JOHNSON’S VAI PARAR DE FABRICAR TALCO APÓS PROCESSO BILIONÁRIO: HÁ RISCOS NO USO DO PRODUTO?
O anúncio ocorre mais de dois
anos depois que a gigante da saúde encerrou as vendas do produto nos EUA.
A J&J enfrenta dezenas de
milhares de processos de mulheres que alegam que seu pó de talco continha
amianto e as levou a desenvolver câncer de ovário.
O talco para bebês é usado
para prevenir assaduras e para usos cosméticos, inclusive como xampu seco.
O talco é extraído da terra e
é encontrado em camadas próximas às do amianto, que é um material conhecido por
causar câncer.
No fim de 2018, surgiram
informações de que a Johnson & Johnson (J&J) sabia, há décadas, que o
seu pó de talco continha asbesto, um mineral com composição e características
semelhantes às do amianto e com efeitos nocivos para a saúde.
Desde então, a J&J
enfrentou milhares de ações judiciais com a acusação de que teria contribuído
para o desenvolvimento de câncer nos ovários em consumidoras do produto. A
empresa nega e diz que, a cada ano, gasta milhões de dólares com esses casos.
"A nossa posição sobre a
segurança do pó cosmético permanece inalterada. Apoiamos fortemente as décadas
de análise científica por médicos especialistas em todo o mundo, confirmando
que o pó de talco para bebês, da Johnson, é seguro, não contém asbesto e não
causa câncer", disse a farmacêutica.
Em 2020, a J&J disse que
deixaria de vender talco para bebês nos EUA e no Canadá porque a demanda havia
caído após o que chamou de "desinformação" sobre a segurança do
produto em meio a vários casos legais.
Na época, a empresa disse que
continuaria a vender seu talco para bebês à base de talco no Reino Unido e no
resto do mundo.
A empresa enfrenta ações
judiciais de consumidores e seus sobreviventes que alegam que os produtos de
talco da J&J causaram câncer devido à contaminação com amianto.
Em resposta a provas de
contaminação por amianto apresentadas em tribunais, reportagens da mídia e
legisladores dos EUA, a empresa negou repetidamente as alegações.
"Como parte de uma
avaliação de portfólio mundial, tomamos a decisão comercial de fazer a
transição para um portfólio de talco para bebês à base de amido de milho",
afirmou em comunicado.
A empresa acrescentou que
talco para bebês à base de amido de milho já é vendido em países ao redor do
mundo.
O talco para bebês da Johnson
é vendido há quase 130 anos e se tornou um dos símbolos da empresa.
POR QUE O AMIANTO OFERECE
RISCOS À SAÚDE
O amianto é um mineral que
está presente na natureza.
Uma variedade da substância,
o amianto branco, é usada na indústria da construção civil nos países em
desenvolvimento, mas é proibida na maioria dos países industrializados, devido aos
riscos para a saúde.
O amianto é resistente ao
calor e ao fogo. Além disso, o material é resistente e barato, por isso pode
ser usado de diversas formas. Ele pode ser misturado ao cimento para fabricação
de tetos e pisos. Também é utilizado em canos, tetos, freios de veículos, entre
outros.
Fragmentos microscópicos de
fibras de amianto são potencialmente perigosos quando inalados e podem provocar
doenças respiratórias:
•Câncer de pulmão, que é o
mais comum em pessoas expostas ao amianto;
•Mesotelioma, uma forma de
câncer no peito que praticamente só ocorre em pessoas expostas ao amianto;
•Asbestose, uma doença que
causa falta de ar e pode levar a problemas respiratórios mais graves.
O amianto branco, conhecido
como crisótilo, é a única forma de amianto usada hoje. A OMS (Organização
Mundial da Saúde) afirma que a variação também é associada ao mesotelioma e
outros tipos de câncer, mas seus produtores dizem que a substância é segura se
manejada com cuidado.
Alguns especialistas afirmam
que o amianto branco traz menos risco à saúde do que os amiantos azul e marrom,
mas mesmo empresas que vendem a substância dizem que os trabalhadores devem
evitar inalar o ar com o produto.
A substância é amplamente produzida e usada no Brasil, apesar de alguns esforços isolados para se bani-la. O Brasil é o terceiro maior produtor e exportador de amianto, que é vendido para países como Colômbia e México. O país também é o quinto maior consumidor do produto. Fonte: BBC Brasil - 12 agosto 2022
Marcadores: contaminação, produtos qumicos, segurança
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