PROTETOR DE OUVIDO CONTRA BARULHO: QUAIS OS BENEFÍCIOS E RISCOS DE USÁ-LO?
Dormir, estudar, trabalhar ou simplesmente descansar são períodos que exigem tranquilidade ou concentração, porém nem sempre estamos em um lugar silencioso. Neste caso, uma solução eficiente é o protetor de ouvido, que reduz os ruídos e assim ajuda no nosso foco, traz paz interior e ainda protege de um problema de audição sério: a surdez.
De acordo com a OMS (Organização Mundial
de Saúde), uma exposição a um nível de ruído de 85 decibéis (medida da unidade
da intensidade do som) durante 8 horas por dia é suficiente para causar perda
de audição irreversível.
Além disso, existem outros prejuízos,
como zumbidos, irritabilidade, dor de cabeça, alterações gastrointestinais,
circulatórias, entre outras, que acabam comprometendo a qualidade de vida.
BARULHO NO TRABALHO E OS RISCOS
Na lista dos dez profissionais mais
expostos a ruídos prejudiciais estão os operários, marceneiros, carpinteiros,
técnicos de construção civil, mineiros, técnicos de som, DJs, músicos e
jardineiros. Sendo os controladores de tráfego aéreo os mais expostos. Nas
torres de controle, durante aterrissagens e decolagens, o barulho pode ser
superior a 140 dB (sigla de decibéis).
Manoel de Nobrega, doutor e professor afiliado
do departamento de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo), afirma que a perda auditiva provocada pelo ruído é gradativa.
Isso quer dizer que a pessoa só percebe
que está com dificuldades para ouvir quando o processo de surdez já está em
estágio avançado. Para evitar que isso aconteça, é importante sempre estar
atento ao nível de ruído e à utilização dos EPIs (equipamentos de proteção
individual), de uso obrigatório em locais de trabalho que ultrapassam níveis
saudáveis para a saúde auditiva.
Os riscos começam a aparecer dependendo
de dois fatores principais em relação ao ruído: intensidade e tempo de
exposição. Se o nível de ruído for maior que 50 decibéis e a exposição for
necessária e frequente, como acontece com trabalhadores de metalurgia ou
tecelagem, o uso de protetores auriculares é indispensável.
QUAIS OS BENEFÍCIOS DO PROTETOR
AUDITIVO?
A maioria dos protetores reduzem o ruído
de 20 a 30 dB.
Além disso:
Propiciam uma melhor noite de sono e
relaxamento;
Ajudam em uma maior capacidade de
concentração no estudo e no trabalho;
Evitam a perda auditiva ao longo do
tempo;
Protegem de zumbido após ir a shows ou
trabalhar em locais com ruídos fortes.
HÁ RISCOS EM USAR PROTETOR DE OUVIDO?
O protetor auricular pode desencadear
alergia local em quem tem predisposição, agravar alguma doença que já esteja
presente ou empurrar a cera de volta para o ouvido, causando um acúmulo, o que
pode desencadear vários problemas incluindo perda auditiva temporária e
zumbido.
Para limpar a cera, será preciso usar
algo para amolecê-la ou removê-la com seu médico.
Existem riscos de infecções na orelha,
embora possam ser causadas por conta do acúmulo de cera. As bactérias que crescem
no protetor auricular também podem ser as responsáveis pelo problema. É
importante ressaltar que as infecções causam dor e, se não tratadas
adequadamente, podem ter complicações, como perda auditiva.
QUAIS CUIDADOS DEVO TER?
1) Nunca compartilhe o seu protetor
auricular, seja qual for o modelo, com outra pessoa —são dispositivos de uso
pessoal e individual.
2) Encaixe o protetor corretamente.
Verifique qual a forma correta de uso, descrita na embalagem do produto ou
conforme orientado pelo seu médico otorrinolaringologista.
3) Se o protetor for lavável, preste
sempre atenção na higienização. Lave o dispositivo com sabão neutro e seque na
sombra. No caso de protetores tipo concha, deve-se evitar imersão em água.
Apenas um pano úmido com sabão neutro é o suficiente.
4) Utilizar apenas no próprio ambiente
de trabalho se for o caso. As empresas devem oferecer locais de armazenamento
adequado para todos os EPIs.
