PRÉDIO COM CARREGADOR PARA CARRO ELÉTRICO TERÁ QUE TER MAIS ÁGUA NA RESERVA E EXTRATOR DE FUMAÇA
O Corpo de Bombeiros do
Estado de São Paulo prepara um conjunto de normas para instalação de pontos de
recarga de carros elétricos. O parecer técnico está em fase final de elaboração
e será posto em prática ao longo de 2024.
Segundo o porta-voz da
corporação, capitão André Elias, haverá exigências;
1.
aumento da
reserva técnica de água para controle de incêndios,
2.
instalação de
sensores de calor nas garagens e
3.
sistema de
extração mecânica da fumaça devido aos gases tóxicos gerados na queima.
A regra existente hoje é a
norma NBR 17.019, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que
determina o padrão das instalações elétricas. O que os Bombeiros estão
desenvolvendo agora são exigências para mitigação dos riscos em edifícios
residenciais e comerciais.
Embora casos de incêndio em carros elétricos sejam raros, a dificuldade em controlar as chamas preocupa. Segundo o NTSB (sigla em inglês para Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA), ocorrem, em média, 25,1 incêndios a cada 100 mil carros elétricos em circulação.
Esse número sobe para 1.529 a
cada 100 mil no caso dos carros com motor a combustão, mas já há vasto
conhecimento sobre o que fazer nessa possibilidade. "Os carros elétricos
são uma tecnologia relativamente nova, muito recente no que diz respeito a
incêndios", afirma o porta‑voz do Corpo de Bombeiros.
LIBERAÇÃO DE GASES NOCIVOS
De acordo com a Flex Company
Treinamentos, escola técnica que oferece capacitação para manutenção e manuseio
de veículos eletrificados, incêndios em baterias de íon-lítio podem produzir
labaredas altas e intensas, sem a possibilidade de serem apagadas.
Outra dificuldade é a
liberação de gases nocivos. "A reação em cadeia libera hidretos e ácido
fluorídrico, extremamente tóxicos, e daí vem a necessidade de se ter maior
cuidado com instalações em subsolos", diz o capitão.
FOGO
Em caso de fogo, o parecer
técnico do Corpo de Bombeiros vai estabelecer o que deve ser feito. "As
boas práticas no mundo dizem que o ideal é resfriar a bateria. Nesse caso, o
indicado é jogar água", diz o capitão.
Elias explica que pode ser
adicionado um aditivo surfactante, que reduz a tensão superficial do líquido,
fazendo com que penetre melhor nas baterias e aumente a eficiência do
procedimento.
“LEI DOS 30’
O processo, contudo, é longo.
"Nesses casos, o Corpo de Bombeiros adota o que chamamos de ‘lei dos 30’.
Resfriamos a bateria por 30 minutos após o fim do jet fire [jato de fogo] e a
monitoramos por 30 horas", afirma o porta-voz da corporação. "Se não
acontecer nada nesse período, o veículo é levado para o pátio e deixado isolado
por 30 dias."
O capitão André Elias diz que
estatísticas globais mostram que 13% dos veículos elétricos que pegaram fogo
sofreram reignição das baterias em um intervalo de até 30 dias após a
ocorrência. Ou seja, entraram em combustão espontânea.
O tempo necessário para o
resfriamento é a razão de se aumentar significativamente a quantidade de água
disponível para um eventual combate às chamas.
RESERVA TÉCNICA DE ÁGUA.
O porta-voz dos Bombeiros
explica que, hoje, um prédio residencial com 2.500 metros quadrados de área
construída –aproximadamente um condomínio de oito andares e quatro apartamentos
de 70 m² por pavimento– precisa ter uma reserva técnica de 8.000 litros. Para
se adequar à futura norma, o volume de água deverá ser de 40 mil litros nesse
caso.
SENSORES DE CALOR
Já a instalação dos sensores
de calor é necessária por não ser possível colocar detectores de fumaça nas garagens.
Segundo o capitão, as emissões dos escapamentos de carros com motor a combustão
podem gerar uma ativação desnecessária do equipamento.
PRÉDIOS ANTIGOS
O capitão André Elias afirma
que, no caso de prédios antigos que não possam ser adaptados às novas normas,
será necessário formar um comitê técnico para definir se será possível fazer a
instalação de carregadores com segurança.
INSTRUÇÕES PARA GARANTIR A
SEGURANÇA
O porta-voz diz que não é
possível limitar a venda de carros ou interferir no uso desses veículos, mas
haverá um conjunto de instruções para garantir a segurança.
O capitão acredita que as
novas normas podem encarecer futuras edificações, mas isso só poderá ser
calculado após a divulgação do parecer técnico.
Há também preocupação com
ocorrências nas ruas. André Elias diz que representantes da corporação
estiveram na Alemanha para entender quais são as práticas adotadas na Europa
para controle do fogo em veículos elétricos.
O capitão afirma ainda que prefeituras de cidades que estão eletrificando o transporte público têm entrado em contato com os Bombeiros para troca de informações e treinamento. Uma das preocupações é o que fazer no caso de ônibus elétricos serem incendiados em atos de vandalismo. Fonte: Folha de São Paulo - 14.dez.2023
Marcadores: incêndio, segurança, veículo elétrico
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