESAPARECIDOS

Um trabalhador que estava entre os desaparecidos foi resgatado com vida após oito horas de buscas, na madrugada de quinta-feira (27). O homem foi socorrido em estado grave e levado para um hospital de Cascavel.

O trabalhador socorrido durante a madrugada  é haitiano e sofreu queimaduras pelo corpo, segundo os bombeiros. Ele foi o primeiro a ser resgatado entre os funcionários que estão desaparecidos.

CAUSA PROVÁVEL

De acordo com o major Tiago Zajac, a explosão ocorreu no interior do túnel de um dos silos da cooperativa. Na sequência, se estendeu a outros três tuneis interligados.

O major explica que o período atual é de colheita da safra de milho, e que esses armazéns recebem o produto e o estoca até a secagem, para então ser processado.

O major acrescenta que as causas da explosão serão investigadas pelos peritos da polícia científica. Ele, no entanto, antecipou algumas das hipóteses sobre quais substâncias presentes no local poderiam ter servido de combustível para a explosão.

“A compactação da massa de milho pode produzir gás por conta da fermentação. É também possível que a explosão tenha sido causada pela poeira do milho, que também pode gerar uma atmosfera explosiva”, disse o major. “Esses riscos tornam imprescindível a limpeza rotineira desses tuneis”, acrescentou.

O QUE DIZ A EMPRESA

A C.Vale se pronunciou por meio de nota e disse que está colaborando com as forças de segurança.  

"A C.Vale comunica aos seus associados e comunidade em geral que nesta quarta‑feira, 26 de julho, às 16h50, um sinistro de grandes proporções atingiu nossa unidade central de recebimentos de grãos em Palotina, oeste do Paraná, devido a causas ainda não identificadas.

No momento, a prioridade está centrada na mobilização de todos os esforços e recursos necessários à preservação da integridade dos colaboradores atingidos pelo incidente e apoio aos familiares das possíveis vítimas atingidas.

No momento, todas as equipes de segurança da cooperativa estão ativas colaborando com autoridades públicas envolvidas, visando minimizar efeitos desse lamentável evento.

Assim que todas as variáveis forem identificadas e apuradas as repercussões geradas pelo incidente, nova nota de esclarecimento será emitida pela equipe de gerenciamento de crise instalada nessa oportunidade".

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO INVESTIGARÁ  A COOPERATIVA

O Ministério Público do Trabalho de Cascavel (MPT) abriu um inquérito civil para investigar eventuais responsabilidades na série de explosões que resultou em mortes na cooperativa C. Vale, em Palotina, no oeste do Paraná.

Conforme o órgão, a investigação vai tentar descobrir se houve irregularidade por parte da empresa na hora do incidente. "O MPT investigará aspectos relacionados à regularidade dos trabalhadores vitimados pela explosão no silo", diz a nota.

DANOS MATERIAIS NA VIZINHANÇA

Cerca de 200 imóveis foram danificados informou o secretário de administração do município Lucas Pedron na segunda-feira (31).

"Todas com pequenos danos, nenhum dano grave que necessite de mobilização. [...] A C.Vale está trabalhando primordialmente para o ressarcimento desses danos e atendimento as vítimas", afirmou o secretário. Entre os danos, estão portas, vidraças e telhados que foram atingidos por destroços ou mesmo pelo tremor causado pelas múltiplas explosões registradas.

VÍTIMAS – BALANÇO FINAL

A tragédia na cooperativa completou um mês no sábado (26/08). A série de explosões registradas no dia 26 de julho em um silo de grãos provocou a morte de dez pessoas e deixou outras dez gravemente feridas.

LAUDO DIVULGADO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

 O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) concluiu que a explosão que atingiu o silo de secagem de grãos da cooperativa agroindustrial C. Vale, em Palotina (PR), em 26 de julho de 2023, foi causada pelo excesso de poeira de grãos em suspensão e depositada em diversos pontos da unidade. O acidente causou a morte de dez trabalhadores e deixou outros dez feridos.

De acordo com a nota divulgada pelo MTE;

·        a poeira de grãos estava no ar,

·    também, concentrada no chão, nas paredes e máquinas, dentro dos túneis subterrâneos das esteiras transportadoras de grãos.

O laudo explica que a poeira pode se tornar um combustível, quando somada à presença de oxigênio e associada a uma fonte de ignição (combustão), que teria lavado à explosão na empresa.