5) Para a colocação e retirada, as mãos
devem estar limpas. Brincos e acessórios nas orelhas também não são indicados,
pois podem danificar ou atrapalhar o uso dessa proteção.
De acordo com Roberto Angeli, membro da
diretoria da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e
Cirurgia Cérvico-Facial), trabalhadores que fazem uso correto dos protetores de
ouvido devem, periodicamente, realizar exame de audiometria com a finalidade de
detectar precocemente algum dano à audição.
Quem tem inflamação crônica nos ouvidos
ou fez cirurgia em alguns dos ouvidos pode necessitar de protetores diferentes
com o objetivo de prevenir a entrada de água dentro do canal auditivo que,
neste caso, deve ser avaliado individualmente por um otorrinolaringologista.
QUAIS OS TIPOS DE PROTETORES AURICULARES
QUE EXISTEM?
Priscilla Gambarra, fonoaudióloga
especialista em audiologia e mestre em modelos de decisão em saúde e
profissional do Hospital Universitário Lauro Wanderley, de João Pessoa, orienta
que é importante verificar se o acessório possui certificação de aprovação que
garante a eficiência e qualidade do produto, uma vez que o foco é a saúde.
Confira abaixo os diversos tipos de
protetores auriculares que permitem níveis de proteção diferentes contra
ruídos:
PROTETOR AURICULAR TIPO CONCHA
(ABAFADOR)
Esses tipos de protetores têm
um ótimo desempenho em faixas de frequência médias para agudas e protegem a
orelha por completo. O professor de otorrinolaringologia da Unifesp recomenda o
uso para trabalhadores que estão expostos durante longos períodos a barulhos
intensos.
A estrutura é deste
equipamento é forrada com uma espuma ou material isolante próprio que serve
para abafar os ruídos indesejados e diminuir os níveis prejudiciais. As espumas
podem ser trocadas, usando o kit de reposição de cada modelo para que seja obtido
o melhor resultado na atenuação e vedação do protetor. O arco ajustável envolve
a parte superior da cabeça para garantir maior resistência e é possível
manipulá-los com luvas.
PROTETOR AURICULAR PLUG DE SILICONE
Por serem moldáveis, eliminam
o problema do tamanho do protetor. Essas "massinhas" feitas de
silicone ou cera são fáceis de colocar, basta rolar entre os dedos para amaciar
um pouco e colocar no ouvido pressionando levemente para se moldar ao formato
da orelha, e assim tampar a entrada do ouvido. Como são maleáveis, é mais fácil
conseguir um encaixe perfeito.
Os protetores moldáveis no
geral têm um nível de redução de ruído menor que os protetores de espuma. Os
modelos de silicone podem ser lavados, o que dá mais tempo de vida útil ao
produto. E devem ser manipulados com as mãos limpas e sem luvas.
PROTETOR AURICULAR DE ESPUMA
Protetores de espuma no geral
são feitos para se encaixar em qualquer orelha e são descartáveis.
É possível diminuir o tamanho
enquanto são manipulados em formato cilíndrico antes de usá-los. De proteção
mais leve, são bastante populares e mais utilizados em situações triviais e por
curtos períodos.
Esse modelo é considerado
bastante confortável por causa da base plana e do topo arredondado, e só pode
ser manipulado com as mãos limpas e sem luvas.
PROTETOR AURICULAR TIPO POLÍMERO
Esse tipo não muda de forma, por isso tem um formato de cone com três camadas com diferentes diâmetros. São eficientes para abafar ruídos e reduzir a exposição dos trabalhadores aos sons indesejados da atividade laboral. As vantagens incluem pode ser higienizado (lavado) e reutilizado, além de permitir o transporte na própria caixa plástica (embalagem). A manipulação apenas deve ser com as mãos limpas e sem luvas.
Fonte: UOL 15/06/2022; Roberto Angeli, otorrinolaringologista e membro da diretoria da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial); Cláudio Ikino, especialista em otorrinolaringologia pela AMB (Associação Médica Brasileira) e professor associado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina); Priscilla Gambarra, fonoaudióloga especialista em audiologia e mestre em modelos de decisão em saúde, profissional do Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa e do Complexo Pediátrico Arlinda Marques; e Manoel de Nóbrega, médico especialista em otorrinolaringologia, doutor e professor afiliado do departamento de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Marcadores: acidente, gerenciamento de riscos
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