No documento, o Ministério do Trabalho e Emprego expõe situações que poderiam ter iniciado o acidente na cooperativa paranaense;

·        como um curto nas instalações elétricas precárias,

·        aquecimento por fricção dos roletes das esteiras transportadoras de grãos,

·        faíscas em motores ou outro fator a ser identificado pela perícia técnica.

OUTRAS IRREGULARIDADES

Os cinco auditores-fiscais da Inspeção do Trabalho detectaram outras irregularidades no local;

·        como trabalhadores avulsos que não possuíam capacitação adequada para o trabalho em espaços confinados;

·        falta de supervisão suficiente;

·        excesso de jornada;

·        falta de descanso semanal;

·        vestimentas inadequadas para a área de trabalho;

·        ingresso de trabalhadores nos túneis em funcionamento sem a devida parada do sistema;

·        sistemas de transporte por correias sem monitoramento de temperatura e desalinhados;

·        pressão por prazos (safra com alta demanda);

·        instalações elétricas inadequadas.

Durante a investigação, os auditores-fiscais identificaram outras questões de descumprimento de itens de gestão da cooperativa;

·        como a ineficácia dos sistemas de controle para retirada da poeira em suspensão,

·        não havia procedimento suficiente de limpeza da poeira depositada nos túneis;

·        e a empresa não tinha uma gestão adequada dos seus espaços confinados.

Uma norma do ministério define como espaços confinados aqueles que não são projetados para ocupação humana contínua; que possuem meios limitados de entrada e saída; e onde existe atmosfera perigosa, por exemplo, com a possibilidade de explosão.

A equipe de fiscalização lavrou 26 autos de infração, ainda em fase de recurso por parte da empresa.

Fontes: g1 PR e RPC Cascavel - 26/08/2023; g1 PR-29/07/2023; RPC Cascavel e g1-27/07/2023; Agência Brasil – 27/07/2023; g1 PR e RPC - 27/07/2023; g1 PR e RPC Cascavel - 26/07/2023;  UOL, em São Paulo-26/07/2023; Agência Brasil – Brasília - Publicado em 20/03/2024

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sábado, setembro 22, 2018

Armazéns de grãos: Mortes silenciosas de trabalhadores

MORTES POR SUFOCAMENTO
Os ajudantes Edgar Jardel Fragoso Fernandes e João de Oliveira Rosa iniciavam o expediente na Cooperativa C. Vale, em São Luiz Gonzaga (RS), quando foram acionados para desentupir um canal de um armazém carregado de soja.
Era abril de 2017, quando a colheita da oleaginosa confirmava as previsões de que o Brasil atingiria a maior safra de sua história. Enquanto tentavam desobstruir o duto caminhando sobre os grãos, os dois afundaram nas partículas. Morreram asfixiados em poucos segundos, encobertos por várias toneladas de soja.

Acidentes como esse em armazéns agrícolas têm se tornado frequentes conforme o agronegócio brasileiro bate sucessivos recordes -expondo um efeito colateral pouco conhecido da modernização do campo.

OCORRÊNCIAS
Desde  2009, ao menos 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a grande maioria por soterramento.
Cada vez mais comuns nas paisagens rurais do país, silos são grandes estruturas metálicas usadas para armazenar grãos, evitando que estraguem e permitindo que vendedores ganhem tempo para negociá-los.
Foram contabilizados apenas casos noticiados pela imprensa, o que, segundo especialistas, indica que as ocorrências sejam ainda mais numerosas, pois nem todas as mortes são divulgadas.
O ano com mais acidentes fatais foi 2017, quando houve 24 mortes, alta de 140% em relação ao ano anterior. Em 2018, houve 13 ocorrências até julho -sinal de que as mortes devem se manter no mesmo patamar de 2017, considerando-se o histórico de distribuição das ocorrências ao longo do ano.
Os estados que tiveram mais casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: 
■Mato Grosso (28),
■Paraná (20),
■Rio Grande do Sul (16) e
■Goiás (9).
Houve mortes em 13 estados distintos, em todas as regiões do país.

Sorriso (MT), o município brasileiro com maior valor de produção agrícola -R$ 3,2 bilhões em 2016, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)- foi também o que registrou mais mortes em silos, empatado com a também mato-grossense Canarana, com sete casos cada.

TRABALHOS MAIS PERIGOSOS NO BRASIL
"Os dados são estarrecedores", diz  Idelberto Muniz de Almeida, professor de Medicina do Trabalho da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu.
Segundo ele, o levantamento indica que o trabalho em silos está entre as atividades com mais acidentes fatais no país, depois das profissões sujeitas a mortes no trânsito.
Não há estatísticas oficiais precisas sobre mortes em armazéns de grãos no Brasil. Quando trabalhadores sofrem acidentes, cabe ao empregador informar a ocorrência ao Ministério da Previdência Social. No formulário de notificações, porém, não há um código para armazéns agrícolas, englobados pela categoria mais abrangente de "depósitos fixos".

SETOR DE ARMAZENAGEM
Segundo o ministério, o setor de armazenagem -que inclui o trabalho em silos de grãos, mas também em vários outros tipos de armazéns- teve 11,13 mortes a cada 100 mil trabalhadores em 2016, último ano com dados disponíveis. O índice deixa o setor entre os 25% campos econômicos mais mortíferos para trabalhadores no Brasil.
Em outro sistema de contagem, o Ministério Público do Trabalho -braço do Ministério Público da União- registrou 14 mortes de trabalhadores por asfixia, estrangulamento ou afogamento causados por cereais e derivados entre 2012 e 2017.

MORTES EVITÁVEIS
O professor Idelberto Almeida afirma que a maioria dos acidentes em silos ocorre quando medidas de prevenção não são adotadas ou não funcionam de forma adequada. "As estratégias para evitar esses acidentes são amplamente conhecidas há pelo menos 15 anos", diz.
Segundo o professor, a ocorrência de vários casos em um mesmo estado ou município indica que "o poder público tem se mostrado impotente" diante do fenômeno.
Mortes mais comuns em silos ocorrem quando trabalhador afunda na massa de grãos e é asfixiado
Em geral, soterramentos em silos matam em instantes. O trabalhador é asfixiado ao afundar nos grãos e não consegue subir à superfície, como se fosse sugado por uma areia movediça.
Na maioria dos casos, ele é engolido ao caminhar sobre os grãos sem cordas de segurança enquanto tenta movimentar as partículas para desobstruir dutos. Os grãos costumam se aglutinar quando há excesso de umidade, travando o funcionamento do silo.
Em outros casos, menos numerosos, o trabalhador é encoberto por uma avalanche de grãos quando paredes do armazém colapsam -pondo em risco até quem está fora da construção- ou quando há grandes deslocamento de partículas dentro da estrutura.
Silos podem ainda explodir se tiverem grande quantidade de pó de cereais -material que se transforma em combustível quando em contato com superfícies muito aquecidas ou faíscas.

SOBREVIVENTE DE ACIDENTE EM SILO
Quando é envolto pelos grãos, o trabalhador raramente sobrevive.
Por isso, quando Anderson Rodrigo Reis começou a afundar em um monte de soja em um silo em Paranapanema (SP), pensou que não escaparia.
"Gritei: 'pelo amor de Deus, me segura que estou indo para baixo e vou morrer, não estou achando o chão, estou afundando, afundando!'", conta ele.
Hoje com 40 anos, Reis trabalhava desde 2014 na Cooperativa Agro Industrial Holambra como ajudante geral.
Naquele dia, em julho de 2017, entrou no silo para ajudar a carregar um caminhão. Foi quando um colega, diz, prendeu a perna na pilha de grãos ao empurrar a soja para o canal que abastecia o veículo.
"Puxei ele, mas senti que a soja estava fofa e era melhor sair. Ajudei ele a tirar a botina e, quando estávamos saindo, afundei de vez."
Em alguns segundos, diz o ajudante, os grãos chegaram à cintura. O colega tentava puxá-lo pelos ombros, mas a pressão da soja sobre o corpo impedia que fosse içado.

Quando estava só com o pescoço para fora, seu pé tocou a borda de uma estrutura metálica. Foi naquele ponto que o ajudante geral se apoiou por quase cinco horas, até ser resgatado por uma equipe de bombeiros. Ele diz que a pressão da soja o obrigava a respirar "bem devagarinho". "Vai apertando como lata de sardinha; você não sente dor numa parte, sente em tudo."
Reis conta que, apesar da gravidade do acidente, a empresa relutou em esvaziar o silo para facilitar o resgate, pois não queria perder dinheiro com o descarte. Mas relata que os bombeiros insistiram e abriram uma fenda na lateral da construção, permitindo que o nível de soja baixasse e ele fosse puxado.

CONHECIA OS RISCOS DO TRABALHO
O ex-ajudante diz que conhecia os riscos do trabalho em silos e havia sido treinado para a atividade. Ele sabia que, ao caminhar sobre a massa de grãos, trabalhadores deveriam estar presos por cordas a um sistema de ancoragem.
Mas afirma que, quando não havia técnicos de segurança no silo, como naquele dia, os supervisores afrouxavam as regras para acelerar os trabalhos. Ele não vestia cinto de segurança quando sofreu o acidente.
Desde aquele episódio, Reis nunca mais conseguiu entrar em silos. Ele diz que pediu à empresa para ser transferido a outros setores, mas que, nove meses depois do acidente, foi demitido sem justificativas.

GASES TÓXICOS EM SILOS
Bombeiro em Sorriso (MT), um dos dois municípios que registraram mais mortes em silos (7), o tenente Gustavo Souza já atendeu quatro casos de soterramentos em armazéns. Em todos eles, não houve sobreviventes.
Ele diz que, em alguns casos, o trabalhador cai nos grãos e é soterrado após passar mal com gases tóxicos produzidos por sua fermentação.
Há ainda casos em que as mortes são causadas unicamente pela inalação desses gases, como em ocorrências registradas em Poços de Caldas (MG), Cachoeira do Sul (RS) e Tangará da Serra (MT).
No acidente em Tangará, em 2011, a vítima foi justamente um bombeiro que tentava resgatar dois trabalhadores que haviam passado mal com gases tóxicos em um silo com soja. O soldado Valmir Bezerra de Jesus desmaiou durante a operação e passou 17 dias internado antes de morrer. Os dois trabalhadores sobreviveram.
As normas de segurança em silos incluem o uso de sistemas de ventilação e de detecção de gases tóxicos. Em situações extremas, trabalhadores só devem entrar nas instalações com máscaras de oxigênio.
Souza diz que resgatar trabalhadores nessas condições é uma das atividades mais temidas entre seus colegas. "Se a gente não toma cuidado com nossa própria segurança, também vira vítima."

ACIDENTES EM TRADERS DE GRÃOS
O levantamento mostra ainda que acidentes fatais ocorreram tanto em armazéns de cooperativas (normalmente geridas por grupos de produtores rurais) e de fazendas individuais quanto em silos de multinacionais que comercializam grãos, conhecidas no setor como traders.
Foram registradas mortes em armazéns das grandes empresas Cargill (4), Bunge (2) e Amaggi (1).
A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que representa as três multinacionais, diz que os silos de todas as propriedades e empresas ligadas à associação estão sujeitos a um rígido controle de segurança, que inclui a identificação de riscos, medidas preventivas e capacitação profissional.
Silos que armazenavam milho e soja predominam entre os locais de acidentes fatais, mas também houve mortes em armazéns de arroz, café, açúcar, ração animal e feijão.
Em seis casos, os mortos não eram trabalhadores, e sim parentes que os acompanhavam e jamais poderiam ter entrado nos silos.
Em 2017, uma mulher morreu soterrada em Alta Floresta (MT) enquanto levava um prato de comida ao marido, que trabalhava ali. Dois anos antes, um menino de 8 anos foi soterrado quando brincava em um silo na fazenda dos avós, em Três Lagoas (MS).
Desde 2015, outros dois meninos de 7 anos morreram soterrados em armazéns em Tangará da Serra (MT) e Marechal Cândido Rondon (PR), e uma menina de 9 anos morreu encoberta pela soja em Cerrito (RS).
Os acidentes ocorrem em um momento em que o país amplia a quantidade de armazéns agrícolas para acompanhar o aumento na produção.
Entre 2000 e 2016, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a capacidade de armazenagem de grãos no país cresceu 80%, favorecida em grande medida por linhas de crédito públicas.
Apesar do aumento, a companhia diz que a capacidade de armazenamento do Brasil precisaria crescer mais 48% para cobrir toda a produção atual.

NORMAS DE SEGURANÇA EM SILOS
As recorrentes mortes em silos no Paraná, segundo estado com mais registros (20), mobilizaram o Ministério Público do Trabalho (MPT) local.
No segundo semestre de 2017, o escritório do MPT em Londrina, que atua em 70 municípios, pediu a todas as empresas com silos informações sobre o cumprimento da norma 33 do Ministério do Trabalho, que rege as atividades em ambientes confinados -categoria que inclui o trabalho em armazéns de grãos.
A norma contém quase uma centena de orientações para prevenir acidentes nesses espaços, entre as quais proibir o acesso de pessoas não treinadas, testar com frequência os equipamentos de segurança e realizar simulações de salvamento.

MORTES EM SILOS EM OUTROS PAÍSES
Nos Estados Unidos, país com capacidade de armazenamento de grãos quase quatro vezes superior à brasileira, houve 23 mortes por soterramento em silos em 2017, segundo um estudo da Purdue University.
Até os anos 1970 e 1980, a maioria de mortes em silos nos EUA ocorria quando as unidades explodiam. Normas federais de segurança adotadas a partir de 1988 reduziram drasticamente essas ocorrências, mas as mortes anuais por soterramento continuaram na casa dos dois dígitos.
Naquele país, silos construídos em fazendas, que concentram boa parte dos acidentes, não são obrigados a seguir as normas federais de segurança..
Na Argentina, outro país com grande produção de grãos, mortes em armazéns também são frequentes. Em 1985, a explosão de um silo na cidade portuária de Bahia Blanca matou 22 pessoas e gerou comoção nacional.
Na China, um dos acidentes mais recentes em silos, ocorrido em 2017 na província de Shandong, causou seis mortes  ocasionada  por avalanche de grãos que encobriu os trabalhadores.

TRABALHADORES RESPONSABILIZADOS PELOS ACIDENTES
Irmão de Edgar Jardel Fragoso Fernandes, um dos trabalhadores soterrados no silo da C. Vale em São Luiz Gonzaga (RS), em 2017, o comerciante João Teófilo Fragoso Fernandes diz que o cumprimento de normas de segurança teria evitado as mortes.
Um laudo de auditores do trabalho após a ocorrência constatou o descumprimento de 27 regras de segurança na ocasião.
Entre as falhas citadas estavam a falta de capacitação dos profissionais, jornadas excessivamente longas e a inadequação dos equipamentos de segurança. Segundo o laudo, o silo não tinha qualquer sistema de ancoragem por cordas que impedisse o afundamento dos trabalhadores na massa de soja -item indispensável para a realização da atividade.
O documento diz que a cooperativa "culpou apenas os trabalhadores acidentados pela ocorrência, afirmando que eles não usavam cintos de segurança e não seguiram os procedimentos".
Os auditores afirmam, porém, "que não teria como haver a utilização de cintos de segurança sem pontos de ancoragem adequadamente projetados e instalados". A cooperativa teve o silo interditado após o acidente. Fonte: BBC News Brasil em São Paulo -28/08/2018

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quarta-feira, julho 26, 2017

Os fatores de explosão do silo DeBruce


Há dois modelos básicos para explicar uma catástrofe acidental como ilustrado na figura 1/1A.

O NEGATIVO
E a mais comum explicação é que um evento inexplicável, aleatório e imprevisível  (como o bote de uma serpente) controlado para iludir ou penetrar na vasta complexidade das medidas preventivas que foram planejadas e colocadas em práticas através da história   para prevenir sua ocorrência. Este ponto de vista é de longe o mais comum. É mantido pelos jornais, por políticos, e pelo público geral. Produz a freqüente e a incrédula pergunta? ”Como no mundo poderia acontecer ainda tal coisa?”.




O segundo modelo, em contraste direto ao primeiro, propõe que tal desastre é “um evento evidentemente bem sucedido, projetado e permitido por decisões gerenciais que põem no lugar todos os componentes necessários”.

Esta perspectiva positiva opõe-se a idéia que qualquer um deve ser surpreendido ou mistificado pelo evento. Apesar de tudo, foi projetado para acontecer!
Figura 1A-explosao
Quando o último fator necessário foi colocado no lugar, a catástrofe ocorreu de acordo com a programação, com o resultado que podia e deveria ter sido prontamente previsto e esperado. Nenhuma atribuição a “um ato de Deus” aqui.
O primeiro modelo comumente provoca uma resposta histérica, irracional, e reação intempestiva. Medidas supostamente corretivas, algumas que podem mesmo agravar a situação, mais adiante.

Sem reconhecimento de que tais perdas provavelmente possam continuar, até que seja empregada uma perspective geral de perda, um outro remendo é colado em um balão de escape (o autor explica, enquanto não analisar de forma global as perdas, as correções serão feitas por tentativas).

Por outro lado, o segundo modelo não atribui catástrofe para deliberar intenção ou planejamento diabólico pelos responsáveis pela decisão. Em vez disso, propõe que as decisões que coletivamente provocaram o desastre foram estabelecidas numa base individual, separada, não coordenada. Cada decisão foi uma gota d’água colocada num copo d’água e a última gota fez com o que o copo transbordasse. Ninguém viu as gotas como uma “carga”. Não houve nenhum ponto de vista abrangente que permitisse que as gotas fossem vistas simultaneamente e sistematicamente.

A explosão do silo da empresa DeBruce ocorreu justamente de acordo com qualquer outra explosão de silo. A respeito da causa, era idêntica a todas as outras. Cada uma necessita cinco coisas para acontecer simultaneamente. Em 8 junho 1998 em Wichita, os cinco fatores exigidos mostraram às 9 h 20 min, porque uma série de decisões da gerência da empresa permitiu sua ocorrência.

Importante perceber, todos os cinco fatores estão sempre presentes em qualquer silo de grão, mas não no mesmo momento, na mesma posição no interior do silo. A chave para  evitar uma explosão, então, é para prevenir o fator concorrente.

Um modelo conveniente e relevante para discutir os cinco fatores exigidos para explosão de um silo é conhecido como “pentágono da explosão”.
 Seus cinco lados são;
1- combustível (grão em pó),
2 – oxidante (ar),
3 – contenção do combustível e oxidante em confinamento (silo),
4 - dispersão do combustível no ar, e
5 - ignição.

 

 



O COMBUSTÍVEL (PÓ) – O PRIMEIRO LADO DO PENTÁGONO DA EXPLOSÃO 
A fonte de força compacta que destruiu o silo era nada mais do que finas partículas de grão. Estas partículas são comumente referidas como pó de grão. Entretanto, esta terminologia tem criado e difundido confusão e equívoco, mesmo entre aqueles que trabalham em silos. Muitos acreditam que o pó significa a sujeira mineral, tanto quanto aqueles que encontrariam ao redor dos seus lares.

Afinal, pano de chão, pano de pó são artigos comuns nos lares. Esta confusão é aumentada  na indústria de grão porque a manutenção apropriada de um silo é chamada de limpeza (housekeeping). Conseqüentemente, uma das distinções mais importantes a ser feitas para evitar explosões é reconhecer o caráter mortal do pó.
O açúcar em pó, leite em pó e o carvão em pó são termos comuns, mas de algum modo o grão pulverizado tornou-se conhecido como pó de grão (partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos ou atritos). Assim somente para finalidade de compreensão, combustível é discutido como pó de grão.

O pó de grão é criado por esforços mecânicos que são colocados na semente durante o processo de manipulação (incluindo a secagem). É simplesmente partículas minúsculas do pericarpo ou pele que envolve o grão. Sob um microscópio, esta pele assemelha-se a escama de peixe. Quando o grão é mexido ou agitado, aquelas escamas são desgastadas por atritos e tornam-se livre como pó de grão.

O processo de manipulação de grão inicia, certamente no campo, onde os grãos são removidos de seu formato de crescimento. E continua através de muitos estágios antes que o grão alcance seu estado final de utilização. A quantidade de pó produzido por cada etapa, provoca remoção de uma parcela do grão, resultando numa leve perda de peso no volume do grão.
Vários desses estágios ocorrem no silo. Tipicamente a massa básica, 90% de partículas de pó têm um diâmetro inferior a 200 u (duzentos micros ou 0,2 milímetros).

Num silo, este pó pode estar suspenso no ar, assentado em superfície horizontal ou esteja aderindo às superfícies verticais. Pode estar facilmente visível nas instalações ou escondidos em locais fora do campo de visão.
Há muito folclore na indústria de grão sobre “quanto de pó é importante?”, que é crítico para reconhecer a base científica para seu explosividade. Um dos critérios iniciais que devem ser estabelecidos é o estado mecânico do pó, se está depositando ou aderindo às superfícies (passivas) ou se está em suspensão, transportando por via aérea, (ativo).

A quantidade de combustível disponível é bem enganosa se esse depende somente de quanto parece estar suspenso no ar. Por exemplo, somente 400 u (quatrocentos micros) de pó depositado (passivo) apenas no piso em uma sala, com pé direito de 2,40 m distribuído uniformemente em todo o volume da sala é bastante para explodir a sala inteira.
E uma pequena quantidade deste pó pode ser distribuída em toda sala de um pequeno volume e ainda produz uma mistura explosiva. Assim é importante utilizar o conceito de densidade de carregamento (quantidade de composição de propelente ou pirotécnico por unidade de volume expresso em g/cm3).

Se o pó está sempre em suspensão no ar (estado ativo), pelo critério popular que tem sido largamente difundido, que talvez possa ser tão enganoso em alertar os trabalhadores para o risco de explosão.
Um exemplo: “Se você não pode ver sua mão na frente de seu rosto, ele pode ser perigoso?” Se uma pessoa estiver numa sala ou numa área confinada, onde isto é verdadeiro, mais do que provavelmente o piso, as paredes, o teto, e todas superfícies restantes são carregados com o pó depositado, esperando a mais leve perturbação que converterá seu estado passivo ao estado ativo.

Infelizmente, mesmo as vozes profissionais acreditam ser confiável a respeito das explosões de silos, continuam a expressar idéias e conceitos que perpetuam o equívoco sobre o risco do pó.
Para ilustrar este ponto, Robert Shoeff, professor aposentado da Universidade de Estado de Kansas,  conhecido como historiador de explosão de silo foi citado largamente como dizendo, "o pó de grão que se encontra no silo é inofensivo”.

Lamentavelmente essa declaração é falsa e enganadora. Entretanto, ela gera e reforça o descaso entre os proprietários, operadores, e os empregados sobre o risco inerente de explosão de pó.

Sem nenhuma dúvida, o mais importante dos cinco fatores em explosões de silo é o combustível, não apenas de sua prevalência, mas sua facilidade de adaptação para manejo.

Figura 2-1 – OSHA -
Seu risco inerente é ignorado virtualmente na indústria de grão, com muitos olhando, como impossível controlá-lo. A gerência da empresa tinha pleno conhecimento do estado total de  descontrole do pó e ao mesmo tempo recusando reparar ou substituir equipamento de controle de pó que estava com defeito.

Compreendendo o potencial incrível liberado numa explosão de pó, que desafia a imaginação do homem comum.

As figuras 2-1, 2-2 2-3, devem ajudar em aumentar a consciência pública das forças que se desencadeiam contra as estruturas de concretos, reforçado com o aço, não somente em uma área localizada, mas totalmente na extensão da estrutura compacta. 




O OXIDANTE (AR), O SEGUNDO LADO DO PENTÁGONO DA EXPLOSÃO
Está também universalmente presente nos silos. É irmão gêmeo do combustível, eles combinam para fornecer a mistura química mortal que levanta milhões de toneladas verticalmente e é ouvida a 16 km de distância, como aconteceu em Wichita.

Figura 2-2 – OSHA

Porque a maioria dos silos está raramente localizada em altura elevada e a disponibilidade do oxigênio é adotada.

CONTENÇÃO – COMBUSTÍVEL E OXIDANTE

Os silos são talvez as estruturas ideais para explodir.

Primeiramente, seu projeto consiste uma quantidade de túneis (como se fosse cano de uma arma, um tubo inteiriço de aço,  destinado a receber o cartucho, resistir às pressões geradas pela deflagração da carga, através do qual o projétil é guiado, desde o momento que é disparado até o momento de sair do interior da arma), galerias extremamente longas, corredores retos ou  salas que parecem como uma arma.

Em segundo, muitos destes corredores, especialmente os túneis subterrâneos e silos, têm somente únicas saídas, em suas extremidades. Em outras palavras, eles permitem uma onda da explosão, uma vez que entra, não há opção, com exceção para expandir e acelerar para cima ou para baixo pelo canal, até as saídas nas extremidades, onde descarrega a força destruidora, provocando os danos.

Figura 2-3 – OSHA – Danos no silo – extremidade Norte

Em terceiro lugar, estes vários túneis (canos de arma) geralmente são conectados numa rede em que explosão e o fogo estão livres para entrar, girar, expandir, acelerar e desintegrar alguma coisa que pretende contê-los.

Em quarto, todos estes túneis (canos de arma) estão carregados todo tempo com uma incrível munição poderosa (seis vezes mais explosivo do que a pólvora negra!).

Quinto, a construção do silo consiste geralmente concreto reforçado que fornece resistência estrutural suficiente para permitir pressão de impacto (condição resultante da ignição pré‑comprimida dos gases em compartimento ou subdivisões, menos aqueles em que a ignição foi iniciadora) que assim causa a propagação da explosão antes da desintegração em todas as direções.

Assim o terceiro lado do pentágono da explosão-contenção e confinamento da mistura poderosa, combustível e oxidante (ao menos para as origens da explosão)

É profundamente acessível e pronto o tempo todo para a explosão violenta. O silo da empresa DeBruce, devido ao seu tamanho e complexidade, pode ter fornecido o exemplo clássico como a contenção inicial, subitamente, transforma‑se em desintegração.


DISPERSÃO DO COMBUSTÍVEL NO AR - O QUARTO LADO DO PENTÁGONO DA EXPLOSÃO, TRATA-SE DA ASSOCIAÇÃO.
Os gêmeos, combustível/oxigênio, devem ter a relação correta para cada um deles ser perigoso. Ao contrário de outras misturas combustível-ar, onde a combinação do combustível e o oxigênio pode ser tão rica (muito combustível) ou tão pobre (pouco combustível) como a mistura, ar e combustível de um carburador de um carro, o pó não tem nenhum limite superior de explosividade. Uma vez que a proporção de pó para o oxigênio alcança o limite inferior de explosividade, os resultados são inevitáveis e geralmente devastadores.
Uma explosão de pó inicial, entretanto grande ou pequeno, exige combustível em suspensão (pó) para encontrar a proporção adequada de oxigênio. Entretanto, a partir desse momento, a quantidade de camada de pó (passivo) disponível no caminho da explosão tornará, subitamente, dispersiva, inflamar-se-á, e continuará numa cadeia de explosões sucessivas e cada vez mais severas, como ocorreu no silo da empresa DeBruce.
Este ponto crítico é ignorado, negado, ou suprimido pelos gerentes do silo que acomodam com a existência de quantidades excessiva de pó.


IGNIÇÃO - O QUINTO LADO FINAL DO PENTÁGONO DA EXPLOSÃO
É geralmente reconhecido como importante. Entretanto, seu papel na explosão, enquanto  necessária, não é necessariamente sua “causa” As fontes de ignição fornecem a energia inicial exigida para conseguir uma reação química auto-sustentável, tal como o processo de combustão de uma explosão de pó.

Mas deve ter em mente que a maioria, se não todo, as fontes de ignição potenciais em uma explosão de pó têm energia distante em excesso (vários ordens de magnitude) de energia mínima de ignição exigida  para inflamar uma mistura ar e pó.

Uma fonte de ignição identificada não necessita fornecer a ignição direta de uma explosão. Pode diretamente conduzir o fogo que pode permanecer não detectado por horas, somente mais tarde, para agir como uma fonte de ignição muito eficaz para uma explosão.
O aspecto mais original da ignição é que este final do “efeito dominó” da figura 1-1 colocado em prática no lugar. Todos os outros fatores do “efeito dominó” podem ter estado no lugar por anos, esperando esse final.

A gerência pode intervir, todo o tempo, para examinar ou modificar seu significado. Em contraste, a ignição é “a peça do dominó que chega de surpresa” sem aviso ou possibilidade de intervenção.
Esta característica da surpresa, porque exclui de imediato a neutralização, faz da ignição o “efeito dominó” com menos assunto para predição e controle sistemático.

Pó exemplo, onde o relâmpago é uma fonte de ignição, não há nenhuma possibilidade para a gerência controlá-lo. A única possibilidade de evitar a explosão encontra-se em remover ou em modificar os outros fatores do “efeito dominó”, de modo que o silo torna-se impermeável à ignição.
Esta característica original da ignição conduz ao erro o mais sério para gerentes do silo, focalizando exclusivamente em fontes de ignição para evitar explosões do silo. É compreensível que a ignição parece ser a chave lógica e adequada  para evitar a explosão.

Certamente não há explosão que pode ocorrer sem ignição. E os quatro outros fatores do “efeito dominó” são menos dramáticos. Entretanto, eles parecem fixos e estáticos, enquanto as fontes de ignição sozinhas são dinâmicas. Mas um daqueles quatro fatores restantes, o combustível é também dinâmico em vez de estático. Entretanto, é totalmente controlado, enquanto as fontes de ignição podem ser parcialmente identificadas, deixando-as sozinhas controladas.
O pó, naturalmente, é como os passos de uma criança. Apesar disso, o grupo está convencido inequivocamente que a prioridade mais importante para evitar a ignição, deve ser atribuído à remoção do combustível disponível (pó) se as explosões do silo devem ser prevenidas.

A causa da explosão do silo da empresa DeBruce não foi a fonte de ignição. Foi a imensa quantidade de combustível residual existente por toda a extensão do complexo do silo.

Fonte: @ZR, U.S. Department of Labor – OSHA - Occupational Safety and Health Administration

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